Orloj - Relogio Astronomico de Praga - Foto: Jaqueline D'Hipolito

O tempo – provando coisas novas

Julho está sendo um mês atípico. Por quê?

Porque nunca experimentei tanto e mudei tanto meus hábitos em um único mês. Será pela “jornada continua” que temos aqui na Espanha, não sei. Mas esse mês está se revelando uma surpresa a cada dia. Aqui na Espanha, nos meses de verão, muitas empresas aderem a chamada “jornada contínua”, ou seja, se trabalha todos os dias até as 3 da tarde e depois você pode ir para casa, dormir a famosa ‘siesta’ ou fazer o que quiser.

Claro que para isso trabalhamos mais durante o ano todo para compensar estas horas a menos que fazemos no verão.

Jornada contínua

Faz anos que tento aproveitar minha “jornada contínua” de forma diferente. Mas esse ano acho que tive um mês cheio de gratas surpresas. Como sempre fico em Madrid nos meses em que todos vão de férias, tento aproveitar meu tempo e fazer coisas que não tinha tempo antes. Para começar, pedi transferência de sede no meu trabalho, comecei um intensivo de francês, passei a fazer ‘Pilates’ três vezes por semana, fui escalar com amigos do trabalho, e na piscina na casa de outros amigos que conheci; fui na mesma exposição duas vezes e para arrematar, me convidaram uma noite para aprender a dançar ‘swing’ e salsa.

Uf…., o mês de julho não acabou e fico analisando a quantidade de coisas que provei, o tanto de gente nova que conheci e o novo mundo que se está abrindo dentro da minha velha Madrid conhecida.

É curioso, mas as vezes a gente pensa que a vida não muda, que nada acontece, mas nós somos os primeiros em não querer que nada mude. Continuamos levando nossa vida da mesma forma, realizando os mesmos hábitos cada dia e pensando que num passe de mágica algo inusitado acontece e muda a nossa vida. Isso pode até acontecer, mas a possibilidade é bem remota.

Para que as coisas mudem a gente tem que estar disposto a mudar. 

“Sejamos realistas, exijamos o impossível”.

Faz uns meses, depois que estive em Hamburgo, me inscrevi num projeto que quero levar a cabo em setembro na França. Para isso, vou  mergulhar de cabeça num universo de certa forma desconhecido, mas que sempre me fascinou. Eu sabia que para estar em setembro num país desconhecido e para fazer bem aquilo que eu vou fazer, tinha que estudar a sua língua e me preparar bem pra atividade que vou fazer ali. E foi assim que decidi ampliar todo meu leque de atividades e aproveitar cada minuto do meu dia como forma de preparação para esse desafio. E daí veio a surpresa. Conheci gente nova, no novo escritório e também nos cursos que venho fazendo, provei coisas diferentes e venho desafiando corpo e mente cada dia.

As vezes até penso que estou no melhor momento da minha vida: me sinto diariamente satisfeita com tudo que tenho feito e o muito que tenho progredido.

Dar um tempo

Ontem, falando com uma amiga, ela me disse o mesmo: que as vezes as pessoas precisam se dar um tempo, conceder-se o direito de provar coisas novas e de realizar algum projeto que estava guardado na caixinha para ver como é possível mudar sem sair completamente do seu dia a dia. Este ano estou realizando muitos desses projetos e estimulo a todos que façam o mesmo. Só no fato de você mudar o caminho que você faz diariamente para o trabalho já te desperta pra coisas diferentes. Você começa a observar mais coisas, ficar mais atento no trânsito, no semáforo, na paisagem, no cachorro, no vizinho. No dia a dia complicado da nossa vida tem milhões de atividades que podemos começar a sem precisar sair de casa. Você pode escrever, estudar, ler um livro, começar um jardim, desenvolver um blog, lixar móveis, ou seja, começar um projeto do nada só pelo prazer de desfrutar esse momento. Conheço muita gente que se propõe coisas diariamente e levam a diante como se o tempo não os impedisse de nada. E são pessoas extremamente ocupadas, mas que para fazer aquilo que sempre quiseram arranjam tempo.

Mário Quintana

Isso me lembra aquele poema da Mario Quintana sobre o tempo.

“Dessa forma eu digo, não deixe de fazer algo que gosta devido a falta de tempo”.

Quem diria que depois de tantos anos utilizaria o poema que aprendi na aula de Língua Portuguesa do Colégio Estadual do Paraná como lição de vida. Durante muitos anos repito a mim mesma o mesmo: o que eu gostaria de fazer e como posso fazer para que isso dê certo. Eis que chegou o mês de julho e um verão prometedor: um mês que conheci muita gente nova; gente que comparte os mesmos gostos que os meus ou que às vezes me motivam a provar coisas que nunca pensei que pudesse fazer.

Nunca pensei que fosse capaz de dançar ‘swing’ ou salsa, fazer trapézio ou de escalar um muro de 20 metros. Nunca pensei que ia curtir fazer essas coisas: e a verdade é que estou adorando.

Como no Brasil também é época de férias, só que de inverno, por que não tentar algo diferente?! Não só pela atividade, mas também por aquilo que você pode descobrir, as pessoas que você pode conhecer e essa novo mundo que você pode encontrar.

O primeiro passo é o mais difícil, mas depois você não quer mais parar. Afinal, todas nossas atividades da vida começaram com um primeiro passo.

 

O tempo – Mario Quintana

A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa. Quando se vê, já são seis horas! Quando se vê, já é sexta-feira! Quando se vê, já é Natal… Quando se vê, já terminou o ano… … Quando se vê não sabemos mais por onde andam nossos amigos… Quando se vê perdemos o amor da nossa vida. Quando se vê passaram 50 anos! Agora é tarde demais para ser reprovado… Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio. Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casaca dourada e inútil das horas… Eu seguraria todos os meus amigos, que já não sei como e onde eles estão e diria: vocês são extremamente importantes para mim. Seguraria o amor que está a minha frente e diria que eu o amo… Dessa forma eu digo, não deixe de fazer algo que gosta devido à falta de tempo. Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz. A única falta que terá será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará.

Filmes de Pasolini não perdem a atualidade

O cineasta italiano Pier Paolo Pasolini (1922-1975) pode ser visto como um dos mais importantes intelectuais do século 20.

Vale a pena rever fatos que marcaram sua contraditória carreira: de um lado cineasta, artista, poeta e escritor, reconhecido pelo seu talento e, de outro, um marxista engajado, um crítico mordaz da burguesia que escancarava, sem pudores, o sagrado e o profano da sociedade italiana.

O cineasta foi assassinado numa praia perto de Roma que permanece até hoje um mistério. A tese é de um crime sexual atribuído ao homossexualismo de Pasolini,embora inúmeros documentários e livros tentarem demonstrar que o crime, nunca esclarecido, foi o resultado de um complô mafioso ou político para calar o incômodo crítico da política italiana, sobretudo na coluna “Escritos corsários”, publicada no Corriere della Sera, nos dois últimos anos de vida. Seu amigo e escritor Alberto Moravia, sugeriu um crime político:

“Uma sociedade que mata seus poetas é uma sociedade doente”.

A crítica ácida e refinada de Pasolini incomodava sempre e no artigo “O vazio do poder na Itália ou O artigo dos vaga-lumes ( Il vuoto del Potere in Italia ovvero L`articolo delle lucciole), publicado em 1975, o escritor já dizia que na Itália existia um dramático vazio de poder.

“O ponto é que não é um vazio de poder político no sentido tradicional, mas, um vazio de poder em si”.  Luiz Nazario , em seu blog, faz uma boa análise sobre o papel político de Pasolini.

 

Com este perfil intelectual Pasolini produziu obras-primas do cinema italiano que merecem ser assistidas a qualquer tempo.

Filmes de Pasolini

“O Evangelho Segundo Mateus”, 1964, trata da vida de Jesus de maneira antidogmática.Um filme que sofreu diversas censuras e era visto como uma blasfêmia pela Igreja e alguns setores da imprensa.

Em o documentário  “A raiva”( La rabbia), em 1963, Pasolini inclui uma poesia dedicada a Marilyn Monroe, meses depois da artista ter sido encontrada morta por ingerir doses excessivas de barbitúricos. Neste filme, Pasolini coloca em debate as contradições de uma sociedade de consumo e o mundo dos negócios.

“Discursos do Amor”( Comizi d`Amore), o cineasta faz uma fotografia da Itália e da sua relação com o erotismo e a religião. De gravador em mãos ele perguntou diretamente aos italianos, jovens e idosos, o que achavam do sexo e do amor e encontrou respostas que até hoje ainda permanecem no inconsciente coletivo da sociedade italiana, que tem suas raízes no rigor de uma religião, o catolicismo, que na Idade Média castrou a libido de seu povo para eliminar da memória a devassidão dos últimos dias vividos como império romano.

 O filme Teorema, de 1968, entre os mais aclamados, retrata e critica as instituições italianas de forma sutil, por intermédio da história de um individuo e a sua influência em uma família burguesa.

Quando foi assassinado estava escrevendo e seu último trabalho, o livro Petróleo, mesmo inacabado foi publicado em 1992. 

 Olhar Crítico

Pier Paolo Pasolini foi uma artista que esteve à frente de seu tempo e representou bem o clamor dos movimentos pós-guerra, em busca de uma sociedade mais justa, de respeito ao planeta e livre de preconceitos.

Denunciou as artimanhas do poder e a manipulação de massa. No dia dos mortos de 1975 seu corpo foi encontrado massacrado na praia de Ostia e um delinquente Giuseppe Pelosi assumiu a responsabilidade do crime.

Pasolini foi calado pelos poderes que ainda dominam o mundo. Um crime que jamais será esclarecido porque é assim que funciona o espetáculo da vida: com o silêncio dos inocentes.

René Magritte
L’isola del tesoro, 1945
Olio su tela, 60 x 80 cm - Collezione privata

Dada e surrealismo: uma filosofia de vida

Dada era uma revolta para a revolta, sem segundas intenções e sem, portanto, na maioria dos casos, nenhuma ambição ética ou estética.
Surrealismo, no entanto, nasceu e se desenvolveu sob o signo do compromisso, igualmente radical, e em todos os níveis. Ambos não estavam satisfeitos em ser um mero movimento artístico, mas quiseram propor também uma filosofia de vida.

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Algumas mostras de arte permanecem em nossa mente para sempre, guardadas a sete chaves, para que possamos visitá-las nos encontros com o nosso eu.

É o caso da mostra Dada e Surrealismo  Redescobertos, sob a curadoria de Arturo Schawarz, que tive o privilégio de ver em Roma, uma das exposições mais fascinantes visitadas em minha vida.

Essa importância se dá pelo fato de que uma mostra de arte como essa é ‘enciclopédica’como diz o curador italiano. Ela conta a história da humanidade por intermédio da arte. Os artistas protestam, denunciam e refletem comportamentos por suas obras e poética artística. 

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A exposição reuniu 500 obras de artistas muito famosos e até os mais desconhecidos.Eis porque se chamou “Riscoperti” – redescobertos – “porque a maior parte da mostra foi dedicada aos dois movimentos e não se limitou às apresentações de obras e de protogonistas mais conhecidos, esquecendo aqueles que militaram e contribuíram precisamente na ética e na estética”, disse o curador.

Mas assim mesmo encontramos lá também as fantásticas criações de Marchel Duchamp, Pablo Picasso, Salvador Dali, André Breton, Alberto Giacometti, Joan Miró, Man Ray, René Magritte, entre outros.

Uma das mais imponentes sobre dois movimentos entre guerras mundiais na Europa.

Pinturas a óleo, esculturas, colagens, desenhos, mostraram inteiramente o nascimento e a sequência do que foi Dada e Surrealismo. A mostra fez uma viagem figurativa de muitos protagonistas destes dois movimentos revolucionários e o tanto de poder subversivo que tinham entre os artistas de vanguarda e o quanto exerceram de influência na arte após a primeira metade do século passado.

Dada

Dada era uma revolta para a revolta, sem segundas intenções e sem, portanto, na maioria dos casos, nenhuma ambição ética ou estética. Niilistas convictos, os dadaístas começaram a partir do nada, do zero, para negar radicalmente todos os valores.

Surrealismo

Surrealismo, no entanto, nasceu e se desenvolveu sob o signo do compromisso, igualmente radical, e em todos os níveis. Primeiro de tudo à ética e à política, no sentido mais extenso do termo , o que implica, assim, um desejo de renovação que não conhece meias medidas. O curador escreve sobre a mostra:

Dada e Surrealismo se situam entre os únicos dois movimentos de vanguarda histórica a não limitar-se a uma revolução visiva, mas a propor uma revolução cultural, no sentido maoista da ‘revolução ininterrupta’ e  abolição da contradição entre a teoria e a prática.  

Enquanto alguns movimentos daqueles anos propunham uma nova receita – limitando-se à pesquisa de uma tendência pictórica o de uma inédita estruturação de volumes – Dada e Surrealismo sugeriram uma nova filosofia de vida que contestava, entre outros, também o sentido da experimentação puramente formal do artista, enjaulado em seu papel elitista da especialização e vítima voluntária do trabalho.

Voltamos no início do século passado para entender por que o dadaísmo e surrealismo têm representado uma ruptura consciente e radical de uma tradição milenar. Em 1933, Max Planck já havia diagnosticado a tempo de crise geral de todos os valores que a humanidade estava vivendo: “É um momento de crise, no sentido literal da palavra.Parece que em todos os ramos da nossa civilização material e espiritual, chegamos a um ponto crítico “.

Mesmo o artista? ou talvez o artista mais do que outros – se levanta contra o conformismo tradicional e faz de seu trabalho uma testemunha direta à crise histórica em que vive.

 No início do século XX, um artista ou um poeta tinha à sua frente duas direções possíveis: a perseverar no estilo da tradição da ‘ordem’, aceitando um papel de mero imitador, ou revolucionar os termos da expressão arte e literatura, escolhendo o caminho da “aventura”.

Neste ponto Dada proclama o desejo de parar, com a sua ficha limpa, a continuidade histórica com o passado. “Neste momento”, mas quando? A maioria dos historiadores estabeleceram a data de nascimento do movimento Dada em fevereiro de 1916, ou seja, a abertura em Zurique, no Cabaret Voltaire, por iniciativa de Hugo Ball e sua namorada Emmy Henning, com a colaboração de Arp , Huelsenbeck, Marcel Janco e Tzara.

Como quaisquer dados históricos também, é enganosa. Se nos referimos a Dada em Zurique, então você tem que destacar o nascimento do espírito de Dada na Suíça de  quase três anos, ou seja, dezembro de 1918, quando, no terceiro dossier Dada é publicado o Manifesto Dada 1918 Tzara.

Até aquele momento, de fato, Dada permanece um movimento genericamente inovador que difere pouco ou nada das outras correntes de vanguardas históricas. Assim, atrai entre os seus colaboradores, e entre os expositores em suas mostras, cubistas, futuristas, expressionistas e artistas abstratos.

Esse ecletismo é particularmente evidente no primeiro dos dois conjuntos de Dada, em que aparecem textos pêle-mèle ( desordenados) de Alberto Savinio, Francesco Meriano e Nicola Moscardelli e ilustrações de Pablo Picasso, Robert Delaunay, Vasilij Kandinskij e Giorgio De Chirico.

Recordemos que Dada não foi nunca uma escola, mas um estado de ânimo, um encontro entre jovens revoltados que compartilham o mesmo espírito libertário.

Hoje assistimos a um renascimento desse espírito porque as condições sociais e filosóficas das últimas duas décadas são muito parecidas com aquelas que favoreceram o desenvolvimento de Dada entre 1916-1923.

 É claro que a revolta não pode repetir os gestos anteriores. Iria cair em um novo conformismo e condenaria os seus protagonistas para o papel de seguidores. Heráclito nos lembra: você não pode pisar duas vezes no mesmo rio. Cada geração deve descobrir seus instrumentos de revolta e criar uma revolta à sua imagem e semelhança. 

Surrealismo

No entanto, que, por sua vez, o surrealismo não nasce em 1924, com o primeiro manifesto surrealista escrita por Breton, mas em 1914. Vamos apenas lembrar a descoberta por parte de Breton, dos escritores que desempenharam um papel fundamental no desenvolvimento do pensamento surrealista- Arthur Rimbaud, Jacques Vaché, Alfred Jarry, Guillaume Apollinaire, Sigmund Freud e Lautréamont- que ocorreu entre 1914 e 1918.

Freud foi a última descoberta fundamental feito em 1916. Naqueles anos, o psicanalista vienense era quase desconhecido na França – a tradução francesa de uma de suas obras só foi publicada em Genebra em 1921. No início da guerra, Breton era estudante de medicina.

Foi durante o período de suas leituras psiquiátricas que descobriu Freud. Ele lhe deu qualidade poética de associações verbais espontâneas dos doentes mentais, e a técnica de escrita automática derivada destas observações. Lembramo-nos bem que seu primeiro texto automático, Usine, foi publicado três anos depois, em setembro de 1919, em Littérature.

Em Lautréamont – também quase totalmente desconhecido, em seguida, e na verdade, Breton lerá apenas em 1918 – ele encontrou a “divulgação completa” e confirmação de todas as suas intuições: a antecipação do espírito moderno em todos os seus aspectos mais subversivos; a importância da linguagem e poesia, ferramenta de conhecimento destinado a iluminar o caminho para a revolução; o papel fundamental de imaginação (e surpresa); a rejeição aspecto utilitária de atividades burgueses-intelectual; o significado mais profundo da crise de todos os valores.

Breton

Em seu famoso ensaio de 1928, O Surrealismo e Pintura, Breton destacou que foi atribuída à arte apenas uma função mimética que limitava sua natureza: “Uma ideia muito limitada da imitação indicada por intermédio da arte como fim,que é um grave equívoco que se prolonga até hoje.

Parte do pressuposto de que o homem só é capaz de reproduzir, mais ou menos feliz, aquilo que lhe toca, os pintores têm mostrado muito conciliatória na escolha de seus modelos “. Na arte dos surrealistas domina a necessidade de fidelidade ao “modelo interior”, não há lugar para uma receita ou um clichê figurativo estético: nada une as pinturas de Max Ernst, André Masson, Man Ray, Joan Miró e Yves Tanguy ( para citar apenas alguns dos participantes da primeira coletiva surrealista de 1925); nada, exceto, é claro, uma necessidade comum ideal – a de ser fiel a si mesmo, e não, obviamente, a preocupação de fazer uma ‘bela pintura’.

As exigências estéticas passam a segundo plano, uma vez que privilegia a vontade para expressar, com a maior autenticidade possível, os seus sonhos e desejos, sua própria visão de mundo. É irrelevante se não ocasional que esta necessidade tenha produzido algumas das maiores obras-primas da arte moderna e contemporânea.  O que importa, para o surrealista é o valor inicial e o trabalho subversivo.

O critério para decidir se uma obra plástica é surrealista “, é necessário repeti-lo? não é estética “confirmará Breton, acrescentando:” O que qualifica o trabalho surrealista é, acima de tudo, o espírito com que foi concebido. Se é uma obra plástica, o valor que a damos pode ser função ou do sentimento de vida orgânica que libera ou do segredo de uma nova simbologia que traz dentro de si.

Em conclusão, gostaria de precisar que minha ambição foi a de ser mais fiel possível – também do ponto de vista filológico – à história desses dois movimentos. Por motivos de espaço fechei a pesquisa dos artistas surrealistas e aqueles que tinham expostos nas coletivas  durante a vida de Breton, e depois a 1965. Isso apesar do movimento ter continuado a crescer e desenvolver-se não na França, mas também nas duas Américas e na Europa. De fato, como dizia André Breton, a atividade surrealista não corre nenhum risco de acabar, até que o homem seja capaz de distinguir um por uma chama ou por uma pedra“. Fonte Ministério dos Bens Culturais de Roma

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Marcel Duchamp – L.H.O.O.Q. – 1919/1964 – Riproduzione, matita su carta – 30×23 cm – Gerusalemme. The Israel Museum

 

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Man Ray
Venere restaurata, 1936/1971
Assemblaggio di materiale vario – New york, dono di Jose Mugrabi agli American Friends of the Israel Museum Gerusalemme, The Israel Museum

 

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Donna avvolta dal volo di un uccello, 1941
Gouache e pittura su carta, 46 x 38 cm – Parigi, Collezione privata. Parigi, Courtesy of Gallery 1900-2000
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René Magritte
L’isola del tesoro, 1945
Olio su tela, 60 x 80 cm – Collezione privata

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Man Ray
Il violino d’Ingres, 1924-1969
Litografia originale, 70 x 50 cm – Collezione privata

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Museu mostra legado dos misteriosos etruscos

 Esculturas lembram as gregas, mas com fisionomia de povos asiáticos, a cerâmica é de acabamento refinado, com desenhos  que contam um pouco dos usos e costumes desta civilização que viveu  na Península Itálica há pelo menos 500 anos antes de Cristo : os etruscos.

Alguns dos achados arqueológicos podem ser apreciados no Museo  Nazionale Etrusco di Roma, na Villa Giulia.

Sarcófago dos Esposos
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Entre as obras mais importantes expostas no museu, encontra-se o Sarcófago dos Esposos, em terracota, que apresenta um casal  reclinado em um sofá como se estivesse assistindo alguma apresentação, talvez a própria festa de funeral. A obra tem característica iônica, isto é de povos que habitavam a costa central da Anatólia, na Turquia; no penteado, finura do rosto, a suavidade das superfícies.

Porém, tudo interpretado de uma maneira não clássica.

A posição do casal é trabalhada com o peso mais à direita, rompendo com o equilíbrio da composição. Tudo é bem nítido: o rosto triangular, o queixo pontudo, olhos amendoados e um sorriso de serenidade imperturbável, dos gregos, neste caso, mas que exprime uma ironia no conjunto do semblante.

Apolo de Veio

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Outra obra do museu, a escultura de Apolo de Veio também apresenta relações iônicas na escultura, não somente no penteado e traços fisionômicos, como na forma de vestir, com pregas.

A escultura, uma obra-prima da arte etrusca datada do século 6 a.C. voltou a ser exposta em 2014, depois que uma limpeza recuperou suas cores originais.Percorrer as salas do museu e observar as obras expostas  é iniciar um viagem ao passado, estudar um pouco das civilizações grega, persa e romana a fim de compreender e interpretar a etrusca.

Os misteriosos etruscos  viveram em algumas regiões da Itália, quando a glória da Grécia não tinha sido sobrepujada por Roma. Quando os gregos só paravam de lutar contra os próprios gregos, para ter tempo suficiente de resistir aos ataques dos poderosos exércitos da  antiga Pérsia e os romanos se preparavam para começar as guerras e conquistas.

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Região da Etrúria

A aula de história antiga não para por aí. Este povo  viveu numa região chamada Etrúria, que hoje corresponde à Toscana, Umbria e até o rio Tevere, no Lazio setentrional e com propagação em Emília Romana, Campanha e Lombardia, na Itália. O que seria o Sul da Etrúria é hoje uma região rica em história e cultura. Habitada desde a Idade do Ferro, essa parte da Itália que corresponde a Tuscania, Tarquinia, Vulci (cidades da região do Lazio, província de Viterbo), representou o ponto máximo de desenvolvimento da cultura etrusca.

Da origem deste povo muitos historiadores divergem e alguns  têm como base a teoria de que se tratava de povos orientais, lídios da Ásia Menor, hoje a Turquia. Outra corrente, talvez a mais aceita, considera que os etruscos eram tribos autóctones, pré-indo-europeias. A língua etrusca não era indo-européia. O alfabeto etrusco mais antigo foi encontrado num túmulo em Marsiliana (região da Toscana), com 26 letras, das quais as 22 do alfabeto fenício  e sinais acrescentados pelos gregos.

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De qualquer modo,  na arte, esta civilização deixou como legado a maneira refinada de moldar e desenhar em cerâmicas, esculturas  e o trabalho no ouro,  perfeito na forma e na criação.