O seminário. 2004

Inquietude estética de Botero e o vazio do olhar

 “A deformação nos meus quadros deriva de uma inquietude estética, tem razões estilísticas “. Fernando Botero.

Visitar uma mostra do artista colombiano é um convite à reflexão sobre os padrões sociais.

Mesmo que ele negue a sátira por detrás de seus temas, o diálogo com a poética de suas obras tem sempre uma pitada de ironia oculta e seus personagens carregam um olhar vazio.

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“Muitas vezes na minha pintura os temas são deformados e isso pode dar a impressão que forneço um comentário da vida ou que faço uma sátira. A deformação nos meus quadros deriva de uma inquietude estética, tem razões estilísticas “. 

Para o visitante mais atento, no entanto, é difícil não se envolver  com a ironia expressa, principalmente, na cena retratada e na fisionomia.

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O que chama muito mais atenção é o olhar de seus personagens, sobretudo quando ele trata de temas como política e religião.

O seminario.

Botero nasceu na Colombia, onde viveu até adolescência. Depois foi à Europa e onde desenvolveu sua arte com inspiração em mestres da pintura, criando telas em que repagina pinturas como exemplo, Rubens e sua mulher, 2005, Depois de Velasquez,

Mulher boteriana

Ao contrário, quando retrata a mulher volumosa transfere ao espectador toda a sensualidade feminina no olhar e nos gestos.

Il bagno 2001

“O problema é determinar a forma do prazer quando se olha uma pintura. Para o prazer vem da exaltação da vida, que exprime a sensualidade das formas. Por esta razão o meu problema formal é criar sensualidade através das formas”.

Na mostra Botero, no Complesso del Vittoriano, Roma, que permanecerá até 27 de agosto, o trajeto é didático. Começa com as esculturas, entre elas, Bailarina (2013), Leda e o cisne (2006), faz um roteiro que inclui telas que remete aos grandes mestres, como Depois Velasquez (1959), à religião, à política, ao circo e ao nu artístico, especialmente feminino.

O presidente e a primeira dama. 1959
O presidente e a primeira dama. 1959
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Fernando Botero (1932), pintor, e Gabriel Garcia Marquez (1927-2014) , escritor, ambos colombianos, são tão atuais quando nos transportam ao mundo dos sonhos inspirados na triste e irônica realidade da América do Sul.

 

 

 

 

 

 

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