É o que muitas jovens mamães hoje estão fazendo como uma espécie de atividade artística que traz aconchego, prazer, equilíbrio e tranquilidade para o bebê e a mãe.
É um movimento que está alcançando cada vez mais adeptas com a proposta de formar um grupo de mulheres interagindo a partir do ritmo. A dança é circular com um grupo de jovens mamães e seus bebês agarrados ao corpo materno num ‘sling’. Também pode ser feita na gestação.
O artigo é dedicado aos bebês e suas mamães porque tive a oportunidade de participar de uma apresentação do grupo Unità, do qual minha filha faz parte, que em parceria com Isabella Isolani abriram a 25a. Semana Mundial da Amamentação, em Curitiba, no Paraná.
A leveza dos movimentos das jovens embalando seus filhotes fez meus pensamentos viajarem no tempo. Nesse devaneio voltei à trás, no período em que minhas filhas eram bebês e de como os conceitos vão e voltam. Hábitos e comportamentos às vezes mudam em função de um marketing alimentício, uma tendência de momento, mas ao final não adianta a indústria querer ditar as normas, ganha sempre o que é original e verdadeiro.
O que vale é a essência da vida e a natureza humana se impõe naquilo que é melhor.
A dança é sempre terapêutica e o movimento circular é ancestral na história da humanidade.
“É importante lembrar que em todas as tribos e em todas as épocas a Dança Sagrada fez parte dos rituais de suas comunidades. O círculo, símbolo universal, tendo como centro muitas vezes o fogo ou objetos sagrados como talismãs e flores, representava o espaço da comunidade para celebrar rituais de passagem como nascimento, casamento, morte e outros momentos importantes da vida humana.
A Dança Circular Sagrada não é, portanto, uma invenção dos tempos modernos. Pelo contrário, é apenas o resgate de uma prática ancestral muito antiga e profunda, vestida para os tempos atuais.”Fonte:Dança Circular
Abrir esse artigo com o prelúdio delicado das dança das mães com os seus bebês é o jeito poético e artístico de falar da amamentação e de uma triste história que deveria ser sempre relembrada para nunca mais se repetir.
Muitas mulheres no passado deixaram de amamentar seu filho para não estragar os seios ou foram mal orientadas pelos médicos, que também não eram tão determinados e empenhados em convencer a mamãe de primeira viagem, que a amamentação era o alimento mais importante para criança recém-nascida e nos primeiros meses.
Ainda muito jovem cheguei a conhecer uma moça (professora) que me contou ter secado seu leite ( que era muito) porque não queria estragar os seios quando teve seus dois filhos. E mais, o médico que aplicou a injeção!
Nesse devaneio, escutando a meninas-mães dançarem graciosamente lembrei do pai das minhas filhas, um médico naturalista, que guardava com carinho uma reportagem publicada numa revista médica da época. Eraldo Kirchner Braga ( in memorian) mostrava para todas as mães que não tinham interesse em amamentar.
A história da promoção do leite em pó no Brasil
Uma campanha maléfica
“Em pouco mais de 60 anos, a propaganda brasileira transformou o leite em pó em uma ameaça à saúde pública, por levar as mães a abandonarem o aleitamento”.
Infelizmente, o recorte está tão velho e desgastado pelo tempo que não tenho a fonte e nem o nome da revista. Segundo a reportagem, a promoção do leite em pó como substituto da amamentação natural, feita ao longo da maior parte da nossa história republicana foi um esforço publicitário amplo e maléfico.
“A chave dessa contradição foi descoberta ao constatar-se que um dos fatores da mortalidade infantil entre os brasileiros era proveniente do chamado “desmame precoce”, isto é, a tendência de mães pararem de amamentar seus filhos apenas um ou dois meses após o parto, quando o período mínimo prescrito pela OMS(Organização Mundial da Saúde”é de seis meses….
Nos anos 60, o leite em pó foi transformado num “super-alimento, pelo qual a criança podia perfeitamente prescindir da mãe”
Mais sério de toda essa história é como foi conduzida a situação. Nas décadas de 20 e 30, segundo a reportagem, os anúncios evitavam sugerir que a mãe pudesse ser substituída. Com o tempo, na década de 40, os anúncios já aconselhavam o desmame maternal desde o nascimento. Nos anos 60, o leite em pó entrou com tudo.
Nessa pequena revelação é possível perceber aquilo que destaquei acima. Muitos mães pagaram um preço muito alto e perderam seus filhos pela ignorância e manipulação da mídia.
A natureza humana tem razões que a própria razão desconhece para produzir o leite com os nutrientes necessários para os primeiros meses de vida de uma criança. Nem o poder da mídia e o dinheiro têm força e conhecimento para alterar esse processo.
Na engrenagem do milagre da vida nada pode ser alterado.
Dance com seu bebê!