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A magia do tempo em sintonia com a natureza

Há alguns dias fui à praia e me deparei com três crianças na faixa etária de uns 4 anos de idade, correndo em direção ao mar.

Elas corriam como se fosse a ultima chance de entrar na água, como se o mar fosse desaparecer e eles nunca mais o teriam como fazer isso, caso não fossem rápidos e se apressassem para sentir as ondas batendo em suas perninhas.

O ciclo da vida

E se formos pensar pela lógica natural da vida, eles só estavam ali degustando uma, de um milhão de vezes que provavelmente poderão desfrutar um momento parecido, se o ciclo da vida deles transcorrer como se espera e sem interrupções.

A praia é um lugar interessante para se pensar sobre o a magia do tempo. Sobre a vida acelerada que levamos. Sobre o quanto tudo não passa de ritmos alucinantes que criamos para nossas vidas, sem nos darmos conta de que é passageiro e talvez fantasioso.

Água, ar e vento não são capitalistas

Na praia é comum encontrarmos pessoas caminhando de um lado para outro apenas para relaxar. Também encontramos pais observando durante horas seus filhos brincando na água ou na areia. É na praia, onde conseguimos ficar sentados na frente do mar, observando o vai e vem das ondas, sem cansar.

É lá, um dos lugares que podemos nos dar conta de que a água, o ar, o vento, o sol, não são capitalistas e se precisar podemos degustamos deles sem custo nenhum.

Enfim, neste lugar, assim como qualquer outro lugar que podemos entrar em contato com a natureza, é onde existe o poder de pararmos o tempo e de refletirmos o quanto podemos reciclar de nossas energias, o quanto podemos nos impulsionar a buscar caminhos e soluções para tudo que nos incomoda.

Desta forma, sugiro que aproveite o que tem de melhor da natureza, daquilo que ainda não tem custo e que não precisamos pagar ingresso. Apenas desfrute do que puder, para pensar nas alternativas para um caminho tranquilo deste precioso percurso que é a vida.

 

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O que eu aprendi fazendo WWOOF

DSC_0998Agora que já faz um mês que eu terminei meu projeto wwoofers, acho que é a hora de contar sobre meus próximos passos e o que eu levo de lição de vida sobre esta experiência.

Posso ver com certa perspectiva o importante que foi participar desse projeto e de aprender não só técnicas de cultivo ecológico, mas também conhecer e interagir com pessoas que realmente creem na construção de um mundo melhor.

Uma amiga

O projeto WWOOF entrou na minha vida no mês de maio quando uma amiga minha disse que estava vivendo na França ajudando a fazer jardinagem em um Chateau na França. Em troca do seu trabalho ela tinha casa e comida. Nessa época eu estava em Hamburgo, com a minha amiga Linda e buscando reencontrar meu papel no mundo e fazer aquilo que me faz feliz.

O ano de 2016 foi bastante tumultuado para mim e sobretudo um ano de mudanças. Tais mudanças fizeram com que tomasse certas decisões na minha vida, que não foram fáceis, mas certamente importantes. Redirecionar, tomar caminhos diferentes daquilo que os outros esperam é algo complicado: principalmente quando estas decisões nunca te dão certeza se foram as corretas no seu tempo.

Erasmus

Assim como 2016 foi um ano de mudanças para mim também foi para a minha amiga Franzie. Franzie e Linda são minhas duas amigas alemãs que fizeram o programa ERASMUS comigo, faz 10 anos em Pontevedra.

Erasmus é um programa de intercâmbio de universidades europeias e, algumas internacionais, para que os alunos cursem um ano dos seus estudos fora do país de origem. Foi ali que eu conheci as duas e fui morar com elas, e 10 anos depois aqui estávamos para compartilhar tudo o que passou nesses últimos 10 anos.

DSC_0965Quando decidi em maio, em Hamburgo, conversando com a Linda, que o meu próximo passo iria ser o WWOOF, mandei uma mensagem a Franzie e eis que ela não só aprovou a decisão como também embarcou na aventura.

10 anos depois, as duas estavam no mesmo projeto no sul da França: eu fazendo vinho na Grange de Bouys, em Beziers, e ela fazendo vinhos em Perpignan.

Nos encontramos ali, cozinhamos juntas, batemos um papo e repito a frase que ela me disse: 2016 foi o ano das mudanças, 2017 é o ano das surpresas. Não podia estar mais certa. 2017 está sendo sem dúvida nenhuma um ano de surpresas: surpresas para mim, para ela e para nossa vida em quase todos os âmbitos dela.

Muitas mudanças

No caso da Franzie também: ela deixou o seu trabalho no Festival Internacional de Cinema de Berlin, a Bilinale e estava viajando pela França de bicicleta e fazendo WWOOF. Neste mês começava a estudar de novo e redireccionar a sua carreira.

DSC_0576No meu caso, eu voltei a fazer pilates, aprendi francês, estou escrevendo mais que nunca, vindimei, plantei, colhi, amassei uvas, construí muros, escadas, peguei na enxada e comecei uma pós-graduação. E li, li nesse ano mais livros que todos os últimos 5/6 anos.

O WWOOF foi a porta de entrada para eu ver que o que eu realmente amo, quem sou e aonde vou. Ver que o que eu realmente amo fazer é possível e é compatível com muitas outras coisas.

Não só a Frazie, mas durante todo o projeto conheci pessoas de todo o mundo com projetos realmente revolucionários e com a vontade de recomeçar a sua vida, de fazer outras coisas que nunca tiveram oportunidade de fazer.

Conheci pessoas dadas a ajudar e com uma vontade de viver incrível.

Quando essas pessoas passam a fazer parte da tua vida, quando você vê que há outras possibilidades, a vida cobra um sentido sem fim.

DSC_0612_2Pessoas que ajudam pessoas; e isso é o mais bonito que eu aprendi ali dentro. Aprendi a plantar, a colher e a respeitar o meio ambiente e o ecossistema.

Mas mais que isso aprendi que podemos sim ajudar a melhorar nosso entorno com pequenos gestos. E isso é algo que levo comigo.

DSC_0380Solidariedade

Me lembro bem que no dia que estava cozinhando com a Dina e fazendo o jantar para 14 pessoas, houve um incêndio grande perto dos vinhedos, acho que numa fazenda ou numa bodega vizinha. Tivemos que preparar nossa mala com básicos, por si tivéssemos que evacuar a Adega. Colocamos roupas de algodão e continuamos nosso trabalho. Disseram que não parássemos e enquanto isso todos faziam a sua parte: fechar a casa, preparar os carros, etc.

DSC_0386O incêndio foi controlado e os bombeiros estiveram toda a noite trabalhando para controlar as chamas. De manhã Florence acordou bem cedo e preparou café da manhã para todos os bombeiros e foi levar-lhes. Acho que eram uns 70 bombeiros, famintos e cansados de tanto trabalhar. Trabalhar para ajudar a toda uma comunidade. O gesto de Florence foi uma lição WWOOF que nunca me esquecerei.

Ajudar o próximo

DSC_0375Outro gesto bonito que me fez pensar foi quando fomos de viagem a Aix-en-Provence. Fomos passar o fim de semana ali e de manhã, quando fomos a tomar café numa padaria da cidade, Alex e Sarah, compraram croissants para os pedintes que estavam na porta do café.

Sarah viu que essa pessoa estava ali, tinha passado a noite ali com frio e fome e foi comprar algo para ele comer. No momento que ele recebeu o croissant ele não deu crédito e apenas agradeceu o gesto.  Outra atitude WWOOF.

DSC_0678 DSC_0684Aqui mesmo na Espanha, nos atentados terroristas, ou mesmo o quando houve um acidente de trem de Santiago de Compostela, os espanhóis se mobilizaram para doar sangue, ajudar as vítimas e todos seus familiares.

Eu me lembro que as filas dos bancos de sangue estavam em colapso, os donos dos hotéis abriram as portas do seu negócio e ofereceram quartos de graça para os familiares das vítimas.

Atitude WWOOF, mesmo sem ser ou fazer.

Durante todo o projeto, gente assim e atitudes assim vi aos montes. Sem grandes gestos, sem grandes ações, mas sim com as pequenas é que transformamos o mundo.

Pratique Gentileza

Me lembro que quando estava no Brasil, era uma leitora assídua da revista Vida Simples e numa determinada época a revista tinha uma campanha chamada “Pratique Gentileza”. Até hoje não vejo melhor título que esse para uma campanha. É isso, não se pode definir melhor. Pratiquemos gentileza todos os dias da nossa vida.

DSC_0612_2Você não tem tempo para fazer voluntariado, mas pode reciclar. Você não tem tempo para preparar sopa, café para as pessoas que não tem o que comer, mas pode um dia entrar num café e comprar alguma coisinha.

Você pode ir numa cafeteria e abrir um sorriso para a pessoa que te atende: dizer por favor, obrigado e desejar-lhe um bom dia. Pedir com carinho e receber com carinho. Reclamar menos e agradecer mais.

Atitudes como essas mudam diariamente a vida de muitas pessoas. O teu sorriso é capaz de mover montanhas, de determinar o bem e alegre que poderá ser o dia de alguém. O teu obrigado mostra o atencioso e educado que você é. O teu beijo, o teu abraço ajudaram quem seja no dia em que algo não está indo bem.

Estes pequenos gestos vão determinar sim o mundo que vivemos.

DSC_0214Não pense em coisas grandes, comece com as pequenas. Comece por agradecer o começo do dia;  o sol, a chuva. Comece por prepara o café, sentar, comer lentamente e admirar a tua casa, a tua família: admirar quem você é.

Recicle, cozinha verde, coma com prazer, leia! Peça às pessoas com educação, agradeça. Tome um banho e seja consciente da água, do tempo. Does as roupas usadas, os livros a bibliotecas.  Doe sangue, doe órgãos. Limpe a casa, organize o armário, as ideias e comece a ser justa com você e com os outros.  Pratique gentileza!

Não é tão difícil, é uma questão de começar. Eu dei meu primeiro passo e sigo andando.

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Museu Oscar Niemeyer em Curitiba

Curitiba deu significado para arte em 15 anos

Ao iniciar minha visita à Bienal de Curitiba pelo Museu Oscar Niemeyer, lembrei da primeira inauguração do MON, em 2002, como Novo Museu. À parte, as intrigas políticas do fecha e abre e muda de nome, a cidade entrou na rota das grandes exposições. No final, ganhou Curitiba que deu significado à arte. 

Em minha memória como jornalista que atuava na área de cultura da Agência de Notícias do Governo, a primeira inauguração, a do Novo Museu, antes de fechar o governo Jaime Lerner foi apoteótica e ousada.

Três jovens nuas escandalizaram a cidade

A obra ‘Três Graças’ expunha ao público no salão do magnífico e imponente ‘Olho’, em horário determinado, três jovens nuas, entre outros trabalhos contemporâneos. O Olho ainda não era escuro e a claridade entrava pelas paredes de vidro, deixando a paisagem verde da vegetação do entorno integrar ao local. A obra tirou as traças dos conceitos moralistas da época e jogou para o alto o conservadorismo da república das araucárias.

Escandalizaram o público, sim, não ao ponto que chegamos, na Idade Média brasileira do século XXI. Se fosse hoje, provavelmente o MON seria obrigada a fechar suas portas.

Um pouco de fofoca

Só para não perder o link da história e deixar registrada a fofoca: o governador eleito, Roberto Requião era arqui-inimigo de Lerner e fechou as portas do Novo Museu por quase um ano. Não por puritanismo, mas por brigas políticas entre dois que não vale a pena esmiuçar os detalhes sórdidos.

Apenas vale o registro para mostrar como a arte periodicamente sofre ataques. A grande ameaça na época era que ninguém sabia se o espaço ia abrir como um museu. Informações da primeira inauguração foram apagadas não só da memória do povo curitibano, como também de qualquer arquivo público. Eu pelo menos não achei nada. Na web muito menos. Wikipédia é breve e resumida.

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Aliás, participei ativamente da segunda inauguração, como Museu Oscar Niemeyer. Fiz divulgação pela agência de notícias governamental e a mostra de abertura era a ‘Novecento Sudamericano’. Obras do início do modernismo. Portanto, o recém aberto museu, cujo nome homenageava o gênio brasileiro da arquitetura, Niemeyer, estava agora mais comportado e contido. Renasceu como Fênix das cinzas, embora com novo conceito.

Bienal de Curitiba

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O crescimento da Bienal de Curitiba, na sua edição 2017, reafirma a evolução que Curitiba sofreu nesses últimos 15 anos como anfitriã de grandes eventos e mostras de arte. Nasceu há 24 anos, envolveu o Mercosul e encontra em Curitiba o aporte necessário para se impor como grande evento no campo das artes plásticas. São mais de 100 espaços com obras de artistas do mundo inteiro.

Quando o curador, Tício Escobar, que trouxe os extremos aproximados sob o tema Antípodas, considerou a diversidade do momento. A arte não sai imune desse processo.

“A refutação da ordem moderna permite que a própria arte seja considerada também por outras expressões que ultrapassam o terreno das artes plásticas. Assim, os limites entre os meios audiovisuais e literários ficam borrados e são promovidas experiências espaciais plurais. A erupção das tecnologias digitais e a hegemonia da cultura globalizada atuam como forças transversais que agitam ainda mais os domínios da arte outrora organizados”.

A grandiosidade da Bienal de Curitiba não pode ser relegada a final de matéria. Seria muito injusto. Antípodas tem muito para oferecer e destacar.

Esse foi apenas o prefácio!

 

 

 

 

 

Muchacha en la ventana. Salvador Dalì

A importância da solidão

Acho que um dos grandes dilemas atuais do ser humano nessa época de transformação tecnológica que estamos vivendo é a solidão. É curioso pensar que vivemos numa sociedade individualista ao extremo, mas ao mesmo tempo as pessoas em geral têm uma dificuldade tremenda de encarar a solidão, de estar sozinho por opção.

Nossa sociedade atual, a de 2017, a do século XXI, tem presenciado cada vez mais pessoas que se movem numa dinâmica individualista, de certa forma egoísta, mas nunca solitária. Ou temos parceiro/a e  conciliamos nossa vida em casal com nossas atividades individuais, ou estamos solteiros/a mas temos uma vida cheia de atividades e amigos que nos permitem estar com a cabeça ocupada o tempo todo.

Solidão é vista como um problema

Querer estar sozinho muitas vezes é visto como um problema no olhar alheio; muitas vezes justificado pela falácia de que ninguém é capaz de levar uma vida sozinha. A solidão é atacada e justificada muitas vezes como um estado anti-social e anormal do ser humano. Ele quer estar sozinho, logo ele não é uma pessoa normal.

Ora, se a solidão não é ruim, por que então fugimos dela?

Agimos e pensamos de forma massificada e levamos uma vida agitada que nos impede de pensar em realmente aquilo que nos afeta. É difícil encarar a realidade, mas nascemos sozinhos e vamos morrer sozinhos. Nesse meio tempo, tentamos encher nossa agenda de forma que evitamos pensar na solidão como um fato em si.

Ou estamos com amigos, com o namorado/a, com a família, ou chegamos em casa e colocamos a TV, navegamos na internet, colocamos no Facebook, no Twitter, no Instagram fotos, curtimos as dos outros e pouco a pouco vamos artificialmente enchendo a vida das pessoas de significado.

As pessoas evitam estar sozinhas, e sozinhas me refiro, estar em casa sentados, olhando para o teto, porque isso revela o mais frágil delas. Estar em casa, na praia, no campo, sem ninguém e sem nenhum método artificial que leve a tua cabeça a outro lugar, faz você encarar quem você realmente é: com as suas alegrias, tristezas, inseguranças e medo. E fugimos disso como o diabo foge da cruz.

Encarar quem você realmente é, mais que um ato suicida, é um ato heróico. Estar sozinho é ser mais corajoso que nunca, pois faz com que você enfrente todos os seus fantasmas e mortos dentro do armário. Você começa a pensar quem você realmente é, seus traumas, momentos que te marcaram, o que te entristece, o que te alegra, e começa a encarar as tuas limitações de forma mais aberta.

Estar sozinho, de forma honesta, ajuda a um se entender melhor, analisar o que realmente busca, e como deve melhorar para chegar até ali. São nesses momentos de solidão que muita gente entende que não deveria estar trabalhando no que faz, que não quer levar o tipo de vida que leva, que gasta demais, que reclama demais, etc.

Mente vazia oficina do diabo, mente eternamente ocupada também

Nossa sociedade atual prega mais do que nunca o consumismo, o ativismo, a importância de estar ocupado. Já dizia o ditado: mente vazia oficina do diabo. O outro lado da moeda ninguém fala:  mente eternamente ocupada também. O que vai ser de você quando a solidão te atacar em cheio? O que vai ser de você quando você se deparar sozinho em alguma fase da sua vida?

Sócrates, Platão e Aristóteles sempre falaram sobre a importância da solidão para o auto entendimento. As grandes religiões da história são baseadas principalmente na solidão e na meditação. As próprias correntes atuais do pensamento pós moderno pregam a importância da solidão para o autoconhecimento. O ócio como atividade não deve ser perseguido, mas sim conciliado e pregado mais do que nunca nessa sociedade hiper-fragmentada que vivemos. Já não temos momentos de reflexão, tudo tem que ser mastigado e vomitado como se não houvesse tempo.

Hoje em dia temos cursos, e livros que falam sobre o tema da solidão sem ser esse bicho papão que assola a humanidade. A School of Life, escola em que oferece técnicas para o entendimento e aperfeiçoamento da inteligência emocional, é uma das corrente que aborda a questão, oferecendo cursos e livros sobre a questão.

Entender quem é você

Entender quem você é e as suas limitações é uma arma poderosa para encarar a vida: não só o torna mais capaz, mas também melhor pessoa.

Conheço poucas pessoas que fazem o exercício de estar sozinho; ora tiram o dia para si, para meditar, ora vão viajar sozinhos, ora sabem que devem ter momentos de introspecção para encarar algum tema, ou problema. Em vez de buscar a resposta fora, buscam dentro de si. Todas essas pessoas que conheço são pessoas equilibradas e como uma boa visão de si e do mundo.

Faz alguns anos que eu mesma busco viajar sozinha para pensar. Não que estar sozinha em casa não seja suficiente, mas sair da minha zona de conforto me põe numa situação limite para que possa ver as coisas de outra forma.

Depois de anos fazendo isso, agora começo a aproveitar e gozar da minha própria companhia. Eu não só descobri saída para problemas que estava buscando, mas também comecei a descobrir dentro de mim o que me fazia atuar de determinada forma, porque me comportava assim ou assado, e como deveria fazer para mudar.

Na busca da solidão encontrei respostas para evoluir como pessoa. Quem sabe não é isso que as pessoas precisam. Quem sabe um dia, o mundo entre um momento de catarses coletiva, levando todos a um momento de solidão e introspeção e traz esse período, essa atitude leve a sociedade a uma verdadeira revolução. “A revolução da elevação do ser” – bonito, mas utópico.

Evoluir como pessoa é um ato de solidão.

Ninguém melhor que você sabe o que se passa dentro de si, conhece os seus medos mais profundos e as suas limitações. Se olhamos verdadeiramente para o nosso entorno sabemos que vivemos uma vida baseada na mentira: mentimos no nosso trabalho, mentimos aos nossos amigos, mentimos ao nosso parceiro, mentimos aos nossos filhos, mentimos ao psicólogo e o mais grave, mentimos a nós mesmos.

Aprendemos a atuar de tal forma artificial que ninguém já fala a verdade para ninguém. Todo mundo mente. E nessa mentira entramos numa roda viva, em um estado anímico de falsidade, em que a verdade pode ser uma bomba atômica com poderes transcendentais para destruir a todos aqueles que não estão preparados para escutá-la.

Estar sozinho significa ser sincero consigo mesmo. E encarar, da forma mais nua e cruel, o que é que se passa com nós mesmos. Só assim um dia conseguiremos alçar a voz quando realmente necessitamos de ajuda: sem dramas, nem desculpas… apenas com a sinceridade e a simplicidade da palavra. Sem artifícios nem subterfúgios.

E nessa pratica, dolorosa, mas saudável, pouco a pouco conseguimos auto ajudar-nos e encarar aquilo que mais nos preocupava. Pouco a pouco vamos também descobrindo talentos escondidos, momentos importantes e aprendemos a desfrutar da companhia de um mesmo.

Como dizia Fernando Pessoa “se te é impossível viver só, nasceste escravo”.