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Surrealismo como símbolo contra a ditadura da razão

Salvador Dalí foi o mestre do surrealismo

O surrealismo foi um movimento artístico que surgiu entre as duas grandes guerras mundiais, na década de 20 na França, em tempos conturbados, como um grito de liberdade para criar sem censura.  A ideia  foi do poeta e escritor francês André Breton, que desejava mostrar a loucura da mente humana nas artes e desejava expressar a criatividade artística livre da ditadura da razão.

Artistas como Salvador Dalí, René Magritte, Frida Kahlo, Joan Miró, no início do século XX abriram espaço nas artes plásticas para disseminar o movimento e produziram obras inesquecíveis, que até hoje são sinônimo de sucesso em público nas mostras de arte. Para se ter uma ideia, a página oficial de Salvador Dalí no Facebook tem mais de cinco milhões de curtidas.

Características do Surrealismo

A paixão que universaliza Dalí e o transforma no principal precursor desse movimento somente Sigmund Freud (pai da psicanálise) explicaria. Aliás, as teorias do médico austríaco estavam no auge na época e, portanto, não é difícil intuir que elas influíram nas bases do movimento. Apesar de Freud ter negado o seu envolvimento e ter demonstrado sua perplexidade uma carta endereçada a Breton em 1932.

O manifesto define as características do movimento nos seguintes termos  “automatismo psíquico puro, através daquilo que nos propomos a exprimir, com as palavras ou escritos ou de outras maneiras, o real funcionamento do pensamento. Comando do pensamento sem qualquer controle exercido pela razão, sem preocupação estética ou moral”.

 

Os destaques nos temas da arte surrealista são ligados ao amor, à liberdade dos vínculos sociais pelas regras, mas sobretudo pelo universo surrealista ligado ao sonho e à loucura, que são evidentes sobretudo nas obras de Salvador Dali. Leia mais sobre o artista em Fascínio de Dalí pela pintura em três dimensões.

Um cadáver esquisito gráfico
Um cadáver esquisito gráfico

Uma das técnicas usadas pelos surrealistas é a do cadavre exquis (cadáver esquisito). É um processo criativo que envolve vários artistas simultaneamente e pode ser aplicado tanto a pintura quanto à poesia. Um primeiro artista desenha ou escreve a primeira coisa que vem à mente, sem pensar e passa o seu trabalho para o outro artista que faz o mesmo e assim por diante, até obter obras aparentemente sem significado como a poesia O cadáver esquisito beberá um novo vinhoque deu o nome a esse procedimento.

O que é ser surreal

Hoje o termo surreal foi introduzido no cotidiano e não tão somente no mundo das artes. É muito usado para definir algo absurdo inexplicável.  O ano de 2016, por exemplo, para o Brasil foi surreal – surrealismo às avessas.

O movimento surrealista com certeza permanece no tempo e no imaginário das pessoas por significar exatamente o desejo de liberdade interior. Salvador Dalí e tantos outros que expressaram em sua arte o inconsciente sem as amarras da razão, nos representam em nossos delírios e sonhos. “O homem é livre para exprimir a parte autêntica do ser”.

 

 

 

 

 

 

 

 

Panteão de Roma poderá perder a entrada gratuita em 2018

O Panteão de Roma poderá não ter mais entrada gratuita a partir de 2018

O anúncio é do Ministro do Patrimônio Cultural e de Turismo italiano,  Dario Franceschini. O antigo monumento, um colosso arquitetônico, que acolheu cerca de 7 milhões de visitantes em 2016, é o mais visitado sítio arqueológico em Roma.

O ministro diz que a taxa de entrada será mínima e ajudará a manter o local. Vinte por cento da receita da venda de ingressos serão usados para agilizar a gestão das várias instituições culturais de Roma, palácios e museus estatais.

Panteão de Roma foi um templo no império romano e depois converteu-se em igreja
Panteão de Roma. Foto por Mari Weigert

A magnífica construção era um lugar de culto, um templo para adorar os deuses romanos  construído pelo general e arquiteto Marcus Agrippa em 27 aC. Mais tarde em 609  foi convertido em uma igreja cristã pelo Papa Bonifácio IV.  A proposta do ministério deve ser aprovada pelas autoridades diocesanas de Roma. Espera-se que  o veredicto saia  até o final da atual legislatura em fevereiro de 2018.

Fonte: The Artnewspaper

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Arquitetura contemporânea na tradicional Ravello

O espaço abriga o Festival de Música de Ravello
O espaço abriga o Festival de Música de Ravello

Uma construção contemporânea cravada num declive natural da costa Amalfitana, em Ravello, na Itália, “provoca” o olhar de quem  avista à distância o Auditorium Oscar Niemeyer.   A obra é assinada pelo arquiteto brasileiro  e se sobressai pela ousadia das linhas delineadas  numa pesada  estrutura de cimento, no meio da vegetação e das edificações tradicionais, na encosta do morro que compõe a pequena e romântica Ravello,

Muito concreto para uma paisagem delicada natural e medieval
Muito concreto para uma paisagem delicada natural e medieval

Depois de  uma longa batalha nos tribunais italianos – oito sentenças judiciais – por conta da associação ecológica Itália Nostra, que acusava a obra de agredir visualmente e ambientalmente a Costa Amalfitana, o projeto foi concretizado num espaço de 10 anos, com a proposta de abrigar um festival de música, como tem acontecido nos períodos de alta estação.

A grande concha branca de concreto implantada na escarpa de Amalfi em frente ao mar - “rompe” com a paisagem urbana de Ravello
A grande concha branca de concreto implantada na escarpa de Amalfi

Em 29 de janeiro de 2010, o auditório, com  400 lugares, foi inaugurado em grande estilo.

 Arquitetura

Romântica e acolhedora, ideal para quem gosta de sossego e longas caminhadas.
Romântica e acolhedora, ideal para quem gosta de sossego e longas caminhadas.
Certamente,  a linguagem arquitetônica do Auditórium – uma grande concha branca de concreto implantada na escarpa de Amalfi em frente ao mar – “rompe” com a paisagem urbana de Ravello, cidade medieval com 2,5 mil habitantes, sobre o Golfo de Salerno.

Mesmo que a genialidade de Oscar Niemeyer  esteja explícita na ousadia das linhas arquitetônicas, a construção não ultrapassa a frieza do concreto à poética da obra para dialogar com o espectador na delicada encosta italiana – famosa Costa Amalfitana, Patrimônio Mundial da Humanidade(UNESCO).

Ao  Auditorium de Ravello  falta a leveza do Museu de Arte Contemporânea de Niterói, que se abre à Baía de Guanabara, e também a elegância do Museu do Olho,  em Curitiba,  pois ambas as obras,  interagem com a paisagem ao entorno, características, da mesma forma,  imposta por Niemeyer em outra trabalho seu na Itália, a sede da Editora Mondadori(1968), em Milão.

Se a polêmica  judicial e a particularidade da região prejudicou o brilho estético da construção, esta não foi a intenção do sociólogo italiano, Domenico De Masi, um dos responsáveis pela realização e execução do projeto.

Quando a prefeitura da cidade, em 2000, decidiu construir um novo espaço para abrigar o Festival de Música de Ravello –  um dos mais importantes e charmosos da Europa – De Masi, que preside o evento,  recorreu a sua amizade com Niemeyer para levar o projeto adiante.

Em menos de três meses Niemeyer desenhou o prédio, detalhado posteriormente durante 18 meses – sem visitas físicas do arquiteto brasileiro a Ravello (não viajava de avião) – e em 10 anos ela foi finalizada ao custo de 18 milhões de euros.

A edificação exigiu a escavação de 26 mil metros quadrados de rochas e a construção de postes de aços maciços para evitar deslizamentos.

Para visitar Ravello o trajeto pode ser feito de trem saindo de Roma e chegando a Salerno, no continente, e na cidade é possível pegar um barco de linha que percorre toda costa Amalfitana, parando em diversas cidades. Em uma delas, pega-se um ônibus para chegar a Ravello, cujo a localização é no alto da montanha.

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O brasileiro Vick Muniz abre a temporada de artes em Veneza

Autorretrato feito em mosaico de recortes de revistas e fotografado.

A primavera no mundo das artes em Veneza, na Galeria do Palazzo Cini, em San Vio, inicia com as obras do artista brasileiro Vick Muniz. A mostra ‘Afterglow: Pictures of Ruins’ abre no dia 21 de abril ( um pouco antes da 57a Bienal de Veneza/13 de maio- 26 de novembro) e encerra no dia 24 de julho.

A oportunidade é ímpar para brasileiros que costumam ir à bienal veneziana. Entre maio e julho será possível conhecer o extraordinário trabalho de Muniz. O artista e fotógrafo paulista, que vive há 25 anos em Nova Iorque, atraiu a atenção da comunidade artística internacional com fotografias de trabalhos realizados a partir de técnicas variadas e materiais quase sempre inusitados – como a Mona Lisa feita de pasta de amendoim, o Che Guevara desenhado em geleia ou o retrato de Elizabeth Taylor montado a partir de centenas de pequenos diamantes.
Vick Muniz. Mona Lisa revestida com pasta de amendoim
Mona Lisa revestida com pasta de amendoim

As suas séries de imagens surpreendem quando insinuam o consumo exagerado, lixo e apresentam os pecados da humanidade como a obra-protesto, o barco de papel lançado no mar de Veneza durante a bienal de 2015.

Os artesãos construíram uma embarcação de 14 metros em madeira e inteiramente revestido com as notícias sobre a o naufrágio do barco Líbio na costa da Itália, carregado de imigrantes ilegais.

A ideia original era de servir de lembrete sobre a operação Mare Nostrum e as tragédias que poderiam acontecer de novo na costa da Europa.
Obra-protesto, Lampedusa, lançada no mar de Veneza por ocasião da Bienal de 2015
Obra-protesto, Lampedusa, lançada no mar de Veneza por ocasião da Bienal de 2015

A originalidade de sua obra lhe garantiu o reconhecimento da crítica e o estabeleceu como um dos criadores mais bajulados da arte contemporânea, presente no acervo dos principais museus do mundo.

Vik Muniz, filho de um garçom e de uma telefonista, criado em São Paulo, onde iniciou estudos de artes, mudou seu destino no momento em que tentou ajudar uma pessoa numa briga e levou um tiro. O autor do disparo foi a mesma pessoa que estava defendendo na briga. Para compensar o transtorno, o homem ofereceu-lhe uma boa quantia em dinheiro e foi o que bastou para financiar sua viagem a Chicago, em 1983. Dois anos depois ele foi para Nova York, onde vive até hoje.

O sucesso, no entanto, chegou somente há 14 anos, quando um crítico do New York Times foi conferir a exposição principal de uma galeria e se deparou com a série ‘Sugar Children’ alojada discretamente em uma sala dos fundos. Encantado, ele escreveu uma resenha que abriu inúmeras portas ao brasileiro: além de receber  um convite para participar da prestigiosa mostra New Photography, no MoMA, Vik viu suas obras serem adquiridas por museus como o Guggenheim e o Metropolitan Museum of Art.

A frase de Vik Muniz escrita no início da exposição mostra humildade de um mestre.  “Acredito que nem todas as pessoas sejam artistas, mas todas que desejarem ser, possuem tudo que o mundo tem a oferecer para que, um dia, elas se tornem, se eu pude, qualquer um pode”.