foto via site Exibart. Diva. 2020 Juliana Notari

“Diva” vai além do fato de ser uma vulva. É uma ferida

O conceito que está por trás é o grande mote de uma obra de arte contemporânea. E 'Diva', uma ferida, associada a vulva gigante, já atingiu seu climax conceitual ao difundir ao mundo o lado obscuro do Brasil

A obra da artista pernambucana, Juliana Notari, instalada na Usina de Arte, na zona da mata no sul do estado, associada a uma vulva sangrando, de 33 metros em cimento e resina, cavada nas terras de coronéis, de senhores de engenho, está atravessando fronteiras. Sua fama é reconhecida não só pela obra e seu significado, mas pela reação que vem provocando em falsos moralistas, fundamentalistas religiosos, e expondo um governo que não se sensibiliza com os números de mortos pelo Covid- 19.

Em seu Instagram a artista pernambucana, por intermédio de sua curadora e professora de arte, Claudia Diniz, registra que a instalação artística vai além de o fato de representar uma vagina. “Diva é uma ferida”. 

Uma das fotos que Juliana publicou no Instagram, com os profissionais contratados, gerou repercussão negativa

Diva já está presente em manchete no renomado site italiano Exibart: “In Brasile, a escultura de uma vulva enfureceu a extrema-direita de Bolsonaro. A matéria se atém muito mais ao comportamento do governo brasileiro em relação a moral, do que a própria obra, que representa o sofrimento de um grande número de mulheres brasileiras e a desigualdade social. 

 

Comenta o site: (…)”Mas a obra, além de simbolizar o sofrimento, é carregada de uma responsabilidade política, considerando que foi apresentada poucos dias depois da declaração de Jair Bolsonaro, sobre o aborto que jamais será legalizado no Brasil”. (…)

Os apoiadores de Bolsonaro condenaram duramente Diva, definindo-a com uma obra obscena e de mera propaganda de esquerda nas mídias sociais. Um dos comentários muito interessante foi registrado pelo produtor brasileiro, o cineasta Kleber Mendonça Filho, que destacou como “as reações a uma obra como a de Notari são um espelho da sociedade, enfim, um sucesso

 

 

Mas não há nada de novo nos ataques de Bolsonaro e seus seguidores. De fato, o presidente brasileiro é o primeiro a promover uma campanha na mídia contra a arte e os artistas, descrevendo-os como parasitas decadentes, sempre em busca de fundos públicos – que Bolsonaro cortou em todos os sentidos – apenas para aumentar o lixo comunista. 

Seu silêncio diante da morte de tantos artistas causada por Covid-19 é de fato profundamente significativo. A ponto de aprofundar a ferida que a Diva quer simbolizar”.

 

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Palas Atenas empunhe suas armas em 2021 pela sabedoria e arte!

PanHoramarte utiliza-se da licença poética para evocar pela deusa Palas de Atenas na defesa da arte e da cultura em 2021. Acima de tudo porque a arte salva e nos torna seres sensíveis capazes de mudar o mundo.

Escolhemos a versão da deusa mitológica grega criada por Gustav Klimt, em 1898,  por simbolizar exatamente a defesa de novas ideias no movimento da  Secessão, em Viena.  Na época,  artistas e intelectuais protestavam contra normas tradicionais artística, e étnicas. 

Palas de Atenas, na antiga Grécia, representava a sabedoria, arte, justiça e estratégia em batalhas. Portanto,  a  Klimt  não interessava sua feminilidade e sexualidade, mas sua essência divina. Talvez porque essa mulher tinha uma aspecto insólito. Era uma deusa diferente de outras deusas, usava armadura e armas de homem. Apesar de ser mulher, ela tinha um caráter guerreiro masculino.

Um ser andrógeno, com  olhos expressivos brilhantes e iluminados atrativos, aliado também  à imagem de uma Medusa no peito.  Um ser fulgurante para combater a mediocridade, a falta de solidariedade e respeito pelo outro e pela liberdade de expressão.  É urgente para uma humanidade que não mudou desde que o mundo é mundo. A história do poder, da violência, dos preconceitos, do acúmulo de riquezas por poucos e escravidão para maioria se repete. Muda apenas o tempo, isto é com algumas nuances diferentes de  como viver no século  XXI e dispor de tecnologia. A obra de Klimt é visionária, como os artistas sempre foram aquém ao tempo, é apropriada para o momento, especialmente para o Brasil, cuja arte e cultura estão sendo aniquiladas silenciosamente, drásticamente.

Quando tratamos de história estamos nos referindo a fatos que envolvem sistemas políticos e sociais capengas, tanto de direita como de esquerda. A modernidade nos trouxe facilidades e tecnologia, mas a ganância, o egoísmo, as injustiças continuam com outras vestes, com recursos mais potentes, porém sem o mínimo de condição de saúde, educação e qualidade de vida para a maioria dos habitantes deste Planeta Azul. 

É por isso que precisamos lutar pela expansão da mente por intermédio da arte e da cultura.  Artistas unam-se  para fortalecer nossos  sonhos e utopias com suas criações. Precisamos sim de uma deusa grega com a força do feminino e do masculino, que empunhe as armas da sabedoria e da arte para transformar o mundo. Precisamos sim, de uma fulgurante deusa como a criada por Gustav Klimt, para enfrentar os insensíveis e abrir caminhos para um novo tempo. 

Vamos evocar a essência divina de Palas Atenas que vive dentro de todos nós em defesa da sabedoria e da arte em 2021!,

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Sem verdades absolutas. Feliz Natal!

O que é o Natal senão um conjunto de verdades, sobretudo as verdades de cada um, aquelas que alimentam a alma.

Essa frase para iniciar um papo sobre algumas tradições natalinas repetidas há milênios, adaptadas, recicladas, que se tornaram verdades, porém não absolutas. 

“O verdadeiro Natal é o do coração”

As palavras foram do médico homeopata Gerson Cretella, que vive em Curitiba, e foram ditas a mm, quando perguntei o que pensava sobre o Natal. Isso numa consulta.

 

Mosaicos da ex- Museu de Santa Sofia, em Istambul

A definição simples e clara apaziguou minha mente inquieta e curiosa, que tenta a todo instante achar a resposta mais adequada para encaixar minhas crenças, a história, e o racional. O que vale mais nesse momento no mundo, num contexto que mescla o espiritual e o material, no qual a sintonia oscila entre o consumo e a devoção. O profano e o sagrado!

Assim completou o raciocínio o sábio médico que entende a vida pelo pensamento Gnóstico. Então, seguindo o raciocínio inicial sobre as verdades de cada um, as religiões são exemplos pelas quais as pessoas manifestam as suas verdades e  solidificam suas crenças. Desse modo, cada qual escolhe o Deus que necessita, isto é, escolhe as regras definidas por uma instituição religiosa que mais sente afinidade e fé para caminhar nas estradas da vida.

A palavra Natal(natale), derivada do latim, de acordo com o dicionário italiano Devoto-Oli, significa o lugar onde você nasce. Portanto, a data de nascimento de Cristo não é uma verdade absoluta. Ninguém sabe.

O que vale mais nesse momento no mundo, num contexto que mescla o espiritual e o material. Sabe-se apenas que o Natal começou a ser celebrado a  partir do século III, quando a Igreja Católica, para estimular a conversão dos povos pagãos sob domínio do Império Romano definiu como nascimento de Cristo o nascimento anual do Deus Sol, no solstício de inverno- 25 de dezembro.

Se você celebra ou não o nascimento de Jesus no dia 25 de dezembro, mesmo que essa data mobilize milhões de pessoas no mundo Ocidental, não importa à questão que nos referimos. Sobre as tuas crenças religiosas respeitamos por serem parte de sua cultura e isso, é a você que importa porque faz parte da tua história.

 

Muçulmanos, budistas, espíritas, umbandistas, adventistas, luteranos, católicos, entre tantas religiões que existem nesse planeta, foram instituídas pelo homem para organizar o sentimento espiritual e divino que existe dentro dele.

São instituições com regras e disciplinas e sujeitas também a estarem erradas, mas, acima de tudo necessárias para fazer a conexão com o Divino dentro de nós.

O PanHoramarte deseja que o verdadeiro Natal se inicie no seu coração, Natal como a etimologia define, um lugar de nascimento. Que esse lugar dentro do seu coração se renove constantemente como um terreno fértil de ideias boas e criativas, frutificadas a partir das sementes da paz e do amor!

 

Mosaicos dourados da Catedral de Monreal, Itália
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Festival de Brasíllia do Cinema Brasileiro reforçou a resistência contra o caos cultural no país

Com uma programação imperdível e participação de cineastas que marcaram época na história da sétima arte, a realização do 53o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro foi bálsamo num momento tão obscuro para a cultura no Brasil.

Além de ser o mais antigo do país, este ano o Festival de Brasília nos deu uma incrível demonstração de garra e resistência ao ecoar pelo mundo afora o aniquilamento silencioso de nossa cultura e arte.  Sobretudo  a destruição da nossa memória audiovisual, como é o caso da Cinemateca Brasileira. 

O ato, sem dúvida, foi heróico por parte da curadoria, cineasta Silvio Tendler e de todos que participaram da organização, para propor um Festival com esta dimensão e importância em plena pandemia.  Pela primeira vez o Festival foi realizado em plataforma online, oferecendo ao público a oportunidade de participar de todas as etapas da programação, encontros (lives), oficinas e exibição de filmes.

“Tendler destaca que esta edição traz a meta de ver o cinema brasileiro respeitado e preservado. ‘Nós precisamos manter o cinema, a cultura e a arte mais vivos do que nunca. Nossa luta continua”’. fonte: Correio Braziliense

Mas o mais importante disso tudo é o fato de que o Festival de Brasília manteve o seu viés político em dia.

“O Festival de Brasília é o mais importante, mais antigo e mais político dos festivais brasileiros. Ele não poderia deixar de existir no ano de 2020, diante do pandemônio das mais de 180 mil mortes por conta da covid-19, do fecho das instituições culturais, do fim do Ministério da Cultura. Por todas essas questões, devemos continuar sobrevivendo, existindo e dizendo ‘Presente!’. , afirmou Silvio Tendler, na entrevista para o C7nem

 

https://www.youtube.com/watch?v=_H7x6dwo0hM

 

A Cinemateca Brasileira foi tema de abertura do Festival. Nada mais justo homenagear a “mãe de nossa memória” como disse Silvio Tendler na abertura do encontro, destacando a condição de descaso do governo federal pelo acervo e pelas instalações deste importante patrimônio histórico.

“A Cinemateca Brasileira atravessa a crise mais aguda de sua história. Seu acervos e suas instalações correm riscos terríveis agravados pela lentidão como o governo se move para afastá-los”, afirmou o cineasta  Roberto Gervitz, que foi o mediador deste encontro magnífico que contou com a participação de Cacá Diegues, Eduardo Escorel e outros gigantes da cinematografia brasileira.

O Festival encerrou no dia 21 de dezembro com a premiação. Durante a semana de 15a 20 de dezembro foram realizadas 10 mesas de debates, três oficinas e três mostras de filmes.

“O grande vencedor deste ano foi o longa-metragem Por onde anda Makunaíma?, de Rodrigo Séllos, que conquistou o Candango de Melhor filme da Mostra Oficial, segundo o júri. Na categoria de curtas, o premiado foi República, de Grace Passô. Apesar de terem sido os favoritos da comissão julgadora, entre o público a premiação ficou diferente: Longe do paraíso, de Orlando Sena, foi escolhido o melhor longa-metragem; e Noite de seresta, de Muniz Filho e Sávio Fernandes, o curta-metragem.

Na Mostra Brasília, Candango: Memórias do festival, de Lino Meirelles, se sagrou o vencedor do júri popular e também do oficial entre os longas-metragens. Já entre os curtas, os jurados escolheram O outro lado, de David Murad, enquanto o público optou por premiar Eric, de Leticia Castanheira.” Fonte: Correio Braziliense

O Festival foi um sucesso e culminou numa festa online  ajustada às exigências de um tempo de pandemia. A entrega do Troféu Candango aos melhores filmes foi o apogeu do evento e uma conquista para os organizadores e ao curador Silvio Tendler. 

Na 53a. edição todos os filmes selecionados para as mostras Oficial e Brasília foram reconhecidos financeiramente, mesmo que não tenham recebido o Candango. Os longas R$ 30 mil e R$ 15 mil, a depender da  mostra; e curtas, com R$ 15 mil e R$ 5 mil, também de acordo com as mostra

 

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Ken Loach vencedor da Palma de Ouro e do Prêmio do Júri em Cannes - (crédito: Alberto Pizzoli/AFP)

O premiado cineasta britânico Ken Louach, que dirigiu “Eu, Daniel Blake” falou sobre o cinema como ferramenta política no Festival de Brasília.  Veja ao lado o que pensa Ken Loach sobre cinema e a atual conjuntura política no mundo.