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Ninfeias de Monet para relaxar e encontrar a paz. Impressionismo

DSC05131Em tempos de Brasil conturbado vale pontuar no PanHoramarte a serenidade das ninfeias de Monet, enormes telas que se encontram no Museu de L’Orangerie, no Jardim das Tulherias, um parque no centro de Paris. O convite é para relaxar e lembrar que a mensagem do artista francês ao criar sua obra foi de paz!

DSC05130Ao criar as Ninfeias à França, artista desejava oferecer um oásis de paz convidando a todos para se colocarem em estado de contemplação diante da natureza pintada ao infinito.

IMG_1844“Os nervos sob pressão do trabalho se relaxarão seguindo o exemplo repousante destas águas paradas e quem as olha, essa obra oferecerá o asilo da meditação no centro de um aquário florido”, escreveu ele em 1909, quando começou a pensar no projeto.

IMG_1846Para apreciar os gigantescos painéis impressionistas nas duas salas do museu é preciso primeiro entrar numa ‘câmera de descompressão’, idealizada por Monet. Uma sala completamente branca para fazer com que o visitante se purifique e elimine toda a agitação das cidades.

IMG_1426As telas compõem o universo onírico de seu jardim em Giverny, repleto de flores, vegetação e, sobretudo ninfeias(flores aquáticas) que crescem nas águas serenas do pequeno lago da propriedade.

IMG_1851O quadros de grande dimensão foram encomendados pelo primeiro-ministro Clemenceau, e o artista inicia a sua obra em 1914, no começo da primeira guerra.

IMG_1850Em 1918 Claude Monet termina oito painéis e piora do seu problema na visão, provocado por acidente com tintas em 1900. As obras foram terminadas, mas infelizmente o pintor não viveu para ver a inauguração do museu, em 1927. Ele morre em Giverny, aos 86 anos, em 1926.

IMG_5471A primeira sala do museu, depois da branca, mostra o verdadeiro testamento do artista. ‘Representam o resultado de toda uma vida’, escrito na publicação do museu. Desde 1886, Monet se propôs a representar seu jardim no ritmo das variações da luz. Os oito painéis nessas duas salas evocam a paisagem das horas, da manhã, no leste, ao entardecer, no oeste.

IMG_1410Os elementos água, ar,céu,terra, se misturam em uma composição sem perspectiva e centrada no ritmo das flores e das ninfeias. “A ilusão de um tudo sem fim, de uma onda sem horizontes e sem margens”.

Convido aos leitores a relaxarem nos jardins de Monet!

 

 

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Memória cultural nos comércios de Roma

A educação de um povo se mede pela forma como ele preserva o seu patrimônio cultural.

Em Roma, a cidade eterna, os romanos têm orgulho de preservar a história, inclusive negócios de tradição que ainda funcionam e prestam serviços até hoje à comunidade.

Uma publicação da Editora Il Parnaso lista 28 negócios mais tradicionais de Roma e os textos de  Mario Sanfilippo – “Tradizione commerciale e aziende secolari”, citam o Antico Caffè Grecco (1760), na Via dei Condotti, e Antica Erboristeria (1752), na Via Torre Argentina, entre os mais antigos funcionando normalmente.

O dois estabelecimentos comerciais são espaços em que a história está ali, viva, contada e recontada a todo momento em cada centímetro de parede, decoração e mobiliário.

Caffè Grecco

Embora o Caffè Grecco  tenha sido famoso em 1760  –  como prova um documento da Igreja de São Lorenzo que registra a presença de um paroquiano chamado Nicola di Madalena célebre pela qualidade do seu café localizado na “strada Condotta”.  A sua fama se universalizou a partir do século XIX, graças uma iniciativa pioneiro  de Salvioni, seu novo proprietário.

O italiano servia o café em xícara pequena para garantir a qualidade do produto durante a crise provocada pelas guerras napoleônicas, em que as taxas de importação eram muito altas. Salvioni pode elevar o preço e vender o verdadeiro café ganhando de seus concorrentes que misturavam o produto à  cevada ou  às farinhas de grão de bico, feijão e castanhas.

O sucesso da bebida em xícara pequena inventada em Roma foi tal, que até o hoje é produzida e servida aos milhares no mundo.

O Caffè Grecco localizado perto da Piazza Spagna é atração turística, é um lugar de encontro e um testemunho da antiga e tradicional aristocracia romana, cuja a clientela ilustre como Czar Paolo I, da Rússia, Luigi da Baviera, artistas como De Chirico, Trombadori, Ungarettti, entre outros, deixaram registro de sua passagem no local.

Antica Erboristeria

Antica Erboristeira fundada em 1752,  é uma obra de arte pela originalidade de seu mobiliário e pela tradição dos produtos que são vendidos no local.Talvez esteja entre as poucas farmácias  que ainda funcionam no mundo moderno com um  mobiliário do século XIX.

Entrar no antigo ervanário para compras, é fazer uma viagem no tempo em meio ao deleite dos aromas das ervas medicinais e das fragrâncias delicadas dos produtos de beleza à base exclusivamente de essências naturais.

Orgulho dos Ospici

A “erboristeria” romana é orgulho para a  família Ospici, que adquiriu o negócio em 1948 e até hoje mantém o comércio com o apoio de outros sócios. O charme do local, incluindo o atendimento gentil e paciente de seus proprietários, merece fazer parte  do roteiro dos amantes da arte e das tradições culturais.

É como entrar num pequeno museu, apreciar o teto trabalhado e seus balcões em madeira talhada, assim como as pequenas caixas para guardar as ervas que ainda mantêm os originais indicadores em metal e vidro.

Enquanto a Itália mantém sua história preservada com o restaurar constante de seus monumentos famosos, o Brasil se perde em meio ao excesso de burocracia e deixa a memória cultural abandonada. Os trâmites legais para investimentos e restauração são tão demorados que muitos dos conjuntos arquitetônicos datados do Brasil Colônia se perderam no tempo.

 

 

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Feira de Arte de Istambul é adiada por medo

Os atentatos terroristas que espalham pânico, morte e tristeza  nas populações atingidas, além de prejudicar o fluxo de pessoas em cidades potencialmente turísticas situadas em países próximos às zonas de conflito, inibem e intimidam também a arte.  A bela e lendária Istambul, que já é uma obra de arte a céu aberto, com o seu Museu de Santa Sofia, Mesquita Azul, entre outros, não sediará  a famosa feira Art Internacional, edição 2016.
A notícia segundo matéria publicada no Exibart é fresquíssima e foi publicada no The Art Newspaper. 
A edição de 2016 da Art International, uma feira que reúne galeristas e artistas internacionais em Istambul foi adiada. A decisão foi anunciada pelo o co-fundador  da Sandy Angus, o empresário Angus Montgomery. A Sandy Angus é uma empresa de eventos que tem sede em Londres, que coordena outros eventos internacionais como Angus La Affordable Art Fair di Hong Kong, e o Surface Design Show de Londres. ‘ A feira fará uma pausa até que sejamos capazes de unir algo que todas as partes interessadas e os acionistas possam se orgulhar de fazer parte, definitivamente haverá uma re-chamada no próximo ano e estamos determinados a manter a alta qualidade’.
 
Naturalmente a segurança é o problema principal. O medo por atentados afastou muitos dos expositores que seguiram fielmente a feira desde a primeira edição de 2013. Continua Angus: ‘As pessoas titubeiam quando se fala em viajar para Turquia neste momento. Os números de turistas diminuíram drasticamente. Algumas galerias, em particular, preferiram fazer uma pausa e depois analisar o que acontece. Dessa forma, a empresa decidiu dar ouvidos aos clientes, mas estaremos no próximo ano mais forte do que nunca’.
 
O anúncio foi feito logo depois do fechamento da semana de arte em Bruxelas, em que seus organizadores não cederam ao medo. Aliás, a semana confirmou sua ascensão na arte contemporânea.”
A feira seria realizada no outono europeu, de 23 a 25 de setembro, no Haliç Center Congress, nas margens do Golden Horn. A edição do ano passado incluiu 87 galerias de 27 países. A empresa organizadora garante que não é somente o medo a causa do cancelamento esse ano, justificativa difícil de engolir depois do ataque de um carro-bomba, em março, por um grupo curdo militante, em Ancara.
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O complô de Chernobyl

Atualizando esse artigo publicado em 2016 que vale a pena ler de novo porque o tema guerra nuclear não perdeu a atualidade. A humanidade está ainda no tempo das cavernas e precisa de anos luz para evoluir e viver em PAZ.

Atualizamos porque hoje está em risco outra usina nuclear, a de Zaporizhzhia, que  desde março e foi atingida na Ucrânia devido a bombardeios e corre riscos de vazamentos.

Depois de passados décadas do mais grave acidente nuclear da história da humanidade por erro humano –  Chernobyl, na Rússia – foi produzido um filme que coloca uma nova luz sobre a origem e a motivação do desastre que ainda não foi bem explicado.

Veja o trailer do “O complô de Chernoby

Se não conhece detalhes sobre o terrível acidente nuclear assista esse vídeo.

https://www.youtube.com/watch?v=83PQ7ncP9Us

Na Itália o documentário chama-se “Il complotto di Chernobyl” ( o complô), um título que diz tudo, sem dúvida. No Brasil, segue a tradução do inglês “Pica-Pau Russo” (The Russian Woodpecker), pouco esclarecedor e para cinéfilos pode passar despercebido.

Jornalistas de todos os continentes assistiram em 2016 o documentário no Festival Internacional de Jornalismo de Perugia.

A palavra complô traduz o real conteúdo do filme que conta a história de Fedor Alexandrovich, artista ucraniano, que narra sua vida como sobrevivente de Chernobyl. Ele cresceu com o trauma causado pelo medo de ser separado da própria família (viveu num orfanato porque o governo retirou as crianças dos pais para evitar mais contaminação), e por ter consciência de ser radioativo, carregado de estrôncio em seus ossos.

Filme premiado

O filme recebeu o  Grande Prêmio do Júri, em Sundance, EUA, e o prêmio Hera, para novos talentos e como melhor obra, em Bologna, Itália. A direção é de Chad Gracia, escritor e cineasta, um eclético contador de histórias (story teller), que se aventurou pela primeira vez  ao gênero documentário.

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O que mais intriga em toda a narração de Fedor é a descoberta de uma gigantesca antena  – Duga – que custou cifras exorbitantes e foi construída com o objetivo de interferir  em comunicações ocidentais para infiltrar a propaganda soviética.

A estrutura nunca conseguiu funcionar como deveria a não ser pelo famoso som captado, na época, por todas as rádios do mundo, semelhante ao picar do Pica-Pau na madeira. Por essa razão foi chamado de Pica-Pau vermelho, questão que poderia ser a base do terrível acidente. Supõe-se que o vazamento não foi acidental e sim por ordem de alguém com interesses de esconder algo maior….

E se não fosse só um acidente?

Segundo informações do próprio cineasta, a primeira ideia era contar uma história com base em uma pesquisa tradicional, a curto prazo. Mas ao se aprofundar no assunto a transformou em um trabalho emocionante que toca na ferida e nas histórias obscuras que até hoje ainda são intocáveis e secretas  na antiga União Soviética.

Segundo o site italiano Sentieri Selvaggi , o diretor e o artista começaram a suspeitar um do outro e para espionar uns aos outros utilizaram uma câmera GoPro escondida, com medo de que estava sendo feito um filme paralelo, sobretudo convergindo emoções de uma tensão verdadeiramente invulgar.  A situação foi agravada pelos revolucionários e eventos geopolíticos que passaram pela Rússia e Ucrânia na época das filmagens.

Trauma privado de uma situação coletiva

Portanto, é uma verdadeira obra de testemunho, de um trauma privado, de uma situação coletiva, com novas perguntas, ousadas e perigosas, que não se contentam com respostas erradas.

Acima de tudo o filme mostra os riscos do uso da energia nuclear. Mais uma razão para o mundo lutar contra qualquer projeto de incentivo a instalação de novas usinas. O homem não pode controlar o que está além do seu conhecimento e em consequência comprometer a vida no planeta. É muita arrogância e  supremacia!

*fotos retiradas do site Sentieri Selvaggi