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Destino de Snowden deixa jornalistas inconformados

A constatação de que o único lugar seguro para o asilo político de Edward Snowden seria a Rússia ou China é triste, no entendimento da jornalista britânica e editora do Wikileaks, Sarah Harrison, que acompanhou o caso de perto. “Nós fazemos parte do império americano”, lamentou ela, se referindo a Europa.

O analista de sistema, ex-administrador da CIA, Edward Snowden, foi o jovem americano que mostrou o tamanho da vergonhosa espionagem que os Estados Unidos mantém sobre os cidadãos e governos do mundo inteiro. como disse Paulo Nogueira, jornalista do DCM. O caso aconteceu em meados de 2013. O jovem americano encaminhou os documentos ao jornal britânico The Guardian, e os segredos foram publicados em todos os jornais do mundo.

A discussão em torno do assunto Snowden, no Festival Internacional de Jornalismo, em Perugia, Itália, girou em torno da proteção da fonte(o que fornece a informação ao jornalista), numa época de controle de massa.

Snowden pode ser considerado herói, pelo fato de mostrar o quanto é vulnerável e inseguro o mundo online, embora para alguns seja considerado um espião, até criminoso. Para essa questão o consenso será muito difícil, segundo o jornalista investigativo John Goetz. da Hauptstadtstudio. Os representantes do Washigton Post foram convidados e não estavam presentes. O jornal americano é contra Snowden.

Ewen MacAskill, o jornalista do The Guardian, um dos primeiros a entrevistá-lo, contou suas dificuldades durante a sequência de entrevistas feitas com o americano, uma em Hong Kong e depois na Rússia. Na primeira, em Hong Kong, Snowden estava dormindo pouco e tinha problemas financeiros porque o seu sistema bancário estava bloqueado. Aliás, segundo relato de Sarah, o sistema bancário também do Wikileaks foi interrompido.

“Fiz contato com a direção do The Guardian para ajudá-lo, mas não tive uma resposta imediata”, disse. “Ele é uma fonte. Se o The Guardian paga a uma fonte contamina toda a história”, contou Ewen.  A jornalista e escritora Stefania Maurizi também esteve em Hong Kong entrevistando Snowden pelo semanal L’Expresso, e o defende, não é um espião, e justifica dizendo que suas informações não foram vendidas e sim oferecidas para publicação.

No final de toda história, o caso do vazamento de documentos confidenciais de um governo como do Estados Unidos, mostra a força de um poder econômico e a submissão dos demais, a que se curva até a Europa dita independente. A frustração maior para os profissionais da imprensa que obteram de Snowden informações valiosas, é o fato de que a fonte não recebeu a proteção que devia pelo valor da notícia que gerou. O jovem americano, na verdade, prestou um brilhante serviço aos governos no mundo e aos cidadãos que usam a web, porém, os poderes subservientes ao EUA o abandonaram.

A pergunta final foi: os jornalistas já têm como proteger os próximos Snowdens que poderão surgir no futuro?

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Perugia no roteiro dos jornalistas

Perugia ou Perusia para os povos etruscos, onde se aprende história antiga a cada centímetro de parede que se observa, jornalistas de diversas regiões do mundo estão discutindo a contemporaneidade na era da globalização. É um contraste significativo estar dentro de espaços, na maioria, de construção medieval, respirando história medieval e falando sobre os rumos da comunicação cibernética.

É a internet e seus instrumentos de pesquisa divulgação o principal tema da décima edição #ijf16A expert italiana em Twitter e Periscope inseriu jornalistas interessados nas novidades disponíveis para interagir rápido e melhor no jornalismo de 140 caracteres.

A privacidade e proteção dos dados são as temáticas que fazem parte do cotidiano do jornalista e estão merecendo especial atenção pelo evento. Alessandro Rodolfi, colaborador da cátedra de Informática Jurídica da Universidade de Milão, falou sobre os mais modernos sistemas de proteção na rede, usados por jornais como o de Guardian, Washington Post, e recomendou especial atenção na criação da senha, que deve ser a mais difícil possível, elaborada em letras, números e símbolos.

IMG_7576O advogado italiano, Marcelo Bergonzi Perrone, esclareceu sobre o que é crime ou não no mundo online. Por exemplo, as pessoas podem criar perfis fantasias, mas que não configurem a própria pessoa e sim um personagem fictício. Isso não é crime. No entanto, se ela usar como falsa identidade para esconder sua personalidade e cometer infrações dentro das leis da internet, é considerado crime.

Em resumo, são mais de 200 oficinas, palestras e workshops para os jornalistas interessados, que ao mesmo se têm a oportunidade de aproveitar uma cidade que reúne registros históricos antes de Cristo e da Idade Média. Fontana Maggiore, Palazzo dei Priori, Catedral de San Domenico, entre outros. O Festival está sendo realizado em espaços distribuídos dentro do centro histórico de Perugia.

 

 

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Simplesmente um lugar…

Aquele lugar tinha uma coisa de sossego encantador. Era possível ouvir o som do silêncio, tamanha calmaria. Longe de tudo em todas as direções. Imaculado em vários aspectos. Gostava de sentar no gramado inesquecivelmente verde para pensar na vida. Refletir sobre o azul do céu e acabar dormindo sem hora para acordar, como se fosse transportada para uma outra dimensão de sentir e viver. Falando em sentir, este lugarejo era um banquete para os sentidos. Aromas maravilhosos, cores deslumbrantes, melodias que a natureza sabe como ninguém orquestrar, sabores dos mais diversos e sedutores.

A casa era antiga, de uma simplicidade sem paralelos. Tinha muitas estórias para contar e espaço para aconchegar qualquer que fosse o transeunte que se visse perdido por aquelas bandas. Tinha perfume de café fresco e de pão saído de padaria. Nada mais hospitaleiro do que isto! Cada cômodo tinha uma personalidade, uma força mágica. Depois que se entrava naquela casa, se saia outro. Coisa esquisita. Acho que a casa era toda assim especial, porque queria que quem viesse ficasse. Casas não gostam de ficar sozinhas, assim como os animais domésticos. São felizes cheias e melancólicas vazias. Gostam de risos, conversas, barulho de passos, mistura de aromas na cozinha, gente abrindo e fechando suas janelas e portas, além de quadros na parede, tapete no chão e bolo crescendo no fogão.

Havia muitas árvores espalhadas pelo jardim. Eram todas elegantes, mas sem arrogância. Os galhos acomodavam os ninhos dos pássaros, como as mãe embalam os filhos pequenos nos braços, com cuidado e ternura. Tinham um q de conversadeiras, porque a tudo observavam. Só no inverno que ficavam mais retraídas e caladas. Eram todas lindas e generosas.

Nos fins de tarde, as abelhas vinham se juntar às borboletas para paquerar as flores que competiam em vaidade. Desfilavam um mundo de tonalidades. Flores são muito poéticas.

E eu, desde pequena, sempre gostei de passar horas observando as formigas trabalhando incansáveis durante o dia e ouvindo os gafanhotos cantando durante as noites quentes de verão.  Insetos são criaturas formidáveis. Só na aparência são frágeis. Diferentes de nós humanos, são capazes de se adaptar a qualquer intempérie e sobreviver a catástrofes sem precedentes. Gostava também de acompanhar o trabalho arquitetônico de grande detalhe e perfeição das aranhas construindo suas inventivas teias. Algumas carregando seus ovinhos com um cuidado e preocupação de alguém que sabe calcular o tamanho da responsabilidade de se colocar vidas novas no mundo.

Naquele lugar me perdi tantas vezes. Me perdi em devaneios e afetos. Aquela coisa de amor à primeira vista tinha por ele. Era sempre igual, mas sempre uma novidade.

(Imagem: Summer Garden Green Grass – http://www.mrwallpaper.com/view/summer-garden-green-grass)

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Encontro mundial de jornalismo na Itália

 

O futuro do jornalismo na guerra à informação e outras questões palpitantes da era digital estarão em pauta na décima edição do Festival Internacional de Jornalismo, em Perugia, na Itália, de 6 a 10 de abril.

PERUGIAA encantadora cidade de Perugia, na região de Umbria, interior da Itália, será o cenário de fundo para troca de experiências e conhecimento entre jornalistas do mundo inteiro.E como ocorre todos anos, o #ijf16 é totalmente gratuito, com ingressos livres a todos os debates até preencherem os lugares.

Estima-se a participação de 500 palestrantes, de 34 países, e um dos principais temas será a palestra de “De Wikileaks a Snowden: proteger a fonte na era da vigilância em massa”, no dia 6. Serão os palestrantes, as  jornalistas, a britânica Sarah Harrison, colaboradora de Julian Assange,  a italiana Stefania Maurizi, que trabalhou na divulgação dos documentos secretos da Wikileaks, o escultor Davide Dorminoe o jornalista alemão John Goetz, que escreveu e dirigiu um documentário sobre Snowden.

Qual é o rumo do jornalismo moderno. Há modelos de negócios para a crise?

“Os temas em jogo são tantos”, dizem os organizadores. Verificação dos fatos, jornalismo de dados, explicativo, papel jornalístico de plataformas, crowdfunding, a era do vídeo e móvel, robôs de jornalismo, realidade virtual, o envolvimento dos leitores e o papel cívico das informações, a crise da ‘homepage’, em busca da objetividade, o jornalismo móvel em primeiro lugar, compreender o público e audiência para além dos números e porcentagens, redes sociais e mídia dominante.

Os organizadores acreditam no jornalismo como um meio capaz de mudar a história e se amparam no caso Spotlight, sobre pedofilia na Igreja Católica, cujo filme foi merecedor de Oscar esse ano.

A décima edição do evento  é uma prova que  o esforço conjunto faz milagres. Serão mais de 200 oficinas e workshops na cidade italiana. A equipe organizadora conta com mais de 150 voluntários que atuarão nos dias de evento, entre eles, estudantes e jornalistas brasileiros.