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Perugia de muitas histórias

Uma cidade com muita história e acolhedora

O centro histórico de Perugia, a cidade italiana situada na região de Umbria, o coração verde da Itália, oferece oportunidade ao visitante de viajar no tempo, a começar pelos etruscos até a Idade Média. Um passeio inesquecível. O úmbrio recebe bem e oferece ao forasteiro o melhor de sua cozinha.

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Arco Etrusco

A viagem na história pode começar pelo arco etrusco ou de Augusto, na parte norte da cidade. Um poderoso muro  construído no século III a.C, delimitado por duas torres e com planta na forma de um trapézio, é a marca deixada pelos povos da antiga Etrúria que habitaram a região setentrional da Itália.

Pouco se sabe deles e, mas pelo pouco que foi possível decifrar nos achados arqueológicos, os etruscos eram cultos e adiantados em seus hábitos e costumes.

Estudar e pesquisar essa civilização é apaixonante, muito mais sobre a mulher etrusca que já participava ativamente, em todos os aspectos, de sua comunidade, inclusive votava nas eleições de seus líderes. Gostava do comando, assim como era dedicada dona de casa e hábil tecelã.

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Oxford Italiana

Perugia antiga à noite é romântica e repleta de jovens nos bares espalhados pela via principal da cidade. A ‘ Oxford italiana’ como define Leonardo Varasano em seu artigo e razão pela qual se respira juventude nas ruelas medievais da cidade.

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Junto aos bares, no ‘ Corso Vannucci’, a rua principal do centro histórico, o visitante será surpreendido pelo uso comercial de uma antiga igreja.  Os habitantes encaram como sacrilégio. Talvez!

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“Já faz muito tempo”, informa o garçom que atende num bar próximo, tentando justificar o que para os católicos seria uma…”Quem aluga para a marca. O Vaticano?”, pergunto. ” Ahhhhh… isso já não sei responder”, afirma ele meio sem jeito.

IMG_7540Nas vias estreitas ninguém imagina que um carro é capaz de passar, mas o motorista italiano desafia o passado e enfrenta os acessos tortuosos entre as paredes de pedra para chegar ao seu destino.

Também é possível caminhar à pé,sozinha, à noite sem medo de ser assaltada!

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Nessas vielas pouco iluminadas, o turista mais atento poderá encontrar una bons restaurantes, com um preço de 25 euros em média, a refeição italiana completa (primo, secondo, contorni e dessert) como é caso da ‘Osteria a Priori’, localizada na rua do mesmo nome. No entanto, será pura sorte achar um lugar disponível. Vive lotada.

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Os produtos são artesanais e cuidadosamente selecionados e seus funcionários têm um sorriso nos lábios e prazer em recebê-lo.

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Para chegar a Perugia de uma forma econômica é melhor sair de Roma, pela estação Termini. O trem regional custa 11 euros, segunda classe e leva cerca de 3 horas para chegar na cidade.

A estação é um pouco distante do centro histórico, mas existe infra-estrutura em transporte coletivo ao centro. O táxi, da estação a parte histórica, custa em torno de 10 euros. Para que se possa aproveitar bem a estadia é melhor buscar uma hospedagem na parte antiga da cidade. As reservas feitas com antecedência, pela internet, são as mais acessíveis e é possível achar bons hotéis, numa média de 70 euros a diária em quatro estrelas, em alta temporada.

Boa Viagem!

 

 

 

 

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Aprenda a viver com os índios

 

Em abril o índio é lembrado por um dia. Para quem conheceu um pouco dos hábitos, usos e costumes dos povos da floresta jamais esquecerá os seus ensinamento por toda uma vida. Assim aconteceu comigo que tive o prazer de pesquisar ervas medicinais e realizar uma mostra sobre as plantas que curam usadas pelos índios das tribos Kaingangue e Guarani do Paraná. É um exemplo para o homem moderno, seja pelo modo de viver em coletividade, ou seja pela maneira como se relaciona com a natureza, assim como pelo saber de retirar dessa mesma natureza o tratamento para seus males. O legado é eterno.

Nessa reflexão, desenterrei um antigo livreto assinado por um médico paranaense,Móises Paciornick(1913-2007)  reconhecido internacionalmente pelas suas descobertas. “Aprendam a viver como os índios” um dos tantos livros assinados por ele que mostram a sabedoria dos usos e costumes indígenas.

Na década de 70  percorreu as comunidades indígenas do Paraná e descobriu que as índias caingangue tinham constituição física melhor do que a da mulher branca. Defendeu e introduziu o parto de cócoras entre as mulheres brancas. Eu fui uma delas que escolhi ter a minha terceira filha de acordo com os métodos preconizados por Paciornick.

“O índio e a índia da mata não fazem dieta, não obedecem a nenhuma técnica padronizada de exercícios físicos, assim mesmo, apresentam constituição orgânica incomparavelmente melhor do que o da mulher ‘civilizada’. Larga série de doenças e deficiências físicas que acometem os civilizados neles não aparecem. Por que?”, pergunta o médico no início do livro.

Ele começa a sua narração com o capítulo O exemplo vem de cima. “Você tem idade da sua coluna. Editado em 1985, o livro começa falando da coluna e dizendo que 40% dos europeus sofrem de prisão de ventre ou dor nas costas, em geral, as duas coisas juntas.

Lembro perfeitamente quando o entrevistei em 1993,ele me perguntou se eu ficava de cócoras. Em poucos minutos me repassou um hábito que aprendeu com os índios e incorporou para o resto de sua vida. “Agacha-se e permanece na posição de cócoras por alguns minutos. Levanta-se, distende o corpo e joga a cabeça para trás”.

Ele descobriu que esta postura ajuda a fortalecer o baixo ventre e prevenir o câncer de útero, a prisao de ventre e dores nas costas. O médico tinha participado de uma campanha de prevenção do câncer pelo  Ministério da Saúde e descobriu um baixo índice entre as mulheres índias.

Além de provar a eficiência da postura acocorada usada pelos índios, Paciornick falava sem constrangimento, sobre o problema da prisão de ventre. “Faça uma enquete no seu trabalho ou na sua casa”, recomendava, e completava dizendo que 50% das pessoas tem problemas com as duas doenças.

“As cadeiras contribuem para aumentar a nossa flacidez no baixo ventre e a alimentação industrializada”. O próprio médico foi um exemplo de que sua teoria era correta. Moisés Paciornick era um jovem de 80 anos envelhecendo cheio de sonhos de cada vez mais escrever, quando o conheci.

Sempre bem humorado dizia que com a implantação da vergonha no mundo civilizado, surgiram as privadas, cada vez mais privadas, que se tornaram discretas, silenciosas, escondidas e cômodas.

Falava sobre as privadas em tom de brincadeira para mostrar a dimensão da preguiça instalada na sociedade moderna. Para ele, acocorar-se era a solução para muitos problemas. “Não tenha preguiça, pratique a Ginástica Índia Brasileira, coma e descoma certo. O lucro será seu, você não se arrependerá”.

O vídeo abaixo mostra um trabalho de pesquisa sobre ervas medicinais e costumes indígenas realizado pela Secretaria do Meio Ambiente do Paraná, na década de 90. A reportagem foi feita por mim e as imagens são J.Carneiro (in memorian).

 

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Cerimônia terminal

SUJOU!

O cortejo apontou na virada da esquina justamente na hora que o zelador estava fechando o cemitério. O homem de preto que comandava o séquito adiantou-se e veio tentar convencer o funcionário:

– Boa tarde, sou irmão do falecido e peço ao amigo um pouquinho de paciência. Precisamos enterrar o mano ainda hoje… Não tenho culpa porque atrasou tudo lá na igreja. Sabe, foi aquele padre que complicou tudo.

– Boa noite, rebateu o zelador. Sinto muito, seu enterro era para as cinco horas. Você mesmo esta vendo que já escureceu e vai chover… Voltem e velem o defunto por mais uma noite.

– É coisa rápida, só dez minutinhos…

Mas o zelador estava impassível. Então o irmão se valeu do último recurso:

– Claro que vai sobrar uma graninha, disse o mano esfregando dois dedos.

Agora sim, suas palavras soaram mais convincentes. De pronto, o zelador escancarou o portão.

Enquanto o pessoal passava, o funcionário foi correndo avisar o coveiro que estava trocando de roupas.

Postados diante do túmulo, os seguradores de alças tiveram que aguentar o peso até chegar o coveiro. A garoa fina veio, aumentando o mal estar. Quando finalmente o responsável pelos trabalhos chegou, foi rapidamente armando os cavaletes e passando a cordinha em torno do caixão de uma maneira tão frenética que o irmão reclamou:

– Que pressa é essa? Vai tirar seu pai da forca? Antes de tudo você tem que abrir a janelinha para a viúva se despedir!

O coveiro, com toda a má vontade do mundo, foi lá e retirou rapidamente a plaquinha. A viúva chorosa, abraçou o caixão, afagou-o e misturou suas lágrimas com a umidade da chuvinha. Não é que no meio da turba impaciente e encoberta pelo lusco fusco da penumbra, uma vozinha feminina protestou?

– Que teatro! Essa aí está ansiosa é de por a mão no dinheiro do falecido! Megera!

Surpresa, a viúva levantou os olhos e procurou a rival. Não achando deu um ponta pé na canela do cunhado que acusou, dando um gritinho.

Sem outras delongas, o coveiro retomou o ritmo frenético das providências. Sem antes protestar com os dentes cerrados:

– Não ganho hora extra!

Com auxílio dos alceiros, encaminhou o caixão para o buraco aberto no concreto:

– Sujou! Não cabe, o caixão é maior que a cova!

Um mal estar se propagou nos assistentes como fosse o rastilho de pólvora. Sim, por mais que o chuvisco e a escuridão incomodassem, não existe uma regra implícita de que os assistentes não abandonem a cerimônia antes de seu término?

Com a indefinição, começou um clima de revolta. Aos poucos, algumas palavras saíram do meio incógnito da escuridão: ‘logo agora?’; ‘vou me mandar!’; ‘palhaçada!’… Outros davam palpites: ‘Não cabe enviesado?’, ‘temo que serrá!¹’ e o definitivo: ‘chamem a funerária!’

Mas o irmão estava impassível:

– Quero meu irmão nos conformes!

A turma se dividiu por gênero: os homens rodearam o irmão chefe e as mulheres se agruparam solidárias com a viúva. Esse ato repentino expos a figura da inimiga que teve que se refugiar atrás de um túmulo. Dalí bradou seu último protesto:

– Bem feito!

Como o impasse não progredia, o primeiro corajoso despediu-se:

– Vou me mandar que amanhã pego às sete!

Era o coveiro.

– E o corpo? Indagou o irmão chefe.

– Deixe aí que amanhã eu quebro essa! Respondeu o coveiro de longe.

Disfarçadamente começou a dispersão geral.

Lá, na saída do grande portão, o chateado zelador ficou abismado quando viu aquela turba de gente saindo numa correria adoidada. Espavorido gritou, pediu explicações, mas qual, ninguém se arriscava a parar. Até conseguir fisgar um deles pelo braço:

– O que está havendo?

Ofegante o homem parou, mas sempre olhando assustado para trás. E explicou:

– Já tínhamos saído do lugar do enterro quando ouvimos o baque do caixão no chão e alguém gritando: ‘- Incompetentes, deixe que eu vou sozinho!’ Até pode ter sido um engraçadinho que se aproveitou da ocasião, mas a viúva que corria ao meu lado jurou que a voz era do falecido!

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O mundo que Greenpeace quis mudar está pior

O documentário “How to change the world” ( Como mudar o mundo), que encerrou o Festival Internacional de Jornalismo, em Perugia, conta a história do maior movimento ambientalista do planeta.  A narração é intensa e revela paixão de um grupo de jovens ativista que lutam por ideal puro, romântico, acreditando que o mundo poderia melhorar.

O homem não aprendeu a lição

Sem desmerecer o fantástico trabalho que a organização está prestando à humanidade, apenas pontuar que o homem não aprendeu a lição. Continua ganancioso e destruindo cada vez mais a sua casa.

Hoje o mundo está pior, sim, é possível afirmar sem a preocupação de errar na análise.

Os mares têm tanto plástico que já existem ilhas no Pacífico compostas de lixo descartáveis. As baleias e as focas que foram as lutas iniciais da organização não estão mais sendo caçadas indiscriminadamente, mas correm o risco de morrer do mesmo jeito por ingerir material tóxico.

Nicolo’Carmineo nesse vídeo fala sobre o que está acontecendo no mar pelos excessos do mundo moderno.

Em Gana, o problema social é grave e um dos principais problemas é gerado por lixo tecnológico, telefones celulares, computadores vendidos pelos países desenvolvidos para os africanos.

A direção do Greenpeace já não é a mesma que começou em 1971. Houve desavenças e o grupo se dividiu. Robert Hunter saiu primeiro e faleceu de câncer em 2005, talvez por desilusão de ver que seu sonho tornou-se romântico diante do quadro atual em que se encontra o planeta.

Se o Greenpeace tem como meta ainda mudar o mundo precisa investir todos os seus esforços e dinheiro numa mudança radical da humanidade em hábitos e comportamento de consumo, sobretudo por eles mesmo que vivem nos países mais desenvolvidos, que são os maiores poluidores. Será possível ganhar essa guerra contra o capitalismo selvagem?