94e8c8bd7c9513c485250bc99ad2ff3b_6665deff5272feec62faa051742017ac2000x1344_quality99_o_1a6nt6kmi1mv05h7qq016so126g11v

‘Arte fornece respostas para perguntas que não foram feitas’

‘Embora tenhamos arte em torno de nós, não se sente, é como o ar que respiramos’

 O jornal The Art Newspaper comemorou em alto estilo seus 25 anos de trabalho divulgando arte. A celebração colocou em pauta um assunto para ser investigado:’What is Art For’?( Qual é o papel da arte?).  Um dos maiores museus do mundo, o Hermitage, na Rússia, participou do debate e deu sua contribuição sobre o tema.

‘Embora tenhamos arte em torno de nós, não se sente, é como o ar que respiramos’, afirmou o diretor do museu, Mikhail Piotrovsky.

O mais famoso entrevistador da Rússia, Vladimir Posner, foi quem orientou o debate e começou citando Dostoievski, que disse que a arte é tão necessária quanto a comida e a bebida. ‘Isso é verdade? Se nós oferecemos alimentos ruins às pessoas, quais são as chances dessas pessoas se tornarem saudáveis? Se elas não têm arte,  como vão se tornar espiritualmente saudáveis? A arte mudou nos últimos tempos? Deveria a arte ser entendida pelas pessoas, como os marxistas queriam?

Sua primeira testemunha foi Irina Prokhorova, crítica literária e editora. Ela disse que a pesquisa está provando que a fronteira entre seres humanos e animais é cada vez menos clara, mas a diferença é arte. Civilização não é o PIB de um país, mas a medida em que a cultura permeia a vida; em dias soviéticos, as pessoas criativas acreditavam  nisso  para se manterem vivas durante tempos terríveis. Segundo ela, era importante que a arte se espalhasse entre as pessoas: “Tínhamos vivido muito tempo com a estética do feio.” Para ilustrar como a cultura pode ser acessível a todos, ela citou um festival de poesia contemporânea realizado numa vila  de pescadores canadense. Após cinco anos, os pescadores puderam entender a diferença entre a boa e a poesia ruim. Posner acrescentou: “Será que os pescadores desistiram de ser  bons pescadores?” Prokhorova: “Eles se tornaram melhores pescadores.”

A seguinte foi Garrett Johnston, um consultor de negócios da Irlanda, na Rússia, que acredita que a arte é como um treinamento da aptidão para a consciência humana porque é fora do puramente utilitário, e traz  às pessoas a auto-realização. Ao trabalhar com empresários, ele ensina que a chave para o sucesso é encontrar uma coisa única: pensar mais como artista. Ele concluiu: “Os russos são como artistas na medida em que inventam respostas para as perguntas que não foram feitas ainda. A China é todo o desempenho; na Rússia, é o contrário “.

O diretor de cinema Alexei Uchitel escolheu para se concentrar em censura, como a auto-censura está se tornando tão perigosa quanto a censura em si. O medo nos priva da produção artística talentosa. O mundo está se tornando mais assustador.  Ele tentou fazer um filme na Palestina, mas os atores tinham muito medo de ir.

A última testemunha foi Tatiana Chernigovskaya, professora de ciência da linguística. Ela também citou a questão da fronteira entre seres humanos e animais, e perguntou por que os cães não vão a museus ou concertos. A arte é específica para os seres humanos, ela disse.  A arte, como ciência, é a nossa ferramenta para compreender o mundo; se queremos ser como os cães, nós podemos, sem arte.”A arte não imita a realidade; produz realidade. Antes de Turgueniev(famoso dramaturgo russo do século XIX), não havia senhoras Turgueniev “, disse ela.

A arte tem uma capacidade sensorial; encontra verdades científicas antes da ciência, como  o Impressionismo e a ciência da percepção. Se o cérebro não está ocupado com tarefas difíceis, se degenera. Sabemos que a nossa rede neural muda quando nós escutamos uma peça complexa de música.

“A arte não trata do belo, mas mostra uma nova visão radical”, concluiu. Posner: “Você concorda com Picasso quando ele disse que a arte é uma mentira que nos faz encontrar a verdade?  Chernigovskaya: “Em um hospício há pessoas que acreditam que suas alucinações são reais, mas a arte não é o que você vê; é o que você faz  para os outros verem”.

Ordenadamente parafraseando uma observação anterior, Piotrovsky encerrou o processo com “Arte fornece as respostas às perguntas que ninguém fez” e anunciou: “Absolvição para todos”.

Fonte: The Art Newspaper

queen

Rainha em Perigo

 ‘A Armada Retrato da Elizabeth I da Inglaterra’, uma das três pinturas alegóricas representando a Rainha de Tudor cercada por símbolos imperiais e atrás mostrando a  Invencível Armada Espanhola derrotada em 1588, está em perigo. A pintura, feita por um artista anônimo, será vendida pelos descendentes de Sir Francis Drake, o segundo no comando da frota inglesa, que participou na famosa batalha naval.
 Avaliação
Quatro estimativas recentes avaliaram a obra em 12 milhões de euros, se for vendida no mercado aberto. No caso de um acordo privado que poderia de fato ser vendida por “apenas” 7,5 milhões.
O Museu Real de Greenwich, em Londres, lançou um apelo para levantar esta cifra na esperança de que a pintura faça parte da sua coleção permanente. L’Art Fund prometeu doar € 750.000 para a causa e está dirigindo uma das maiores campanhas de angariação de fundos que o mundo da arte já viu.
Talvez a obra não cairá nas mãos de um particular, esperamos que o amor pela coroa salve a Rainha.
Fonte: Exibart
234
René Magritte, Os Amantes (1928) Nova York, Museu de Arte Moderna

Beijar bem é arte também

Beijar é a arte da entrega das emoções que envolvem sexo, prazer e amor.​

Quando digo que o beijar é um ato de entrega, me refiro ao fato de que existem diferentes beijos que denunciam sutilmente o quanto estamos ou não a fim de entregar o nosso coração ao parceiro.

É mais ou menos igual a um abraço forte que abarca as reentrâncias e saliências do nosso corpo e que encosta o nosso coração ao coração do outro para passar o fluxo intenso de um sentimento que nada tem de um simples abraço amistoso.

O beijo na boca que defino como uma total entrega, é aquele que faz estremecer o corpo inteiro, da cabeça aos pés, fazendo vibrar as nossas infinitas e mais remotas fibras nervosas no momento em que os lábios se aproximam um do outro e se unem imantados pela pele,entrelaçando as línguas,frenéticas, enlevadas na volúpia do prazer  que, num mesmo espaço de emoções, deseja chegar mais perto do coração do outro.  Essa é a grande diferença entre o beijo e o ato sexual em si.
René Magritte, Os Amantes (1928) Nova York, Museu de Arte Moderna

Nem todos conseguem beijar dessa forma por medo de deixarem o coração à mercê do outro.

Um grande equívoco!

O beijo da entrega, por inteiro, corpo e coração, é inesquecível. Traz gozo para a alma e sensação de extrema felicidade para ambos, considerando que a entrega é recíproca, uma troca tão intensa, capaz de oferecer uma eternidade de sensações por alguns minutos de beijar.

Uma sensação que independe de viver para sempre  com o parceiro que beijou e, sim, de ter passado pelo paraíso.

Beijar,  beijando de verdade deixa para sempre o gostinho úmido, voluptuoso,  gravado nas profundezas de uma memória sagrada, como se fosse um estoque energético de alguma partícula cósmica, ampla e resplandecente, que nutre e mantém sempre acesa a chama do prazer pela vida!

IMG_0074

Um espetáculo de feiras livres no Brasil

As feiras livres desse nosso país tropical, sobretudo no norte e nordeste são inesquecíveis e únicas.

Coloridas e bizarras são as particularidades que saltam aos olhos na entrada da Feira do Alecrim, em Natal, Rio Grande do Norte, e na de Maceió, próximo ao Mercado Municipal.

IMG_0085

Essas feiras livres brasileiras são verdadeiros espetáculos,exuberantes nas cores das frutas, fartura nos cereais, ervas medicinais e carnes de toda as espécies, enfim gêneros de primeiras necessidades.

img_0048

Em Maceió, Alagoas, a feira é permanente e se estende por praticamente uma quadra, perto do Mercado Municipal.

Carne, panela, velas, roupas, mandinga de candomblé, tudo em uma grande mistura

Lá se vende carnes, ervas, verduras, panelas, roupas, velas e mandingas do candomblé, tudo espremido em diversas barracas que criam entre si ruelas escuras, misteriosas, que atraem o visitante a percorrer e captar imagens dessa arte genuína que representa o “ser”  e o “ter” de um povo que vive em outro Brasil.

dsc01411

Poderá ser surpreendido com o tintilar de panelas penduradas  sob o toldo das barracas ou se encantar com as mais extravagantes ervas medicinais, unguentos, pomadas, garrafadas, sabonetes, com a promessa de curar todas as doenças do mundo.

IMG_0106

Barracas sagradas que ofertam sabedoria trazida pelos índios, os nossos pajés que detém o conhecimento das plantas curativas brasileiras, infinitas e muitas ainda desconhecidas, muitas roubadas pelos estrangeiros, cascas, folhas, raízes, flores aos borbotões, que deixam no ar um cheiro gostoso da clorofila da vida.

IMG_0098

As bananas às pencas, enfeitam e dão um toque especial na barraca. De todos os gostos, verde, amarelinha, com ou sem pintinhas. A fartura impera para o cliente escolher.

IMG_0121

Alecrim

A Feira do Alecrim, em Natal, Rio Grande do Norte, é realizada todos os sábados e está localizada em um dos bairros mais antigos da capital Potiguar.

IMG_0051Cantada em cordéis, a feira é também um espetáculo que choca quando os visitantes se deparam com inúmeras barracas de carnes cruas, ou de sol, de todas espécies expostas,  ou que encanta quando sentem o cheiro de frutas e folhas no ar  e se deparam com o colorido e a diversidade de espécies tropicais.

img_0094

Rio Grande do Norte é um grande produtor de frutas, desde as mais comuns, banana, caju, abacate, abacaxi, manga, até as mais exóticas como seriguela, cajá, imbu, graviola, entre outras.

“Amigo vou lhe dizer, ouvinte vou te contar. Se arrume pois sábado vamos juntos passear, e na feira do Alecrim maravilhas vou te mostrar”.

Com esses versos o poeta cordelista Elinaldo Gomes de Medeiros, o “Boquinha de Mel”, inicia a história da feira do Alecrim contada em um dos seus cordéis intitulado “A feira do Alecrim homenageia seus heróis”. Transcrito do Jornal a Tribuna do Norte.

Olhar Crítico

IMG_0082

As feiras livres no mundo estão resistindo no tempo e desafiando os gigantes do consumo, os supermercados com suas prateleiras inodoras  e insalubres.

IMG_0104

Essa tradição é uma força viva, imagem cultural de um povo ao demonstrar a forma de “ser” e de “viver” das pessoas daquele lugar.

Para perceber basta passear tranquilamente com olhar que transita entre o poético e a pesquisa e observar o que é mais destacado no local, os tipos de frutas ou verduras mais expostas, que cereais são consumidos, como as pessoas colocam à venda, gritam as promoções ou silenciosas mostram as etiquetas dos preços, e muitos outros detalhes que é possível sentir aguçando o olhar.

Isso é arte culinária!

IMG_0093

O exercício sensorial e artístico de ir a feira livre fazer compras deve ser herança passada de mãe para filha, ou filho, para que este hábito se perpetue no tempo.  Entre as feiras mais extravagantes do mundo, o Mercado das Bruxas, em La Paz, na Bolívia, está em primeiro lugar.