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René Magritte, Os Amantes (1928) Nova York, Museu de Arte Moderna

Beijar bem é arte também

Beijar é a arte da entrega das emoções que envolvem sexo, prazer e amor.​

Quando digo que o beijar é um ato de entrega, me refiro ao fato de que existem diferentes beijos que denunciam sutilmente o quanto estamos ou não a fim de entregar o nosso coração ao parceiro.

É mais ou menos igual a um abraço forte que abarca as reentrâncias e saliências do nosso corpo e que encosta o nosso coração ao coração do outro para passar o fluxo intenso de um sentimento que nada tem de um simples abraço amistoso.

O beijo na boca que defino como uma total entrega, é aquele que faz estremecer o corpo inteiro, da cabeça aos pés, fazendo vibrar as nossas infinitas e mais remotas fibras nervosas no momento em que os lábios se aproximam um do outro e se unem imantados pela pele,entrelaçando as línguas,frenéticas, enlevadas na volúpia do prazer  que, num mesmo espaço de emoções, deseja chegar mais perto do coração do outro.  Essa é a grande diferença entre o beijo e o ato sexual em si.
René Magritte, Os Amantes (1928) Nova York, Museu de Arte Moderna

Nem todos conseguem beijar dessa forma por medo de deixarem o coração à mercê do outro.

Um grande equívoco!

O beijo da entrega, por inteiro, corpo e coração, é inesquecível. Traz gozo para a alma e sensação de extrema felicidade para ambos, considerando que a entrega é recíproca, uma troca tão intensa, capaz de oferecer uma eternidade de sensações por alguns minutos de beijar.

Uma sensação que independe de viver para sempre  com o parceiro que beijou e, sim, de ter passado pelo paraíso.

Beijar,  beijando de verdade deixa para sempre o gostinho úmido, voluptuoso,  gravado nas profundezas de uma memória sagrada, como se fosse um estoque energético de alguma partícula cósmica, ampla e resplandecente, que nutre e mantém sempre acesa a chama do prazer pela vida!

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Um espetáculo de feiras livres no Brasil

As feiras livres desse nosso país tropical, sobretudo no norte e nordeste são inesquecíveis e únicas.

Coloridas e bizarras são as particularidades que saltam aos olhos na entrada da Feira do Alecrim, em Natal, Rio Grande do Norte, e na de Maceió, próximo ao Mercado Municipal.

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Essas feiras livres brasileiras são verdadeiros espetáculos,exuberantes nas cores das frutas, fartura nos cereais, ervas medicinais e carnes de toda as espécies, enfim gêneros de primeiras necessidades.

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Em Maceió, Alagoas, a feira é permanente e se estende por praticamente uma quadra, perto do Mercado Municipal.

Carne, panela, velas, roupas, mandinga de candomblé, tudo em uma grande mistura

Lá se vende carnes, ervas, verduras, panelas, roupas, velas e mandingas do candomblé, tudo espremido em diversas barracas que criam entre si ruelas escuras, misteriosas, que atraem o visitante a percorrer e captar imagens dessa arte genuína que representa o “ser”  e o “ter” de um povo que vive em outro Brasil.

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Poderá ser surpreendido com o tintilar de panelas penduradas  sob o toldo das barracas ou se encantar com as mais extravagantes ervas medicinais, unguentos, pomadas, garrafadas, sabonetes, com a promessa de curar todas as doenças do mundo.

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Barracas sagradas que ofertam sabedoria trazida pelos índios, os nossos pajés que detém o conhecimento das plantas curativas brasileiras, infinitas e muitas ainda desconhecidas, muitas roubadas pelos estrangeiros, cascas, folhas, raízes, flores aos borbotões, que deixam no ar um cheiro gostoso da clorofila da vida.

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As bananas às pencas, enfeitam e dão um toque especial na barraca. De todos os gostos, verde, amarelinha, com ou sem pintinhas. A fartura impera para o cliente escolher.

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Alecrim

A Feira do Alecrim, em Natal, Rio Grande do Norte, é realizada todos os sábados e está localizada em um dos bairros mais antigos da capital Potiguar.

IMG_0051Cantada em cordéis, a feira é também um espetáculo que choca quando os visitantes se deparam com inúmeras barracas de carnes cruas, ou de sol, de todas espécies expostas,  ou que encanta quando sentem o cheiro de frutas e folhas no ar  e se deparam com o colorido e a diversidade de espécies tropicais.

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Rio Grande do Norte é um grande produtor de frutas, desde as mais comuns, banana, caju, abacate, abacaxi, manga, até as mais exóticas como seriguela, cajá, imbu, graviola, entre outras.

“Amigo vou lhe dizer, ouvinte vou te contar. Se arrume pois sábado vamos juntos passear, e na feira do Alecrim maravilhas vou te mostrar”.

Com esses versos o poeta cordelista Elinaldo Gomes de Medeiros, o “Boquinha de Mel”, inicia a história da feira do Alecrim contada em um dos seus cordéis intitulado “A feira do Alecrim homenageia seus heróis”. Transcrito do Jornal a Tribuna do Norte.

Olhar Crítico

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As feiras livres no mundo estão resistindo no tempo e desafiando os gigantes do consumo, os supermercados com suas prateleiras inodoras  e insalubres.

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Essa tradição é uma força viva, imagem cultural de um povo ao demonstrar a forma de “ser” e de “viver” das pessoas daquele lugar.

Para perceber basta passear tranquilamente com olhar que transita entre o poético e a pesquisa e observar o que é mais destacado no local, os tipos de frutas ou verduras mais expostas, que cereais são consumidos, como as pessoas colocam à venda, gritam as promoções ou silenciosas mostram as etiquetas dos preços, e muitos outros detalhes que é possível sentir aguçando o olhar.

Isso é arte culinária!

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O exercício sensorial e artístico de ir a feira livre fazer compras deve ser herança passada de mãe para filha, ou filho, para que este hábito se perpetue no tempo.  Entre as feiras mais extravagantes do mundo, o Mercado das Bruxas, em La Paz, na Bolívia, está em primeiro lugar.

 

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Parla!

In my wanderings as a science teacher I always transited through schools laboratories. On one of these “experiences” discovered an unpublished, important and original phenomenon, with respect to life: when a seed (I made with beans seeds sealed in a glass capsule) germinates and grow in the early days – and despite increasing its volume producing a tender stem and even leaves – its total mass decreases.

That’s right: in these early days of grow, the assembly of bulb and plant weight less and less! (click to see more)

I conclude that to create a life is needed mass consumption (taken from environment) and energy. The matter is provided by the environment and the energy, from sun in photoshynthesis. And in its death, the living being returns to the environment this amount of enerma – energy and matter – received.

Is my constant struggle to spread this discovery, so far without much success. Anyway, especially for this reason, I have dealt with theoretical concepts about the fundament ‘life’. And, believe me, it is a complicated matter.

When I started high school, my biology teacher, José Pinto Rosas, on the first day of class, defined ‘life’ in 32 different ways, which caused my admiration not much for his knowledge, but for his extraordinary memory to remember it all. Finally, he ended his listing with a popular Brazilian expression: ‘life is a hole!’.

Without remembering the content of the teacher’s speech, now I know that none of these definitions would be complete. Simply because it is impossible to translate directly in words this invisible ‘spark’ that is life. One can, when much, define it through its properties or effects.

As my students got confused about the concept of ‘life’ and ‘living organism’, to clarify this doubt I always used the interpretation of a masterpiece made more than five hundred years ago and in a time when this type of knowledge did not exist: the ceiling painting of Sistine Chapel executed by Michelangelo.

It is surprising that noticing well, there are ‘impossible’ in there that this genius turned into ‘possible’.

It starts by the image of God. Let’s agree that represent God under any circumstances is impossible. He is the Absolute! But is not didactically nice to see Him – under the painter invention – as a friendly old man, white beared surrounded by angels? Moreover, painting Him on the ceiling of the chapel, where we need to lift our heads to admire it, forcing us to recognize our smallness towards the Creator.

Michelangelo’s brushstrokes went further representing the infinite goodness of God. How? Well, the Creator on the painting leans and humbly stretches his arm to reach  the man. Again the act denounces His greatness and in a certain way, the obvious love for his creature.

Is not the same posture at the time of a couple kiss? Generally one of the characters contributes with the displacement – even minimal – toward the other.

A  love contained within a reciprocal act!

By the painter interpretation, the divine touch is not completed yet and there is a small space between God’s finger and the creature. Here the painter – intuitively or not – introduces another human feeling that is hope. And it is what gives the viewer the certainty that the divine act will be completed.

Finally, the divine intention shows that there will be a transfer. Any child in school understands what God is giving to this man.

And they don’t say an image is worth a thousand words?

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Evitem a flacidez espiritual

Como jornalista entrevistei muita gente e percebi que existem pessoas que mesmo convivendo por algumas horas, uma única vez, tornam-se inesquecíveis para resto das nossas vidas.

Todos devem ter alguém desse tipo, que estiveram juntos por uma vez ou até duas e o que ela representa permanece na memória afetiva. Assim foi com o montanhista austríaco, naturalizado brasileiro, Erwin Gröeger (1912-2008), de quem ouvi pela primeira vez  o termo “flacidez espiritual”.

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Para não ter Flacidez Espiritual é necessário correr atrás dos seus sonhos, segundo professor Gröeger.

Outra entrevista inesquecível foi no interior do Paraná, com Dorothéa Roepnack (também falecida), americana vivendo no Brasil,  que mostrou tenacidade em realizar um de seus sonhos.

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Ambas as entrevistas foram feitas na década de 80 e já nesta época estas pessoas tinham mais de 70 anos, muita experiência de vida e uma sabedoria incomum.

Gröeger

O professor Gröeger, como era conhecido pelos amigos por ter ensinado muita gente a escalar montanhas, era um homem culto, engenheiro agrônomo, florestal, conhecia música, pintava e cultivava orquídeas. Era apaixonado pela Serra do Mar.

Tinha o hábito escalar sempre as escarpas do conjunto Marumbi, e confessou na entrevista que tinha até um apartamento lá – como chamava uma pequena gruta escondida no meio da rocha – onde adaptou uma acomodação para pernoitar durante as escaladas.Lá fez amigos roedores que comiam os restos de frutas que deixava no local a propósito.

Gröeger me recebeu em sua casa com um saboroso bolo de mel que tinha acabado de tirar do forno e com a receita “datilografada em papel vegetal” com explicações detalhadas e pitorescas.

Era um homem prático, racional e matemático. Sabia que a solicitação era inevitável depois da degustação do delicioso doce tradicional austríaco.

Estas peculiaridade da sua personalidade permaneceram na minha mente – fatos de uma entrevista feita há décadas – que com poucas horas de conversa enriqueceram minha trajetória profissional e pessoal  como exemplo de vida de um homem saudável, feliz (apesar de estar no momento vivenciando a dor do luto pela morte da esposa) que não perdeu o rumo, que manteve o seu projeto de vida para não  “cair na flacidez espiritual”.

Roepnack

Outra experiência fantástica foi conhecer Dorothéa Roepnack, uma alemã naturalizada americana que viveu os primeiros anos de sua infância em Marechal Mallet, no interior do Paraná.

Ela doou ao Governo do Estado uma área nativa de pinheiros, localizada na Serra do Trigre, nos anos 90, uma área de 33 hectares. Quando morou nesta região durante os primeiros oito anos de sua vida ficava encantada e impressionada com os ruídos dos “bugios”que viviam nas florestas de Cruz Machado.

A vida fez com fosse embora do Brasil e morar nos Estados Unidos com os pais, onde casou e permaneceu por 44 anos. Na primeira volta ao Brasil para visitar os amigos escutou novamente os “bugios”se comunicarem entre si dentro da floresta. Viu também devastação das florestas paranaenses e os perigos que animais corriam de não terem mais o seu habitat.

Foi neste momento que decidiu comprar áreas preservadas e na aposentadoria do marido se instalar perto de seus amados animais. A área da Serra do Tigre foi comprada duas vezes porque na primeira foi enganada por uma pessoa que roubou seu dinheiro, para ao final, com a morte do marido doar maior parte da propriedade ao Estado.

Se área está preservada pelo Governo do Estado não sei, me desliguei do assunto, mas inesquecível foi visitar Dorothéa em sua casa, estilo de campo, cheia de tubulações ligando o quintal aos cômodos, com objetivo de abrir um acesso entre a moradia e os bugios. Segundo ela, os primatas já estavam habituados com a sua presença e entravam na casa. Não vi os bugios que fugiam de olhos estranhos, porém percebi que Dorothéa não era uma mulher solitária e seu olhar era vivaz tinha o brilho de vida. Excêntrica para os vizinhos e autêntica para si mesma.

Aqui fica a minha homenagem aos dois!

Olhar Crítico

As histórias de Dorothéa Roepnack e Erwin Gröeger mostram a importância de não perder o foco e ir em busca dos projetos de vida. Gröeger fez muito pela preservação da Floresta Atlântica criando, com a ajuda de outros ecologistas, o Clube Paranaense de Montanhismo. Dorothéa fez sua parte para manutenção da vida selvagem neste planeta.

O tônus espiritual destes dois seres humanos, com certeza, nunca soube o que era flacidez. Que suas atitudes em relação à vida não permaneçam somente na minha mente, sejam estímulos para que as pessoas acreditem em seus sonhos, se reinventem a todo o momento com projetos impossíveis, sem medo de errar e sem pudores de serem verdadeiros!