img_7300

‘Vai pra Cuba’

 

Não é insulto não! São dicas a partir da experiência de dois casais que circularam pela Ilha do Caribe

A dimensão histórica da morte de Fidel Castro nesse fim de semana colocou Cuba na pauta dos noticiários no mundo inteiro e aguçou a curiosidade de muitos que adoram viajar a conhecer essa paradisíaca ilha do Caribe.

‘Vai pra Cuba’, sugere PanHoramarte, sem a conotação de insulto dada pela turma da histeria ideológica, e sim, com dicas a partir da experiência de dois casais de curitibanos que circularam por ela, durante 14 dias, em novembro de 2015.

1

Claudia e Leandro, Mario e Juliana decidiram conhecer a Ilha de Cuba logo depois da notícia da suspensão do embargo econômico, comercial e financeiro feita pelos EUA em 2015. “Para encontrá-la ainda em estado genuíno. O que Cuba é de fato, sem interferências do que surgirá a partir dessa decisão”, contou Claudia.

Casas de família

O primeiro passo, depois de  comprar a passagem, foi o de buscar uma acomodação sem que fosse um hotel. Segundo ela, os hotéis lá são caros e existem muitos sites que oferecem quartos em casas de família, com uma diária em torno de 30 euros o casal. Funcionam como pousadas e oferecem café da manhã, que por sinal é delicioso. O site BelisimaCuba foi recomendado por uma blogueira e foi por ele que os quatro fizeram suas reservas.

Havana, Cienfuegos, Cayo Coco, Trinidade e Holguin, foram as cidades que fizeram parte do roteiro turístico percorrido com um carro alugado em Cuba e cuja intermediação foi feita por Irina, administradora do site, que também dava sugestões sobre os passeios. É importante lembrar que na Ilha não circula cartão de crédito e o pagamento das pousadas é feito no momento da chegada dos hóspedes, em dinheiro, não antecipado.

 

3

A alegria e a preservação da tradição cultural na música e na dança é forte e evidente. Em Havana existem bandas cubanas em grande número nos bares espalhados pela cidade e algumas orquestras.  Em geral, o ritmo cubano está presente em todos os lugares e o povo adora dançar e cantar.

img_3218

Mas a pergunta está sempre na ponta da língua: Será que deu certo?

img_6042

A ambiguidade existe sim, de um lado a satisfação de uma camada da sociedade pela oferta de saúde, educação e segurança gratuita, de outro, uma parcela da população achando que a revolução foi um atraso na vida deles.

img_3127

Percebe-se as dificuldades provocadas pelo embargo nas construções antigas, sem a devida manutenção e a falta de produtos de consumo do quotidiano de países capitalistas.

As famílias recebem uma quota de alimentação mensal por parte do governo, que nem sempre é o suficiente. “Uma pobreza limitada”, como diz Leandro.

img_3120

Para Claudia, Cuba é um paradoxo.

“A pobreza existe, mas não é miserável, sem dignidade e cidadania”. As cidades são seguras. Nas ruas é possível circular à noite, de madrugada tranquilamente sem medo de ser assaltado.

img_7296

Ônus e Bônus

Cuba, pequena, bela, com suas praias paradisíacas mostrou ao mundo que é possível viver isolada. Pagou um preço por isso. Para alguns foi muito alto por deixar de acompanhar de forma acelerada a modernidade tecnológica, e para outros não foi alto, sobretudo por ter preservado o que é mais precioso para eles, a tradição cultural, a música, a dança, enfim a alma do povo cubano.

 

 

 

 

 

 

 

 

Boy Radio Silhouette, 2016. Photograph: Fred Attenborough

Arte dá visibilidade ao tema transgênero

 Artistas se unem para resistir a onda reacionária americana

 É inegável que a eleição de Donald Trump para a presidência dos EUA  e sua vitória causou a muitos americanos desconforto, sobretudo para aqueles que fazem parte das minorias. Salvo o grande sucesso entre os brancos da zona rural e algumas esporádicas exceções, o magnata de Nova York permanece decididamente impopular a todos os grupos sociais que de qualquer modo não compactuam com a ideia do ‘americano perfeito’ defendido pelos mais conservadores.

A crescente de intolerância e discriminação  acordou o mundo da arte, que buscou novos instrumentos de reflexão e abertura mental. Uma série da mostras sobre o tema ‘transgênero’ organizado durante e depois das eleições colocou no centro do debate os direitos das minorias sexuais na sociedade americana.

Para testemunhar esse novo momento o Museu da cidade de Nova York programou ‘Gay Gotham’, sobre o papel da criatividade ‘queer’ do século passado, enquanto o Museu Trans History & Art organizou a exposição ‘Trans History in 99 Objects’, que traça a história da cultura  sobre o corpo transgênero nos EUA. Iniciativas como essas demonstram que o mundo da cultura criou uma frente unida para resistir a onda reacionária que atingiu a sociedade americana, lembrando-nos que a grandeza de um país está na sua abertura para a diversidade e no seu pluralismo e não na homologação identitária.

Fonte: The Guardian

Publicação original: Exibart

img_0628

‘Ágora:OcaTaperaTerreiro’ e a diversidade brasileira

A monumental obra de Bené Fonteles não só deu visibilidade ao índio assim como trouxe para o debate nossas crenças todas juntas e misturadas.

img_0611

Não há dúvida que diálogo pretendido pelo artista plástico Bené Fonteles,  por intermédio da obra “Ágora:OcaTaperaTerreiro”,acontece no exato momento em que o visitante da 32a. Bienal de São Paulo entra no Pavilhão Ciccillo Matarazzo.

A pretendida Ágora (praça pública das antigas cidades gregas), também Oca, dos nossos índios, Terreiro, que nos remete a Umbanda e Candomblé, construída com o teto de palha e paredes de taipa, cumpre o seu papel e incorpora dentro e fora a diversidade cultural brasileira. Impossível não visitá-la no início do percurso.

img_0610

Krajcberg

Ao lado, as esculturas, a floresta esculpida com resquícios de madeira calcinada, raízes e troncos do polonês Frans Krajcberg, compõe um conjunto poético perturbador. O ambiente quase em agonia de Krajcberg é o externo da Ágora, da Oca que traz as vivências do artvista Fonteles.

“Oca não é arte”, disse ele, em uma de suas vivências. “É um suporte de vivências, um lugar para acontecer coisas.Os índios também não acham que isso é arte. Para eles, arte é a vida deles”.

img_0628

Além da programação contínua que reúne músicos, xamãs, o artista, o visitante é convidado a entrar no espaço e lá sentir o campo sonoro e observar ao mesmo tempo um mundo de mitos, crenças e personagens mesclados entre si, em pequenos altares criados no contorno das paredes.

img_0620

O mantra OM tocado por Bené ( sino tibetano), Belchior (Bambu Chinês), Egberto Gismonti (violão), Onda Azul, musicada pelo artista e cantada por Gilberto Gil, e materiais sonoros captados pelo musicoterapeuta, Claudio Viniciusm Fialho, numa aldeia indígena do rio Xingu, estão como som de fundo para que se possa mergulhar  nas profundezas de nossas raízes.

img_0638

A Bienal de São Paulo permanece até o dia 11 de dezembro. Portanto, ainda dá tempo para aceitar esse convite que nos remete às origens da terra brasileira. Vale a pena para quem permite deixar o olhar e a mente viajarem junto ao desejo poético do artista e tirar sua própria conclusão do conceito.

img_0617

A monumental obra de Bené Fonteles não só deu visibilidade ao índio ( que não consegue esquecer desde 1980, quando viveu no Mato Grosso e presenciou o seu extermínio), assim como trouxe para o debate nossas crenças todas juntas e misturadas.