Ilustração Marcela WBR

Mais educação libertadora, menos escravidão contemporânea

Educação liberta! A ilustração de Marcela Weigert para o projeto Escravo Nem Pensar está cada vez mais distante do novos objetivos educacionais no Brasil.

Projetos que deixam de lado a inclusão social  para formatar  mentes sem consciência crítica que atendam aos interesses de um capitalismo selvagem, que beneficia apenas uma pequena camada da sociedade.

Os professores Fábio Bezerra e Lucília Machado analisaram o atual contexto educacional brasileiro como totalmente adverso ao conhecimento e a cultura. Num encontro realizado pelos Estados Gerais da Cultura os dois intelectuais, ele filósofo e ela  socióloga,  ambos professores de Minas Gerais, mostraram claramente as intenções do governo de precarizar o ensino público e empobrecer intelectualmente o povo para beneficiar as demandas de mercado.

Segundo Fábio Bezerra, essa mudança tem a lógica neoliberal e vem sendo gradativamente implantada desde o governo de Michel Temer e depois segue com as reformas trabalhista, da previdência, restrição dos gastos públicos em saúde e educação e alteração da Base Nacional Curricular .

“O Estado não domina apenas pela repreensão policial, pelas leis, mas nos domina, sobretudo pela ideologia. Por isso, o debate é fundamental”, afirma Bezerra. 

Professora Lucilia Machado reitera as palavras de Bezerra, ao reforçar que existe por trás disso tudo um projeto político “de liquidação do direito ao conhecimento para a produção de pessoas com conhecimentos precários. É uma guerra contra as classes populares.”

Os dados da ONU mostram as contradições sociais no Brasil. O país  é a décima economia do mundo, com seus 220 milhões de habitantes é um grande mercado consumidor, mas é o segundo em concentração de renda e o sétimo em desigualdade social. 

 

 

“Ciência, extensão, pesquisa e educação são instrumentos fundamentais para superar a desigualdade. Mais que o fomento é o acesso democrático do direto de todo e qualquer ser humano à educação e ao conhecimento. Paralelo a esses ataques estamos sofrendo a militarização das escolas, a escola sem partido, perseguições em retiradas de disciplina de Filosofia e Sociologia, o flerte e o romance para a tentativa de voltar ao passado, de apenas inserir o individuo como força de trabalho muito pulverizada, empobrecida intelectualmente para atender as demandas de mercado, em contraposição ao direito conhecimento mais rico e mais vasto”. Fábio Bezerra. Leia mais sobre sua fala no site dos EGC

“O direito à cultura e à educação é fundamental para priorizar a resistência a essa destruição social.  Educar por meio do juízo crítico. Oferecer bases científicas sólidas, capacidade argumentativa, enfim desenvolver a capacidade da resistência intelectual às manipulações midiáticas. O exemplo das fake news é cabal. As pessoas são manipuladas por essas estratégias. É fundamental fortalecer essa capacidade de reflexão e de juízo crítico. Pra isso é necessário implementar projetos democráticos, inclusivos e plurais. Coisa muito distante do que o atual Ministério da Educação está providenciando. Enquanto protegem um determinado setor educacional destinado a formar elites científicas, técnicas, gestionárias, onde os filhos dos porteiros, das empregadas domésticas, e dos trabalhadores em geral, não podem entrar.”,  Lucilia Machado, leia mais sobre sua análise no. site EGC

Ilustração Marcela WBR

Portanto, os princípios da educação libertadora nos moldes freireano perdem-se no tempo e a partir de agora, o Brasil vive um retrocesso cultural e educacional jamais visto em sua história. “Quanto mais o homem refletir sobre a realidade, sobre a sua situação concreta, mais emerge plenamente consciente, comprometido, pronto a intervir na realidade para mudá-la.” Paulo Freire.

Essa ilustração foi feita para a Campanha Nacional de Direito à Educação há pouco anos. Infelizmente representa hoje uma utopia, um tempo de sonho, num país onde todos tinham voz.

Mas como não podemos desistir do sonho porque foram os sonhadores que abriram os caminhos para que se chegassem às grandes invenções do mundo moderno, resistir é preciso!

mercado Ivanise

Arte original brasileira emerge no Festival de Guarabira

“Primeiro eu lhes acrescento alma para depois poder vestir meus personagens”. Jamais esquecerei esta frase dita pela artista naif, Ivanise do Vale. Ela e seu marido Nivaldo foram selecionados para o Festival Internacional de Arte Naif, em Guarabira, Paraíba.

Tão potente é a afirmação de Ivanise:  é preciso lhes acrescentar alma para que ela possa senti-los como existência. Olha a beleza e profundidade do conteúdo da arte primitiva.  Se por um lado é singela e pura, por outro, é a expressão verdadeira de uma poética, de um povo. Aquela arte que não precisou de escola, mas brotou do coração do artista.

O Festival Internacional de Arte Naif já está na sua terceira edição e começa no dia 23 de maio. “A cidade de Guarabira foi escolhida para produzir o evento por ser uma escola do estilo artístico. Poucas pessoas sabem, entretanto, da importância que esse estilo possui para a cultura local. O município é tido como uma academia cultural do gênero pela quantidade de artistas de renome internacional residentes ou radicados em Guarabira.”. Fonte: Ufpb.br

Leia mais sobre arte naif no PanHoramarte

Arte naïf em dose familiar apresenta o universo lúdico da cultura nordestina

Dia de Reis é tempo de folia no Brasil

 

A Arte Naif, ou, como também é popularmente conhecida, “arte primitiva moderna”, é notória por ser uma maneira fora dos estereótipos das tendências artísticas comuns. O estilo é caracterizado por não ter formas específicas de expressão e por proporcionar liberdade para que o artista explore formas simples e espontâneas. No entanto, esse feitio não é manifestado estritamente como arte popular, pois não se restringe a expressões culturais locais.

Historicamente, a arte Naif é entendida como “arte sem escola”, pois permite a liberdade de ser composta por artistas sem formação profissional. Também como “arte auto-consciente”, já que o criador expressa de forma simples e espontânea, por isso, não se enquadra nas tendências comumente conhecidas, como modernismo e arte popular.

Dismaland - Banksy.

L’arte è il modo più intenso e più sofisticato di resistenza

"La vera arte è la forma di resistenza più sofisticata e più intensa". L'autore di questa frase è un avvocato e professore di Giurisprudenza che riconosce l'importanza del ruolo dell'arte e della cultura nella trasformazione sociale.

È perche entra in questo tema grafitto di Banksy nel Dismaland.Oltre a ricordare tanti altri artisti attivisti che fanno critiche sociali, politiche ed economiche attraverso le loro opere. Il gualtemalteco, Anibal Lopez, i brasiliani Cildo Meirelles, Artur Barrio, tra gli altri, che hanno scandito dall’arte gli errori nella storia dell’umanità.

Banksy’s Dismaland, un parco di divertimento da incubo (agosto-settembre 2015) che ha operato per un mese in una piccola città in Inghilterra, è un’acida critica alla cultura dell’intrattenimento.

“Non ho problemi con la Disney, non sono un Hipster, quindi non penso che nulla sia brutto o futile, solo perché il marchio Dismaland è popolare non ha nulla a che fare con Disney, solo nel contesto che dice: ok, noi accetta che fare arte ci pone nel regno dell’industria dell’intrattenimento e cercheremo di metterci a quel livello, ma a sinistra “, Banksy. (mostra Genius o Vandal

Prostesto degli artisti che non hanno entrato nella Biennale di São Paulo - 2010

Seguendo il ragionamento sulla cultura dello spettacolo, torniamo a Pedro Serrano, e espieghiamo quanto ha detto durante un dibattito con il collettivo Estado Gerais da Cultura, creato per protestare contro l’estinzione del Ministero della Cultura da parte del governo federale. Il suo ragionamento ci porta a capire perché arte e cultura sono le prime ad essere soffocate.

Colloca il mondo capitalista di oggi, con le sue nuove economie, come una società che considera l’arte spontanea, vera, come nemica, soprattutto nei sistemi politici autoritari. Questo perché questi sistemi portano la politica e il mercato dentro della soggettività.

“Il nostro intero ambiente immaginario diventa uno spazio per l’economia e la politica. La regola è invertita, che la domanda condiziona l’offerta, cioè l’offerta inizia a produrre la domanda. Ciò implica un annientamento di quella che per me è l’essenza della libertà.

Ora abbiamo un sistema che non agisce per soddisfare i desideri delle persone. Come ha detto Steve Job: ‘non lo vogliono, ma lo so quelo che loro vorrono. Non sanno cosa vorranno, creeremo per loro ”.

 

Serrano continua nel suo ragionamento per mostrare il grande rischio della manipolazione da parte della cultura dominante: “L’idea di libertà è nella spontaneità. L’arte lo rappresenta immensamente. E il mainstream finisce con la spontaneità. Prima cosa che dobbiamo capire. La cultura è una vittima dell’essenza di questo sistema Questo sistema che cerca di dominare la soggettività umana e produrre desiderio nelle persone La più grande dittatura che il mondo abbia mai conosciuto ha dominato il corpo, ha imprigionato, torturato e ucciso. Il sistema che viviamo oggi domina i nostri desideri. È l’apice da persona che aspira ad avere potere sull’altro.

Voglio che l’altro voglia quello che il voglio che lui voglia. Questo implica annientare la spontaneità umana che ovviamente pone la vera arte, la vera cultura come un nemico. Anche se l’arte non vuole, anche se deve mediare con l’intrattenimento d’ottenere risorse, è vista come un nemico perché non convive. L’essenza affettiva dell’arte non è monetizzabile Questo è ciò che attacca il sistema. Così come certi affetti umani si fanno nemici. Come l’amore, per esempio. L’amore non è monetizzabile.

“La spontaneità che è il movimento di resistenza a questo processo di vulnerabilità della nostra intimità e desiderio. Quindi, quest’arte spontanea che è nemica di un sistema fazioso e autoritario. A loro, deve essere eliminata”.

Pedro Serrano

“Più che mai fare vera arte è la forma di resistenza più sofisticata e più intensa che dobbiamo avere. Questo è molto importante.

Angelo Campos - artista muralista que retrata a realidade na qual vive na comunidade da Penha.

Il fascismo, l’autoritarismo non vincono quando ci torturano perché sopravviviamo e torniamo a combattere, né quando ci uccidono perché diventiamo un simbolo e l’altre persone fanno quello era nostra lotta. Loro ci battono quando ci diventiamo qualcosa di simile a loro”.

Intervenção urbana - Anibal Lopez.Guatemala 2003. Caminhão basculante joga livros na rua.

Tra gli esempi citati, in cui l’arte emerge come resistenza a un sistema, all’inizio della pandemia, l’intervento urbano realizzato dall’artista Nuno Ramos e il Teatro Vertigem, in Avenida Paulista, ha attirato l’attenzione del pubblico per l’incuria del governo verso contenere la diffusione del coronavirus. Nell’agosto 2020.

Alle dieci della sera che il Teatro da Vertigem ha dato il via all’intervento urbana “andare indietro”, idealizzato in collaborazione con l’artista visivo Nuno Ramos. Un grande numero delle macchine hanno occupato la strada e in un altoparlante emetteva una sinfonia insolita. Non corni o canzoni, ma il suono forte dei respiratori utilizzati nelle unità di trattamento Covid-19.

Dismaland/Banksy 2015

“Arte verdadeira é a forma mais sofisticada e mais intensa de resistência”

A frase é do advogado e professor de Direito Pedro Serrano sobre o papel da arte e da cultura como meio de transformação social. Não foi sem motivos ilustrar com a obra de Banksy e sua Dismaland.

Assim como lembrar de tantos outros artistas ativistas que fazem crítica social, política e econômica por  meio de suas obras. O gualtemalteco, Anibal Lopez, os brasileiros Cildo Meirelles, Artur Barrio, entre outros, que pontuaram pela arte os desacertos na história da humanidade.

Dismaland,  de Banksy, um Parque Temático (agosto -setembro 2015) que funcionou um mês numa pequena cidade da Inglaterra, é uma crítica ácida à cultura do entretenimento. 

“Não tenho qualquer problema com a Disney, não sou um Hipster, por isso não acho que uma coisa seja má ou fútil, só por ser popular a marca Dismaland nada tem a ver com a Disney, apenas um enquadramento que diz: ok, aceitamos que fazer arte nos coloca no terreno da indústria do entretenimento, e vamos tentar pôr-nos a  esse nível – mas à esquerda.”, Banksy. ( mostra Gênius or Vandal

 

Protesto de artistas que ficaram fora da Bienal de São Paulo- 2010

Seguindo o raciocínio sobre a cultura do entretenimento voltamos ao Pedro Serrano, e ao que ele falou durante um debate com o coletivo Estados Gerais da Cultura, criado em protesto a extinção do Ministério da Cultura por parte do governo federal. Seu raciocínio nos conduz ao entendimento do porquê a arte e a cultura são as primeiras a serem sufocadas.

Ele situa o mundo capitalista de hoje, com suas novas economias, como uma sociedade que considera a arte espontânea, a verdadeira, como inimiga,  sobretudo em sistemas políticos autoritários. Isso porque esses sistemas trazem a política e o mercado para dentro da subjetividade.

“Todo nosso ambiente do imaginário passa ser um espaço da economia e da política. Se inverte a regra, de que a demanda condiciona a oferta, quer dizer a oferta passa a produzir demanda. Isso implica numa aniquilação do que pra mim é a essência da liberdade.

Passamos a ter um sistema que não atua para atender o desejo das pessoas. Como Steve Job falava:  ‘eles não desejam, mas sei que eles vão desejar. Eles não sabem o que eles vão desejar, nós vamos criar para eles’.

 

 Serrano segue em seu raciocínio para mostrar o grande perigo da manipulação pela cultura dominante: “A ideia da liberdade está na espontaneidade. A arte representa isso imensamente. Vai liquidando com espontaneidade.  Primeira coisa temos que entender. A cultura é vitima da essência desse sistema. Esse sistema que busca dominar a subjetivada humana e produzir desejo nas pessoas. A maior ditadura que mundo conheceu sempre dominou o corpo. Ela aprisionou torturou e matou. Esse mecanismo que nós vivemos hoje domina nossos desejos, é o ápice de qualquer sujeito que ambiciona o poder sobre o outro. 

Quero que o outro deseje o que eu deseje o que ele deseje.Isso implica em aniquilar a espontaneidade humana obviamente coloca a verdadeira arte, a verdadeira cultura como inimiga. Mesmo sem a arte querer, mesmo tendo que mediar com o entretimento, para obter recursos, ela é posta como inimigo porque não convive. A essência afetiva da arte não é monetizável Isso que agride o sistema. Como também certos afetos humanos são postos como inimigos. Como amor, por exemplo. O amor não é monetizável. 

 

“A espontaneidade que é o movimento de resistência a esse processo de vulneração da nossa intimidade e desejo. Portanto, essa arte espontânea que é que inimiga para um sistema facista, autoritário. Para eles, precisa ser eliminada.”

Pedro Serrano

“Mais do que nunca fazer arte verdadeira, cultura, é a forma mais sofisticada e mais intensa de resistência que nós temos que ter. Isso é muito importante. 

Obra de Angelo Campos - artista muralista que retrata a realidade na qual vive na comunidade da Penha.

O fascismo, o autoritarismo não ganham quando nos torturam  porque a gente sobrevive e volta para luta, quando eles nos matam porque a gente vira símbolo e outras pessoas tocam a nossa luta. Eles ganham da gente quando nos transformam em algo parecido com eles”.

Intervenção urbana - Anibal Lopez.Guatemala 2003. Caminhão basculante joga livros na rua.

Entre os exemplos citados, nos quais a arte surge como resistência a um sistema, no início  da pandemia, a intervenção urbana feita pelo artista Nuno Ramos e o Teatro Vertigem, na Avenida Paulista, chamou atenção do público pelo descaso do governo para conter a disseminação do coronavírus.  Em agosto de 2020.

Foi às dez horas da noite que o Teatro da Vertigem deu início à performance-fílmica MARCHA À RÉ, idealizada em colaboração com o artista visual Nuno Ramos. A carreata ocupava a via emitindo uma sinfonia incomum. Não buzinas, nem músicas, mas o som alto dos respiradores utilizados nas unidades de tratamento de Covid-19.