Sherpson, 2018. Nicole Eisenman. Bienal de Veneza 2019

Novos cursos online de arte no MoMA

Cursos de arte online podem ser uma opção prazerosa enquanto durar o isolamento social.

 

 

O MoMA lançou seis novos cursos de arte online, totalmente gratuitos. E se, neste período, não há problema em não ser produtivo e, convenhamos, parece que temos tempo para fazer tudo o que queremos.  Não é tanto assim. Mas o MoMA ainda é o MoMA.

As lições, acessíveis a partir da plataforma de e-learning Coursera, têm prazos flexíveis e permitem que todos os concluam no seu próprio ritmo.

Podemos no link ver uma rápida visualização dos cursos, enquanto você pode encontrar a lista completa aqui

 

São cursos para o público leigo, cujos temas são gerais como, por exemplo, uma explicação sobre arte contemporânea,  o design da moda, um novo olhar para a fotografia….

O que é arte contemporânea?

“Neste curso, você analisará essa questão através de mais de 70 obras de arte criadas entre 1980 e hoje, com especial atenção à arte dos últimos dez anos”, explica o MoMA. “Além disso, artistas, arquitetos e designers de todo o mundo falarão sobre seus processos criativos, materiais e fontes de inspiração “.

 

Moda como design

“O curso se concentra em uma seleção de mais de 70 peças de vestuário e acessórios de todo o mundo, que variam de tecido kente a jeans e roupas impressas em 3D. Através dessas roupas, examinaremos de perto o que vestimos, por que usá-lo, como é feito e o que significa “.

 

 

Veja através da fotografia

“Você poderá observar de perto a coleção do MoMA e ouvir muitos pontos de vista sobre o que é uma imagem e sobre como a fotografia foi usada durante seus quase 180 anos de história: como meio artístico de expressão, como ferramenta para ciência e exploração, como uma ferramenta de documentação, para contar histórias e registrar histórias, e como um meio de comunicação e crítica em nossa cultura cada vez mais visual “.

Sherpson, 2018. Nicole Eisenman. Bienal de Veneza 2019
No estúdio: Pintura abstrata do pós-guerra

Quer saber como alguns dos artistas mais famosos do século XX fizeram pinturas abstratas? Este curso oferece uma visão aprofundada e prática dos materiais, técnicas e abordagens de sete artistas da Escola de Nova York, incluindo Willem de Kooning, Yayoi Kusama, Agnes Martin, Barnett Newman, Jackson Pollock, Ad Reinhardt e Mark Rothko. 

Publicação original Exibart

Anthony Hernandez. Picture for Rome/ 1998-1999. Bienal de Veneza 2019

O mundo parou! Ficção agora é realidade

O mundo parou.... Não é obra de ficção e nem algo semelhante ao manifesto de André Breton, em 1924, que resultou no Surrealismo.

É realidade que se revela na decadência do modelo de vida proposto pelo homem  ao planeta. Os artistas, sempre visionários, mostraram em algumas sombrias obras da Bienal de Veneza, de 2019, a decadência iminente!

Anthony Hernandez tem fotografado ao longo de duas décadas as ruínas das cidades. Nesta obra, na série Pictures of Rome mostra os desastres que podem provocar as renovações urbanas. Projetos abandonados, hospitais em ruínas, complexos residenciais desabitados e outros planos de desenvolvimento falidos. 

Esses edifícios não são o toque corrosivo do tempo, mas espectros de mercados precários e planejamento urbano disfuncional. Utilizando as formas irregulares para realizar as construções desarmadas, o artista sublinha os detalhes reveladores entre os detritos de ambientes desolados, reinvocando assim a vida invisível daquilo que destrói e dos ex-residentes.

A instalação Eskalation, 2016, da artista alemã Alexandra Bircken, gira em torno da forma humana. Precisamente, nesta obra ela mostra como poderá ser o fim da humanidade. São corpos envoltos em tecidos que foram imersos na tinta latex negra e colocam-se jogados pelas escadas, pendurados no teto. A pergunta é: para onde estão indo?

Trojan foi a colossal escultura confeccionada com roupas usadas, argila e metal, 2016-2017, do  Yin Xiuzhen.  A figura de uma mulher que se posta curvada, é toda confeccionada em tecido de malha, camisetas que foram doadas ou retiradas da sociedade de consumo. A artista chinesa é ativista, quando era criança na Revolução Cultural, encontrou uma saída criativa no ato de costurar, que se tornou um componente monumental em suas práticas artísticas.

Arthur Rafa, artista americano criou a instalação Big Wheel I, II, III. Sua inspiração é baseada na infância no Mississipi. Um pneu gigante envolto em corrente e no centro, um núcleo semelhante a um meteorito. Mesmo que a ideia inicial seja outra, o fato de um pneumático envolto em correntes nos remete ao que estamos vivendo neste momento, aos quais qualquer projeto de viagens  viagens e deslocamentos coletivos estão proibidos.

O livro azul. 1969/ Marc Chalmé (França). Creative Commons Pinterest

Leituras possíveis em tempos de coronavírus

Ler é o melhor remédio!  Em tempos de coronavírus….

A partir dessa premissa o PanHoramarte intensifica sua pauta no segmento literatura e sugere alguns autores e livros para que o tempo seja leve durante o período de quarentena.

Nesta edição, o jornalista e escritor paranaense Luiz Manfredini faz um resumo de duas de suas obras literárias. Memória de Neblina e As Moças de Minas são livros baseados em fatos que construíram a história de nosso país.

Em tempos de quarentena contra o coronavírus, sobram horas baldias para leituras que o corre-corre do cotidiano quase sempre impedia. Muitos vão, portanto, à pilha dos livros deixados para trás.

Dois livros – As Moças de Minas e Memória de Neblina – surgem como opção para visitar (ou revisitar) a década de 1960, uma das mais efervescentes do século XX e que ainda desperta interesse entre os que desejam conhecer melhor os caminhos do Brasil. Década de dor, sonhos e lutas, de rupturas sociais e comportamentais. No Brasil, a década dos anos de chumbo do regime dos quartéis.

 

Em As moças de Minas, narra-se a dramática história de cinco jovens estudantes presas em Belo Horizonte, em 1969, por suas atividades de resistência ao regime militar – que incluíram sua transformação em operárias e camponesas para despertar as lutas sociais – e os terríveis sofrimentos pelos quais passaram.

 

 

 

 

 

 

Memória de Neblina é um romance sobre meninos e meninas que, sob a ditadura militar,conviveram com sonhos e pesadelos justamente quando estavam se formando para a vida – não mais meninos, tampouco adultos. Hilários, dramáticos, amorosos, radicais, lutam e brincam a um só tempo. Vivem um tempo de trevas. Ainda assim, acendem risos. O lúdico não abandona o revolucionário. Nas frias madrugadas curitibanas, cobrem as imaculadas paredes de um colégio – todas elas – com poemas pichados com bastões de cera. Em seguida, mergulham em estripulias até o amanhecer. Dias depois, lá estão eles distribuindo panfletos em um bairro operário e discursando sobre bancos de praças. Mais tarde, entre operários e camponeses, semeiam sua revolução. Memória de Neblina é, sobretudo, um elogio ao pensamento humanista e transformador.

 

 

 

 

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Luiz Manfredini é veterano jornalista e escritor em Curitiba. Além de As moças de Minas e Memória de Neblina, publicou o romance Retrato no entardecer de agosto e a biografia A pulsão pela escrita.  Trabalhou em O Estado de S. Paulo, Jornal do Brasil e revista ISTOÉ, entre outros órgãos de imprensa. É colunista do portal Vermelho e membro do Conselho Editorial da revista Princípios, editada em São Paulo.

Ambos os livros poderão ser adquiridos pela internet, no site da Livrarias Curitiba: www.livrariascuritiba.com.br
 

The doctor, Salvador Dalí

COVID 19: espanhóis dão lição de solidariedade

Todos estão acompanhando os acontecimentos dia a dia, hora a hora, sobre o COVID 19 e a sua expansão sem freio em todo o mundo. Também estamos vendo como a Europa tem tomado medidas drásticas, nunca antes vistas, para frear a expansão desse vírus, que hoje em dia tem dado muito que pensar e transforma nossa vida diariamente.

Sendo residente em Espanha por anos, não posso deixar de contar como todos estamos vivendo essa situação dia a dia, e também pôr foco nas atitudes solidárias e altruístas de muitos espanhóis.

Levo desde quarta-feira (11 de março) confinada em casa, saindo apenas para comprar leite e doar sangue. Até sexta-feira passada o confinamento era parcial, mas depois do pronunciamento do presidente do Governo no sábado 14, declarando Espanha em Estado de Alarma, já não podemos mas sair de casa se não for para comprar comida, ir à farmácia, ou ir ao hospital. Temos policia e exército nas ruas;  drons com alta-vozes sobrevoando a cidade mandando os cidadãos para casa; e qualquer infração pode levar a multas estratosféricas.

Desde que começou essa crise aqui, escutei por parte dos brasileiros vários comentários desrespeitosos ou simplesmente desprezando a situação. Entendo perfeitamente o deboche ou o tom jocoso, porque até que a crise não chegou a Espanha, também fazíamos piadas o tempo todo com o tema. E só agora começamos ver tudo diferente, e começar a entender a gravidade da situação. O fato é que a pandemia não tem fronteiras, nem partido político e aqui estamos todos em casa, aguentando o melhor que podemos essa situação.

A situação é tão distópica que comecei a escrever um diário relatando essa situação cada dia. De certa forma me ajuda ver isso com proximidade, mas também com certa distância, na esperança  de um fim mais pronto que longevo. Mas o certo é que tem dias que custa dar crédito ao que está passando, e que custa imaginar a realidade de passar 15 dias em casa sem ver ninguém. 15, 30, 45 ou até 60. Vai saber quanto tempo isso vai durar.

Vou muitas vezes até a janela ver se consigo ver os vizinhos, nem sempre é possível. As vezes lhes escuto falando por telefone, algumas vozes de desespero soam no ar. Começo a fazer revisionismo histórico e imaginar casos muitos piores, na segunda guerra mundial, onde milhões de pessoas se esconderam anos nos porões e sótãos das casas. Sem comida, sem sol, sem companhia.

Muitas vezes nos esquecemos, mas fato é que naquela época ninguém falava de falta de vitamina D, ou de falta de companhia, ou de depressão.  Muitos casos como esses citados nunca foram relatados; quem sabe naquela época a guerra já era uma um fato tão grande em si que todo o resto dos probelas eram meros efeitos colaterais.

E ainda que me este parecendo difícil estar sozinha em casa, sem ver ninguém, não posso deixar de escrever muitas atitudes solidárias que os espanhóis estão tendo para afrontar essa crise. Atitudes que quero contar para ver si quem sabe dê a volta ao mundo, e que aprendamos e prediquemos com o exemplo… porque se isso continuar assim e essa pandemia continua estendendo-se devemos ajudar-nos um aos outros.

Doar sangue

Quinta-feira, dia 12 de março, o presidente e os jornais fizeram um chamamento às pessoas saudáveis a doar sangue porque os hospitais e banco de sangues estavam ficando com as reservas esgotadas. Em dois dias compareceram tanta gente que já não foi mais necessária gente para doar.

Jovens se oferecem para ajudar famílias

A primeira medida de Estado de Alerta na segunda feira, 9 de março, com a suspensão das aulas e a adesão ao tele-trabalho, muitos jovens se ofereceram, de forma altruísta, a cuidar dos filhos dos outros para que eles pudessem continuar trabalhando e muitos não tivessem que recorrer aos avós, que neste momento são grupo de risco.

Professores particulares

Muitos jovens e professores também se ofereceram  a dar aulas particulares às crianças que necessitassem de apoio e não pudessem ou fossem capaz de seguir as aulas de forma virtual.

Classe artística

Traz o confinamento de todos os espanhóis, podendo sair só para o mercado ou a farmácia e somente um membro da família, muitos artistas espanhóis fizeram concertos em streaming desde plataformas como Instagram ou outras para que pudessem ver de forma online. Escritores estão oferecendo seus livros totalmente gratuitos para serem lidos, e todos estão motivando as pessoas a ficarem em casa.

Médico gerais, cardiologista e psicólogos

Diante da complexidade da situação muitos médicos oferecem sua consulta de forma online,  como por exemplo os cardiologistas e psicólogos que estão oferecendo sua ajuda com sessões por Skype. Todas elas sem nenhum custo.

Hotéis que se vão tornar hospitais provisionais

À parte da ajuda privada dos hospitais, que aqui estão colaborando desde o primeiro minuto com o governo para atender a população, os hotéis ofereceram seus complexos para se tornarem hospitais provisionais diante do possível colapso do sistema sanitário diante dos numeros casos previstos. Ja temos 4 ou 5 hoteis que foram transformados en hospitais provisionais e em 48 horas se contruiu um hospital de guerra para os casos menos graves no edificio do IFEMA, um pavilhao de feiras e eventos.

Manifestações por parte dos vizinhos para agradecer ao pessoal sanitário

Sábado de manhã, 14 de março, uma das primeiras mensagens que recebi foi uma iniciativa viral em que convocava todas as pessoas na janela das suas casas as 22h para aplaudir e agradecer ao pessoal sanitários (médicos, enfermeiros, etc.) ao excepcional trabalho que estão prestando para atender a essa crise. Foram vários minutos de aplauso, escutando, e compartilhando esse sentimento de eterno agradecimento que estão tendo para com todos. Depois desse dia, todos os dias as 20h todos voltamos as nossas janelas a aplaudir por pelo menos 5 minutos.

Estas são algumas, mas não todas, atitudes que venho visto esses dias aqui. Também é certo que na minha empresa, deu total flexibilidade aos pais e mães de família para se organizarem, sendo empático com a situação e sem descontar do salário aqueles pais que não podem deixar as crianças em casa sozinha.

Sim, estamos diante de uma situação única, extraordinária e sem precedentes na história recente desse país; e, não obstante, estamos todos aqui, fazendo o que for possível para vencer essa situação, ajudar-nos um aos outros e oferecer o nosso total apoio. Aprendamos dessas atitudes, repliquemos nossa solidariedade.

Quem sabe dessa crise não descobrimos algo muito maior e mais bonito que nos une?! Façamos revisionismo, pensamos no que realmente importa.