foto por Alexandre Brum Correa e Eliezer Sampaio

Ter banheiro em casa. Ô, Bença

Um título estranho, porém provocativo. 'Ô, Bença' é uma micropeça que se desenrola dentro de um banheiro e em 16 minutos poetiza sobre a exploração de gente humilde.

Um monólogo interpretado pela atriz e diretora cênica Bya Braga,  filmado pelo La Movida.  Uma reflexão terna e dolorosa sobre o sonho de uma artesã  que trabalha com barro, de ter em sua casa um banheiro. 

Imperdível pelo conteúdo bem elaborado e refinamento artístico ao tratar de um tema profundamente social. Os detalhes são meticulosamente considerados. O banheiro cor-de-rosa e azul que refletem singeleza de um sonho feminino. O figurino, a maquiagem, os gestos, tudo é muito bem sincronizado com a reflexão que se trata de um fato real e faz parte da realidade brasileira.

A micropeça foi inspirada a partir de uma pesquisa, visual, gestual e histórica de mulheres artesãs do barro, do Vale do Jequitinhonha de Minas Gerais. Sobretudo, na história de uma artesã explorada pelo ‘atravessador’ que tinha suas obras vendidas num custo muito alto e ela, por sua vez, nem banheiro e fossa tinha em sua casa

 

Foto por Alexandre Brum Correa e Eliezer Sampaio

A ideia do microteatro começou na Espanha há 10 anos para responder os apelos da modernidade. No Rio de Janeiro chegou em 2014. O microteatro é elaborado num espaço de até 15 metros quadrados, com no máximo três atores e para uma platéia de até 15 pessoas. 

Em Belo Horizonte, o MicroTeatro Bar La Movida é espaço cultural muito interessante e tem dado oportunidade a artistas novos e profissionais de teatro, seguindo a inspiração do trabalho realizado na Espanho. “Uma casa aqui em Belo Horizonte, aberta para apresentação de micropeças e microshows nos seus cômodos (quartos adaptados para isso). Eles geralmente abrem editais para ocupação de seus espaços. A proposta da minha micropeça ganhou o edital na parte temática “Por elas”. Além das micropeças, a casa tinha um bar. Funcionava assim: você  ia para lá, via o cardápio de micropeças apresentadas (com duração aproximada de 15 min) e poderia ver umas 3 ou 4 a cada noite ou somente uma, podendo permanecer no bar. Este movimento ajudou muito também jovens profissionais. Mas é aberto para pessoas com mais experiência tmbém.No ano passado eu assisti uma micropeça de atores do Grupo Galpão, por exemplo. Ou seja, é uma proposta que dá oportunidades diversas”, conta Bya Braga, atualmente vivendo BH.

Atriz e Diretora cênica, Bya Braga, (Maria Beatriz Braga Mendonça), trabalhou no teatro com Paulo César Bicalho, Bibi Ferreira, João das Neves, Gabriel Vilella, Grupo Galpão, entre outros artistas e grupos.

Doutora em Artes Cênicas (UNIRio e com estágio doutoral na Espanha, com pesquisa cênica na Escola MOVEO de teatro físico).

Pós-Doutora em Estudos da Performance pela Tisch School of the Arts – NYU (Universidade de Nova Iorque). 

Professora Associada e Pesquisadora do Departamento de Artes Cênicas, Escola de Belas Artes, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Brasil. 

Ministra aulas de atuação performativa, improvisação e processos criativos no Curso de Graduação em Teatro e no Programa de Pós-Graduação em Artes, linha de pesquisa Artes da Cena. 

Orienta pesquisas de mestrado e doutorado em artes cênicas.

Foi diretora da Escola de Belas Artes da UFMG (2013 a 2017). 

É autora do livro “Étienne Decroux e a artesania de ator”, organizadora de livros como “O bufão e suas artes”, entre outras publicações. Pesquisa relações entre corporeidade, performatividade, mascaramento, reperformance. 

Realizou em 2018 residências cênicas com os artistas Corinne Soum e Steven Wasson, Thomas Leathers e Leonard Pitt nos EUA.

Integra o Duo Mimexe com Alexandre Brum Correa.Bya. 

Foto por Alexandre Brum Correa e Eliezer Sampaio

Ô, Bença! Quem percorreu o interior brasileiro certamente já ouviu este termo. É um resumo do que significa: que benção ter qualquer coisa ou ganhar algo! É maneira de expressar um sonho utópico misturando a devoção ao divino. 

A micropeça ‘Ô, Bença’ mostra a essência da alma interiorana brasileira. Um povo submisso e sem acesso a educação, com poucos recursos para buscar seus direitos. 

“Assim, o trabalho foi criado no banheiro de meu apartamento, como um festejo de se ter um banheiro também..”, conta atriz Bya Braga.

 “A transmissão por streaming das micropeças foi um recurso usado diante da pandemia. Se não tivesse a pandemia eu faria a apresentação no meu banheiro para duas pessoas assistirem presencialmente ou no banheiro da casa que abrigava o microteatro La movida”.

 

“Você tem um banheiro dentro? Ô bença! Esmeraldina, depois de uma vida inteira sem o cômodo da maior intimidade, agora tem um “banheirinho meu”. Se tem gente que se diverte no terreiro, ela agora se alegra é no banheiro” Fonte: La Movida

A micropeça estará disponível ao público até o final de dezembro no canal do La Movida, no Youtube.

John_Gerrard_–_Solar_Reserve

O artista é uma potência na transformação

O artista é uma potência na transformação. Se você pensa bonito, já não é mais tóxico para o planeta.

A frase é do artista  John Gerrard, o poeta da tecnologia, autor da Solar Reserve, obra contemporânea que exalta o problema das mudanças climáticas. Difícil de esquecer uma frase tão expressiva sobre a força transformadora de uma obra de arte seja ela como estímulo à reflexão ou seja como denúncia. 

John Gerrard é irlandês e ao longo de sua trajetória artística tem produzido obras que nos fazem pensar na dualidade atual da arte, sobretudo no trabalho deste ativista que vive entre Irlanda e Áustria. Suas obras perpassam dois extremos, a avançada tecnologia junto com a poética do equilíbrio da natureza.

John Gerrard – Solar Reserve.jpg|thumb|John Gerrard – Solar Reserve]]

PanHoramarte  mostra o trabalho do artista para destacar o quanto é paradoxal o momento atual e como os artistas se situam nessa leitura que envolve arte, capital, ambiente e posturas de vida.

Ao mesmo tempo que Gerrard constrói uma instalação monumental usando tecnologia de ponta, que gera lixo, também enaltece, destaca, a necessidade das pessoas, os governos, pararem para pensar sobre o que estão fazendo com o planeta. 

John Gerrard é um artista que nasceu e cresceu no campo. Mais tarde estudou nos EUA com dois cursos universitários e mestrado em Arte e Software. Hoje trabalha na Galeria Thomas Dane, em Londres.

Solar Reserve (Tonopah, Nevada) 2014 por John Gerrard é uma simulação de computador de uma usina real conhecida como torre de energia solar térmica, cercada por 10.000 espelhos que refletem a luz do sol sobre ela para aquecer sais fundidos, formando uma bateria térmica que é usada para gerar eletricidade. Ao longo de um ano de 365 dias, o trabalho simula os movimentos reais do sol, da lua e das estrelas no céu, como apareceriam no site de Nevada, com os milhares de espelhos ajustando suas posições em tempo real de acordo com a posição

 

 Seu trabalho é dicotomicamente interessante porque de um lado, é sofisticado, quando usa refinadas técnicas de multimídias, software e tecnologias de vanguarda, enquanto de outro, é poético, exige uma reflexão sobre o retorno da natureza primitiva, original, que se reflete na sua infância pobre, de família numerosa e ligada ao ambiente e aos recursos naturais.

Abraçar árvores, comer pão feito em casa, aquecer um lar com lenha, descansar relaxado depois de um dia de trabalho no campo. Esta é a poesia e arte! 

 Eu tenho uma máquina fotográfica, viajo ao lugar que eu escolhi e faço uma pequena cópia do objeto, olho em torno lentamente e fotografo. Faço cerca de 300 fotos. Depois se cria um modelo à base das fotos e se refaz o objeto em 3D em seis ou três anos. Depende. Em seguida se controla a superfície, o reflexo  de prata. Luzes e sombras. Com outros programas se cria um tecido, como uma pele sobre um esqueleto, que vem em cima. É como área fotografada feita em várias camadas.No fim funde-se tudo. Um trabalho muito sério é longo.”

Gerrard criou obra que intitulou ‘Árvore do Fumo’ – Smoke Tree’. Uma simulação em computador; um tronco de árvore com folhagem representada por fumaça, composto por fotografia e vídeo, que se movia no meio do nada numa terra desolada. Nisso existe uma relação diferente com a natureza que ele explica.

“O conceito da “Árvore do Fumo” sublinha um tema chave de todos os meus trabalhos: a relação entre a presença humana e todas as outras criaturas em um ambiente compreendido como pós-cristão. Nós sempre fomos levados a acreditar que éramos o centro do universo. Em 1890 se descobriu a prisão negra do Petróleo.  E nesta corrida para liberdade total se vive a euforia do movimento em que a natureza é superada pelo petróleo e coisas tóxicas, onde nada é grátis e cada coisa tem um valor. Pagas por aquilo que usa. O grão é feito com o nitrogênio e o nitrogênio é feito do petróleo. Se o coloca na terra, isso aumenta a produção. Nós somos feitos de petróleo. Estamos radicalmente nos transformando nas nossas estruturas moleculares e por causa disso há 80 anos”.

 
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Outra face de Aurélio. Contradições entre genialidade e o ser humano

Exatamente. As duas faces são do autor do dicionário 'Aurélio', o maior sucesso do mercado editorial no Brasil, com mais de 15 milhões de exemplares vendidos.

O livro do jornalista, Cézar Motta, ‘Por trás das Palavras ( editora Máquina de Livros), revela  as tramas e intrigas na construção de um dos mais importantes dicionários da língua portuguesa e como o lexicógrafo e filólogo, o autor, Aurélio Buarque de Holanda, transitou entre as contradições de personalidade – o gênio e o homem imperfeito. 

O gênio era um apaixonado pelas palavras e um caçador incansável de seus significados; o homem comum era descumpridor de prazos, até certo ponto preguiçoso, desorganizado e ardiloso ao desdenhar o esforço da equipe que atuava na elaboração do dicionário. 

Foto cedida pelo autor Cézar Motta para publicação

Motta coloca a personalidade do “Aurélio”  às claras, fundamentado em uma detalhada pesquisa que incluiu entrevistas com o jornalista, Joaquim Campelo (hoje com 89 anos), que disputa com ele a coautoria da obra, demais membros da equipe, editores e pessoas que testemunharam a criação da monumental publicação, que na sua primeira edição lançada em 1975,  já reunia 120 mil verbetes e 1.536 páginas. 

De acordo com o contrato inicial com a editora, o ‘Aurélio’ deveria estar pronto em seis meses e, no entanto,  levou 10 anos sendo elaborado para surgir como uma Bíblia, na sua concepção, papel e capa dura. O dicionário tornou-se ícone para os ávidos em conhecimento sobre palavras da língua portuguesa e muito indicado por professores como um completo exemplar que explicava o significado das palavras.

A trajetória de elaboração envolveu intrigas, paixões e disputas depois que virou um sucesso editorial de vendas e gerou milhões em receitas, A história de sua construção mais parece um romance de ficção se não fosse a existência dos personagens reais. 

O jornalista Joaquim Campelo teve um papel importante na montagem da equipe e no sentido de vender o projeto para as editoras.  Segundo relato de Cézar Motta, “o coautor correu como um louco atrás de uma editora que comprasse a briga,, ou de um patrocinador que bancasse o projeto.. Prazos foram descumpridos,, contratos foram quebrados,, até que surgiu a Editora Nova Fronteira,, do ex – governador Carlos Lacerda.. A partir de 1982,, começaram as brigas e disputas judiciais . Campelo e Aurélio romperam uma longa amizade,, e as pendengas acabaram apenas em 2013 no Supremo Tribunal Federal,, com um voto da ministra Rosa Weber.”

 

 

O jornalista Cézar Motta nasceu em Niterói. Trabalhou na Rádio Jornal do Brasil, nos jornalis O Globo e Correio Braziliense e n Revista Veja, e foi diretor da Rádio Senado. Hoje, além de escritor, escreve para revistas, jornais e sites brasileiros. 

Equipe que colaborou na construção do ‘Aurélio’. Da esquerda para direita, Joaquim Campelo, Giovani Mafra e Elisabeth Dodsworth (datilógrafos), Margarida dos Anjos, Aurélio Buarque e Elza Tavares.

Foto cedida por Cézar Motta

“Carlos Lacerda temeu que o dicionário quebrasse a editora.. Era tudo muito caro e de difícil execução.. Mas o  ‘Aurélio’ se tornou o maior êxito editorial do Brasil até hoje.. Nem Jorge Amado vendeu tanto.”

Foto via Wikipédia

 “O contrato foi firmado no dia 17 de abril de 1974. Pelo acordo, Aurélio se comprometia a entregar o dicionário pronto à gráfica em seis meses – era um prazo razoável para Campelo e as moças,, porque estava quase tudo pronto.. O único a receber um adiantamento seria Aurélio; os outros teriam um percentual das vendas.. A divisão seria assim: os royalties para os autores seriam de 10%% das vendas,, inicialmente,, e depois 12%%,, quando aumentasse a tiragem.. Aurélio teria 7 % e os outros dividiriam os 3%% restantes.. Quando passassem a 12%%,, Aurélio teria mais 1,25%%,, e os outros,, mais 0,75%%.”

O livro já está à venda online em diversas livrarias. Mais informações com os editores:

Bruno ys

bthys@maquinadelivros.com.br Tel/WhatsApp (21) 98893-2822

Luiz André Alzer

alzer@maquinadelivros.com.br Tel/Whatsapp (21) 99997-6103

 

O ‘Aurélio’ foi ícone até quase as últimas décadas do século XX, antes da internet impor-se na vida dos jovens como tecnologia fácil, rápida, porém voraz. Na minha vida, a sagrada Bíblia da língua portuguesa está imponente na prateleira da minha estante até hoje. Confesso que o uso pouco o dicionário em papel pelo tamanho e por estar rendida às facilidades de dicionário online, mas entendo a paixão do Aurélio pelas palavras e lembro do poema de de Pablo Neruda, e um texto que publiquei tempos atrás: A arte das palavras e o gozo pelos seus significados. 

“O livro em publicação impressa está sendo cada vez menos usado pela juventude, talvez pelo desconforto em carregá-lo ou  pela dificuldade em manuseá-lo, dando lugar a pesquisa superficial  pela internet. Com isso, os jovens perdem a oportunidade vivenciar a emoção de entender a palavra na raiz de sua definição e descobrir em diversos autores as diferenças na forma de explicar o significado da palavra.

Somente quem usa frequentemente dicionário é que sabe o quanto é intenso o prazer, quase um gozo quando se encontra um palavra em que o significado abrange exatamente aquilo que se deseja expor. Quanto mais se pesquisa mais se descobre – origem, história e se viaja no tempo”.

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Brasil poderá perder a identidade artístico-cultural nos próximos anos. SOS Cultura!

É sério!
Cultura pede socorro e precisa do povo brasileiro para salvá-la do desmonte silencioso por parte do governo.

‘SOS Cultura‘  é o nome da campanha deflagrada pela Associação de Funcionários do Ministério da Cultura e pelos Estados Gerais da Cultura para solicitar a urgente recriação MinC com funções de Estado, e retomada das políticas culturais. Conclamamos a todos os brasileiros que amam as artes e valorizam nossa cultura, que assinem apoiem  esta causa.

Corremos o risco de daqui alguns anos não existir mais produções artísticas genuinamente brasileiras por falta de projetos, estímulos e investimentos no setor. Os jovens estarão à mercê do ‘mainstream’ (cultura dominante), que se difunde pelos meios de comunicação de massa a partir de interesses de consumo e da indústria do entretenimento. Estamos projetando um futuro de marionetes, sem senso crítico e conhecimento intelectual.

Logomarca da Campanha

  “Um país que deixa de valorizar sua cultura perde a sua identidade. Ele se torna um país sem testemunho na história da humanidade. Voltemos nosso olhar para trás no tempo: a palavra “colere”, origem do termo “cultura”, já possui um sentido poético, de cultivar, colher, abarcar experiências do indivíduo, de um grupo social, de uma etnia, nas suas diversas manifestações, sejam elas espirituais, artísticas, ambientais ou sociais.

Nesse universo de saberes, um dos principais vieses da cultura é a arte, e é pela arte, a cada momento, que nos tornamos mais sensíveis para captar a beleza do mundo e de seus significados.

Por isso, é preciso entender que a cultura é protagonista, e não coadjuvante!

Ela é o espaço do diálogo, da construção e das ideias. Une pessoas; fortalece a identidade de uma nação; agrega valor econômico e sentido social. Uma sociedade forte é reconhecida pelos princípios de um ESTADO amplo e sustentável, e suas ações políticas têm a marca indelével de seus valores e tradições culturais.

O setor cultural é considerado estratégico para a economia em diversos países do mundo, pois gera empregos e impacto tributário. Os dados mais atuais mostram que as atividades culturais e criativas empregam no Brasil, somente em empregos formais, mais de um milhão de pessoas. Esse número, comparado ao de 2018, mostra um decréscimo assustador, mesmo que indiretamente. O Brasil, há pouco mais de dois anos, ocupava cerca de cinco milhões de pessoas no setor cultural, entre empregos formais e informais, o que representa 6% dos empregos gerados em território brasileiro. Os dados são da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios Contínua (PNAD contínua) e foram publicados no El País, em dezembro de 2019.

As atividades culturais e criativas no país estão ameaçadas de desaparecer nos próximos anos, por falta de investimentos e de projetos para o setor. É urgente o resgate do Ministério da Cultura, com funções de ESTADO, seguindo as mesmas prerrogativas de órgãos como a Polícia Federal, a Receita Federal e o Ministério Público. A recriação do MinC irá garantir que toda a engrenagem do setor cultural volte a funcionar normalmente, com as suas instituições vinculadas e fortalecidas em suas políticas. Foram construídos, ao longo dos anos, a fim de reforçar os conteúdos do nosso patrimônio cultural e artístico: Iphan; Funarte; Ibram; FBN; FCRB; ANCINE; vinte e sete museus; vinte e sete superintendências; vinte e quatro espaços culturais; acervo literário; e centros de pesquisa.

Agora – e como nunca antes imaginado –, a música, a literatura, o cinema, as atividades artísticas e criativas estão sendo fundamentais para tornar mais lúdicos e prazerosos estes momentos tão difíceis de isolamento social em nossas casas, em função da pandemia.

Por essas e por outras questões, a cultura precisa estar pautada nas prioridades do governo; entre as ações mais importantes, deve-se retomar a discussão de um novo Plano Nacional de Cultura e realizar a efetiva implantação de um Sistema Nacional de Cultura. Não podemos retroceder e desconstruir tudo que está feito. Estamos no limiar de um novo ano que se apresenta desafiador, em razão do pós-pandemia; faz-se necessário manter, em 2021, o apoio emergencial aos profissionais que atuam no setor cultural, assim como garantir a manutenção das instituições e dos espaços culturais que tiveram as suas atividades interrompidas por força da pandemia. Precisamos de cultura, sim, e vamos lutar por ela!

A cultura é a memória afetiva dentro de cada um de nós; por meio da arte, a cultura atinge aquele universo onírico que nos remete a momentos importantes em nossas vidas. Todos nós, se vasculharmos o passado, vamos encontrar uma narrativa poética que envolve cultura e arte em nossas emoções cotidianas. PRECISAMOS DE CULTURA PARA CONSTRUIR UM MUNDO MELHOR! “

O texto acima é o Manifesto lançado pelos dois movimentos. A finalidade é sensibilizar a sociedade brasileira sobre a importância da cultura e das artes na vida das pessoas.  Imaginem viver sem escolhas culturais, como ter um bom livro para ler ou se emocionar com um bom filme, apreciar o belo das obras de artes, vibrar e deleitar-se com a música, enfim, usufruir todas as manifestações das artes que aprimoram o nosso espírito e exaltam a nossa humanidade. 

O atual governo parece não dar importância a estas atividades essenciais para o desenvolvimento da personalidade e exercício de cidadania. Gradativamente, a começar com a extinção do Ministério da Cultura  vem provocando um desmonte de todo alicerce-base do setor cultural no país, na área governamental. 

O Sistema Nacional de Cultura foi engavetado, a Cinemateca Brasileira que abriga um precioso acervo cinematográfico está para ser privatizada, as políticas culturais não são implementadas há tempos. Com isso, o desenvolvimento artístico- cultural está à deriva e piorou com a pandemia. Mais ainda com a extinção das representações regionais de cultura, enfraquecimento dos conselhos nacionais, nomeação de pessoas que não têm afinidade às atividades culturais, perseguições de funcionários, exoneração de técnicos especializados. ANCINE praticamente paralisada por falta de recursos. E assim…..é longa a lista que promove o aniquilamento de uma estrutura que foi construída pelo povo brasileiro desde o início da história do Brasil, como é caso da Biblioteca Nacional. 

Socorro…. Socorram a cultura brasileira!

Biblioteca Nacional- RJ / foto via internet. creative commons site oficial