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Um tributo ao artista Jaime Lerner que trouxe mais poesia a Curitiba

Jaime Lerner virou estrela e deixou esse plano aos 84 anos. Aliás, sua luz estelar brilhou em Curitiba, colocou nela seus sonhos como arquiteto, poeta e artista. Um tributo a este mestre da poesia urbana.

Graças a poética artística de Lerner que Curitiba deixou de ser a cidade dormitório na passagem de turistas a Foz de Iguaçu, para tornar-se uma bela e agradável cidade.

Um grande urbanista que foi.viver em outras esferas, porém que deixou um legado maravilhoso para o Brasil. A importância de projetar uma cidade para o homem e não uma selva de pedra.

Esse olhar poético e mais humano  era o que o diferenciava de outros profissionais. Seus projetos eram criativos e tratavam de preservar o ambiente natural, valorizar a cultura local e dar um espaço para os cidadãos viverem com lazer e paz, num ambiente limpo. Soube cercar-se de gente com ideias criativas, como Nicolau Kluppel, (meu primo com muito orgulho – in memorian), um engenheiro que soube aproveitar os fundos de vale para salvar a cidade da poluição, enchentes e catástrofes ambientais.

Como jornalista do governo do Paraná de carreira- no qual cheguei a me aposentar –  tive o prazer de trabalhar durante as suas duas gestões como governador do Estado. Confesso que foi um tempo de muita produção e inesquecível porque convivi com as pessoas incríveis, assim como tive oportunidade de aprimorar meus conhecimentos

Pelo meu olhar para arte considero o Novo Museu – agora Museu Oscar Niemeyer – como  entre os mais extraordinários dentre os projetos de Lerner para o Paraná.Curitiba deu significado para arte em 15 anos é uma matéria de arquivo do PanHoramarte que conta toda história, a trama da mudança de nome.

Mas neste momento não nos cabe falar sobre os desacertos que também fizeram parte das minhas memórias enquanto trabalhava na equipe de governo como assessora direta dos Secretários do Meio Ambiente e Administração. 

Museu Oscar Niemeyer - foto do site oficial todos os direitos reservados ao MON
Foto via blog Aos4Ventos
Foto via internet - direitos reservados aos seus autores.

Das  inúmeras lembranças, uma delas considero  um marco na minha carreira como jornalista.  Era  assessora de imprensa de Maria Eliza Paciornick, da Secretaria da Administração, quando me chamou e disse vá para Faxinal do Céu num encontro de imersão total para reciclagem e atualização de professores e diretores de escola públicas.

Na minha arrogância jornalística respondi  que iria por um dia para entrevistar e fazer o material e voltar. Apenas a cobertura. Pensem em alguém chegando num espaço natural (Lerner aproveitou uma área de governo no interior,  um ambiente natural, para um espaço de imersão total na atualização do funcionalismo) e participando de alguns grupos de trabalho e interações, e na sequencia ficar tão deslumbrada que se deixou vencer pela vontade de aprender e fez o curso inteiro. Os consultores eram da Amana Key, os melhores em gestão que o governo estava proporcionando gratuitamente.

Não vou escrever muito aqui para não entediar o leitor, somente homenagear um homem que nos deixou fisicamente, porém que ficará entre nós pelo que construiu e pelo que provou ser capaz, sobretudo pelo respeito que sempre teve ao ambiente e ao ser humano. O mais importante é que foram sonhos que se tornaram realidade e deram certo porque todos que o acompanharam na sua trajetória também acreditaram nele!

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Friso de Beethoven posiciona a música como salvação do mundo

A música como salvação do mundo! O Friso de Beethoven, do austríaco Gustav Klimt, já defendia esse paradigma nas paredes da sede da Secessão.

Antes mesmo de falar sobre a obra propriamente, o sentido desse artigo é para destacar a importância da arte, da música como meios de elevação da consciência para alcançar a plenitude, a felicidade e a paz. Os artistas, em suas criações, já indicavam os caminhos a seguir e o Friso criado há 100 anos já indicava que o homem precisaria mudar para viver num mundo melhor.

“A cada época a sua arte. A arte pela sua liberdade”. O lema defendido por Gustav Klimt em um tempo de efervescência  que antecedia a Primeira Guerra Mundial, ao qual os artistas e intelectuais sentiam a inquietude do mundo e a necessidade de mudar e romper com normas tradicionais, artísticas e étnicas.

O Friso de Beethoven é uma obra magnífica idealizada e pintada por Klimt e inaugurada em 1902, que decora uma sala que homenageia o compositor alemão Ludwig van Beethoven, na sede da Secessão, em Viena, na Áustria.  Foi inspirado na Nona Sinfonia. 

É uma obra que representa o período Moderno, quando foi-se dando mais importância aos aspectos formais e abstratos do que a materialidade, e está atrelada ao onírico e a mitologia. Entenda a alegoria do Friso de Beethoven à humanidade clicando aqui.

Klimt provavelmente não escolheu sem motivos homenagear Beethoven e sua 9a Sinfonia. A música do mestre alemão é um exemplo de superação. 

A composição é sublime na medida em que mostra a evolução da alma de Beethoven que fez emergir nos Adagio e Allegro,  seu estado de espírito. O compositor estava surdo e precisou mergulhar no mais profundo silêncio, tornar-se prisioneiro de si mesmo, para, então, encontrar um novo rumo que lhe permitisse compor tal obra, e esse encontro com o seu eu profundo resultou numa sinfonia inesquecível.

Mais de 100 anos se passaram entre a arte de Klimt e de Beethoven e o homem ainda precisa mirar-se nesses exemplos de talentos e genialidade. Klimt deixou expresso em seu Friso um ultimato: que o poder, a ambição, a cobiça, a submissão, a desgraça, a doença,  a morte refere-se ao material. No entanto, mostra no Friso que pela música poderá a humanidade poderá alcançar o climax, a felicidade. Beethoven em sua Nona Sinfonia foi a prova mais contundente de superação porque a compôs surdo. 

Os dois artistas permanecem no tempo como mensageiros da esperança.  Vida é arte e o amor transforma! 

 

Ilustração Marcela WBR

Mais educação libertadora, menos escravidão contemporânea

Educação liberta! A ilustração de Marcela Weigert para o projeto Escravo Nem Pensar está cada vez mais distante do novos objetivos educacionais no Brasil.

Projetos que deixam de lado a inclusão social  para formatar  mentes sem consciência crítica que atendam aos interesses de um capitalismo selvagem, que beneficia apenas uma pequena camada da sociedade.

Os professores Fábio Bezerra e Lucília Machado analisaram o atual contexto educacional brasileiro como totalmente adverso ao conhecimento e a cultura. Num encontro realizado pelos Estados Gerais da Cultura os dois intelectuais, ele filósofo e ela  socióloga,  ambos professores de Minas Gerais, mostraram claramente as intenções do governo de precarizar o ensino público e empobrecer intelectualmente o povo para beneficiar as demandas de mercado.

Segundo Fábio Bezerra, essa mudança tem a lógica neoliberal e vem sendo gradativamente implantada desde o governo de Michel Temer e depois segue com as reformas trabalhista, da previdência, restrição dos gastos públicos em saúde e educação e alteração da Base Nacional Curricular .

“O Estado não domina apenas pela repreensão policial, pelas leis, mas nos domina, sobretudo pela ideologia. Por isso, o debate é fundamental”, afirma Bezerra. 

Professora Lucilia Machado reitera as palavras de Bezerra, ao reforçar que existe por trás disso tudo um projeto político “de liquidação do direito ao conhecimento para a produção de pessoas com conhecimentos precários. É uma guerra contra as classes populares.”

Os dados da ONU mostram as contradições sociais no Brasil. O país  é a décima economia do mundo, com seus 220 milhões de habitantes é um grande mercado consumidor, mas é o segundo em concentração de renda e o sétimo em desigualdade social. 

 

 

“Ciência, extensão, pesquisa e educação são instrumentos fundamentais para superar a desigualdade. Mais que o fomento é o acesso democrático do direto de todo e qualquer ser humano à educação e ao conhecimento. Paralelo a esses ataques estamos sofrendo a militarização das escolas, a escola sem partido, perseguições em retiradas de disciplina de Filosofia e Sociologia, o flerte e o romance para a tentativa de voltar ao passado, de apenas inserir o individuo como força de trabalho muito pulverizada, empobrecida intelectualmente para atender as demandas de mercado, em contraposição ao direito conhecimento mais rico e mais vasto”. Fábio Bezerra. Leia mais sobre sua fala no site dos EGC

“O direito à cultura e à educação é fundamental para priorizar a resistência a essa destruição social.  Educar por meio do juízo crítico. Oferecer bases científicas sólidas, capacidade argumentativa, enfim desenvolver a capacidade da resistência intelectual às manipulações midiáticas. O exemplo das fake news é cabal. As pessoas são manipuladas por essas estratégias. É fundamental fortalecer essa capacidade de reflexão e de juízo crítico. Pra isso é necessário implementar projetos democráticos, inclusivos e plurais. Coisa muito distante do que o atual Ministério da Educação está providenciando. Enquanto protegem um determinado setor educacional destinado a formar elites científicas, técnicas, gestionárias, onde os filhos dos porteiros, das empregadas domésticas, e dos trabalhadores em geral, não podem entrar.”,  Lucilia Machado, leia mais sobre sua análise no. site EGC

Ilustração Marcela WBR

Portanto, os princípios da educação libertadora nos moldes freireano perdem-se no tempo e a partir de agora, o Brasil vive um retrocesso cultural e educacional jamais visto em sua história. “Quanto mais o homem refletir sobre a realidade, sobre a sua situação concreta, mais emerge plenamente consciente, comprometido, pronto a intervir na realidade para mudá-la.” Paulo Freire.

Essa ilustração foi feita para a Campanha Nacional de Direito à Educação há pouco anos. Infelizmente representa hoje uma utopia, um tempo de sonho, num país onde todos tinham voz.

Mas como não podemos desistir do sonho porque foram os sonhadores que abriram os caminhos para que se chegassem às grandes invenções do mundo moderno, resistir é preciso!

mercado Ivanise

Arte original brasileira emerge no Festival de Guarabira

“Primeiro eu lhes acrescento alma para depois poder vestir meus personagens”. Jamais esquecerei esta frase dita pela artista naif, Ivanise do Vale. Ela e seu marido Nivaldo foram selecionados para o Festival Internacional de Arte Naif, em Guarabira, Paraíba.

Tão potente é a afirmação de Ivanise:  é preciso lhes acrescentar alma para que ela possa senti-los como existência. Olha a beleza e profundidade do conteúdo da arte primitiva.  Se por um lado é singela e pura, por outro, é a expressão verdadeira de uma poética, de um povo. Aquela arte que não precisou de escola, mas brotou do coração do artista.

O Festival Internacional de Arte Naif já está na sua terceira edição e começa no dia 23 de maio. “A cidade de Guarabira foi escolhida para produzir o evento por ser uma escola do estilo artístico. Poucas pessoas sabem, entretanto, da importância que esse estilo possui para a cultura local. O município é tido como uma academia cultural do gênero pela quantidade de artistas de renome internacional residentes ou radicados em Guarabira.”. Fonte: Ufpb.br

Leia mais sobre arte naif no PanHoramarte

Arte naïf em dose familiar apresenta o universo lúdico da cultura nordestina

Dia de Reis é tempo de folia no Brasil

 

A Arte Naif, ou, como também é popularmente conhecida, “arte primitiva moderna”, é notória por ser uma maneira fora dos estereótipos das tendências artísticas comuns. O estilo é caracterizado por não ter formas específicas de expressão e por proporcionar liberdade para que o artista explore formas simples e espontâneas. No entanto, esse feitio não é manifestado estritamente como arte popular, pois não se restringe a expressões culturais locais.

Historicamente, a arte Naif é entendida como “arte sem escola”, pois permite a liberdade de ser composta por artistas sem formação profissional. Também como “arte auto-consciente”, já que o criador expressa de forma simples e espontânea, por isso, não se enquadra nas tendências comumente conhecidas, como modernismo e arte popular.