Antes de escrever sobre os 100 anos da Semana de Arte Moderna digitei a frase no mecanismo de busca do Google. Nove milhões de resultados em 0,59 segundos naquele momento.
Uau!….Imaginem a velocidade e a voracidade de como nossa mente é envolvida pelas informações.
Não quis ser mais uma nesse universo de nove milhões repetindo e analisando a Semana como um evento de arte, sim num prisma de comunicação na web.
Deixei de lado vontade de me transportar há 100 anos e fazer conjeturas sobre o desejo de ruptura daqueles jovens poetas, escritores, artistas rebeldes e incorporei a comunicação no mundo atual e a linguagem da arte como transgressora.
Anita Malfatti, Graça Aranha, Mário e Oswald de Andrade, Menoti Del Picchia, Vitor Brecheret,Guilherme de Almeida, Sérgio Milliet, Heitor Villa-Lobos,Tácito de Almeida, Di Cavalcanti, Agenor Fernandes Barbosa, estarão sempre entre nós. Num clique no mouse ou toque com o dedo estaremos vivendo e sentido de perto suas ideias, assim como suas obras em jpg, pequenas, grandes, em 360 graus…..
A contemporaneidade na arte me empolga e sua linguagem vinculada ao ‘espírito do tempo’ sempre traz conteúdos novos apesar dos inúmeros resultados na internet sobre um mesmo tema.
“Se o pintor Brunon Bronislaw Lechowsk (1887-1941), nascido em Varsóvia, Polônia, que viveu alguns anos no Paraná, tivesse conhecido a tecnologia virtual teria outra visão em relação aos seus ideais e provavelmente estaria navegando por diversos lugares do mundo com o @.com.
Lechowski era um visionário de sua época e quis mostrar ao mundo que era possível se libertar de um processo social engessado em princípios definidos pelas instituições. Viajou pelo mundo e permaneceu 16 anos no Brasil.
Para realizar seu objetivo de angariar fundos para criar a Casa Internacional do Artista precisou construir um equipamento expositivo para percorrer vários países e dar exemplos: uma tenda que poderia ser armada em praças, jardins e parques servindo de morada durante a viagem e com espaço para suas exposições.
A razão de citar Lechowski neste trabalho sobre o mundo online é de dimensionar as diferenças temporais no comportamento da humanidade. Hoje para o artista plástico o mouse e a tela do computador abrem as portas para um novo espaço. Um espaço em que a máquina e corpo vivem em simbiose, que faz o homem viver num outro nível de consciência, num território livre sem leis e sistemas culturais. Parte da pesquisa sobre internet e arte.
Atualmente as experiências em mídias digitais geralmente transformam artistas em pesquisadores realizando suas criações em laboratórios, impensáveis até tempo atrás.
“Criando em rede, conectado com outros artistas ou outras máquinas, o autor assiste como espectador, observador, ao nascimentos de sua própria arte”, Philadelpho Menezes. Signos Plurais.
O modernismo no Brasil propunha a valorização da origem popular de nossa cultura, o desenvolvimento de uma língua essencialmente nacional e a discussão dos conflitos sociais.
Flávio de Carvalho foi um dos mais expressivos representantes do modernismo. O artista criou o CAM ( Clube dos Artistas Modernos), em 1932., dirigiu o Teatro de Experiência em pleno Estado Novo, uma época de rigor, censura e arbitrariedade contra os artistas.
A inquietude dos jovens em 1922 foi sufocada pelo advento do Estado Novo 10 anos depois. Mais uma vez, neste momento da história brasileira a censura esteve presente. Primeiro a corte portuguesa ou igreja se revezaram na função fiscalizadora da produção artística.
Na luta dos poderes constituídos pelo controle da arte dos artistas, muitos movimentos surgiram e a produção artística nunca parou na defesa da arte pela arte, da arte como linguagem social, da arte como identidade de um povo.
A necessidade do livre-pensamento para artistas, filósofos e cientistas, é como o ar que eles respiram. Sem liberdade não vivem e por ela perdem até a vida. Para chegar até aonde estamos foram necessárias boas doses de rebeldia por parte desse seleto grupo.
Viva a liberdade na Arte! Viva o mundo virtual!