A sensação é de alívio e de esperança. O Brasil inicia um novo momento a partir de 2023 e que seja um período de muita semeadura e PAZ!
Como desenhou Marcela na inocência de seus 10 anos, em 1991, vamos em busca do pote de ouro no fim do arco-íris. A inspiração está exatamente no significado do pote de ouro, uma lenda irlandesa, que no contexto do nosso artigo representa a escolha de um caminho. Aliás, um caminho colorido (arco-íris), para encontrar o pote de ouro (resultado), colocando como alvo a criança.
Por isso, dedicamos nosso último artigo de 2022 às crianças e ao seu universo mágico. Por que? Porque as crianças serão os adultos do amanhã e o bem estar delas dependem daquilo que construímos hoje.
Para reforçar esse raciocínio vamos aproveitar um trecho do poema de Gibran Khalil Gibran, no famoso livro O Profeta, e representar na arte a grande responsabilidade dos adultos pelo futuro das crianças. O trecho é de “Fala dos nossos Filhos”.
“Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas.
O Arqueiro mira o alvo na senda do infinito e vos estica com toda Sua força para que Suas flechas se projetem, rápidas e para longe.
Que vosso encurvamento na mão do Arqueiro seja vossa alegria
Pois assim como Ele ama a flecha que voa, também ama o arco que permanece estável”. Gibran Khalil Gibran – O Profeta
Quanto significado tem este pequeno trecho do poema que nos compara a um arco que se prepara para lançar uma flecha (na nossa mensagem os filhos do Brasil). Observem que o Arqueiro é o ser divino. É Deus que coloca sua força e mira em um alvo. Mas somos nós o arco encurvado pronto para lançar a flecha. A flecha depende da força do nosso encurvamento para alcançar com mais rapidez o alvo. É maravilhoso entender nossa responsabilidade por meio da poesia. Aliás, é mágico também.
Gibran usa a poética da palavra para representar a imensa responsabilidade que os adultos têm em relação as crianças. O Profeta foi livro de cabeceira de muitos jovens na década de 70 e me incluo nesse rol. Portanto, façamos desse pensamento quase uma oração que nos coloca como protetores dos pequenos.
Que o alvo do Arqueiro(Deus) mire na luz e ilumine nosso caminho para que possamos nos fortalecer como arcos e projetar um mundo melhor, que irá resultar no encontro do pote de ouro.
Esta mensagem é dirigida especialmente ao presidente Luís Inácio Lula da Silva, que estará dirigindo o país a partir de 2023. Fazemos uma apelo a ele:
Esteja atento às nossas crianças e que elas tenham como conjugar o verbo esperançar. O Brasil será gigante no amanhã com mais investimentos em educação e cultura. Menos criança na rua e mais escolas integrais, com atividades de contraturno, artísticas e esportivas. Só assim poderemos construir um Brasil de Futuro.
“Bora Brasil” em busca do pote de ouro no fim do arco-íris, entoando o mantra do amor ao próximo!
Papai e mamãe vocês são a minha vida porque vocês que me criaram com carinho. Mãe e pai vocês foram viajar pelo mundo mas encontraram um flor linda e brilhante e cheirosa dentro da flor saiu a esperança, claro que era eu, a Marcela. (1991)
Assim a grande família de Lúcia foi crescendo e muita história rolou nesses 24 anos de tristezas, alegrias, no entanto, que resultaram muitas e muitas conquistas.
O tempo é de esperançar, segundo Paulo Freire, esperançar é a ESPERANÇA com ação. Também é justo oportuno homenagear minha amiga Lucia Fernandes Stall, que há 24 anos desenvolve o Contrato (clique aqui). É um projeto social que surgiu das circunstâncias ao transformar a vida de cinco meninos que pediam dinheiro nos semáforos. Hoje os meninos já são homens e ela ainda os acompanha como uma madrinha dando apoio emocional e às vezes financeiro a eles.
Neste final de 2022 recebeu um presente que não tem preço, das muitas manifestações de gratidão de toda a turma. Um singelo áudio de Elias Vieira agradecendo a ela o presente, que foi um pouco de dinheiro que Lucia ofereceu como ‘ajuda de Natal’ a todos. Elias ficou muito grato e disse que iria doar o que recebeu para um parente de sua mulher, que vive em São Paulo e neste momento está passando fome.
foto 2017 – Meire, Elias, Adilson e Lúcia
Concordam comigo que esse áudio tem valor imensurável? É prova eloquente que a atenção e o apoio emocional oferecido por Lucia ao longo desses anos, ajudou a formar na personalidade de Elias, a importância do amor ao próximo, a solidariedade e os valores éticos e morais. Elias aprendeu a ‘olhar para o outro’. Essa é a missão do contrato “um olhar para o outro”.
Elias era um dos meninos que Lucia encontrava no semáforo a caminho de seu trabalho pedindo uma moedinha. Hoje, já um homem feito, pai de dois filhos, e chaveiro de profissão. Mas faz diversos ‘bicos’ para dar conta do recado e sustento da família, mulher e os meninos(um recém nascido). Portanto, a vida para ele é de luta diária em busca da subsistência e não hesitou em oferecer o seu presente para o outro que necessitava mais que ele. Uma lição para todos nós, sobretudo num Brasil que precisa olhar para quem tem fome.
Faço questão de frisar bem esse aspecto da história de o Contrato porque acompanho o projeto desde 2006. Não somente a cesta básica mensalmente e o material escolar Lucia que ofereceu a eles nesse acordo, mas também seu apoio e em muitos casos proteção. Como advogada abriu seu escritório para atendê-los em dúvidas, incertezas e dificuldades, que não foram poucas. Sem dúvida, esse gesto afetuoso de atenção ajudou na formação da personalidade de cada um deles.
Não esqueço o dia que Elias, já um rapaz, tinha um pedaço de barbante na mão com alguns nós. Lucia tinha lançado um desafio e a cada um deles deu um pedaço de barbante, meses antes de acabar o ano, e disse que queria ver os meninos praticando boas ações e a cada boa ação deveriam fazer um nó no barbante. Com toda a seriedade Elias me contou que ajudou a uma senhora que precisava ser levada urgente a um hospital.
História
“Era final do ano de 1998, todos os dias eram muito iguais, chovia, o céu ficava cinzento, fazia sol e o céu se iluminava, mas naquela esquina no semáforo do supermercado estavam aqueles meninos, alegres, bonitos nos seus trajes simples, sempre atrás de uma pequena ajuda. “Tia tem uma moedinha?”, trechos do diário de Lucia publicado no site.
Ilustração por Marcela Weigert. (Um olhar para o outro)
Lucia é advogada e todos os dias fazia o mesmo trajeto para seu escritório. Num determinado semáforo lá estavam eles pedindo alguma coisa para aos motoristas que paravam o fechamento do sinal. Certo dia, ela parou e perguntou seus nomes e assim fez durante vários dias, sempre perguntando sobre a escola. “Agora já esperavam por mim ansiosos. Talvez a única motorista que fazia a gentileza de baixar o vidro e conversar alguns segundos com eles. Assim fiquei sabendo o nome de todos os cinco, com quem viviam, onde moravam, onde estudavam “de vez em quando”.
Comecei a achá-los ótimos, espertos, inteligentes e bonitos. Até que o Elias então com 14 anos, me pediu um presente porque era seu aniversário, respondi que deveria me trazer a Certidão de nascimento. Não teve dúvida, no dia seguinte lá estava ele com sua Certidão erguida no alto, na frente do semáforo e recebeu o presente. Neste momento percebi que já éramos amigos, que aqueles meninos precisavam de uma ajuda efetiva.
A primeira questão a considerar é que as crianças, em hipótese alguma, devem ser retiradas de seu ambiente familiar. Observar que neste início de história, Lucia resolve estreitar os laços de amizade e conversar com eles num ambiente neutro, distante da sua própria família. Os meninos são convidados para uma conversa em seu escritório profissional.
“Vocês querem fazer um contrato comigo? Dou uma cesta básica mensalmente para cada um em troca vocês saem da rua, vão à escola e apresentam todo mês o boletim com nota e a frequência, dou ainda mais a cesta escola no início e no meio do ano. Aquele que voltar para a rua ou não frequentar a escola sai do acordo. OK? Todos concordaram.
– Ah, tem um negócio, este contrato é sigiloso. Vocês prometem não contarem para os outros meninos, senão vai formar filas na porta do escritório e não vou conseguir trabalhar mais, e sendo assim babau nosso acordo, sem cesta básica e sem cesta escola, pois não vou ter mais dinheiro para comprar.
Assim, meus novos amigos saíram felizes da vida do escritório.Eram meus filhotes do coração que estavam nascendo.”
Assim a grande família de Lúcia foi crescendo e muita história rolou nesses 24 anos de tristezas, alegrias, no entanto, que resultaram muitas e muitas conquistas.
Todos os anos, antes da pandemia, tinha festa de fim de ano com direito a presentes e celebrações. Lucia angariava os presentes com a ajuda de Elair Savinski, sua secretária, entre as amigas e culminava a campanha em festa de confraternização. Muitas reuniões lindas e emocionantes fazem parte da memória dessa grande família. A gratidão por parte deles é imensa, Elias, Marcos Aurélio de LIma (casado, pai de três filhos, trabalha em supermercado), Alex Marcelino ( casado, um filho, trabalha em lanchonete), Leandro Matos de Mello ( casado, pai de cinco filhos trabalha como motorista de ônibus.), Valdinei Felix Ribeiro (casou-se e separou-se, pai de dois filhos) e mais Carla, Luanna e Diego, irmãos de Leandro que também receberam apoio e afeto de Lúcia. Os três últimos têm curso universitário.
A atitude de Lucia foi corajosa, sem dúvida. No seu propósito jamais assumiu o papel de mãe ou responsável pelas crianças que viu crescerem. Todos mantiveram-se em seu núcleo familiar e acolhidos pelas famílias de origem. Quando indagava a ela: Mas até quando você vai oferecer ‘cesta escolar’ e cesta básica? Eles já estão com filhos?
Lucia sempre me respondeu que um projeto social para dar certo e alcançar a transformação é necessário que se estenda o acompanhamento até a segunda geração.
"Piás de Hitler" é um livro que faz o leitor entender os porquês das manifestações de extrema-direita estarem localizadas mais no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
O autores, Luiz Ernesto Wanke (1933- 2019) e seu filho Marcos Luiz Wanke, fizeram uma minuciosa pesquisa sobre como o movimento nazista começou a fazer adeptos em território brasileiro. Um impressionante e assustador plano estratégico foi colocado em prática por Hitler, depois da Primeira Guerra Mundial, durante a década de 30, para fundar na América uma Nova Alemanha. Isso tudo, com o aval do governo brasileiro, na ditadura de Vargas.
O leitor, na medida em que for virando as páginas do livro, vai visualizar no passado algo semelhante a fatos ocorridos no presente, nas posições de preconceito, misoginia, racismo, homofobia.
PIá é um termo muito utilizado no Sul para denominar guri, menino ou moleque. Na década de 30 o principal alvo de Hitler na América do Sul eram os jovens e o Partido Nazista criou organizações – as Auslandsorganisation – no Brasil, Argentina, Chile, Paraguai, Peru e Bolívia. O partido criou a “Juventude de Hitler” – jovens alemães e descendentes vivendo no Brasil, que receberam formação ideológica do Partido Nazista, por intermédio de filmes, jornais, programas de rádio, cujo acesso era permitido pelo governo brasileiro até o final dos anos 30.
Os Piás de Hitler cita os nomes de alguns personagens que foram fundamentais na organização do Nazismo. Mostra também como se movimentam nos bastidores e num piscar de olhos, sem que se dê tempo ou conta, uma sociedade inteira fica a mercê de uma situação que não era bem aquela que se pregava anteriormente.
“O nomes verdadeiros que não podem ser omitidos e aqui são citados foram extraídos de um suporte documental devidamente registrado, o que assegura que as informações norteiam-se pela bússola do reconhecimento da verdade que a História ainda não registou, mas que os documentos podem esclarecer. Impõe-se trazer à luz que existiram comunidades de origem alemã, em sua grande maioria (aproximadamente 95%), na verdade que não participaram do grupo nazista, mesmo alguns cujo sobrenome se identifica com outros que lideravam o movimento ideológico (..)” , trecho da introdução.
Pretensiosamente sonho que o livro traga resquícios de prevenção contra os regimes de força e pelo menos, alguma advertência, porque acredito na velha e batida máxima, de que o preço da liberdade é a eterna vigilância”“. escreve Luiz Ernesto Wanke, isso em 2013. Ele faleceu em 2019. Mal sabia que ainda as sementes do nazismo permanecem em nossa sociedade.
Em‘Piás de Hitler’, Luiz Ernesto mostra o perigo iminente de uma ideologia violenta ser disseminada entre jovens que são estimulados em seus ideais, nem sempre altruístas. O nazismo, por sua vez, era uma ideologia exclusiva dos alemães que pregava a purificação étnica. Também defendia a propriedade privada e empresas alemãs.
No Sul do Brasil a suástica (símbolo nazista) foi visto em muitas situações, até em eventos festivos antes de 1937. A estratégia de Hitler era treinar os jovens imigrantes alemães espalhados nos países da América do Sul.”
Entrevista com Michel Gherman feita pelo Instituto do Conhecimento Liberta, con Eduardo Moreira, que analisa o crescimento do neonazismo no Brasil. Gherman é professor acadêmico do Instituto Brasil Israel, professor de Sociologia da UFRJ.
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