PHOTO-2023-03-02-09-54-19 (1)

Histórias de Flávio: Vida!

Nos conhecemos lá em 2001, nos primeiros dias daquele ano, mas sinceramente não me lembro o dia bem certinho, talvez dia 5 ou dia 13. Para falar a verdade verdadeira, não tenho nem certeza de que foi naquele ano, às vezes acho que foi no ano anterior, em 2000... faz tanto tempo! Mas uma coisa é certa: foi em janeiro, é... acho que sim.

E foi assim…
Ai ai ai, acho que tô meio com preguiça de contar desde o início, já vou pular um mês para não encompridar a história.
Então… Não demorou muito pra coisa ficar séria, um mês depois era um grude só!
Pera aí! Nossa, genteeee!
Me deu um estalo aqui, siiim! Nos conhecemos dia 5, e dia 13 já estávamos só fogo e paixão! Hummm… ótimos tempos aqueles. Juventude! Colágeno e mais colágeno. Ai que saudade! Deixa pra lá, pelo menos temos histórias pra contar.

Ontem estava conversando com uma cliente sobre presentes inesquecíveis. Vocês já ganharam algum?

Eu sim!
Nunca esquecido, esse presente ganhei do ser amado um mês e meio depois de nos conhecermos.

No meu niver de 21 aninhos, neste mesmo dia há exatamente 22 anos. Dia 24 de fevereiro de 2001. Vivaaaaa! Tô ficando mole prá cozinhá.

Demorei um bom tempo pra entender por que cargas d’água eu ganhara um presente desses em plenos 21 anos. No começo, fiquei sem entender direito, mas eu gostei! Calma que já conto que presente exótico foi esse.
Só para desenhar nossas diferenças de vida: eu passo o tempo inteiro pesquisando tudo sobre minimalismo e vivo cheio de tralha, um sufoco! E o Cassiano joga tudo que tem em uma gaveta sem olhar o que tem dentro, sem nem saber quem é Marie Kondo. Acho o cúmulo isso, uma afronta à sociedade alternativa.

Minha conexão com animais na infância era do lado de fora de casa, sempre tivemos todos os animais possíveis: porco (Chico), galo (Teio), galinhas (Jurema, Galizelda), porquinho da Índia, aranhas (Mafalda e Madalena, que tiveram um final triste, mainga!), peru, cachorro (Antéro), até macaco (Chimbica) e mais um monte!

Mas viviam todos fora de casa, nenhum deles jamais ousaria entrar na casa da Dona Mariene. Já na casa do Cassiano, os cachorros reinavam: a Salomé, o Raian, o Astolfo, o Stalin e a Biscate, todos sempre muito bem-vindos a compartilhar todos os comandos da casa da Vôva e da Dona Norma.
Pois então… as histórias se misturam e sempre com toda essa energia animalesca em nossa jornada. 

Meu primeiro presente tinha de ser um cachorro de pelúcia, e tão fofo! Vou ver se acho foto.

Vida, esse foi o nome de batismo do presente de pelúcia que ganhei. E nesse primeiro momento era minha, só minha… mas logo veio o primeiro de uma leva de sobrinhos.
Então…
Não quis ter a minha Vida só para mim, ela chegou pra ser livre, e assim a danadinha ganhou o mundo.
Ela mudou de nome e de gênero várias vezes e perambulou pelas histórias e pelos braços de Eduardo, Otto, Helena, Valentina e acho que até de Sofia.

Mas a Vida nunca foi esquecida por mim!

 

E, nesse tempo todo, nem nos melhores sonhos dessa vida, pude imaginar que um dia aquele presente cheio de significados pudesse ser um dos brinquedos da minha filha.
Em 2016, minha filha Bella ganhou a Vida. E ela é uma das crianças da minha família que tem o Vida (ela o vê como cão), nosso cachorrinho de pelúcia, nas melhores lembranças da infância.

Até que um dia veio a Dondoca… e arrancou o nariz da coitada da Vida!

Dá até para se emocionar!
É, esta Vida dá voltas e mais voltas!
Só por Deus!

Um brinde a Vida!

Élisabeth-Louise Vigée-Le Brun - Art Renewal Center old image: from [1] Wikipedia

Quando as mulheres não eram valorizadas como artistas

Mulheres não tinham vez no mundo das artes na Europa entre os séculos XVII e XVIII. Era território exclusivo dos homens.

Ao repaginar um artigo já publicado no Pan-HoramArte colocamos em destaque o papel das mulheres e a luta pelo empoderamento  nas sociedades da época.

Mulheres corajosas em suas posturas diante da sociedade hostil às suas produções artísticas, como a artista veneziana, Rosalba Carriera (1673-1757), que contrariando os costumes da época, retrata-se despojada da peruca tradicional, expondo seus cabelos grisalhos e estabelecendo uma áurea de luz próximo à cabeça significando a força do intelecto nas mulheres. 

Rosalba viveu  em pleno florescer do século das Luzes na Europa, Iluminismo – 1.700.

Essas informações fizeram parte de minha aula de crítica de arte da professora Orietta Rossi Pinelli, na Universidade Sapienza, em Roma.

Em sua tese, transformada em livro, “Le Arti nel Settecento Europeo”(sem tradução  para o português), a professora lamenta a falta de dados, para análise, sobre as produções artísticas das mulheres em anos precedentes a 1700

Rosalba Carriera, Autoritratto con il ritratto della sorella, 1715, Firenze, Galleria degli Uffizi

 

Tão somente a partir do século XVIII que as mulheres começaram a ter oportunidades maiores com suas obras e criações.

Orieta cita além de Rosalba Carriera, também  Giulia Lama, MmeVigée-Lebrun, Angelika Kauffamann, algumas das pintoras que alcançaram “um certo sucesso pessoal quando não a riqueza, obtendo a estima dos intelectuais da época”, escreve.

Segundo a pesquisadora italiana, não era fácil ser aceita na academia, salvo se eram mulheres, filhas ou irmãs de artistas homens.

Quando conseguiam entrar, tinham que aceitar restrições, como a de ser proibida a frequentar as aulas de nu artístico, indispensáveis para formação artística e para em seguida conseguir encomendas públicas.

Angelica Kauffmann(1741-1807), por exemplo, teve coragem de se opor a esta limitação. “Era uma talentosa artista, especialmente retratos, paisagens e pintura decorativa. Somente dois dos 36 membros fundadores da Academia Real Inglesa eram mulheres: Angelika Kauffmann e Mary Moser. Até o século XX, elas foram as únicas mulheres admitidas naquela instituição. Fonte: Wikipedia

Angelica Kauffmann – foto wikipédia.

Giulia Elisabetta Lama (Venezia1º ottobre 1681 – Venezia7 ottobre 1747) foi uma artista italiana e a primeira mulher a estudar o nu artístico masculino ao vivo.

Giulia Lama ritratta dal Piazzetta (1715-20); Madrid, museo Thyssen-Bornemisza.

Elisabeth Vigée Le Brun era uma artista francesa que conseguiu destacar-se no mundo das artes e tornou-se a retratista oficial de Maria Antonieta. Fugiu da corte francesa durante a Revolução, tornou-se conhecida pelas pinturas que fez em toda a Europa, para retratar a aristocracia e famílias reais. 

Elisabeth Vigée Le Brun – Self Portrait,- Kimbell Art Museum

No decorrer do século, algumas mulheres  foram capazes de interpretar ainda mais os seus papéis em primeiro plano, algumas à sombra da coroa, como Mme Pompadour (1721-1764) ou Mme du Barry (1743-1793), outras foram protagonistas absolutas da cena europeia, como a imperatriz Catarina da Rússia (1729-1796)ou Maria Teresa da Áustria  (1717-1780), todas vivendo no século das Luzes. Essas mulheres usaram de seu poder em favor da arte e da cultura”.Desse modo, ao visitar o passado é possível observar que não foi em vão a luta das primeiras feministas da história da arte no Ocidente, que quebraram tabus de uma sociedade exclusivamente masculina. Mulheres que se rebelaram ao destino imposto: casamento, maternidade ou convento, ou uma vida fútil de cortesã da corte.

 

No Brasil, a arte estava dando os primeiros passos com a corte portuguesa instalada no Rio de Janeiro.  Nenhum nome feminino se destacou num período em que o país importava artistas da Europa para suas produções artísticas.

 

Madame de Pompadour via Wikipedia

10 dez a 26 de março -Os Significadores do Insignificante

Uma mostra única e imperdível de dois artistas ícones do Paraná. Efigênia Rolim, a Rainha do Papel e da Bala, hoje com mais de 90 anos, e Hélio Leite, irreverente artista das miniaturas feitas com caixas de fósforos e outros materiais de aproveitamento. O observador entrará num universo lúdico e pleno de magia criativa elaborada por Efigênia e Hélio ao visitar a mostra que permanecerá no Museu de Arte Contemporânea, funcionando temporariamente no MON – Museu Oscar Niemeyer,- Curitiba.O projeto tem autoria de Estela Sandrini, com curadoria de Dinah Ribas e Maria José Justino.

Local: sala 08 do Museu de Arte Contemporânea do Paraná (MAC-PR) – que está funcionando temporariamente no Museu Oscar Niemeyer (MON), nas salas 8 e 9

Endereço: Rua Marechal Hermes, 999, Centro Cívico – Curitiba | PR. (41) 3350.4400

Visitação: de terça a domingo, das 10h às 17h30 (permanência até 18h)

Ingressos: R$ 30,00 e R$ 15,00 (meia-entrada)

Gratuito para menores de 12 anos e maiores de 60 anos

Entrada franca todas as quartas-feiras

 

ilustração by Marcela Weigert

O Brasil precisa de mais cineclubes e clubes de leitura

As vivências em cineclubes e clubes de leitura são prazeirosas, entretém e melhoram a capacidade mental para análise crítica.

Quando decidi escrever sobre o tema fui em busca das iniciativas online. Não usei muito do meu tempo para essa pesquisa, mas depois do pouco que achei, presumi que as iniciativas não são suficiente para construir um Brasil de futuro, que coloca a educação, cultura e arte no centro do desenvolvimento social e econômico. 

A ilustração de Marcela Weigert mostra, de forma lúdica, que pela leitura o olhar transpassa os limites das páginas escritas e expande-se pela criatividade e imaginação. 

No entanto, tudo começou quando descobri que Manuela D’Avila, política, escritora e ativista social, tem o seu Clube do Livro. Fiquei inspirada em escrever, mas lembrei dos cineclubes que Silvio Tendler promove e não abre mão deles para formação crítica das pessoas. O Cineclube Muiraquitã, da rádio Navarro e dos EGC e o próprio cineclube do cineasta utopista, como ele mesmo se denomina, são exemplos heróicos da tentativa de motivar as pessoas a criarem grupos tanto físicos, como virtuais, para debaterem sobre os mais interessantes e instigantes filmes, protagonismo, fotografia  e o que existe por trás dos roteiros. É um exercício mental maravilhoso!

 

Nessa viagem poética lembrei de uma amiga de infância que se tornou professora de literatura e certo dia, empolgada, contou que depois de sugerir aos alunos que assistissem  ‘A sociedade dos poetas mortos’, simulou um julgamento semelhante ao do filme e que a motivação e o desempenho na disciplina foi algo que nunca a escola tinha visto antes. 

 

O Clube de Leitura da Manu foi uma descoberta via um bate-papo que tive com uma fisioterapeuta durante a consulta, em Curitiba. Enquanto a profissional fazia os exercícios em minha perna. ao mesmo tempo contava sobre o último livro que leuee do encontro online com mulheres que Manuela reuniu em seu clube para debater tal livro. Sigo o perfil de Manuela no Instagram e quando fui participar já  estava com as inscrições encerradas. Uma pena!

Um trabalho magnífico dirigido às mulheres porque segundo D’Avila, como gosta muito de ler e escrever resolveu que seria melhor lerem juntas. “Aprender a ler mulheres e conhecer o universo fantástico através dos olhos delas”.

O Cineclube Muiraquitã realizou alguns debates sobre filmes memoráveis durante 2021, entre eles a Bolsa ou a Vida, um documentário de Silvio Tendler, produzido durante a pandemia. 

Vale visitar o canal da rádio Navarro, ou EGC, no Youtube e assistir os debates. Garanto que não ficará entediado, mas não esqueça de antes assistir o filme em questão. 

 

Entendemos que o retorno do Ministério da Cultura é uma luz no fundo do túnel. É evidente que o MinC está ressurgindo das cinzas e vai precisar de tempo para se reerguer. 

Muita coisa precisa ser retomada e muito precisa ser feito e analisado para produzir muito e tirar proveito da experiência daquilo deu certo. A Lei Rouanet reestruturada, a continuidade da Cultura Viva, o destravamento do setor audiovisual e políticas para o livro, leitura e literatura são prioridade nesse Brasil de diversidade cultural. 

O país precisa retomar com urgência seus valores e sua poética e não ficar à mercê de uma rede de entretenimento com interesses de um capital que manipula opiniões e alimenta o extremismo.  Como disse Silvio Tendler em seu cineclube, “o cinema faz bem à saúde mental”, nós acrescentamos ainda, os livros também e são companhia insubstituíveis em nosso dia a dia. 

Além das políticas públicas, as iniciativas particulares são muito importantes, sobretudo de celebridades que carregam consigo um número expressivo de seguidores. Então, vamos lá minha gente a hora é agora!