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Trajes coloridos e muita alegria em Festas Juninas estilizadas

Emilly, Kaylla e Ellen são as jovens da foto com seus trajes coloridos prontas para dançar quadrilha na Festa Junina de Monte Alegre, no Rio Grande do Norte. Simpáticas meninas que aceitaram posar para uma foto, assim como a noiva trans que passou glamurosa, com seu traje branco e brilhante.

Um espetáculo vibrante e colorido que encanta, sem dúvida, mas que pouco lembra as tradicionais Festas de São João tão celebradas pelos brasileiros de Norte a Sul. Talvez só pelas bandeirinhas.

 Festas nas quais se misturam religião, crendices populares, comida típica e decoração temática, especialmente no nordeste, com muito forró pé-de-serra.

 A quem diga que os músicos que tocam sanfona, triângulo e zabumba – os tradicionais forrozeiros do nordeste estão sem chances de apresentação porque nas programações só abrem espaço para bandas e músicos famosos. 

O que é isso minha gente!

Vamos valorizar também nossas raízes culturais e distribuir melhor o que se gasta nesses eventos. Monte Alegre, que encerra nesta quarta-feira (28), Campina Grande, na Paraíba, que tal variarem mais a programação com menos caixas de som e holofotes e mais forró pé-de-serra, ritmo genuíno que foi reconhecido, em 2021, pelo IPAHN, como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil.

Cultura genuína relembrando as crendices populares, sacudindo o molejo do corpo com um bom baião, xaxado, xote e também abrindo alas para as glamurosas quadrilhas estilizadas. Tem lugar para todo mundo é só distribuir melhor os recursos.

As celebrações dos santos Antonio, São João  e Pedro são muito fortes do Sul ao Norte. Porém, cada qual tem tradições regionais. O Sul comemora os santos católicos com fogueira, quadrilhas, muita bandeirinha colorida, na comida não pode faltar o quentão, quitutes de milho e um bom quentão para esquentar o corpo. Uma bebida feita à base de vinho tinto, açúcar, canela, cachaça e servida  quente. 

No nordeste as tradições são diferentes em alguns pontos. A decoração é com bandeirinha colorida, as quadrilhas estão presentes, comida típica quase igual (menos pinhão e quentão), mas o povo nordestino festeja muito mais. As cidades em junho e julho são tomadas por festas juninas em todos os cantos. E agora, com concurso de quadrilhas tradicionais e estilizadas, shows de famosos e pouca zabumba, triângulo e sanfona.  Que pena!

Aí que saudades de Luiz Gonzaga!

 

. “Aqui em Natal, no passado, homenageava-se os  três santos Antonio, João e Pedro com fogueiras acesas bem em frente da porta de entrada das casas, para trazer sorte”, conta o personal  trainer, Wellington Campos. “As crianças brincavam em torno da fogueira, soltavam bombas e assavam milho quando ela já estava baixa. Depois tinha a tradição de apadrinhar crianças”.  O apadrinhar na noite de São João ainda é muito difundido em algumas regiões do Brasil, também chamada Batismo do Fogo sob as bençãos de São João, com a condição do padrinho e do afilhado pularem a fogueira.

Segundo Wellington,  a tradição das fogueiras em frente às casas em Natal quase não existe mais pela falta de segurança e alguns assaltos que aconteceram, infelizmente.

“A pandemia foi outro fator limitador pela questão da fumaça e do isolamento social que limitou as confraternizações” , lembrou.No entanto,  em cidades menores a tradição das fogueiras em frente das casas ainda continua, pelo menos no Rio Grande do Norte.

O costume de fazer fogueiras homenageando São João baseia-se em fatos bíblicos, que segundo a tradição católica,  Isabel mãe de João Batista e sua prima Maria – morava distante, tinham feito um acordo para se comunicarem após o nascimento do menino.

Essas festas e costumes populares permanecem no imaginário das pessoas. Lembranças doces de infância, como Maria Flor, que trabalha como diarista em Natal, porém viveu os anos de meninice no interior do estado. “Meu avô fazia sempre fogueira na véspera de São João lá no sítio”, começou a contar ela. “Era sempre o dono da casa que acendia a fogueira às 18horas em ponto”. Era praxe amigos e familiares  reunidos no local, depois dos folguedos dirigirem-se para dentro da casa, para  rezar diante de um pequeno altar feito para homenagear o santo. “Na casa do meu avô não tinha forró porque ele era muito sério para essas coisas, mas nas proximidades encontravam-se locais em que as pessoas do sítio aproveitavam para dançar”.

As festas juninas, quadrilhas e costumes populares foram se achegando do passado para o presente. Ninguém conhece muito a origem das festas realizadas em junho homenageando santos católicos. É mais provável que foram os portugueses que trouxeram para cá e as tradições foram inseridas. Segundo dados incertos, as quadrilhas começaram em festas da aristocracia francesa e foram se transformando no decorrer do tempo até chegar ao campo. Em sítios, fazendas,  pequenas cidades, escolas, algumas, fazem as fogueiras e o povo com seus trajes caipiras dançam quadrilhas que sempre narram em coreografia o dia a dia no campo. São costumes envolvidos pela poética da vida que manifestam na música, na dança, na culinária, nos folguedos populares a esperança e alegria de um povo que gosta de confraternizar!

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