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A estética da imagem do homem, o barco e a água

A imagem do homem em seu barco, no mar, rio ou lago, é pura arte.

O conjunto estético foi e continuará sendo fonte de inspiração para artistas e escritores. “Mar Morto”, de Jorge Amado, é um dos livros que destaca a relação do homem com o mar e suas artimanhas. Ernest Hemingway em O Velho e o Mar explora o tema e envolve o leitor com a trama do velho pescador Santiago e um peixe gigante.

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Baudelaire

É o poeta, crítico e escritor francês, Charles Baudelaire, no século XIX, que desenvolve uma poética sobre este fascínio. No lirismo de suas rimas certamente feitas contemplando a imensidão do mar, o poeta  demonstra sua paixão:(…)”Vós sois, ambos os dois, discretos tenebrosos;Homem, ninguém sondou teus negros paroxismos, Ó mar, ninguém conhece os teus fundos abismos; Os segredos guardais, avaros, receosos!(…)”(O Homem e o Mar – As flores do mal).

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Sobretudo, é na arte pictórica em que a beleza estética da imagem do homem,barco e a água é exaltada. Impressionistas como Claude Monet, Edouard Manet, Edgar Degas não economizaram nas cores de suas paletas para dar luz às inspirações e representar bucólicas paisagens marítimas ou em rios com embarcações ao vento.

Olhar crítico

A professora de Estética nos meios de Comunicação, Cristina Costa, no seu livro Questões de Arte,  escreve sobre o prazer do belo e cita uma frase de Mikel Dufrenne, filósofo francês: “Mas o que é, então, o Belo? Não é uma ideia ou um modelo. É uma qualidade presente em certos objetos – sempre singulares – que nos são dados à percepção”.

Ao final, a imagem do homem em seu barco inserida num mar azul ou em um lago, rio de águas tranquilas, no entardecer,  é plena de significados e extraordinariamente  bela. A professora de crítica de arte da Sapienza Universidade de Roma, Maria Letizia Proieti, fala sobre o belo segundo Freud e explica que o belo se aproxima do “não sabido”.  ‘Non lo so che’. Traduzindo em miúdos: a pessoa pode se deparar todos os dias com uma imagem, o entardecer, o homem e o mar, e nunca fazer caso disso. Porém, tem um momento em que se evidencia e a imagem  desperta a atenção e “vem ao seu encontro como se estivesse marcado hora”. Assim é o artista, o poeta, o escritor delineando suas inspirações. Sem dúvida o homem e o mar despertaram mim o “não sabido”.

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Droga ou WhatsApp? Brasil é destaque internacional

O Brasil não sairá tão cedo dos noticiários internacionais. É uma pena que o destaque nos envergonha. A imagem é negativa.

Como se não bastasse a divulgação mundial do comportamento ridículo de nossos políticos que votaram a favor do impeachment e dedicaram o sim, à família, filhos, gatos, periquitos, papagaios e por aí afora, um juiz bloqueia o uso do WhatsApp para buscar provas de bandidagem no seu estado, nesse gigante país.

Uma ferramenta de comunicação utilizada por milhões de brasileiros!

É estapafúrdio um bloqueio nacional a favor de um problema regional. Isso mesmo, a palavra no Aurélio significa esquisito, extravagante. Não há dúvida que é um recurso muito extravagante….

Bem, certamente que todos os bons cidadãos desejam uma solução para o problema do tráfego de drogas. Se a moda pega, com a bandidagem sem limites nesse país verde-amarelo, o WhatsApp ficará mais bloqueado do que funcionando. Lembrem-se que é a segunda vez…

Nesse cenário surrealista, no qual juízes são celebridades e bandidos julgadores, não fomos poupados nem em sites que falam sobre artes.

O site italiano Exibart dedicou algumas linhas para o episódio do WhatsApp.

Aqui vamos nós outra vez. Pela segunda vez, a justiça brasileira é acusada de ‘tapar a boca’ e a comunicação entre cerca de 100 milhões de pessoas. Das 19 horas, da noite passada, tempo italiano, e para os próximos três dias, o gigante de mensagens instantâneas WhatsApp ficará mudo no país latino. A culpa?

Não é de um colaborador da justiça. Já, porque nós saberíamos que o florescente tráfico de droga permanece criptografado, um chat secreto, um dos motivos da pesquisa do juiz Marcel Montalvão, de bloquear o serviço. 
As cinco empresas (TIM, Oi, Vivo, Claro e Nextel) receberam a decisão e anunciaram a sua intenção de respeitá-la, porque caso contrário teriam que pagar uma multa de algo como € 150,000 por dia.

O que é verdade, diga-se, é que uma multa desse montante para uma empresa de telefonia nacional é um pouco ‘como arrepiar um fio do pelo de um gato’, e também é verdade que é impossível acreditar que, por razões de “confidencialidade”, não se pode investigar os registros de telefone de vários tipos.

WhatsApp é uma droga que nós sabemos muito bem, mas para ajudar traficantes de drogas … behh… se faz com muitas outras formas de comunicação, certo? Deve-se dizer, então, que Montalvão é o mesmo juiz que, em março, prendeu o vice-presidente do Facebook para a América Latina, Diego Dzodan.

Não será qualquer coisa de mais profundo sobre a questão, além do gosto de cortar, seja por pouco a possibilidade de 93% de quem tem uma conexão de comunicar-se pela web no Brasil?

 Senhor Mark Zuckerberg, que tinha comentado a decisão do mês de março com ‘ é um dia triste no Brasil’ , por que não fez algo? Ou 150 mil de multa são muito também para quem tem uma patrimônio declarado de 47,8 milhões de dólares?”

Agora nós brasileiros perguntamos: é para acabar com o tráfico de drogas? Ou para dar uma ideia de poder num país do terceiro mundo…. Na República das Bananas!

 

 

 

 

 

 

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Ninfeias de Monet para relaxar e encontrar a paz. Impressionismo

DSC05131Em tempos de Brasil conturbado vale pontuar no PanHoramarte a serenidade das ninfeias de Monet, enormes telas que se encontram no Museu de L’Orangerie, no Jardim das Tulherias, um parque no centro de Paris. O convite é para relaxar e lembrar que a mensagem do artista francês ao criar sua obra foi de paz!

DSC05130Ao criar as Ninfeias à França, artista desejava oferecer um oásis de paz convidando a todos para se colocarem em estado de contemplação diante da natureza pintada ao infinito.

IMG_1844“Os nervos sob pressão do trabalho se relaxarão seguindo o exemplo repousante destas águas paradas e quem as olha, essa obra oferecerá o asilo da meditação no centro de um aquário florido”, escreveu ele em 1909, quando começou a pensar no projeto.

IMG_1846Para apreciar os gigantescos painéis impressionistas nas duas salas do museu é preciso primeiro entrar numa ‘câmera de descompressão’, idealizada por Monet. Uma sala completamente branca para fazer com que o visitante se purifique e elimine toda a agitação das cidades.

IMG_1426As telas compõem o universo onírico de seu jardim em Giverny, repleto de flores, vegetação e, sobretudo ninfeias(flores aquáticas) que crescem nas águas serenas do pequeno lago da propriedade.

IMG_1851O quadros de grande dimensão foram encomendados pelo primeiro-ministro Clemenceau, e o artista inicia a sua obra em 1914, no começo da primeira guerra.

IMG_1850Em 1918 Claude Monet termina oito painéis e piora do seu problema na visão, provocado por acidente com tintas em 1900. As obras foram terminadas, mas infelizmente o pintor não viveu para ver a inauguração do museu, em 1927. Ele morre em Giverny, aos 86 anos, em 1926.

IMG_5471A primeira sala do museu, depois da branca, mostra o verdadeiro testamento do artista. ‘Representam o resultado de toda uma vida’, escrito na publicação do museu. Desde 1886, Monet se propôs a representar seu jardim no ritmo das variações da luz. Os oito painéis nessas duas salas evocam a paisagem das horas, da manhã, no leste, ao entardecer, no oeste.

IMG_1410Os elementos água, ar,céu,terra, se misturam em uma composição sem perspectiva e centrada no ritmo das flores e das ninfeias. “A ilusão de um tudo sem fim, de uma onda sem horizontes e sem margens”.

Convido aos leitores a relaxarem nos jardins de Monet!

 

 

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Memória cultural nos comércios de Roma

A educação de um povo se mede pela forma como ele preserva o seu patrimônio cultural.

Em Roma, a cidade eterna, os romanos têm orgulho de preservar a história, inclusive negócios de tradição que ainda funcionam e prestam serviços até hoje à comunidade.

Uma publicação da Editora Il Parnaso lista 28 negócios mais tradicionais de Roma e os textos de  Mario Sanfilippo – “Tradizione commerciale e aziende secolari”, citam o Antico Caffè Grecco (1760), na Via dei Condotti, e Antica Erboristeria (1752), na Via Torre Argentina, entre os mais antigos funcionando normalmente.

O dois estabelecimentos comerciais são espaços em que a história está ali, viva, contada e recontada a todo momento em cada centímetro de parede, decoração e mobiliário.

Caffè Grecco

Embora o Caffè Grecco  tenha sido famoso em 1760  –  como prova um documento da Igreja de São Lorenzo que registra a presença de um paroquiano chamado Nicola di Madalena célebre pela qualidade do seu café localizado na “strada Condotta”.  A sua fama se universalizou a partir do século XIX, graças uma iniciativa pioneiro  de Salvioni, seu novo proprietário.

O italiano servia o café em xícara pequena para garantir a qualidade do produto durante a crise provocada pelas guerras napoleônicas, em que as taxas de importação eram muito altas. Salvioni pode elevar o preço e vender o verdadeiro café ganhando de seus concorrentes que misturavam o produto à  cevada ou  às farinhas de grão de bico, feijão e castanhas.

O sucesso da bebida em xícara pequena inventada em Roma foi tal, que até o hoje é produzida e servida aos milhares no mundo.

O Caffè Grecco localizado perto da Piazza Spagna é atração turística, é um lugar de encontro e um testemunho da antiga e tradicional aristocracia romana, cuja a clientela ilustre como Czar Paolo I, da Rússia, Luigi da Baviera, artistas como De Chirico, Trombadori, Ungarettti, entre outros, deixaram registro de sua passagem no local.

Antica Erboristeria

Antica Erboristeira fundada em 1752,  é uma obra de arte pela originalidade de seu mobiliário e pela tradição dos produtos que são vendidos no local.Talvez esteja entre as poucas farmácias  que ainda funcionam no mundo moderno com um  mobiliário do século XIX.

Entrar no antigo ervanário para compras, é fazer uma viagem no tempo em meio ao deleite dos aromas das ervas medicinais e das fragrâncias delicadas dos produtos de beleza à base exclusivamente de essências naturais.

Orgulho dos Ospici

A “erboristeria” romana é orgulho para a  família Ospici, que adquiriu o negócio em 1948 e até hoje mantém o comércio com o apoio de outros sócios. O charme do local, incluindo o atendimento gentil e paciente de seus proprietários, merece fazer parte  do roteiro dos amantes da arte e das tradições culturais.

É como entrar num pequeno museu, apreciar o teto trabalhado e seus balcões em madeira talhada, assim como as pequenas caixas para guardar as ervas que ainda mantêm os originais indicadores em metal e vidro.

Enquanto a Itália mantém sua história preservada com o restaurar constante de seus monumentos famosos, o Brasil se perde em meio ao excesso de burocracia e deixa a memória cultural abandonada. Os trâmites legais para investimentos e restauração são tão demorados que muitos dos conjuntos arquitetônicos datados do Brasil Colônia se perderam no tempo.