A dança - Henri Matisse

Solteiros desestruturados

Tenho dúvidas sobre a melhor forma de chamar a atenção para esse artigo, mas depois de uma conversa nesse fim de semana acho que encontrei um termo adequado para relatar um pouco desse nosso novo estilo de vida do século XXI.

O termo ‘solteiro desestruturado’ não é de autoria própria, senão de um amigo, que numa dessas conversas ácidas no coffee-break do trabalho, utilizou esse termo para referir-se a “panelinha” de solteiros que ali tinham.

Eis que um amigo meu me contando essa historinha me fez pensar na realidade dessas palavras.
Você já parou para pensar em como nossas relações interpessoais mudaram do século passado para este?
Você tem noção do nível de liberdade que hoje tem as pessoas solteiras, sem filhos, sem hipoteca, sem compromissos?

Podemos nos dar ao luxo de viver a nossa própria vida sem pressão da sociedade. Sem regras, nem padrões, ou seja, completamente desestruturada.

Assim como muita gente opta por casar, ter filhos, ter um trabalho estável, comprar casa, carro e passar as férias na praia ou no campo todos os anos, tem gente, hoje em dia, que simplesmente escolhe que esse não é o seu estilo de vida. A grande diferença é que, hoje, a sociedade vem aceitando essas formas de viver de um modo muito mais natural e menos estigmatizada.

Não que não exista estimas ou complexos.

Ninguém melhor para meter pressão na gente que a nossa própria família, amigos próximos, etc. Perguntam se você não tem namorado/a, se não vai casar,se não pode ter filho (porque eles nem cogitam a possibilidade do não querer), se não vai comprar casa ou ter um trabalho condizente com o que a sociedade espera de você.

As senhoritas de Avignon - Pablo Picasso
As senhoritas de Avignon – Pablo Picasso

Também é verdade que a mudança de século trouxe uma mudança de paradigma; e com ela uma liberdade maior para as pessoas tomarem a suas próprias decisões sem tanta pressão externa.

Eu vi muito isso quando comecei a viajar. Adoro viajar sozinha e me aventurar ao desconhecido em busca de algo mais. Poucas pessoas entendem esse meu afã de estar sozinha muitas horas, ou de querer ir a um lugar desconhecido sem conhecer ninguém… mas essa foi uma das formas que encontrei de autoconhecimento e desfrute… ‘disfruto’ da minha companhia.

O legal é que quanto mais você viaja e busca conhecer pessoas, conhece mais justo as que levam estilos de vida mais parecido com o seu. E de repente, você já não tem que se sentir completamente excluído da sociedade.

Pois sim, hoje em dia devo confessar que sou uma solteira desestruturada. Solteira desestruturada como muitos outros que podem ir e vir quando querem, que podem deixar o trabalho sabendo que o único compromisso que tem é consigo mesmo, os que podem ir de férias em temporada baixa, porque não têm filhos e que podem escolher viver a vida com muito mais liberdade.

Uma vida a escolher

Assim fez meu irmão com a sua vida. Ainda que tenha namorada, ambos escolheram juntos viver uma vida “desregrada” e percorrer o mundo com uma mochila nas costas. Assim fez meu amigo David que terminou a universidade e foi pra Londres tentar a sorte. Minha amiga Frazie que deixou de trabalhar na Berlinale para recorrer a França de bicicleta e trabalhar e lugares diferentes em troca de casa e comida.

Jacqueline with flowers - Pablo Picasso
Jacqueline with flowers – Pablo Picasso
Minhas Férias

Solteira desestruturada sou eu, que escolhi pegar a minhas férias em setembro para me meter em um projeto de agricultura ecológica numa vinícola na França. Isso mesmo; passarei minhas férias trabalhando, fazendo a colheita da uva, aprendendo a fazer vinhos e, em troca, me darão casa e comida.

Quem sabe, essas férias sejam as mais econômicas da minha vida. Mas isso não é o que realmente me motiva; me motiva saber que tem agricultores no mundo dispostos a ensinar as técnicas do campo, a sua paixão pela vida, pela uva, pelo vinho.

Me emociona que tenha gente que abre as portas da sua casa a desconhecidos e que durante uma temporada compartam o seu conhecimento.

E assim somos nós, os solteiros desestruturados: acordamos nos fins de semana a hora que queremos, comemos e dormimos a hora que queremos – si comemos e si dormimos -. Viajamos fora de época, estudamos ou simplesmente passamos as tardes no sofá vendo TV.

Vamos e voltamos, com a nossa própria rotina, sem que ela seja imposta por outros… e adoramos isso.

E também a adoramos a vocês; casados estruturados, solteiros disciplinados, aposentados cansados, jovens regrados e adultos obedientes. Não temos preconceito, aceitamos tudo e a todos! E queremos ser aceitos também na rotina caótica do nosso dia a dia, no vai e vem da canção, nas idas e vindas dessa vida.

Solteira desestruturada pronta pra comer o mundo!

As férias começam já!

Veneza é cenário perfeito para uma bienal de arte

‘Viva Arte Viva’ ! Vamos celebrar, sim, a 57a. edição da Bienal de Veneza. Por que não? Veneza é o cenário perfeito, é a mistura do Oriente com o Ocidente, sensual e romântica que parece permanecer em uma outra dimensão do tempo.

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É a exaltação da beleza, do refinamento, da elegância e bom gosto.

“A Bienal de Arte”desse ano inspirou-se no humanismo que celebra a capacidade do homem por meio da poética artística,de não ser dominado pelo poder que governa o mundo e que se deixado sozinho, pode condicionar em sentido reduzido a dimensão humana”.

É um humanismo no qual o ato artístico é um ato de resistência, de liberação de generosidade”.

Para que leitor do PanHoramarte tenha ideia do significado da bienal como representação artística que passa a limpo o mundo e suas mazelas ou o apresenta na sua realidade, é necessário primeiro mostrar o local que a acolhe e dar dicas de como transitar nesse universo tão rico de informação e conceito.

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Um luxo

Veneza, na Itália, é um luxo.  Esse é o tema do pavilhão que a representa na bienal. A pequena ilha italiana concentrou no passado uma riqueza incalculável e controlou durante séculos o tráfego marítimo entre o Oriente e Ocidente.

Esconde pelas vielas estreitas, quase um labirinto, muita história, intrigas, amores ocultos e adúlteros, poder, enfim todas as paixões e pecados humanos mesclados em um cenário arquitetônico único na Europa e amparado pela arte e luxo, apesar da decadência da contemporaneidade e os hábitos de consumo destruidores de patrimônios universais.

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Segredo

O segredo da construção de Veneza está exatamente no local onde a Bienal começa: o Arsenal. A força da Serenissima começou no grande barracão, no qual eram projetados, construídos e armados os navios.  Ali, cada descoberta sobre navegação era guardado a sete chaves, com objetivo de dominar o Mediterrâneo e conquistar mares distantes. Sem navios velozes não era possível comercializar os produtos mais procurados na Europa, seda, fibras e especiarias.

Isso a transformou numa cidade rica e importante em quase toda a sua história.

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Essa riqueza, esse luxo que a fez tão importante no passado e também no passado passou por um período de decadência depois Vasco da Gama descobriu o caminho para a Índia, a descoberta das Américas. Mas até hoje conserva o seu velho charme.

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Toda nobreza antiga está sendo apresentada no Pavilhão de Veneza, no Giardino, segunda parte da Bienal.

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É um percurso pelo qual entremeiam-se formas, símbolos, objetos do passado que foram trazidos pelos comerciantes venezianos, primeiros e excelentes na produção artesanal de objetos de arte em vidro, mosaico, tecido, porcelana e sapato.

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O percurso começa num atelier, no qual são colocadas as matérias primas e mãos geniais as transformam em obra de arte. O visitante faz um caminho que o possibilita compreender como da matéria se forma em objeto artístico.

“A beleza sensual de Veneza revive por intermédio de referências simbólicas e percepções sensoriais, no qual se tramam cores, perfumes e jogo de luz. O Pavilhão de Veneza faz reviver o luxo como experiência de uma beleza preciosa e que somente a verdadeira educação estética  consente apreciar o que o Pavilhão comunica ao público”.

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Como visitar a Bienal

Para quem nunca foi à Veneza colocamos algumas dicas básicas para entender como chegar à Serenissima e desfrutar de toda arte que ela nos oferece. No mínimo dois dias para Bienal e mais um para conhecer a cidade.

O acesso  a ela pode ser feita por avião ou trem. Depende do ponto do gosto. Via aérea é mais econômico se conseguir comprar um bilhete low coast. O aeroporto dispõe de estrutura para transportar os viajantes ao estacionamento de carros e coletivos próximo a estação Santa Luzia.

Bem vizinho à Estação ferroviária encontrará a bilheteria para pegar o dragueto (o único transporte coletivo da cidade que circula nos principais canais) e se localizar para encontrar o hotel. O google maps, earth ou mapa em papel deve sempre estar à mão para que possa orientar-se nas ruelas estreitas.

Um conselho não carregue malas grandes e pesadas porque será você o próprio carregador. Tem muitas pontes com escadas para percorrer por lá.

Em poucos dias estará adaptado aos costumes da exótica cidade que não permite a circulação de carros. Torna-se mais econômico comprar bilhetes únicos para utilizar o draguetto para um, dois, três ou quatro dias.

Os hotéis dentro da ilha são mais caros, mas nada tão assustador e às vezes é possível aproveitar uma promoção no Booking, TripAdvisor. Ainda não falharam nas dicas e avaliações.

Quanto tempo ficar

Como é uma cidade de alojamentos, hotéis e B&B caros é possível ficar nas imediações que muitos hotéis providenciam o translado diário. E o período para ficar depende dos interesses de cada um. A Bienal pode ser visitada em dois dias num passar rápido de olhos, no mínimo.

Não entanto, a cidade respira arte por todos os cantos. No verão as exposições estão circulando nos diversos museus da cidade e as igrejas oferecem concertos e óperas até setembro. Para desfrutar um pouco mais do clima veneziano vale permanecer por cinco noites no máximo.

Não deixe de tomar um prosecco na Piazza San Marco, naqueles bares com orquestra executando músicas clássicas para se sentir como um nobre europeu desfrutando do “salão mais elegante do mundo” como definiu Napoleão. Ali, deixará no mínimo uns 20 euros, mas será servido por um garçom sério e pomposo e bebericará seu espumante ao som de Vivaldi ou Mozart olhando para magnífica Igreja de San Marco.

Por onde começar na Bienal

Acreditamos que o modo de começar a imersão nas obras que representam uma leitura do mundo contemporâneo é pelo Giardino, a parte mais longa e que representam cada país do mundo. O ingresso custa em torno de 25 euros o dia, 30 euros por 48 horas, por isso é bom aligeirar-se para ver tudo em pouco tempo. Custa para brasileiros.

É importante manter um folheto guia, entregue na entrada, para assinalar os pavilhões que foram visitados. Depois de absorver a diversidade cultural desse planeta na linguagem da arte é ainda possível buscar mais conteúdo na construção central. Se for uma visita rápida, encontrará tempo para um pequeno lanche nos bares existentes no Parque. Inclusive, um perto da construção central que vale pela decoração e design arrojado.

O segundo dia pode ser dedicado ao Arsenale, espaço em que o curador define e apresenta o tema proposto.

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Tenha em mente que visitar um local em que a arte transita é elevar o espírito e perder-se no tempo. Poderá permanecer horas absorvendo o belo que o tocará em alguma parte de sua alma provocando-o e quando despertar desse êxtase terá impressão que o tempo parou. Buon soggiorno!

 

 

 

 

 

 

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Lo spirito del Caravaggio sotto la luce ed ombra

Nella mostra multimediale “The spirit of Caravaggio” lo spettatore potrà apprezzare, dalle risorse tecnologiche, l’eccezionale interpretazione della realtà espressa nei famosi dipinti del grande maestro italiano del cinquecento.

Riposo nella fuga in Egito

Ciò che conta, però, non è la mostra stessa, aperta a Roma fino a novembre, nella Sala del Bramante, in Piazza del Popolo. La cosa importante è parlare di Caravaggio (1571-1610) e delle sue magnifiche opere, un prezioso patrimonio artistico.
 
I forti contrasti cromatici tra luce ed ombra e i fondali scuri squarciati da fasci di luce netta, diretta e teatrale, hanno reso Michelangelo Meresi, da Caravaggio, notabile e ineguagliabile.
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Dopo di lui è venuto un movimento chiamato “caravaggeschi”, in cui i pittori cercavano lo stesso stile del maestro, come Orazio Gentilischi, Carlo Sellitto, Battistelo Caracciolo, Jose Ribera (Spagnholeto).
La mostra multimediale è un percorso sensoriale, in cui i dettagli delle pinture  sono presentati in videoproiezioni. Come se gli  opere muovessero. Lo spazio nelle ombre, con la musica, fa sentire lo spirito dell’artista e la causa delle sue pennellate.
Entrate nell’opera

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La scena pari alla ‘Vocazione di San Matteo’ è stata simulata in uno spazio e invita il visitatore ad entrare e sentire l’intensità dei contrasti.
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Firenze

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A Firenze, nella Galleria Dell’Uffuzi, è possibile apprezzare alcuni dei veri dipinti del maestro italiano, così come in alcune chiese di Roma, San Luigi dei Francesi, Santa Maria del Popolo, Sant’Agostinho.
Caravaggio è nato a Milano nel 1571, ha perso suo padre presto nell’epidemia della peste bubbonica e nell’infanzia ha vissuto nella povertà. Sua madre lo ha aiutato a pagare suoi studi artistici. Lui ha imparato arte come alcuni maestri dell’antichità come Tintoretto.
Ha vissuto tra Roma, Venezia e Napoli. Raggiunge la fama sotto la protezione e l’amicizia con il Cardinale Del Monte.
Era un uomo inquieto e aveva sempre problemi con la giustizia perché litigava sempre e questo lo obbliga a fuggire costantemente. Alcune versioni dicono di essere stato arrestato erroneamente e quando cerca di dimostrar la sua innocenza ha avuto malaria e morì della febbre nel 1610.
 
Caravaggio era un pittore dell’antichità che non solo voleva rappresentare il corpo nella sua realtà totale,  soprattutto voleva trasmettere al pubblico l’emozione del viso composta nella scena.
Riposo nella fuga in Egito

O espírito de Caravaggio sob a luz e a sombra

 Na mostra multimídia ‘The Spirit of Caravaggio’ o espectador poderá apreciar, a partir dos recursos tecnológicos, a excepcional interpretação da realidade expressa nas famosas telas do grande mestre italiano do século V.

IMG_20170823_180324837O que importa no entanto, não é a mostra em si, que se encontra aberta em Roma até novembro, na Sala del Bramante, na Piazza del Popolo. O importante é falar de Caravaggio (1571-1610) e de suas magníficas obras, um legado artístico inestimável.

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Os fortes contrastes cromados entre a luz e a sombra e os fundos escuros espalhados em feixes de luz transparentes diretas e teatrais, fizeram de Michelangelo Merisi, conhecido como Caravaggio, notável.

Depois dele surgiu um movimento chamado “caravaggeschi”, no qual pintores buscavam o mesmo estilo do mestre, como Orazio Gentilischi, Carlo Sellitto, Battistelo Caracciolo, Jose Ribera (Spagnholeto).

IMG_20170823_180704335_HDRA mostra multimídia é um percurso sensorial, em que se apresenta em vídeos projeções os detalhes das telas. Como se elas estivessem em movimento. O espaço na penumbra, com música, faz com que o espectador sinta seu espírito e o sentimento dado às pinceladas.

IMG_20170823_183157223A cena igual a A vocação de São Mateus foi simulada num espaço e convida o visitante a entrar  e sentir a intensidade dos contrastes.

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Florença
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Cabeça da Medusa. Caravaggio Galleria D’Uffizi. 1597

Em Florença, na Galeria Dell’Uffuzi, é possível apreciar algumas das telas verdadeiras do mestre italiano, assim como em algumas igrejas em Roma, San Luigi dei Francesi, Santa Maria del Popolo, Sant’Agostinho.

Caravaggio nasceu em Milão, em 1571, perdeu cedo o pai na epidemia de peste bubônica e teve uma infância pobre. A mãe o ajudou a custear seus estudos em arte. Aprendeu com outros mestres da antiguidade como Tintoretto.

Viveu entre Roma, Veneza e Napoli. Conseguiu alcançar a fama pelo proteção e amizade com o Cardeal Del Monte. Era um homem irrequieto e sempre tinha problemas com a justiça pelas brigas que provocava, que o obrigava a fugir constantemente. Algumas versões contam que ele foi preso erroneamente e até que conseguir provar sua inocência pegou malária e morreu pela febre em 1610.

Caravaggio foi um pintor da antiguidade que não só quis representar o corpo na sua realidade total, reentrâncias, músculos, sobretudo transmitir ao público a verdadeira expressão fisionômica que compunha a cena.