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‘Valentino’. Gênio inigualável entre costura e arte

Valentino colocou nos estúdios do Cinecittà uma instalação toda em branco. A iniciativa me fez lembrar de outra mostra inesquecível!

O ano foi de 2007, o local Ara Pacis, em Roma, marcou como um evento único no mundo da moda e da arte. A mostra foi realizada num local tão icônico quanto Cinecittà, que Valentino hoje apresenta sua coleção de inverno de alta costura 2020/2021.

Encontrei as fotos antigas e estou compartilhando com os interessados e aos amantes da moda como arte. Elas apresentam em pequena escala,  a genialidade e o  talento do mestre italiano em alta costura.

Modelos inimagináveis em  sofisticação, elegância e delicadeza no caimento do tecido, no corte exato e perfeito, nos drapeados, godês, nos bordados que são verdadeiras obras de arte.

Mulheres famosas no mundo, desde princesas das nobrezas européia, árabe, asiática, atrizes, milionárias, inspiraram este artista da agulha e do corte, a criar formas, que vestidas em corpos femininos as transportava num universo de sonhos e encantamento. 

Convido o leitor, aquele que se despe dos preconceitos  e reconhece a costura também como manifestação artística, a desfrutar do refinamento de Valentino. Entrar em seu mundo mágico esquecendo-se das frivolidades da moda e olhar com os olhos de quem a aprecia a arte.

Este vestido foi usado por Halle Berry, atriz, a primeira afro-americana a Oscar com o filme The Monster’s Ball, em 2001. O filme trata de temas como racismo e sistema americano de justiça.

Casaco com gola de pele confeccionado exclusivamente para última imperatriz do Irã, viúva do Xá da Pérsia Reza Pahlavi, Farah Diba. Ela foi a última xabanu da Pérsia.

Vestido bordado inteiramente em pérolas encantou multidões no corpo esguio da atriz britânica Audrey Hepburn. Filantropa e abnegada às causas sociais. 

Este maravilhoso longo negro vestiu a atriz ícone italiana Sophia Loren .  A suavidade do tecido mostra um caimento perfeito complementado pelos bordados e a delicada renda que finaliza o decote e saia. 

Por décadas, Valentino foi o costureiro preferido destas mulheres famosas que povoaram o imaginário de diversas adolescentes e mulheres comuns de um extremo a outro do planeta. Elas existem e pertencem a um outro mundo inacessível, o das celebridades.  

Os modelos criados por Valentino  que fez parte da mostra, tinham inseridos a história pessoal de quem estava vestindo, ou então, a história do evento em que o longo foi usado. Entrega de prêmio, uma festa da nobreza, evento ícone, casamento na realeza.

Longo em cetim usado por Elizabeth Hurley, atriz britânica que também, durante muito tempo foi relações públicas mundial da marca de moda e beleza Estée Lauder.  A atriz usou muitos modelos do famoso ‘V’, que inclusive aproveitou sua marca para criar acessórios e outros adereços femininos.

 A empresa foi fundada em 1957, em Milão. De lá para cá, o tempo entre costuras tem muito história para contar, certamente, da famosa clientela do mestre.

 A top model brasileira, Gisele Bündchen, bela e elegante num modelo Valentino fez parte de uma campanha para a marca.

A mostra apresentou cerca de 300 modelos desenhados por ele, quase todos de noite. Valentino fundou sua primeira casa em 1959, na elegante Via Condotti, em Roma. Em 1960 conhece  Giancarlo Giammetti, que em seguida transforma-se em sócio e administrador da Casa Valentino.

 

 

Mas a fama chegou em 1962, quando participou do desfile em Florença, no Palácio Pitti. Era ainda muito jovem e foi de última hora a confirmação para apresentar a coleção, no último dia, e mesmo assim, com condições desfavoráveis para desfilar, o triunfo foi tal que grandes compradores americanos brigavam entre si para comprar os vestidos do mais jovem estilista italiano.

Certa foi a escolha pelo Ara Pacis, para celebração dos  45 anos do lançamento de sua primeira coleção.  O local  incorpora mais de dois mil anos de história, é fascinante e agigantou a mostra. O templo da paz e da harmonia

Ara em latim significa altar. Um altar que o imperador Augusto dedicou a paz. Um espaço que emana poder, conquista e ao mesmo tempo nos remete a um sentimento de harmonia. 

foto por Jaqueline D'Hipolito Dartora

Com a palavra o escritor

Nada é mais emblemático que a imagem de uma máquina de escrever.

A foto remete a alguém que a usa para escrever e inspirar-se com arte em  palavras. Eu pergunto a você se a imagem de um computador remete imediatamente a um escritor? 

Simplesmente não dá para fazer essa associação porque hoje o computador é parte do dia-a-dia e utilizado em todas as funções em uma sociedade. Ao contrário da máquina de escrever que em certas épocas, mesmo sendo utilizada em outras profissões, foi ícone e marca do escritor, como companhia inseparável.  

É fato! Tanto é que a máquina vermelha da foto pertencem a Jaqueline D’Hipolito Dartora, jornalista, escritora e também colaboradora  do PanHoramarte, que não hesita, às vezes, em bater freneticamente nas suas teclas, quando está inspirada a escrever suas crônicas e contos. Um charme, sem dúvida, com a gostosa sensação vintage.

 

Portanto, a associação desta imagem ao escritor é dar um formato poético e homenagear todos os escritores em seu dia – 25 de julho –  que foram seduzidos pela arte das palavras e seus significados, sobretudo nossos colaboradores, Erol Anar, Simone Bittencourt Chauy, Luiz Manfredini, Jaqueline Dartora. 

 

Da minha parte, posso garantir que a leitura e a escrita representam a minha vida. Minha cura. Dela tirei o meu sustento e nela continuo com se fosse uma droga que não consigo largar. 

Quando escrevo sempre lembro de minha bisavó Marie, por parte de mãe que viveu num tempo, no qual as mulheres não tinham muita chance de ler e escrever. Principalmente, numa província de imigrantes como era Curitiba no século XIX.

Marie foi guerreira em sua vida, provavelmente um pouco frustrada. Teve oito filhos e no início de casada (17 anos) levou umas petelecos de sua mãe, quando foi surpreendida deitada na cama lendo um romance e o almoço na cozinha esquecido. Os maridos naquele tempo iam tratar com a mãe  quando algo não ia bem no casório. Leia aqui a história dela Ser dona de casa, eu?

Por fim, também  eu me deixei seduzir pela arte das palavras.  Na leitura passei por todas as etapas.  Na pré-adolescência me dediquei a ler os “água com áçucar” de mamãe. Em pouco tempo me cansaram pelo lero-lero do recato e do exagero. Depois passei para os livros do meu pai, que por ordem de mamãe foram jogados no sotão. Eram picantes demais. Picantes na cabecinha dela muito limitada aos amores passionais. Papai gostava de também de clássicos e aventura.

Claro que o proibido sempre despertava mais curiosidade. Assim, escondida subia no sotão e me deleitava com todos eles. Aos 14 anos li A História da Prostituição, A Carne, de Julio Ribeiro, Kama Sutra, Casa de Pensão, de Aluízio de Azevedo, e outros picantes e muitos clássicos como José de Alencar e Machado de As

Biblioteca Nacional de Viena

“Escrever  é uma arte  que pode ser comparada  ao que sente um artista na concepção de sua tela, na nuance e uso das cores, nos traços de sua criação. Pincelar uma palavra aqui e outra acolá para intensificar o sentido da frase é excitante e a busca dos significados faz os olhos brilharem de emoção.

Um trecho do  texto/ poema de Pablo Neruda diz tudo:

Sim Senhor, tudo o que queira, mas são as palavras as que cantam, as que sobem e baixam … Prosterno-me diante delas… Amo-as, uno-me a elas, persigo-as, mordo-as, derreto-as …

Amo tanto as palavras … As inesperadas …(…)

 

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‘Toccare il Tempo’ sarebbe possibile?

Kan Yasuda voleva "Toccare il tempo" con l'opere nel 2007, a Roma. In una mostra indimenticabile, ha collocato 30 sculture minimaliste nelle rovine romane dei Mercati di Traiano. Se fosse possibile "Toccare il tempo" 2020 sarebbe diverso.

L’artista ha usato marmo, bronzo, granito, lo stesso materiale usato nelle sculture del passato remoto, ma adesso con forme pure e linee rette. L’opera intitolata Myomo porta l’osservatore a un tunnel del tempo,  a seconda dell’angolazione che vedete o toccate.

Più di 10 anni fa, Yasuda ha detto che ha fatto l’opere per usare il “tatto come testimonianza di ciò che stiamo vivendo”. Ma chiedo: come possiamo gestire il tocco a partire dal 2020?

La risposta, il tempo sarà incaricato di darci. In esso verrà inserita l’intera battaglia contro un minuscolo e invisibile organismo che ha reso il mondo obbligatoriamente, evitare il tocco a non morire.

In effetti, se fosse stato possibile toccare il tempo nel 2007, forse l’umanità non avrebbe ancora la sensibilità di capire che sta esplorando il pianeta fino allo sfinimento. Infatti, è stato necessario qualcosa di molto terribile per mostrare l’incomprensione di una vita focalizzata esclusivamente sul consumo.

 

Myomo

 

“ ‘Minimalismo’ e ‘animismo cosmico’ sono gli unici possibili “ismi” che si addicano a Kan Yasuda e che siano in grado di definirne l’arte. Entrambe le categorie, prima ancora di essere chiavi di critica estetica, sono concetti filosofici. Il “minimalismo” si esprime nelle forme pure che Yasuda realizza e poi depone in un determinato luogo – nel caso di Roma tra gli spazi dei Mercati di Traiano, dove i concetti di “universalità” ed “eternità” si sposano sia con la sede sia con il suo linguaggio artistico – con umiltà e attenzione infinite. Opere che si collocano nello spazio come presenze vive e, in un certo senso, sacre”. Museo dei Fori Imperiali

Nel 2007, ho visto la mostra “Toccare il Tempo” di Kan Yasuda, nel Mercato di Traiano, rovine romane situate vicino al Colosseo e al Foro Imperiale. Indimenticabile. A me un piacere senza uguale. La sensazione era quella di essere in un tempio, in cui passato e presente si mescolavano in uno spazio,

Kan Yasuda ha avuto il privilegio di scegliere un luogo così significativo da sua prima mostra individuale. Posso dire trionfale!

Poi andò a Pizza, il cui contrasto nel tempo era anche straordinario.

Gli eventi attuali, Covid 19, ci mostrano una nuova realtà che richiede una revisione del comportamento degli uomini. Purtroppo,  siamo in balia di un organismo invisibile che ha dichiarato guerra agli umani, significa che il modello attuale è logoro.

Artisti sempre visionari lasciano i loro messaggi tra le linee delle loro creazioni e “Toccare il Tempo” ci mostra che l’artista sarà sempre aggiornato nelle sue ispirazioni e provocatorio.

Se fosse stato possibile toccare il tempo, come suggerisce Kan Yasuda, sicuramente avremmo potuto evitare questa catastrofe e molte altre che erano rimasti indietro.

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Se fosse possível ‘Tocar no Tempo’

Kan Yasuda queria 'Tocar no Tempo' com suas obras em 2007, expostas em Roma. Numa mostra inesquecível colocou 30 esculturas minimalistas nas ruínas romanas do Mercado de Trajano. Se fosse possível 'Tocar no Tempo' 2020 seria diferente.

O artista usou o mármore, o bronze, o granito,  mesmo material utilizado nas esculturas de um passado remoto, porém com formas puras e linhas retas. A obra intitulada Myomo remete o observador a um túnel do tempo dependendo do ângulo que se vê ou que se toca.

Há mais de 10 anos, Yasuda apostava no “tato como testemunho daquilo que estamos vivendo”. Mas pergunto: como poderemos lidar com o toque, o tato, a partir de 2020? 

A resposta, o tempo se encarregará de nos dar.  Nela, estará inserida toda a batalha contra um organismo minúsculo e invisível que fez o mundo obrigatoriamente, abominar o toque para não morrer sufocado. 

Aliás, se fosse possível tocar no tempo  em 2007, talvez a humanidade ainda não tivesse a sensibilidade para entender que está explorando o planeta à exaustão. Algo muito terrível teria que acontecer para mostrar o equívoco de uma vida somente voltada ao consumo.

 

Myomu

“‘Minimalismo” e “animismo cósmico’ são os únicos “ismos” possíveis que se adequam a Kan Yasuda e que são capazes de definir sua arte. Ambas as categorias, mesmo antes de serem fundamentais para a crítica estética, são conceitos filosóficos. O “minimalismo” é expresso nas formas puras que Yasuda cria e, em seguida, estabelece em um determinado lugar – no caso de Roma, entre os espaços dos Mercados de Trajano, onde os conceitos de “universalidade” e “eternidade” são combinados com a sede e com sua linguagem artística – com infinita humildade e atenção. Obras colocadas no espaço como presenças vivas e, em certo sentido, sagradas”. Fonte: Museo dei Fori Imperiali

Em 2007, tive o prazer de visitar a mostra ‘Toccare il Tempo’ de Kan Yasuda, no Mercado de Trajano, ruínas romanas localizadas próximo ao Coliseu e Fórum Imperial.  A sensação foi de estar num templo, no qual o passado e o presente mesclavam-se num só espaço,

Kan Yasuda foi privilegiado em escolher um local tão significativo para sua primeira mostra individual. Posso dizer apoteótico!

Depois foi até Pizza, cujo o contraste do tempo também foi extraordinário. 

Os acontecimentos atuais, o Covid 19, nos mostram uma nova realidade que exige uma revisão no comportamento dos homens. Se estamos à mercê de um organismo invisível que declarou guerra aos humanos, significa que o modelo atual está desgastado. 

Os artistas sempre visionários deixam suas mensagens nas entrelinhas  de suas criações e a ‘Toccare il Tempo’  nos mostra que o artista será sempre atual em suas inspirações e provocador.

Se fosse possível Tocar no Tempo ou seja, Toccare il Tempo, como  Kan Yasuda sugere, certamente, viajaríamos ao futuro e poderíamos ter evitado esta catástrofe e muitas outras que ficaram para trás.