Plastic PlanKton - Xandi  Kreuzeder e Monika Shulze. lixo de praia misto.

Da união arte mais surf resultou Skeleton Sea para expor o submundo dos oceanos

A obra 'Plastic Plankton', exposta no Oceanário de Lisboa, em Portugal, traz como poética a triste realidade que mundo produz seis vezes mais plástico do que os plancton nos oceanos. Anualmente.

Vejam um dado interessante:  plâncton se reproduz numa velocidade assustadora. Mas o uso do plástico está à frente. A conclusão é que a sociedade de consumo está sufocando a própria natureza viva.

A obra ‘Plastic Plankton’ é um alerta e faz parte de um movimento conjunto chamado Skeleton Sea, criado por três artistas europeus que gostam de surfar nas praias do mundo inteiro.

O português João Parrinha, o espanhol Luis de Dios e o alemão Xandi Kreuzeder resolveram juntos desenvolver um projeto de arte, que educa, conscientiza e estimula o respeito aos direitos humanos.

“Mantenha o oceano e as praias limpos”. é o slogan do grupo.

O Skeleton Sea foi tomando forma a partir de 2005,  por intermédio do três surfistas, e agora muitas obras compostas por destroços de naufrágios, lixo de praia, materiais em intemperismo biológico, fazem parte das esculturas criadas por eles. A mensagem principal é atrair o olhar do público para os oceanos e mostrar o que estamos fazendo com eles. 

Um exemplo é dragão monstro, a mais recente obra, criada em 2021 e que está exposta no lago fora no Oceanário. O monstro é todo feito de garrafas pet arrecadadas pelas eco-escolas e em uma rede de supermercado portuguesa. Tem 12 toneladas de garrafas de plástico e 50 metros de comprimento. O mote principal é: queremos continuar construindo monstros de plásticos que irão sufocar nossos mares? 

Bem diferente do dragão-marinho-folhoso , frágil e delicado, que nada nos mares da Austrália e corre o risco de extinção.

A sereia denominada Roxy Mermaid é obra de 2011 instalada em ao longo de vários dias durante o mundialmente famoso concurso de surf Roxy Pro em Biarritz, França. Construída principalmente com sandálias de praia descartadas e outros pedaços de lixo de praia diversos, a escultura Roxy Mermaid em tamanho real surgiu das rochas com vista para as ondas na Costa Basca, Espanha.

O Albatross Exhibitionist foi construído em Msambweni, na costa sul do Quênia. Este majestoso albatroz plastificado destaca os perigos que os plásticos descartados dos nossos oceanos e das nossas praias representam para as aves marinhas. Obra de João Parrinha e Xandi Kreuzeder. 2011.

Tragicamente, muitas aves marinhas são propensas a confundir plástico com comida e muitas vezes sofrem uma morte lenta e agonizante depois de consumir tudo, desde tampas de garrafas PET, sacos plásticos e peças de sandálias até isqueiros, canetas esferográficas e navalhas.Fonte: Skeleton Sea

Obra de Xandi Kreuzeder, feita em 2020. Lixo de praia misto, esfoliante de ferro e garrafas plásticas. 

“Evoluo além da destruição. Você cria, eu resisto. O que não te mata, torna-te mais forte”.

Xandi Kreuzeder nasceu em Munique, Alemanha, em 1962. É escultor, fotógrafo e artesão.

Depois de uma grande campanha em busca de chinelos na costa da cidade do Cabo, na África do Sul, e com ajuda de muitos amigos surfistas Xandi e João Parrinha, os autores da obra, conseguiram juntar 250 chinelos sem par que tinham vindo parar na praia. 

“É muito importante as pessoas darem seu contributo para proteger o meio ambiente, mesmo que seja só para apanhar algum lixo na praia. Quem sabe, se continuarmos nesse ritmo haverá mais chinelos do que peixes no oceano!”. Xandi.

Last Tuna – João Parrinha e Xandi Kreuzeder- ( latas de atum enferrujadas e aço) Oceanário. Memórias enlatadas. Será possível comprimir uma espécie inteira de peixes em latas? perguntam os artistas. Uma memória comovente e penosa, da nossa incapacidade de evitar o que no fundo é tragédia e evitável.

João Parrinha nasceu em Lisboa, Portugal, em 1961. É escultor, pintor e músico. 

 

 

 

 

Para encerrar o nosso artigo coloco o artista potiguar, Rafa Santos, que de forma objetiva e sem rodeios colocou claramente o que no fundo todos nós pensamos. Jogar lixo no mar é burrice total e também muito imundície porque estamos nos matando aos poucos. Nós e todas as gerações futuras. A Pandemia foi só um pequeno exemplo de que o planeta está doente!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Entrevista dada a TV Esporte de Portugal. Skeleton Sea representados por João Parrinha e Xandi Kreuzeder. 

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Minha mulher parece uma artista II

'Minha mulher parece uma artista' foi a frase que ouvi de um italiano se referindo a sua esposa há alguns anos. A afirmação me surpreendeu porque ambos eram idosos, ele com 78 e ela com 81.

Hoje presto a minha homenagem ao casal que conseguiu preservar a admiração entre eles, ao longo dos anos. Depois de quase 60 anos de convivência comum, Humberto  fez a passagem e já não está mais ao lado de Francesca (os dois com nomes fictícios).  No entanto, sua história viverá para sempre.

Muitos Humbertos e Francescas certamente vivem anonimamente neste mundo para mostrarem que para o amor o olhar é sempre belo. Tão necessário contar histórias assim para uma sociedade  que valoriza tanto a aparência física e que faz apologia à juventude e culto ao corpo perfeito. Não a jovialidade de espírito, aquela que permanece criativa, estimulante e vibra com novos projetos e nos deixa jovem em energia física e mental. A apologia a que me refiro tristemente é a artificial produzida pela medicina estética, sem ética, mercenária. Longe de ir contra ela que faz reparos, que restaura e que melhora auto-estima das pessoas. Sou contra a medicina do exagero sustentada pela sociedade de consumo que deforma corpos.

Greta Garbo, atriz ícone das décadas de 20 a 30

Conheci Humberto e Francesca, um casal de italiano em 2010. Os dois são pais de Giorgio, o meu amor. Francesca sempre foi uma mulher vaidosa e elegante e me inspirei na sua personalidade vivaz para escrever uma crônica em 2015 e sempre acompanhei a trajetória deles. Francesca nos últimos sete anos passou sua vida dedicadamente cuidando de Humberto devido a problemas sérios de saúde provocados por um acidente de carro.

A eles reproduzo com carinho a história que valeu uma crônica.

Minha mulher parece uma artista’….

Assim falou Umberto alto e em bom tom, com aquela sonoridade na voz que faz vibrar as mais escondidas e profundas cavidades de nosso ouvido. A frase foi uma reação imediata, logo em seguida que demonstrei a ele minha admiração pela elegância de Francesca.

A entonação usada era tão firme e segura que não havia dúvidas sobre o fato de que ele considerava sua esposa uma mulher tão bela quanto uma artista.

Francesa vestia um longo esportivo preto,  acompanhado por um blazer branco para quebrar a cor escura e para dar um tom mais colorido, colocou como acessório uma flor de seda amarela no lado direito do paletó feminino, mais um colar de pérolas, longo, jogado displicentemente no pescoço, maquiagem delicada, cabelos em coque e um sorriso nos lábios. Ela sabia que encantava o seu pequeno público.

A cena foi tão espontânea naquele espaço de tempo em que Francesca surgiu na porta de sua casa que fiz uma exclamação de admiração e disse:  Que bela!

Umberto assentiu com a cabeça em sinal afirmativo, para em seguida dizer que para ele sua mulher parecia uma artista. Até este ponto da narração nada de incomum  quanto ao fato do marido achar a esposa muito bonita.

No entanto, neste caso, é muito significativo o contexto em que se insere o referido casal. Eles vivem há mais ou menos 50 anos juntos, o que certamente em idade nenhum dos dois tem  20 anos. Arriscamos 80 anos.

– ‘Mia moglie sembra un`artista’, repito a frase original dita para mim por aquele italiano alto, de porte majestoso e ao mesmo tempo extraordinariamente objetivo na constatação de que  sua mulher era carismática.

Afeto

A cena me impressionou tanto que até hoje me lembro do episódio e do casal com muito afeto, como duas pessoas que estão além do tempo. A firmeza nas palavras de Umberto, seu porte altivo (passou maior parte de sua vida como militar de carreira), e a jovialidade de Francesca,  me fizeram enxergá-los com um outro olhar.  Os gesto firme do italiano e a jovialidade  da mulher dele eram tão perfeitos, naqueles instantes mágicos, tão bem acabados quanto uma obra de arte.

Isso mesmo! Uma obra de arte.

Tem gente que não fica velho, apenas antigo. Assim são as obras de arte quanto mais antigas mais valiosas.

Provavelmente, Umberto e Francesca viveram sem grandes pretensões de transformar a vida num contos de fada, pelo contrário, enfrentaram os desafios do cotidiano como todo casal que vive um relacionamento duradouro.

Por isso, não vem ao caso associar um elogio ao sentimento que ele, o marido, nutre pela mulher. O objetivo em colocar como ponto de partida a frase de Umberto para este texto foi fazer uma viagem reflexiva sobre a magia do além tempo. Quase um tratado de Física Quântica, rsss…

Sim, sorrio! É ousado tentar escrever algo nada palpável. Na Física Quântica o objeto muda de acordo com a realidade. Imaginem vocês eu arriscando teorias no campo da Física!

No entanto, é maravilhosa essa condição de, numa fração segundos, captarmos a essência dos nossos mais preciosos e perfeitos conteúdos.

Neste momento lembrei do escritor Milan Kundera quando escreve em seu livro, Imortalidade, suas impressões sobre o encanto de um gesto feito por uma senhora de idade, pela leveza e o jeito gracioso com que acenou para seu professor de natação e como esse instantâneo de comportamento a transformou numa jovem de 20 anos, por segundos.

Jovem

De algum modo, Francesca  que não tinha mais 20 anos, revelou a essência de seu encanto na elegância do modo de vestir e na pureza do seu sorriso. Apresentou-se com o frescor da juventude. Bela como uma artista não somente para Umberto, mas para ela mesma porque sentia-se estimulada pela vida.

Concordo plenamente com Kundera quando diz que uma parte de todos nós vive além do tempo e que talvez só tomamos consciência de nossa idade em certos momentos excepcionais, sendo na maior parte do tempo, uns sem-idade.

Assim Francesca  naquele dia encantou Umberto e fez sentido à reflexão do escritor Milan Kundera.

“Graças a este gesto, no espaço de um segundo, uma essência de seu encanto, que não dependia do tempo, revelava-se e me encantava” .

Festival de Quadrilhas Juninas em Monte Alegre. Foto Samara Terra

Monte Alegre vibrou em cores e música com as quadrilhas juninas

O Festival de Quadrilhas Juninas de Monte Alegre mostrou que o brasileiro não vive sem uma animada festa de São João. Especialmente no nordeste.

Longe do calor nordestino, em terras lusitanas me surpreendi quando a amiga Samara Terra descreveu a festa das quadrilhas em Monte Alegre. “Foi muito lindo ver a cidadezinha toda enfeitada”, contou ela. “A entrada da cidade é um espetáculo à parte, inclusive com um Museu do Forró”.

Na pequena cidade, que pertence a Região Metropolitana de Natal,  se apresentaram 52 quadrilhas juninas durante uma semana. Brilho Matuto foi o grupo vencedor do Festival. 

Monte Alegre-se! Esse foi o slogan do Festival que acolheu muito quadrilheiro ansioso em voltar a dançar para o povo. “Depois de dois anos sem São João, o sentimento que estou é de felicidade por saber que vamos retomar o ciclo junino.” disse Tales Ferreira, do Grupo junino Arroxonó. Fonte: Prefeitura

A razão desse artigo não é só falar sobre o festival de Monte Alegre, que já aconteceu, mas sobre as populares festas juninas que acontecem no Brasil de norte a sul. Cada qual à sua moda de acordo com a região, mas sempre em comum bandeiras, quadrilhas, paçoca, pipoca….

No Paraná, por exemplo, em junho o inverno é rigoroso, portanto as festas têm pinhão, a fogueira e o quentão para esquentar o corpo e o coração. Talvez até menos vibrantes comparando com as nordestinas que celebram com muita intensidade os santos do mês de junho.

Mais interessante ainda é comparar com as festas juninas portuguesas, que também tem bandeiras, música e muita comida típica. Na verdade, foram os portugueses que levaram a tradição para Brasil lá pelos idos de 1600., como festa joanina (João),  nos países europeus católicos.

Vejam só. mas não foram os  portugueses católicos que começaram a tradição de em junho homenagear seus santos. O que presume-se foi uma adaptação do catolicismo a partir de uma festa pagã. 

A história é mais antiga e curiosamente pelo que se  pesquisa na história já existia como festa  da colheita no Hemisfério Norte,  no dia mais longo, o solstício.  Então, começou a partir de uma festa pagã. 

 “O formato era mais ou menos como a gente conhece, com comida regional, danças e fogueira”, afirma a antropóloga e professora da PUC, Lúcia Helena Rangel. Fonte uol história.  Essas festas celebrando solstício para afastar os maus espíritos e pedir fertilidade e abundância à agricultura aconteceram até o século X. 

“A Igreja Católica, cujo Deus não era homenageado, considerava essas festas como meros rituais pagãos. Mas, como não conseguiu acabar com elas, resolveu adaptá-las ao universo cristão. “Já no século 13, três santos passaram a ser homenageados no mês de junho: Santo Antônio (dia 13), São João Batista (dia 24) e São Pedro (dia 29)”, explica a antropóloga Lúcia Rangel.

foto Samara Terra
foto by Samara Terra

Assim o tempo e a cultura de cada povo inserem novas situações e adaptações à sua moda. Hoje é festa do catolicismo o que antes era dedicada aos deuses da fertilidade, para garantir boa colheita.  No  Brasil com muita música e alegria e em Portugal um pouco mais discretas. A quem defenda que as festas de Monte Alegre são festas mais glamurosas, com vistas a atrair turismo., assim como em Campina Grande, na Paraíba. Também há quem diga que o forró que tocam não é o genuíno pe-de-serra e denominam o ritmo da modernidade de forró de plástico. 

Enfim, essas discussões são à parte e o que nos interessa destacar é a tradição que persiste no Brasil e a importância da cultura popular.

Imagens do Oceanário de Lisboa. foto by Mari Weigert

Harmonia da vida marinha é puro relax. Oceanário de Lisboa

A dica é visitar um belo aquário quando estiver à beira de um ataque de nervos. Tenha certeza disso. O efeito relaxante será melhor se visitar o Oceanário de Lisboa, em Portugal.

É o segundo maior aquário da Europa e um incrível local que irá agradar adultos e crianças. A visita começa como se estivesse entrando numa caverna e na penumbra, somente com o reflexo azul da água no vidro, irá se deparar com um grande aquário central. Para você  ter ideia, é um aquário mantido com cinco milhões de litros de água salgada, onde algumas raias, peixes e tubarões nadam em harmonia num constante ir e vir . 

Na verdade, o Oceanário mantem quatro habitats marinhos que criam a ilusão que estamos perante de um só aquário e um só oceano.
A visita desenrola-se em dois níveis, o terrestre e o subaquático, atravessando as águas temperadas, tropicais e frias dos diferentes oceanos do planeta.

Inaugurado em 1998, o Oceanário de Lisboa é um espaço moderno e interativo que desperta a atenção do público para preservação da vida nos oceanos.  Além disso, coloca à disposição de escolas e professores diversos programas de educação ambiental. Pelo site da instituição é possível ter uma ideia de como se desenvolve as pesquisas e os programas. Clique aqui e conheça mais.

“Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.” –     

Fernando Pessoa. Mar Português.

Fantástico dragão-marinho-folheoso que é minúsculo frágil e delicado. De perigoso só no nome.

Enguias de Jardim. Elas vivem em grandes colônias enterradas na areia e durante o dia, saem parcialmente de seus buracos para se alimentarem, viradas para as correntes.

Medusa do Mar. Esse invertebrado tem o corpo constituído em 90 por cento de água e captura seu alimento pela parte superior do corpo e por seus tentáculos urticantes. 

Um exemplo perfeito de harmonia e sincronização é observar o vídeo do dragão-marinho- folhoso. Esse interessante animal, que tem um parentesco com o cavalo-marinho, pelo menos se assemelha a ele, possui vários apêndices em forma de folhas em seu corpo, que o tornam parecido com algas. Esses peixes existem só no sul da Austrália e são alvo de restritas medidas de proteção por parte das autoridades australianas. Observá-los é um verdadeiro exercício de meditação, considerando que eles nadam numa leveza e harmonia incomum. Confiram no vídeo disponibilizado pelo Oceanário.