Festival de Quadrilhas Juninas em Monte Alegre. Foto Samara Terra

Monte Alegre vibrou em cores e música com as quadrilhas juninas

O Festival de Quadrilhas Juninas de Monte Alegre mostrou que o brasileiro não vive sem uma animada festa de São João. Especialmente no nordeste.

Longe do calor nordestino, em terras lusitanas me surpreendi quando a amiga Samara Terra descreveu a festa das quadrilhas em Monte Alegre. “Foi muito lindo ver a cidadezinha toda enfeitada”, contou ela. “A entrada da cidade é um espetáculo à parte, inclusive com um Museu do Forró”.

Na pequena cidade, que pertence a Região Metropolitana de Natal,  se apresentaram 52 quadrilhas juninas durante uma semana. Brilho Matuto foi o grupo vencedor do Festival. 

Monte Alegre-se! Esse foi o slogan do Festival que acolheu muito quadrilheiro ansioso em voltar a dançar para o povo. “Depois de dois anos sem São João, o sentimento que estou é de felicidade por saber que vamos retomar o ciclo junino.” disse Tales Ferreira, do Grupo junino Arroxonó. Fonte: Prefeitura

A razão desse artigo não é só falar sobre o festival de Monte Alegre, que já aconteceu, mas sobre as populares festas juninas que acontecem no Brasil de norte a sul. Cada qual à sua moda de acordo com a região, mas sempre em comum bandeiras, quadrilhas, paçoca, pipoca….

No Paraná, por exemplo, em junho o inverno é rigoroso, portanto as festas têm pinhão, a fogueira e o quentão para esquentar o corpo e o coração. Talvez até menos vibrantes comparando com as nordestinas que celebram com muita intensidade os santos do mês de junho.

Mais interessante ainda é comparar com as festas juninas portuguesas, que também tem bandeiras, música e muita comida típica. Na verdade, foram os portugueses que levaram a tradição para Brasil lá pelos idos de 1600., como festa joanina (João),  nos países europeus católicos.

Vejam só. mas não foram os  portugueses católicos que começaram a tradição de em junho homenagear seus santos. O que presume-se foi uma adaptação do catolicismo a partir de uma festa pagã. 

A história é mais antiga e curiosamente pelo que se  pesquisa na história já existia como festa  da colheita no Hemisfério Norte,  no dia mais longo, o solstício.  Então, começou a partir de uma festa pagã. 

 “O formato era mais ou menos como a gente conhece, com comida regional, danças e fogueira”, afirma a antropóloga e professora da PUC, Lúcia Helena Rangel. Fonte uol história.  Essas festas celebrando solstício para afastar os maus espíritos e pedir fertilidade e abundância à agricultura aconteceram até o século X. 

“A Igreja Católica, cujo Deus não era homenageado, considerava essas festas como meros rituais pagãos. Mas, como não conseguiu acabar com elas, resolveu adaptá-las ao universo cristão. “Já no século 13, três santos passaram a ser homenageados no mês de junho: Santo Antônio (dia 13), São João Batista (dia 24) e São Pedro (dia 29)”, explica a antropóloga Lúcia Rangel.

foto Samara Terra
foto by Samara Terra

Assim o tempo e a cultura de cada povo inserem novas situações e adaptações à sua moda. Hoje é festa do catolicismo o que antes era dedicada aos deuses da fertilidade, para garantir boa colheita.  No  Brasil com muita música e alegria e em Portugal um pouco mais discretas. A quem defenda que as festas de Monte Alegre são festas mais glamurosas, com vistas a atrair turismo., assim como em Campina Grande, na Paraíba. Também há quem diga que o forró que tocam não é o genuíno pe-de-serra e denominam o ritmo da modernidade de forró de plástico. 

Enfim, essas discussões são à parte e o que nos interessa destacar é a tradição que persiste no Brasil e a importância da cultura popular.

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