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Flores e cores de ‘Ela nos Trópicos’ enfeitam a primavera de Trancoso

As flores e as silhuetas femininas das obras da artista Suzel Koialanskas reforçam a poética  da primavera em Trancoso, na Bahia. A mostra ‘Ela nos Trópicos’, que abre neste dia 20 de setembro, é uma explosão de cores num conceito que conjuga feminilidade e feminismo. A artista usa a técnica da colagem em tecidos e descreve pelas flores o cabelo da mulher, cujo corpo se insinua em silhuetas suaves, numa performance lúdica, propositalmente, numa dimensão que transcende o real.

As obras da artista impressionam pela beleza e pelo lirismo das silhuetas sugeridas e delicadas. As telas foram idealizadas em grandes dimensões com objetivo de causar impacto e estimular o observador a refletir sobre o papel da mulher.

A narrativa poética do trabalho da artista ampara-se na luta contra a supremacia masculina, a opressão e a sua submissão desde tempos remotos. Como compensação por esta desvalorização usava seus atributos físicos, sobretudo o cabelo como força e poder, até chegar ao empoderamento da mulher do século XXI.

“Quis levar o espectador a perceber, pensar e refletir sobre a desproporção de direitos e deveres existentes entre o desempenho social do homem como indivíduo, reconhecido plenamente na família, na sociedade como “sujeito de direito” e a mulher do século XXIque se confronta com questões básicas, como abusos, estupros, feminicídios,oportunidades de trabalho, desproporção salarial,buscando usar seu corpo perfeito, a aparência, enfim, seus atributos físicos para agradar o homem e/ou a sociedade compensando esta castração…”, afirma ela.

O interessante foco de sua pesquisa começou no curso de Belas Artes até chegar às 17 telas que fazem parte da mostra “Ela nos Trópicos”.

Aí vem a pergunta: Por que Trancoso?

O paraíso tropical baiano é a primeira cidade na agenda da exposição porque a natureza exuberante de Trancoso impressionou a artista em uma de suas viagens e fortaleceu a sua proposta de trabalho. De um lado a beleza estética, a sedução,  os cabelos em flores, de outro envolve o conceito do que significa o ser feminino e feminista.

Suzel apresenta a mulher pelo lado romântico, lúdico, até lírico, “sem retirar da mulher os seus valores intrínsecos como capacidade e inteligência”. Tal é sua imersão nesse universo, que utiliza como técnica o recorte e a colagem de tecidos, como se fosse tecer algo, tecer os fios de cabelos em flores. O tecer e o tear eram trabalhos manuais, no passado, quase exclusivos do universo feminino.

Klimt

O artista vienense Gustav Klimt influenciou seu trabalho, assim como a Primavera de Vivaldi.

“As mulheres de Klimt com seus atributos, como cabelos, brilhos, flores, nudez, como o colóquio amoroso na cena do “Beijo”, por exemplo, desafiaram a sociedade da época na busca das suas identidades e direitos. A opressão de anos de sociedades machistas, levaram a mulher à sabotar a sociedade em que vivia através de seus atributos físicos e da sua sexualidade com intuito de conquistar o homem e a sociedade.” , Daí a poética nos cabelos longos e floridos como demonstração da simbologia do poder, força e sedução. A mulher compensou a opressão com os cabelos longos, representado na sua poética …nos cabelos das deusas com as flores da primavera”. A primavera é o próprio renascimento da mulher.”

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