Um dos canais em Veneza. Reflexos de um galho de árvore. Se você pensou outra coisa erro. Foto  by Mari Weigert

Histórias de Flávio: Era uma vez um número dois….

Em uma repartição pública, que fica num lugar muito distante, trabalham, a chefe mais amada desse Brasil, e ainda, seis subordinados.

O local onde acontece nossa história de hoje, tem duas salas, uma com aproximadamente 30 m² e outra com cerca de 8 m², além de um banheiro que fica localizado na sala maior.
É óbvio que a chefia escolheu a sala maior para se estabelecer, já que ela é uma pessoa que precisa de espaço…  E, como veio ao mundo somente para praticar o bem, achou de bom tom,  fazer uns móveis bem planejados para enfiar os seis funcionários em 8 m²! 

Vão vendo!

Além disso, a *danhista decretou que o banheiro da “Sala Master” só pode ser usado por… Eu lhes pergunto, por quem?

Sim, apenas por ela e que só pode ser usado por outro cristão se este for o Papa, vai quê ele faz uma visita ao “lugar sagrado”, a dita “Sala Master”. Do contrário, é extremamente proibido o uso por outro ser humano respirante.

Mas, como boa profissional que é, a excelentíssima demora a aparecer por lá!
Eis que, sabendo disso, um dia, uma amiga minha, que faz parte desse grupo de seis em 8 m2 e que dá a alma pelo trabalho, sentiu uma vontade absurda que fazer xixi. Como estava sozinha no local, pensou: Será?
Não demorou muito para decidir, afinal, era somente um xixizinho.

Entrou no local proibido para nossa espécie e percebeu que, a coisa seria mais demorada.
— Ai cara, não me faça uma arte dessa, pare com essa brincadeira sem graça. Que ridículo! Falando em pensamento com o lá de baixo.

Já não havia como segurar, pois tinha comido melancia na hora do almoço, o que não lhe havia caído muito bem.
Mesmo assim, imaginou que seria um número 2 susse. Mas, para sua surpresa, depois de tirar água do joelho, veio à tona o que ela não queria.

Puuuummmm!

Simmm! Ela fez um cocôzão! Ecaaa! ahhhh vá, atire a primeira pedra quem nunca cagou…

Ao final de sua obra prima foi se limpar e percebeu que não havia cestinho de lixo no luxuoso banheiro. Refletiu um bom tempo sobre como se livrar da última prova de sua presença ali. Então, decidiu jogar o papel na patente, com o restolho que havia ali dentro. E puxou a descarga para acabar com qualquer vestígio.
A-i   m-e-u   D-e-u-s! Quando ela deu a descarga…

Brrrrrruuuuuuffffuuuunnnnnn!

A água começou a subir. E, quando a água começa com essa brincadeira, vocês sabem no que vai dar, né?
Um mar de merda se formou no banheiro da toda poderosa! 
Pela hóstia! Óh Jesus!
Sim, às vezes acontecem coisas na nossa vida que a gente fica desacreditado de que Deus existe.

E não havia mais o que fazer!
Precisou acionar o serviço de desentupimento, e estava feita a cagada.
Ao final deu tudo certo, foi tudo limpo e arrumado.
Mas, claro, a patroa ficou sabendo e foi aquela lambança. No dia seguinte, os seis dos 8 m2 receberam uma mensagem informando que o banheiro dos funcionários era lá no 1º andar, e a sala fica no 4º andar em um prédio sem elevador.
Pode uma coisa dessas?! É… cada uma que só por Deus, viu?!
Deixo uma reflexão de autoajuda pra vocês, seus cagões, com todo respeito, é claro:

“Quando você fizer uma cagada na vida, diga a verdade, pois, por pior que pareça, é sempre a melhor opção!”

 

 

*Nota da redação: imagens são interpretadas de acordo com o olhar do observador.  A foto manchete se pensou algo errou. Veja como a poética é de cada um

Muito além do olhar: Dar asas a imaginação

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Uma breve crônica sobre os pés

Encontrei uma foto no Instagram que me colocou a pensar...era um sapato com dentes.

Segundo o artista, (thedoorspellingthefloor) ele é um sapato de dentes, cantando. Acho o máximo o que a arte pode fazer dentro da gente. Apesar do sentido que o artista deu para sua produção, a minha elaboração foi bem diferente.
Me peguei pensando que por muitos anos da minha vida era necessário fechar os meus pés dentro de um sapato, munido ainda de uma meia para mantê-los aquecidos. A “meia era um meio” entre os meus dedos, que ficavam presos, além da minha pele que se descuidasse, criava fungos mal cheirosos gerando frieiras e chulé. Era necessário, após o banho tirar toda a umidade e muitas vezes usar um talco antisséptico para colaborar neste processo todo e para reforçar em invernos rigorosos, ainda fazia o uso do secador de cabelo para garantir a retirada da umidade entre os dedos. Uma rotina bizarra das pessoas que moram em Curitiba e que passa desapercebida, sem nenhuma importância a ser registrada.

Por outro lado, este “sapato de dentes, cantando” me fez refletir, o quanto tudo isso passou ser diferente na minha vida.

Quando cheguei em Natal, toda esta “bizarrice” para os cuidados dos pés deixou de existir na minha vida. Nos anos que trabalhei em empresa percebia as mulheres chegando para trabalhar de chinelos e só vestindo seus sapatos de salto altos ou sandálias, quando chegavam dentro do ambiente laboral. Eu mesma, passei a usar sandálias, sapatos abertos ou sapatilhas frescas e bem confortáveis

https://www.instagram.com/thedoorspellingthefloor/

Mas meu principal “meio de transporte” para os pés sempre foram os chinelos. Em 10 anos que moro no nordeste usei mais chinelo do que todo o resto da minha vida…e olha que já cheguei aos 40. Com certeza não usei tanto chinelo nem na minha “infância gelada”.
A vida no nordeste para mim passou a ter uma leveza diferente. Me embalo na rede, sinto a brisa do mar e tenho o privilégio de um pedacinho da vista do mar de todas as janelas do meu apartamento. Me separei daquilo que me desgastava, fiz escolhas para ter qualidade vida e os sapatos ou chinelos para manter em liberdade os meus dedos dos pés, também fazem parte disso.
Tudo ou apenas isso, me faz pensar no quanto era assustador me dar o direito de concretizar os meus sonhos, como por exemplo morar na praia, fazer uma viagem deliciosa, trabalhar naquilo que sou apaixonada e ainda escolher os horários que eu quero para me dedicar às minhas atividades. Aposto e apostei no meu DESEJO, ele tem “movido montanhas” na minha vida. Mas na minha trajetória só pude me dar conta disso no meu percurso de análise, no “meu divã”.
Então que venha a “liberdade dos meus pés”, a cada dia mais, que venha a qualidade vida!

Foto by Janine Malanski

Humor inteligente na instalação de João Osorio não perde a atualidade

É inegável que a crítica feita pelo artista paranaense João Osorio Brzezinski em 1999, na obra 'Os Três Poderes enquanto o Brasil Implode' não perdeu a atualidade. Infelizmente!

Apenas mudam os personagens na política brasileira. “Eles dormindo e povo se matando”, diz o artista, que também conta que a obra foi recusada pelo Salão Paranaense da época. 

 O Executivo, Legislativo e Judiciário estão deitados em três colchões, cobertos com tecidos de estampas idênticas, porém de cores diferentes. O colchão do meio dorme o então Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso,  fazendo o mesmo sinal de Cristo indicando o caminho, de um lado Antonio Carlos Magalhães, presidente do Senado, num sono descontraído e relaxado e de outro Carlos Velloso, do Supremo Tribunal Federal, com medo dos dois.

Para quem mora em Curitiba ou deseja conhecer a cidade, que já não é tão ecológica, deve dar uma passadinha no Museu Guido Viaro, ali perto da Reitoria para conferir as obras de  Brzezinski na mostra ‘Os inéditos e já esquecidos’ . Pelo título é possível perceber a forte  característica da personalidade do artista, de temperar com uma pitada de humor inteligente, mas um tanto ácido, as suas criações. A mostra ficará aberta ao público até 21 de janeiro.  

A exposição faz um giro na trajetória de vida de João Osorio que celebra os seus 80 anos com muita energia criativa e ainda com vontade de polemizar.  A sua juventude viveu em plena ditadura militar e como aluno do pintor Theodoro de Bona mostrou ao seu renomado professor que sua poética artística não se fixaria na arte acadêmica,. “Ele queria um outro caminho, próprio a seu tempo e ao seu espaço, no seu mundo contemporâneo, provocativo e com uma imensa necessidade de pesquisa”, relata o crítico de arte Fernando Bini. 

Sol Minguante – Acrílico sobre tela/2021. Brzezinski coloca em pauta a questão ambiental e faz críticas irônicas à sua moda.

Em Paisagem – Ecoline sobre Papel/1961 ainda aluno da Escola de Belas Artes do Paraná, início de sua trajetória artística, começa a mostrar a sua inclinação em desenvolver trabalhos mais conceituais. Certamente, grandes nomes da pintura foram seus inspiradores como Cézanne e outros que fizeram história na arte ao reinventar e abrir novos paradigmas para pintura no século  XX.

‘Os inéditos e já esquecidos’ podem ser únicos, porém esquecidos jamais,  mesmo que realizadas há décadas. Brzezinski prova o que PanHoramArte sempre defende: artistas são visionários e testemunhos de uma época.

A beleza e a perspectiva da obra O Vício – Acrílica sobre tela/2002 é um exemplo significativo do seu talento como pintor e de sua linguagem conceitual que obriga o observador a fazer profundas reflexões.

“Além de comemorarmos os seus 80 anos de vida, João Osório quando se tornou professor da Escola de Música e  Belas Artes do Paraná, substituiu o professor Guido Viaro, que lembramos neste mês de novembro e neste ano de 2021 os seus 50 anos de falecimento. Esta mostra lembra também os 150 anos da imigração polonesa em Curitiba que são as homenagens que faz o ‘polaco’João. ” Texto Fernando Bini

Sentinico – colagem /2021 figura entre as criações mais atuais de Brzezinski. “É a árvore raquítica sendo oprimida pelo bloco de concreto”, aponta ele para a instalação que reina no meio do espaço da mostra no mais absoluto martírio.

A foto e a instalação são a visão surreal do futuro. Surpreendente!

O concreto vencendo a natureza e o homem sem poder respirar livremente. 

Máscara, concreto e pouco verde.  Só nas tintas e na memória dos artistas!

Obras de arte roubadas pelo poder colonial, museus e restituições

Uma ânfora de ouro devolvida a região de Anatolia, na Turquia, por um museu de Londres, textos milenares antigos foram entregues pelo EUA ao Iraque....

E assim vai a lista  extensa de bens culturais retirados dos países de origem ilegalmente pelo poder colonizador.  Uma matéria muito interessante no ArtTribune italiano. Uma matéria de Giulia Giaume

Quem já visitou o Louvre ou o Museu Britânico sabe do que estamos falando. Certamente que grande parte estão devidamente legalizadas, mas o roubo de obras de arte em época de autoritarismo e opressão é inevitável e difícil de resolver.

O Victoria & Albert Museum de Londres acaba de devolver à Turquia uma antiga jarra de ouro da Anatólia. Datado de mais de 4 mil anos atrás, é provavelmente um artefato feito como um presente funerário. A jarra havia entrado na coleção do museu britânico como um legado de Arthur Gilbert, um colecionador e empresário imobiliário que a adquiriu por cerca de US $ 250.000 do comerciante de Los Angeles Bruce McNall, recentemente conhecido pela acusação de comércio ilegal de antiguidades. Fonte: ArtTribune

Eis o texto na íntegra em português:

Quantas vezes somos informados sobre obras de arte roubadas do Ocidente na era colonial?
Um dos monólitos sagrados da Ilha de Páscoa, nunca devolvido ao Chile pelo Museu Britânico, os mármores do Partenon levados por Lord Elgin, ainda não retornaram à Grécia novamente pelo Museu Britânico (que possui mais de 70.000 artefatos africanos e está mais inclinado a emprestá-los aos que são os verdadeiros proprietários), mas também centenas de obras de arte roubadas da Itália durante a espoliação napoleônica entre o final do século XVIII e a primeira metade do século XIX – que alguns definem os maiores movimentos artísticos da história – ainda hoje permanecem em território francês. Apesar disso, houve alguns progressos: desde a segunda metade do século XX, o tráfico ilícito de bens culturais e a sua devolução (se retirado indevidamente) foram regulamentados por várias convenções, infelizmente não retroativas, como a de Haia de 1954, sobre a taxa durante as guerras, a da UNESCO em 1970, para proibir e prevenir a importação, exportação e transferência ilegal de bens culturais, e a UNIDROIT, de 1995, sobre bens culturais roubados ou exportados ilegalmente. Aqui estão alguns exemplos de sucesso de retorno no campo artístico, para manter o otimismo enquanto aguarda os próximos passos à frente”. Texto: Giulia  Giuame.

Uma tabuinha contendo parte do Ciclo Épico de Gilgamesh, o lendário rei de Uruk – considerado o primeiro texto literário da humanidade e o segundo documento religioso do mundo depois dos Textos das Pirâmides – foi devolvida em setembro de 2021 dos Estados Unidos para o Iraque., de onde foi tirado junto com 17 mil outros achados preciosos. A tábua devolvida – medindo 15 por 12 centímetros – é chamada de “sonho de Gilgamesh”, que diz respeito a um trecho do poema em que o protagonista conta à mãe sobre seus sonhos noturnos. Ele desapareceu em 2003 e foi vendido dez anos depois por US $ 1,7 milhão ao magnata americano David Green, que o exibiu em seu Museu da Bíblia em Washington antes de ser confiscado pelas autoridades americanas. Uma placa votiva suméria em calcário datada de 2.400 aC também retornará ao Iraque. pelo Museu Britânico.

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O vaso de flores de Jan van Huysum roubado durante a Segunda Guerra Mundial foi devolvido ao Palazzo Pitti em 2019 graças à intervenção do Itamaraty e ao apelo do diretor da Uffizi, Eike Schimdt – após anos de negociações com o governo alemão. O mesmo aconteceu com a Fundação Cerruti de Torino, que chegou a um acordo com os legítimos sucessores do quadro Madonna e o Menino de Jacopo del Sellaio, San Giovannino e dois anjos, saqueados pelos nazistas na França em 1942.

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Em 2018, o presidente francês Emmanuel Macron decidiu devolver 26 obras de arte roubadas do Benin durante a era colonial e exibidas no Musée du Quai Branly-Jacques Chirac para o estado do Benin na África Ocidental até 2021. O museu organizou recentemente uma cerimónia de despedida dos 26 objectos, em torno dos quais se construiu uma tensão precária: o Ministro da Cultura do Benin, Jean-Michel Abimbola, disse que a França não respondeu a todos os pedidos de restituição, dos quais trabalha questão são apenas uma parte, incluindo uma estátua de Ogum, deus do ferro e da guerra exibida na exposição de arte africana de 1935 no Museu de Arte Moderna de Nova York.

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O Museu Etnológico de Berlim, que depois do Museu Britânico possui a maior coleção de bronzes do Benin na Europa, ordenou a devolução de seus bronzes em 2021. O governo alemão e a Comissão Nacional Nigeriana para Museus e Monumentos assinaram um memorando estabelecendo um cronograma para a devolução de artefatos roubados do palácio real de Benin em um ataque militar britânico em 1897. O acordo abre caminho para um contrato formal. assinado até o final do ano e prevê a transferência da propriedade de cerca de 1.100 bronzes do Benin dos museus alemães para a Nigéria assim que o pavilhão projetado por Sir David Adjaye for concluído, residência temporária até a construção do Museu Edo de Arte da África Ocidental .

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