Guerra e Paz. Cândido Portinari

Faça parte das Forças Amadas. Vamos juntos nessa!

Forças AMADAS ao contrário de Forças Armadas. Escola Superior de Paz em substituição a Escola Superior de Guerra.

A ideia à primeira vista parece loucura. Sim, é uma loucura lúcida do cineasta e documentarista Silvio Tendler, que convida a todos os cidadãos brasileiros, a integrarem uma Frente Ampla e Democrática para transformar o mundo e mudar conceitos que são padrão, entre eles que uma Escola de Superior de Guerra existe para formar jovens que defendam a segurança e a paz dos povos. 

A frase que encabeça seu manifesto é a de Jacques Prévert:

“Quelle connerie la guerre!”
(“Que babaquice a guerra!”)

Como idealizador dos Estados Gerais da Cultura, um movimento que luta contra o desmonte e aniquilamento de nossa cultura, cujo lema é “Com arte, ciência e paciência, mudaremos o mundo”,  o cineasta dos sonhos interrompidos, como é conhecido, acredita que utopias e sonhos tornam-se reais quando existe a ação.

Silvio propõe a construção de uma nova sociedade, com direito a Educação, moradia, emprego, saneamento básico, água limpa, saúde, arte, cultura e tecnologia a serviço de todos!

Abaixo o manifesto na íntegra:

POR UM MUNDO DE PAZ:

uma proposta da Escola Superior de Paz dos Estados Gerais da Cultura

“Quelle connerie la guerre!”
(“Que babaquice a guerra!”)
– Jacques Prévert

Por um mundo sem a existência das Forças Armadas e no seu lugar Forças AMADAS. Por um mundo que a Escola Superior de Guerra seja transformada numa ESCOLA SUPERIOR DE PAZ.

Durante a pandemia, todos nós que saíssemos vivos tínhamos uma promessa de um mundo melhor. Já passa da hora de nos voltarmos a um crescimento centrado nas preocupações sociais humanitárias e voltado para o desenvolvimento sustentável. 

O século XXI chegou e as guerras continuam a colocar em risco a vida no planeta. Ainda pior, com uma potente aliada virtual, a guerra híbrida, que criou o lawfare e que inunda os lares e envenena a mente das pessoas com conteúdo tóxicos, mentiras e ódio verbal. Só privilegia regimes autoritários e enriquece as mega plataformas – mídias sociais. 

Acreditamos na UTOPIA  como acreditaram dois jovens, nos anos 60, ao criarem o movimento Provos. Uma iniciativa que provocou grandes transformações na Holanda e inspirou importantes movimentos de contracultura no mundo. Tudo começou na década 60, na cidade de Haia, Holanda, quando os jovens, ainda estudantes e brincavam, viram passar mísseis da Otan. Ficaram surpresos ao ver o país ser ocupado por aquele arsenal nuclear.  Se o final da Segunda Guerra Mundial e da Guerra da Coréia representavam um mundo de paz, o que era aquilo? Não estávamos a caminho de um mundo sem guerras? 

A resposta que receberam a esses questionamentos foi a expulsão da escola. O Provos começou a tomar forma, como provocação, porém pacífica. Diante da difusão de armas nucleares pela Europa e a ameaça à prometida paz, o grupo propunha a construção de uma sociedade alternativa ao mundo bélico.

Para eles, os movimentos anarquistas anteriores defendiam ideias já superadas pelo tempo. Decidiram, então, fazer um jornal e, para comprar uma máquina de escrever, um deles foi trabalhar em uma fábrica de cerveja, em Amsterdã, com a função de colocar chapinhas nas garrafas. Ao perguntar aos seus colegas operários o que fariam se fossem pagos para escrever, ler, pensar e se dedicar a atividades criativas, ouviu a negativa “nós não podemos abandonar nossa classe, não podemos abandonar o nosso trabalho”.

Foi ali que perceberam que a conservadora classe operária jamais mudaria o mundo, e avançaram a discussão sobre os movimentos sociais, questionando as formas de contestação política tradicionais.

O primeiro ato que promoveram foi pintar uma bicicleta de branco e deixá-la pelas ruas de Amsterdã para uso coletivo, quem precisasse a usava. Foram acusados de tentar destruir o capitalismo e seus princípios essenciais de propriedade e lucro. O protesto ganhou vida própria e as bicicletas brancas se multiplicaram pela cidade. Publicaram um manifesto, que logo foi proibido pelo prefeito da cidade de ser distribuído. Os jovens, então, distribuíram rolos de papel higiênico sem palavras, aprofundando o protesto. Fundaram a “Igreja da Dependência Consciente da Nicotina”, cujo templo era aos pés da estátua Lieverdje, que representa um menino de rua, e havia sido doada para Amsterdã por uma indústria de tabaco responsável por uma quantidade expressiva de pessoas com doenças pulmonares. Lá, entoavam semanalmente o mantra “cof, cof, cof, cof”, dançavam, cantavam, jogavam e faziam discursos, o que virou a religião do Cof-cof.

Seus protestos, inteligentes e pacíficos, continuamente denunciavam a violência policial. A popularidade dos Provos chegou ao nível de tornarem-se uma atração turística. Com isso, consideraram que suas ações começaram a servir ao capitalismo e decidiram pela dissolução do grupo, mas como uma pedra que se joga num lago de águas plácidas e provoca ressonâncias, novas ideias espraiaram mundo afora. Guy Debord, filósofo e sociólogo, escreveu “A Sociedade do Espetáculo” inspirado nesses movimentos. Também foram a fonte da Internacional Situacionista.

As guerras só se justificam contra as tiranias. Contra a violência dos tiranos, não há paz possível. Hoje, o mundo observa perplexo o recrudescimento dos movimentos fascistas em todas as partes. Lutar contra esses movimentos é tarefa essencial de todos os democratas. Na Europa, plantam-se raízes para uma terceira guerra mundial. No conflito entre EUA, Rússia, Ucrânia e Otan, não há mocinhos nem bandidos. Em todos os territórios, quem perde é o povo.

Biden “precisa salvar a economia” instigando mais um conflito de proporções globais. Incita a guerra entre Rússia e Ucrânia para vender armas da indústria bélica americana e assim gerar emprego nos EUA, ao mesmo tempo em que testa a eficácia de suas armas às custas do sangue alheio, para no futuro ainda serem pagos pelos ucranianos a um “preço justo” pela “gentileza” de terem cedido o armamento.

Putin “precisa provar” algo que o leva a destruir, sem cerimônia, casas e habitantes do país vizinho. Caso seja derrotado, terá que assumir com os EUA uma dívida de guerra. Zelensky é o tolo que puxa o saco dos EUA e da Europa às custas da vida de seu povo. A Otan, instrumento criado durante a Guerra Fria para lutar contra o comunismo, mesmo depois do fim da URSS, continua mobilizada e agressiva, incentivando o ódio e ameaçando nações.  

Todos posam de santo em uma guerra que de santa não tem nada. A “neutra” Suécia vende aviões militares para o Brasil. A “neutra” Finlândia leva água das veredas de nosso sertão sob a forma de eucalipto para fabricar papel, assassinando a natureza através do desequilíbrio ecológico que provocam. Uma guerra onde toda a população perde e só os governantes, que não estão nas frentes de batalha, tem seus ganhos. Nada disso se justifica em 2022!

Enquanto isso, um “tiranossauro fascista” na presidência do Brasil e seu grupo de devotos aniquilam o país à força, destruindo a natureza, os seres humanos e as fibras da sociedade. Em pleno ano de eleição, ameaçam nosso tão arduamente reconquistado direito ao voto. 

Através da truculência como arma de persuasão, ensaiam um golpe de estado que arruinará o pouco de democracia que ainda nos resta. Junto a ele, as Forças Armadas do Brasil, tradicionalmente se posicionam contra os interesses dos brasileiros, com um modelo militar arcaico e de formação antidemocrática. E ainda, a cobiça pela Amazônia – menos pelo que ela representa para a natureza, e mais pela exploração de seus valiosos recursos – é o que pode fazer do Brasil foco da iminente terceira guerra mundial.

Sejamos inteligentes! Só uma outra sociedade poderá nos salvar de toda a destruição que nos vem sendo imposta! 
A política que precisamos é a dissolução das Forças Armadas, transformando-as em Forças AMADAS, em defesa da vida. Uma academia que, em vez de guerra, promova a paz e resguarde seres humanos, mamíferos, carnívoros, granívoros, minerais, vegetais, líquidos, sólidos, gasosos… As academias militares convertidas em academias de preservação da vida nos livrarão da política predatória que concentra dinheiro nas mãos de poucos em detrimento de todo um ecossistema. A Escola Superior de Guerra extinta e a fundação de uma Escola Superior de Paz é o que efetivamente poderá proteger a todos e todas que ocupam esse planeta chamado Terra, nesse pedacinho chamado Brasil. Concentrar nossas forças na valorização à vida é o que de fato nos fará melhores!

A construção de uma nova sociedade, uma sociedade harmônica, focada na civilidade, é o nosso objetivo. Educação e moradia de qualidade, emprego, água limpa, saneamento básico, saúde, arte, cultura e tecnologia a serviço de todos! Corro o risco de cometer uma heresia, porém, afirmo: o que é ruim não é o agronegócio, mas sim o latifúndio improdutivo, a imensa concentração de propriedades nas mãos de apenas alguns, que impedem que milhões tenham acesso à terra para viver e cultivar. O que é ruim é o uso de agrotóxicos, que envenena e mata todo tipo de vida sobre a terra. O que é ruim não é a indústria da construção, mas a destruição inescrupulosa dos ecossistemas, a exploração das terras de nossos povos originários pela mineração absolutamente predatória, que assassina, que ceifa vidas, que destrói a natureza. O valor da propriedade urbana deve ser medido pela necessidade de fornecer moradia a todos, e não como produto para uma mera especulação imobiliária.

A todos que trazem dentro de si a certeza sobre a preciosidade de nossas vidas, convido a endossar esse manifesto. A criação de uma frente que una todos em defesa da democracia, que junte todas as forças anti-fascistas, é fundamental nesse momento para evitarmos o pior. 
Uma FRENTE AMPLA DEMOCRÁTICA!  Essa chamada, essa frente, é uma convocatória àqueles que queiram se juntar em defesa do direito de viver, a todos que reconhecem a importância de seguir em frente com nossos princípios: com arte, ciência e paciência mudaremos o mundo! Escrevo com a certeza de que cabemos todos nesse imenso território chamado Brasil. Vida acima de tudo!

Silvio Tendler é cineasta e autor de memoráveis documentários sobre ativismo social e político. Sua mais recente obra é Saúde tem Cura – que trata da importância do SUS ( em fase de lançamento) e a Bolsa e a Vida, um filme realizado durante a pandemia sem nenhuma ação presencial. Também idealizador dos Estados Gerais da Cultura, movimento criado para contrapor as medidas de destruição aniquilamento da cultura brasileira colocado em prática no governo de Jair Bolsonaro. Siga o EGC nos Youtube, Instagram, Facebook, Twitter. As obras de Silvio Tendler, filmes como Jango (premiado), A Bolsa ou a Vida, sobre a pandemia, estão disponível em seu canal Calibancinema (clique aqui).

 

Diante dessa convocatória, como editora do PanHoramArte  e como integrante dos Estados Gerais da Cultura, faço minha adesão a essa chamamento. 

Vida Acima de Tudo

Não foi sem razão escolhermos os painéis de Cândido Portinari, cujo o tema é Guerra e Paz. Uma obra gigantesca em tamanho e conceito criada pelo artista para a sede da ONU. Uma reflexão proposta por Portinari, com a proposta de ampliar frentes contra o flagelo da guerra.

Imagem by Avaaz. Todos direitos reservados

Por uma internet sem mentiras, mais informação e menos ódio. Avaaz!

A União Europeia já aprovou a sua lei de serviços digitais para conter as megaplataformas -Youtube, Facebook e Tik Tok - na disseminação de mentira e desinformação. As notícias falsas sobre Covid-19 mostraram o desserviço de uma internet manipuladora.

E o Brasil? Já colocou um basta na violência verbal online?.

O Brasil tem um longo caminho a percorrer para diminuir a disseminação de fake- news e deep-news. No entanto, a vitória obtida com a lei europeia irá refletir também em território brasileiro porque as “Big Tech” terão que se adequar de forma global.

Durante anos as megaplataformas ganharam bilhões enquanto inundavam o mundo com desinformação, discurso de ódio e outros conteúdos nocivos

Imagem by PanHoranArte

E quem estaria por trás desta grande luta para banir da internet informações tóxicas que colocavam em risco a democracia e vida das pessoas? 

Muitos movimentos e jornalistas! No entanto, AVAAZ  destaca-se nesta luta como uma rede mobilização social global  por meio da internet. Em 2018, vivendo por uns tempos em Portugal recebi um e-mail da Avaaz oferecendo oportunidade de trabalho para técnicos e jornalistas que deveriam trabalhar  na elaboração de um estudo sobre o quanto era nocivo à sociedade a desinformação e a disseminação de notícias falsas.

A primeira vez que ouvi falar de Avaaz foi num Festival Internacional de Jornalismo, em Perugia, na Itália, em 2010. A plataforma estava começando como rede – 2007 data de fundação.

“Depois de anos de campanha incrível, a União Europeia acaba de concordar com uma lei histórica que forçará a Big Tech a mudar – e isso pode ser o início de uma revolução global para proteger a todos nós!Podemos dizer honestamente que a nova Lei de Serviços Digitais da Europa não seria assim sem a Avaaz.”, escreveu Luca Nicotra – diretor da Avaaz, num e-mail enviado a jornalistas e colaboradores.

Por mais de quatro anos Avaaz  e uma parte da sociedade interessada esteve empenhada nesta batalha de proteger cidadãos e democracia.

Vamos resumir a história contada para nós por Luca, de como algumas dezenas de ativistas, pesquisadores e centenas de milhares de membros da Avaaz em todo o mundo enfrentaram algumas das corporações mais poderosas que já existiram – e venceram!

“Realizamos investigações maciças sobre os danos causados pelas mídias sociais e compartilhamos nossas descobertas em todos os lugares. Em seguida, elaboramos propostas legislativas inovadoras sobre como proteger nossas sociedades, bem como a liberdade de expressão, e fizemos um grande esforço para atrair os principais legisladores! E funcionou!” Luca Nicotra

Imagem via internet - perfil Luca linkeding

2018 – Cem Zuckerbergs

“Em abril daquele ano, lançamos nossa primeira chamada global para plataformas e reguladores para “Corrigir o Fakebook” e controlar a grande tecnologia” Mais de 1 milhão de pessoas aderiram a chamada e foi feita uma campanha de recortes de papelão com a imagem de Mark Zuckerberg, que chegou à imprensa em todo o mundo.  Avaaz foi ao Vale do Silício convencer as empresas a agirem. Nem foram recebidas! Concluíram eles que a estratégia deveria ser outra. Ir ao encontro dos legisladores.

 

Imagem via internet

2019 – Diagnóstico do problema e definir correções

A ideia de que mentiras e teorias da conspiração estavam impactando as democracias foi contestada pelos legisladores europeus. Precisavam de provas.  “Assim, inspirados por um projeto lituano, contratamos pesquisadores que chamamos de “elfos” para investigar os “trolls” da internet e revelar a escala do problema da desinformação”. Uma equipe de 30 “elfos” se instalaram Bruxelas, o quartel general, e descobriram que 30 mil monitores do Facebook não detectaram redes enormes, usando contas falsas e páginas inautênticas, espalhando mentiras tóxicas e ódio por toda a Europa. As redes foram retiradas do ar pelo FB e poderiam ter 3 bilhões de visualizações em único ano.

Imagem via Avaaz

Vídeo do movimento Avaaz disponível no Youtube pedindo a todos que se unam para pressionar a UE na elaboração da Lei sobre Serviços Digitais. 

“Se este é o momento em que a UE pode liderar uma redução global da desinformação online, enquanto protege a liberdade de expressão, e produzir o que poderia se tornar o quadro regulatório mais avançado já apresentado – um “Acordo de Paris” para a desinformação”- Com pesquisas atualizadas sobre a desinformação do Covid 19 nas mídias sociais, um ano depois, do Center for Countering Digital Hate e da Avaaz e uma avaliação plataforma por plataforma de seus esforços para combater a desinformação e a transparência que eles fornecem sobre seu negro algorítmico caixa. Entre a Orientação da Comissão para um novo Código de Conduta sobre Desinformação que acaba de ser lançado e a Lei de Serviços Digitais que está chegando, o que precisamos para fornecer uma estrutura eficaz contra a desinformação?” AVAAZ

2020 – Mídias Socias versus democracia e Saúde Publica

À medida que o Covid-19 se espalhava pelo mundo, mentiras e teorias da conspiração sobre ele também se tornaram virais. O Facebook era epicentro dessa disseminação de notícias falsas. Depois da pressão feita pelo movimento social o Facebook , especialistas direcionaram todas as publicações para checagem à OMS.

“Não paramos por aí e, em outro relatório contundente, mostramos como o próprio algoritmo do Facebook se tornou uma ameaça global à saúde pública”.  Espalhamos nossas descobertas por toda a mídia e apresentando-as diretamente às principais autoridades da UE e dos EUA.”

2021 – Acordo de Paris para a Internet

Não havia mais dúvidas sobre a ameaça que a desinformação representava. Mas as leis estavam ainda muito incipientes no mundo inteiro. Para Avaaz, quando a UE começou a desenvolver a Lei de Serviços Digitais era a chance para conter essa loucura global – notícias falsas tornam-se verdadeiras.”E então, depois de anos de trabalho, meses de negociações e um trecho final de mais de 16 horas de discussões ininterruptas em Bruxelas, aconteceu: autoridades e legisladores concordaram com uma lei histórica que responsabiliza as plataformas pelos danos causados ​​por seus algoritmos “.

 

Estamos na vanguarda dessa luta ao lado de um conjunto incrível de organizações, pesquisadores, denunciantes e, sim, políticos. Mas mudar a forma como essas grandes corporações operam não acontecerá da noite para o dia. Nosso movimento celebrará essa grande vitória e continuará lutando pela internet que o mundo precisa e nosso povo merece. AVAAZ

Nós também da editoria do PanHoramarte estaremos sempre em sintonia com os movimentos que buscam um mundo menos desigual e mais justo. Apostamos na esperança ou no esperançar, citando Paulo Freire, de que a internet será uma grande ferramenta que irá fortalecer a democracia, conectar, informar e abrir caminhos para a paz.  Já há tempos estamos alertando sobre os malefícios da desinformação e dos discursos de ódio. Muito ainda vamos publicar sobre o assunto para não dar chances às mentes tóxicas envenenarem o mundo. Vamos  fortalecer o amor e o afeto entre as pessoas. A arte e cultura são armas potentes para neutralizar o ódio!

Matérias semelhantes: 

Violência verbal e ódio online tem raiz numa guerra cultural

madonna-beeple-nft

Madonna e sua incrível capacidade de se reinventar

Na ausência de espírito crítico, apenas a vagina de Madonna torna-se o centro das atenções. Mas o artista digital Beeple e a cantora pop americana brincam com os conceitos numa obra de arte de ficção científica.

A dupla de artistas, nesse momento pós pandemia coloca no mercado, três vídeos, nos quais a cantora aparece dando a luz a uma árvore, a borboletas e robôs, em uma cidade distópica e dilapidada e em um jardim exuberante. As obras estão certificadas com a tecnologia NFT (non-fungible token), que garantem sua autenticidade. 

Beeple é aquele artista que criou uma obra de arte digital, Everydays: The first 5000 days, ao longo de cinco mil dias, e que foi vendida pela casa de leilões Christie’s por 60 milhões de dólares.mais de 300 milhões de reais, no ano passado.

Trata-se da primeira peça completamente digital vendida pela famosa casa de leilões Christie´s em mais de 250 anos de história. A colagem de Beeple também é gigantesca, de 21.069 x 21.069 pixels. As primeiras ilustrações foram feitas em maio de 2007, desde então o designer alimentou esta obra aos poucos, se estendendo por 14 anos de produção. Como seu próprio nome já diz, trata-se de uma compilação de 5 mil dias de trabalho.

Os  vídeos idealizados pelos dois artistas, ela cantora e ele designer, têm os títulos: Mãe da Natureza, Mãe da Evolução, Mãe da Tecnologia – de uma série Mãe da Criação. Certamente, o sucesso é garantido pelo que representam Beeple e Madonna no mundo artístico. A rainha do pop vem construindo durante todos esses anos  um mito de si mesma. É inegável o êxito de seu esforço  e Beeple fala a linguagem do século XXI.

Ao longo de sua carreira e vida, Madonna frequentemente se cruzou com a arte, desde a história de amor com Jean-Michel Basquiat até a extensa coleção de obras de Tamara De Lempicka, Fernand Léger e Pablo Picasso. Mas desta vez, podemos dizer, ele realmente decidiu se lançar em primeira pessoa e, mostrando o olhar longo de sempre, seguindo o fluxo da criptoarte e dos NFT Non Fungible Tokens. A este respeito, a imagem de perfil de Madonna no Twitter é um Bored Ape, os macacos entediados e muito caros do exclusivo Yacht Club.. Fonte: Exibart.

Matéria semelhante

“Madonna que chatice são suas aulas de pop arte agora”

 

 

Foto via Facebook de Antonio Quinet. Todos direitos reservados ao autor

‘Arte é arma! Ao mesmo tempo antídoto contra a violência’. Antonio Quinet

A frase acima atinge diretamente o coração de quem ama e se conecta com a arte para viver.

 A arte é arma e antídoto sim e temida por regimes autoritários. Mas quem falou sobre a força transformadora da arte foi  Antonio Quinet, professor, dramaturgo, escritor e considerado entre os mais importantes psicanalistas do Brasil.  

Aliás, não só falou mas encantou seu público, inclusive essa jornalista que escreve aqui,  num encontro realizado pelo Estados Gerais da Cultura,( clique aqui ) no início da pandemia, em setembro de 2020, que jamais perderá a atualidade. Vale a pena ver de novo e recomendo que assistam e revejam sempre pela incrível aula sobre o porquê do ódio que predomina os tempos atuais. 

“O ódio é uma expressão daquilo que todos nós temos, que é a pulsão de morte.”

Até ele chegar na importância da arte e da cultura como peças chaves na transformação do homem, Quinet, com um bom professor, foi fundo e nos mostrou, em  primeiro lugar,  como Freud criou a teoria ‘pulsão de morte’ e como a história e as guerras fizeram o grande  mestre austríaco reconhecer que este desejo que vai em  direção à morte e auto destruição está dentro de todos nós.

Estamos vivendo um tempo de incitação ao ódio e a violência e como vocês sabem não começou hoje, ele é velho como o mundo. Quinet.

Mas nosso professor chama a atenção que nos tempos atuais não estamos vivendo uma guerra oficialmente, a diferença está no discurso que legitima o ódio, a violência dirigida ao outro. 

O mal é autorizado, legalizado e banalizado

No entanto, apesar de mostrar a realidade Quinet nos estimula a resistir e nos mantermos na nossa utopia. 

Uma política de destruição que que está sendo devastadora. Devastadora do ser humano, devastadora da nossa cultura e devastadora do nosso meio ambiente. Ou seja,  tá acabando com a terra, tá acabando com a humanidade. E nós realmente temos que nos unir e a cultura é uma arma fortíssima contra isso.

É por isso que estou repetindo e publicando de novo a fala de Antonio Quinet. Para lembrar que precisamos nos unir, que pela arte e a cultura podemos mudar o mundo. 

Aí me pergunto, como vou reduzir 40 minutos de uma fala brilhante de um dos mais importante entre os psicanalistas brasileiros em apenas poucos minutos, que é a proposta atual do PanHoramarte?

Simples vou citar as frases de impacto dele e incitá-lo  você leitor  à arte. Prestem atenção em alguns pontos

Sobre a Pulsão de Morte

Na verdade, foi a Guerra e a continuação de tudo que ele via na análise, nos pacientes neuróticos, que existe alguma coisa do próprio sujeito que resiste a ser curado a ser curado dos seus sintomas. Então, ele começou perceber que nós não somos apenas regidos pelo princípio do prazer, ou seja que a gente tem o prazer, mas se a gente tem um pouco de dor, a gente recua um pouco, negocia, tenta fazer um pouco de prazer. Mas tem algo dentro dos homens e das mulheres que é uma tendência destrutiva e que ele vai chamar de pulsão de morte.

Sobre a guerra

Porque a guerra desorientou todo mundo e ninguém sabia explicar o porquê da guerra, para além das conquistas territoriais e Einstein, então, escreve para Freud um texto que se chama: o Dr Freud porque a guerra? Freud responde: a guerra é uma orgia de gozo. 

 Sobre Paixões

Essas manifestações da pulsão de morte na civilização elas tendem a acabar com a civilização, a destruir a civilização. Elas se transformam em paixões.(…)Lacan disse que existem três paixões do homem, o amor, o ódio e a ignorância. Sim, é surpreendente colocar a ignorância como uma paixão.

Sobre Ignorodio

O anti-intelectualismo hoje virou uma grande paixão e o ataque, e o ódio junto. Eu diria que o amor está para Eros, assim como o ódio e a ignorância está para Tânato, a pulsão de morte. Por isso que eu cunhei a expressão o ignorodio, que são as pessoas que tem ódio do saber do outro, tem ódio de quem faz conhecimento e que negam e são os negacionistas. Os negacionistas que essa pandemia – realmente o catastrófica – que é um desastre, que não é apenas uma gripezinha. São os que tentam negar a realidade e negar o conhecimento e tem ódio de quem faz conhecimento e quem faz ciência. Então nós vemos que o ignoródio é uma manifestação na civilização dessa pulsão de morte. Terrível e regenciada. Nós sabemos que sendo regenciada com propósitos.

 

Sobre a arte

O que é arte? Qual é o campo propriamente da arte. Nós temos isso que é verdade, que Freud fala, que você coloca sua energia libidinal e erótica para criar. Mas tem algo que você realmente cria e não apenas copia, o que você faz. Tem que criar algo novo. O novo é o que é próprio da criação. O novo é criado do nada. ‘Ex-nihilo’ em latim. Então, é a partir de uma operação de esvaziamento daquilo que há, daquilo que é, que algo pode brotar dali, que não seria apenas as flores do mal, mas as flores da arte. As flores da arte nascem no campo devastado da pulsão de morte.

Sobre o Teatro

Freud o que diz, justamente a partir de Édipo – o rei, de Sófocles, aquilo o que o sujeito vê em cena é o seu inconsciente. Essas coisas terríveis que vemos fazem parte do nosso inconsciente. A arte é a possibilidade de transformar os terrores e horror cotidiano em arte. Não só como forma de sublimação de pulsão de morte, como também através da beleza estética que aquilo proporciona e do afeto que aquilo proporciona, tem algo de uma transmissão que a arte proporciona, que os gregos sabiam, um efeito didático, educativo, efeito moral, de uma transmissão, de uma lei.

Sobre a dor surge a arte

Não é à toa que nos momentos mais terríveis, de guerra, de ditadura, surge movimentos de criação de artistas, incríveis, derivação do medo, do terror, que brotam as flores da arte ao lado de todas as flores do mal, nesta floresta de devastação. Acontece com a pintura, o canto, algo que nos toca de real, do afeto. Só aquilo tem um poder, que não é só divertimento, vai muito mais do que isso.

A Cena 

O teatro tem a particularidade, ao ser colocado em cena determinados conflitos, despertarem o espectador de uma maneira tal, que na rua está vendo a mendiga com o neném deitado no seu colo, que pode estar vivo ou morto, mas ele não é tão tocado porque é banalizado e de repente vai ao teatro e vê uma cena deste tipo e ele chora e é capaz de sair do teatro e ver a mesma cena e já a vê de outra maneira. Porque a arte tem essa propriedade de real, de tocar nos afetos e ao mesmo tempo transmitir alguma coisa intelectualmente.

 

 

O poder da arte

Você muitas vezes pode ter passado em situações assim de fato ou até subjetivo. Mas além do terror, tem o entusiasmo. Esse afeto que é o gozo artístico, é um gozo dessa ordem. Não é sexual. Não é sexualizado. O gozo artístico que é o entusiasmo, no aspecto Dionisíaco que faz a arte. A arte tem o texto, o desenvolvimento que é a transmissão da ordem do saber e tem o dionisíaco que é o entusiasmo, que proporciona e que uma coisa aliada a outra tem efeito muito poderoso. O poder da arte de ser um derivado da pulsão de morte é também um antídoto da pulsão de morte. Em termos da arte sai mais fortalecido se está aberto para aquilo pode ser transformador e que é muito importante. Eu realmente acredito no poder transformador da arte!


Também acredito nesse poder Antonio Quinet. Por isso, retorno com sua fala e repito o que disse, não foi e não será uma pandemia que irá confinar nossas ideias.

Mãos à obra!