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Uma história de amor escrita no vidro

Uma mão invisível virou me pescoço em direção à janela suada pelo frio lá fora e vi a mensagem no suor da vidraça: Te amo, te amo!

O dia tinha sido exaustivo e cheio de situações interessantes que fizeram Leila esquecer um pouco seu drama pessoal. Entrou naquele quarto de hotel depois de ter passado a manhã e a tarde conversando com índios para realizar sua pesquisa de mestrado, andando no meio daquela mata exuberante, com pinheiros centenários e aproveitando dos benefícios curativos de um banho de cachoeira. A água cristalina purificou o seu corpo, lavando a alma machucada pela falta de João em sua vida – seu namorado.

Tinha falado com ele por telefone ainda no hotel, bem cedinho, antes de passar o dia nas Reservas Indígenas perto de Guarapuava. Aquele contato serviu apenas para definir na cabeça de Leila, que a relação não teria mais volta. Saiu para o trabalho com o peito ardido de dor e voltou um pouco melhor. Tinha 47 anos e já estava na segunda relação de amor, depois de um casamento desfeito, com um saldo de três maravilhosas filhas.

Assim, pensando em sua vida Leila se percebeu alinhada na frente da porta aberta do banheiro.

O quarto era um cômodo pequeno e a distância de pouco mais de um metro dava condições de enxergar a sua imagem refletida no espelho do armário da pia. Teve um sobressalto. Aquela imagem que se apresentava diante do espelho era de uma mulher envelhecida pelo vida, diferente de um rosto cheio de rugas.

Era como se ela tivesses apagado todas as conexões elétricas que lhe davam brilho na pele.

Que as células do seu corpo estivesse sem energia, desidratada, seca. Deu alguns passos em direção ao banheiro e aos poucos foi se aproximando do espelho, sem perder de vista aquele rosto sem expressão.

Naquele diálogo vazio entre o espelho e sua alma, Leila subitamente teve a sensação que alguém segurou a sua cabeça e a fez virar para o lado da janela do banheiro. Seu coração disparou quando leu no vidro embaçado“Te amo… Te amo… Você é o amor da minha vida. Eu não vivo sem você!”

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Foto Internet. http://rosascompimenta.blogspot.com.br/2013/05/vidro-embacado.html
Que bálsamo!

Num segundo a luz voltou a refletir dentro dos seus olhos ao ponto de aquecer o seu coração.

Sentiu-se a mulher mais feliz do mundo pois era amada por aquele indivíduo desconhecido que se declarou no vidro embaçado. A maravilhosa sensação de relaxamento a fez se jogar na cama e adormecer totalmente.

Acordou no dia seguinte leve como uma pluma.

Entrou no banheiro e imediatamente foi até a janela verificar se a declaração de amor ainda continuava lá ou se não era apenas um sonho.

Estava lá, sim, e descobriu também que foi traçada com a massa de um sabonete. Para confirmar que a declaração foi feita de verdade e não era algo etéreo, misterioso, foi até o box do banheiro e encontrou o pequeno sabonetinho de hotel com a ponta achatada, como se tivesse sido pressionado como um giz para escrever aquelas palavras maravilhosas.

Provavelmente foi um casal apaixonado que ocupou o quarto um dia antes dela entrar e a camareira não limpou os vidros e a frase se destacou no momento em que o banheiro estava cheio de vapor.

De qualquer forma, esta descoberta não a deixou decepcionada.

A declaração foi escrita para outra mulher, mas aquela mão invisível que virou o seu rosto assegurou que aquela declaração de amor, naquele momento de angústia, era dedicada somente para ela – pensou Leila sonhadoramente.

Ela é para mim também! – exclamou.

Assim, certa que era amada por alguém que se conectava diretamente com o seu coração, talvez um anjo, aqueles seres invisíveis que estão sempre zelando pelas almas oprimidas, sentiu-se outra mulher e seguiu para o trabalho segura e feliz.

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As Cores do Sagrado: legado de Carybé para o Brasil

O artista argentino Carybé (1911-1980) deixou um legado precioso para o Brasil: a história do Candomblé da Bahia contada com cores e arte em 128 aquarelas.

Um total de 50 foram selecionadas e fazem parte da mostra ‘As cores do Sagrado’, aberta para público até o dia 27 de julho, em Recife, no prédio também histórico da Caixa Cultural, no marco zero da cidade.

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Sede Caixa Cultural Recife. Marco Zero. Antigo banco inglês. Foto por Mari Weigert

A sugestão é aproveitar as duas oportunidades, visitar a exposição e de conhecer o centro histórico da capital pernambucana, hoje totalmente revitalizado, incluindo a restauração da sede da Caixa, que abrigou uma sociedade bancária inglesa por mais de 60 anos.

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Oxalufã – Opô Afonjá. foto por Mari Weigert
Pintor italiano que amava o Brasil

Pintor, escultor, ilustrador, desenhistas, ceramista, historiador, pesquisador e jornalista Hector Julio Paride Bernabó, viveu e tornou-se conhecido por Carybé. Apaixonou-se pela Bahia num visita que fez em 1938, “ano em que fui definitivamente tarrafeado por sua luz, sua gente, seu mar e sua terra”, como escreveu uma vez.

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Tempo dançando numa perna só. Foto por Mari Weigert

O sonho de voltar para aquele mundo que tanto o fascinava fez Carybé retornar em 1950 para nunca mais sair. Ali começou a documentar todos os deuses africanos que fazem parte do livro “Iconografia dos Deuses Africanos no Candomblé da Bahia”.É um trabalho de pesquisa de valor inestimável para história brasileira.

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Iansã – Olga do Alaketu. Foto Mari Weigert
“Este trabalho só tem a pretensão de ser um documentário honesto e preciso das coisas do Candomblé.

Há desenhos de 1950 até os deste ano de 1980 mostrando festas, trajes, símbolos e cerimônias por mim vistas e vividas nesse mundo prodigioso que os escravos nos trouxeram e depositaram nas profundas do coração da Bahia. Mundo amorosamente zelado pelas Iyalorixás e pelos Babalorixás, mundo dos deuses modestos e humanos que até hoje enfrentam os dois terríveis e vorazes deuses contemporâneos: a Ciência e o Progresso”.

Esse foi o texto de apresentação escrito pelo próprio artista para apresentar o seu trabalho.

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Oxossi- Opô Afonjá (Logun Edé – divindade da caça)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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“Nidos” que acolhem e se embaraçam numa pesquisa pictórica vibrante

“Nidos” cativam e acolhem o observador  nesta metamorfose contínua da artista.

A mostra “Nidos” de  Claudia de Lara, no Solar do Rosário, em Curitiba, resume todas as fases da pesquisa pictórica da artista  num só momento: as cores vibrantes e a lã, que lembra costura, o feminino, e remete a outra fase, Retalhos.

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Foto Internet blog Claudia http://www.claudialara.com.br/

As obras de Claudia de Lara, em todas as suas fases, à exceção Cotidiano Desorientado, que é uma série elaborada em preto e branco, são coloridas e essa vibração das cores imprimem movimento às obras, sobretudo em séries como Diversão e Bicicletas.

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Foto por Mari Weigert

Quem acompanha a trajetória artística de Claudia de Lara percebe que em muitos de seus trabalhos ela retoma a linha e o tecido, como fez nas obras que fazem parte do Calendário Cor Púrpura., recentemente.

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Foto por Mari Weigert

“Na verdade, não foi uma fase apenas; Retalhos, a costura, a linha, o tecido são recursos utilizados para a elaboração das minhas obras e sempre fizeram parte de mim. É a mulher presente”, diz ela.

Um documentário curta-metragem (15min), Retalhos que pertencem, dirigido por Thereza Oliveiras conta sua trajetória artística e mostra que o trabalho de Claudia de Lara parte da imagem fotográfica, que é manipulada por meio do computador e, durante este processo, introduz o efeito pictórico.

Olhar Crítico

“Nidos” é a criação que engloba todos os trabalhos de Claudia de Lara, artista brasileira que se expressa pelas cores, acima de tudo, por traduzir um habitat…. uma energia de vida. Incansável pesquisadora de uma poética, seja  ela capaz de transmitir a linguagem do mundo contemporâneo ou de suas próprias raízes.

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Foto Internet. Claudia http://www.claudialara.com.br/

“Todas minhas obras provocam o espectador e o inserem no ‘ninho contemporâneo’. O ninho contemporâneo vem com os elementos do exagero, do movimento, da diversidade”, explica.

Série:Diversão

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Foto Internet. Blog Claudia http://www.claudialara.com.br/

“Recorte do cotidiano para aprisionar o movimento. Nesse ato de fragmentar e congelar a realidade, a artista discute não só a arte, mas também se posiciona para olhar a contemporaneidade”, fonte blog de Claudia.

Série: Bicicletas

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Foto Internet. Blog Claudia http://www.claudialara.com.br/

“Porque não ficar então só com a imagem digital? Pelo exercício, pelo trabalho, pela experiência, porque minha pesquisa é na pintura! Cor, claro/ escuro, dentro e fora, cheio e vazio, côncavo e convexo, volume, tensão, direção…

E a bicicleta é o ícone lúdico da independência, do ganhar velocidade e ganhar o mundo… Além de ser um desenho que se movimenta”.

Série:Cotidiano Desorientado

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Foto Internet. Blog Claudia http://www.claudialara.com.br/

“Esta serie é de 2006. Se caracteriza pela sobreposição de desenhos em carvão, giz pastel e pintura em acrílico, sempre nas cores preto, branco e outra monocromia de algum tom. A sobreposição de varias imagens se refere a um cotidiano contemporâneo decadente”. Fonte Claudia de Lara.

 

 

 

 

 

 


 
 
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Culture and media are the weapons of a war already declared

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The French journalist Frédéric Martel in his book “Mainstream” presents to the contemporary world a new kind of war – the one from the cultural and recreational content. An extraordinary work of research that summarizes the power relations of economic globalization between countries “dominant and dominated”, which focus is the merchandise “culture and entertainment”.

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Is a fascinating book that opens wide the backstage of the powerful creative industries from Hollywood to Bollywood, from Japan to sub-Saharan Africa, from Al Jazeera in Qatar to giant televisa in Mexico. Makes interesting revelations about how the majestic cinemas from yesterday passed from drive-in to multiplex, from popcorn to Coke in United States, country that leads the culture “mainstream” – to please everyone, the dominant.

Martel treats, in almost half of the pages of his book, about the American strategies used to achieve mass culture. True marketing pitches without suppressing the sordid details of how the U.S. inserted in people’s minds the habit of watching a movie consuming popcorn and drinking Coke, even with the aggravating of stimulate thirst with products like Morton salt, “golden flavored butter”, to induce the consumption of soft drinks.

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The impressive track of the Disney studio, that passed from a cramped independent venture to the greater international media conglomerate, dedicated to entertainment. The author tells the whole history and reveals that his transformer, Michel Eisner, drove Disney like a fairy tale in which pumpkins became options of purchase shares. This kind of genius of marketing only felt because he did not know how to manage creative egos, which are menacing when mistreated and prevented to exercise their artistic freedom.

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This way, the French journalist began his research from the heart of the dominant culture – North America – and went to the main capitals of entertainment, interviewing over 1,250 protagonists of these creative industries from China to Bollywood, in India, from Qatar, Saudi Arabia and Mexico and in the conclusion, expresses his concern about this fascinating movement, which today receives reinforcement from internet and unabashedly talks about the arrogant position of Europe, antimainstream, about India as a giant Asian that draws the most attention and confesses his admiration for Brazil, “that of all the emerging countries, is one of the most passionate, by the number of people, the economy and position in history”.

Critical look

Mainstream is a must reading for the twenty-first century men and especially young professionals from communication. If Marshall McLuhan was the “Pope of communication” in the past, Frédéric Marguel, who besides a journalist is doctorate in Sociology, broadcaster and teacher, is the new “guru” of the contemporary world in the study of “medium and the message.”
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His research is valuable in the sense of provoking a reflection on the indomitable economic interests in the cultural segment and the strength of the media. The people, the mass, these mere mortals are only puppets in this history. “New countries emerge with its media and mass entertainment. The internet multiplies its power by 10. You accelerates. In India, in Brazil, Saudi Arabia, fights for dominance of the web and for the victory in the battle of “soft power.” Everyone wants to control the words, images and dreams.”