(Imagem: Old Woman Portrait por David Jon Kassan. Pintrest myartmagazin 

Simplesmente ser…

Sua maior ambição foi sempre querer simplesmente…. ser!!

O rosto dela contava inúmeras histórias. Cada marca esculpida naquela pele frágil era o retrato de uma experiência feita de muitos sentimentos e reflexões. Esta mulher extraordinária nunca rendeu-se às batalhas que enfrentou. Se não as venceu por inteiro, por conta de circunstâncias que estavam além do seu controle, aprendeu com elas a ser mais forte para manter dignidade e orgulho como seus maiores estandartes.

Possuía convicções inabaláveis. Não tinha a ilusão de que a vida era um caminho sem terrenos acidentados, mas certa estava de que uma flor sempre seria possível ser encontrada ao longo do percurso. Apreciou muitos entardeceres, refrescou-se nos orvalhos das manhãs, correu sem destino por campos de vastidão incalculável, riu com as crianças, aprendeu com os ignorantes a se tornar sábia. Foi quem sempre quis ser… livre para ser ela. Dizia o que pensava, partilhava sua felicidade com outros corações, era coerente em discurso e prática. A cozinha de sua casa estava sempre cheirosa e as portas sempre abertas para quem precisasse de um abrigo numa noite de inverno ou perdido numa desilusão. Entendia a loucura dos loucos. Achava que eles eram os certos. Nunca foi afeita a convenções sociais.

Detestava hipocrisia e fofoca. Incluía-se nas minorias e passava longe das maiorias. A varanda de sua casa sempre tinha uma mesa posta para um café e uma conversa. Amava a vida sem preconceitos. Suas primaveras, verões, outonos e invernos foram livros repletos de humores, sabores, perfumes e cores. A simplicidade escolheu como filosofia de vida. Deixou sua caricatura na eternidade dos pensamentos e sentimentos das pessoas que a conheceram. Memória para se jamais desbotar na inexorável passagem do tempo. Sua maior ambição foi sempre querer simplesmente…. ser!!

(Imagem: Old Woman Portrait por David Jon Kassan. Pintrest myartmagazin 

IMG_6780

Mulheres rebeldes do passado: rococó

IMG_6776

Às vezes guardamos por anos um objeto material sem que tenha uma função verdadeiramente útil dentro de nossa vida.

Porém, o objeto em questão, por si só, conta uma história. É o caso de uma toalha semi-bordada por minha mãe, que representa a bandeira da rebeldia de uma mulher no passado. Então, as mulheres rebeldes do passado tinham uma maneira sutil de falar sobre o que não desejavam mais.

Vamos falar sobre o rococó da vovó que, para nossa família não é mais matéria, mas a memória daquilo que representa e seus significados dentro da nossa psique. Dessa forma tal objeto afetivo parece adquirir alma, denunciar um sacrifício ou representar um momento feliz.

Esse é caso de uma toalha de mesa da minha mãe, aliás, diga-se de passagem, uma toalha que ela carregou também por muitos anos no meio do seu enxoval de casamento. Essa afetividade pela tal peça foi transferida para minha filha Paula, que também a usou em sua casa. Mas quando decidiu mudar de cidade se desfez de quase tudo, surgiu a grande dúvida: o que fazer com a toalha…

Uso digno para toalha

Procuramos um uso digno dentro da família e não encontramos entre as netas, filhas ou cunhadas uma mesa da metragem igual da “dita cuja” .

A toalha é quadrada e pequena, de cor bege, com guirlandas de cachos de uvas, bordadas em rococó, nas quatro pontas, entremeadas com folhas do tipo comum, não a de parreira, bordadas em verde estridente no ponto meia e cheio, e finalizada com uma franja de crochê da mesma cor das uvas.O fio vermelho utilizado para bordar as uvas é em cor degradê para dar noção de sombra e luz.

Não podemos dizer que é uma toalha de extremo bom gosto e delicada, embora seja possível admitir que ela é original e faz “vista” quando colocada em uma mesa.

As cores estridentes das uvas e das folhas e o tecido ainda firme nem de longe demonstram os quase 76 anos de existência ( os produtos de antigamente eram sempre fabricados para chegar perto da eternidade).

Doar ou não doar, eis a questão! A resposta chegou quase que imediata…

– Nãooo!

Rebeldia

Seria um crime deixar o símbolo da inconsciente rebeldia de minha mãe contra a função que definia a mulher como “rainha do lar” e ser educada para isso, ser relegada à condição de entulho e fora de uso. Pudera, a pobrezinha foi obrigada a bordar a toalha quando tinha 10 anos, como tarefa de uma aula de trabalhos manuais no quarto ano primário – o referente hoje a quarta série do ensino fundamental.

É importante destacar que ela apenas começou o bordado escolar . A toalha encerrou o ano letivo inacabada. Mamãe depois disso nunca mais pegou naquela agulha, provavelmente lembrança torturante para ela.

Bordar com 10 anos de idade

A aborrecida tarefa de bordar perfeitos rococós aos 10 anos idade foi realizada numa guirlanda apenas e alguns cachos da segunda, e só. Foi dessa forma que fui apresentada à toalha, com o bastidor e os fios prontos para serem usados, pois minha mãe, num ataque de insensatez incluiu a toalha no seu enxoval de casamento. Provavelmente , tinha esperança de um dia, talvez, gostar de bordar. “É ponto rococó”, dizia ela com orgulho.

Desta forma, na minha adolescência, quando mamãe começou a tentar me educar para ser a rainha do lar, me deparei com a toalha inacabada, ainda com o bastidor e o fio colorido.Me dava até dó de ver a toalha esquecida dentro do cesto de bordar, sem utilidade.

Bordado perfeito

Vale destacar aqui, que eram poucos cachos de uvas bordados, mas o que estava feito, era perfeito, mais que perfeito, no direito e no avesso. Os bagos de uva pareciam saltar fora da toalha de tanto ponto em rococó.. as bolinhas eram cheias de nozinhos tão apertados um do lado do outro que pareciam uma coisa só. Uma simbiose de fios em alto relevo. Esse era o charme da toalha.

Mamãe não perdia a pose quando falava dela.

IMG_6780

De dar preguiça

– Bah… eu me enjoei de bordar e tinha preguiça. A professora era uma chata ( com certeza deu alguns puxões de orelha nela). Não podia deixar um fio solto por trás que era preciso desmanchar e começar tudo de novo. Calculem que a toalha já estava com uns 40 e poucos anos… Inacabada e ainda na esperança de ser bela e completa.

Já casada, lembrei da velha toalha e senti vontade usar a exótica peça na minha mesa nova. Neste momento, acreditei piamente que poderia me transformar numa mulher cheia de predicados domésticos e bordar os rococós.

“Não vai ser fácil”, disse mamãe. “Você não pode deixar espaço entre um rococó e outro. Porém, mais do que rápido empenhou-se na tarefa de me ensinar, entre risadinhas…. Acho que durante todos estes anos ela também alimentou a curiosidade de ver a toalha pronta.

“O ponto se faz com o enrolar do fio na agulha. Tem que ser 10 enroladinhas e depois enfia agulha no tecido,que resulta num nozinho. Assim, de nozinho em nozinho, um pertinho do outro, você preenche o espaço do bago da uva”,explicava ela. Veja bem, recomendava, “ o enroladinho tem que ser bem apertado e os pontos devem grudar um do lado do outro”.

Lá me entreguei ao deleite do bordado, evidentemente, deleite foi só no começo. Imaginem fazer mais de 100 enroladinhos num só bago de uva! A coisa não rende e o trabalho não aparece. Aí, impacientemente, comecei a espaçar os rococós. Minha guirlanda acabou rápido, mas o resultado… ohhh!

IMG_6779

Desastre

Que desastre! Nem se compara com os rococós da mamãe. Mas não deu outra, entendi porque minha mãe nunca mais pegou nesse bordado.

É um verdadeiro jogo de paciência. Aí cheguei a conclusão que não era trabalho para qualquer rainha do lar.

É para uma artista verdadeira criar e produzir efeitos com linha colorida.

Prima

Lembrei que minha prima tem esta habilidade. É uma verdadeira artista no bordado. Assim, para encurtar a história fui pedir socorro a prima e confessar a incompetência artística como bordadeira. Uma falta de jeito que passou de geração a geração.

Aí a toalha ficou pronta. Claro que não ficou nenhuma maravilha em matéria de bordado. Os perfeitos eram os da mamãe. A guirlanda magrinha e indecentes era a bordada pela filha. E outros rococós quase parecidos com o da mamãe eram da prima,incluindo o bico de crochê feito pela tia em torno da toalha.

Moral da história, é um pedaço de tecido trabalhado em bordado, de gosto duvidoso, porém para as mulheres da família diz muito mais: tem vida nas emoções embaraçadas, entremeadas nos rococós.

A senhora que começou esta história hoje está com 86 anos e sempre disse a suas filhas: mulher que fica só dentro de casa não é valorizada. Era o brado de revolta dela por uma situação que não conseguiu alcançar, ao menos as filhas não seriam iguais.

Hoje, depois de ter seguido o conselho de mamãe e saído pelo mundo afora realizando tarefas profissionais, conquistando minha independência e sendo valorizada dentro de casa, penso que nem 8 e nem 80.

É preciso achar o caminho do meio. Ser independente, profissional, assim como exercer a função de ‘rainha do lar’ com majestade.

Assim, a toalha com bordado de rococó da vovó vai permanecendo dentro da prateleira, sem uso, mas com tanta memória entremeada nas tramas de seu tecido.

 

 

2012_12_17_18_53_470

Unmistakable style and valuable art of Klimt

the kiss - 1907/1098. Viena Belvedere
The kiss – 1907/1098. Viena Belvedere
The valuable works of Austrian artist Gustav Klimt (1862-1918) of the late nineteenth century and twentieth begging, remain in time without losing prominence in media, even today in the XXI century.

Unmistakable in its style, the artist found a special mood to defend his dreams and creations. In a Vienna of 1897, where modernity was bustling as a laboratory of ideas, with Quantum Physics Ernest Mach, with the philosophy of Ludwig Wittgenstein’s language, and psychoanalysis from Sigsmund Freud.

It was a unique moment in the history of Western civilization with such brilliant minds gathered in one place. Vienna, Austria, before Hitler catastrophe – the first with the approaching war.

Modernism

Gustav Klimt represented the beginning of modernism in Austria, led the Secession, with the architect Max Klinger, created in 1897, the same model created a few years ago in Monaco (1892) and also in Berlin (1893). It was a group of artists and architects united by the desire to renew the official artistic life with the proposal to overcome the academicism.

Klimt, who was then about 35 years old, was already famous in their social environment, achieved immortality, not only by his brushstrokes works with elegance and an esthetic beauty trying to promote new, but from what represented a moment in art history and of humanity.

ADelle Bloch- Bauer I (1907) New York Neue GAlerie.
ADelle Bloch- Bauer I (1907) New York Neue Galerie.
Adelle Bloch Bauer II - 1912
Adelle Bloch Bauer II – 1912

When the artist designed the refined screen of Adele Bloch Portrait’s – Bauer I, with an addendum, he made another Adelle style – 1912; but it is the first that we are dealing, as it was recently disputed by millionaire action, the heiress Anna Altmann against Austrian government.

Adele

Adele, the model was Jewish and the work belongs to his family who had all the property confiscated by the Nazis. The Golden Lady, directed by British filmmaker Simon Curtis, gives an account of the whole process and the glamour of the history and the work promised to be a blockbuster movie, but did not please the critics.

Gustav Klimt designed the first Adele, the stunning golden in 1907.

She also represented the culmination of the ideas defended by the Secession group. Reminds us of the brilliance of Byzantine mosaics because the gold leaf, element widely used by him in the structural composition of his works in the most vital period of the innovative group.

The geometry, pure lines, besides to the recovery of ancient mythology influenced by Freud. In Adelle the eyes image gives a visionary way, Egyptian mythological. The square was the symbol of secession because it represented the principle of stability, harmony, coherence and symmetry. A figure of concrete perfection and rational construction. Its regular repetition induces serenity in the environment, suggesting an idea of wholeness and integration.

Adele I, which was the Gallery Belvedere proud in Vienna, Austria, by 2006, was bought from the heiress by Ronald Lauder, co-founder of the Neue Galerie in New York.

Judith II - Salomé/ 1909. Museu Cívico de Veneza
Judith II – Salomé/ 1909. Civic Museum of Venice
Million euros

If nothing else Adele story that has come to this day, one of the Austrian artist screens again made headlines in early 2016 with the release of the fact that the city of Venice be thinking of auction your Judith II, of Klimt and more Marc Chagall and more to restore a red budget. Sales may fill a 60 million euros deficit.

The world of Italian art trembled with the announcement of the newly elected mayor, Luigi Brgnaro of Venice, to auction the masterpieces of the city and the decision has been postponed for awhile.

We hope that the mayor find a painless way to solve the problem, because every time a masterpiece leaves the Italian museum rooms, you lose a reason to go to this museum“, writes Roberta Pucci, in the article in Exibart . The work in question is in the Civic Museum of Venice.

Finally, talk Gustav Klimt’s creative work in just two magnificent works is an understatement. The artist has died at 56 age, and saw the first war ended. Changes in artistic poetry is visible, in the sequence of his works, that lose in part the Byzantine splendor and win, with the art historical transformations, the confluence with nature, while always keeping the geometrical symmetry, a little gold. They are unmistakable and valuable!

img_02531

I ricami e i merletti raffinati fatti dalle donne umili in Brasile

Bilro è modo artigianale di fare merletti in Brasile

I merletti da Maria do Carmo sono in vendita in luoghi turistici nella Barra della Tabatinga, al sud della capitale Natal, del Rio Grande do Norte, una regione in Brasile. Il lavoro si chiama “bilro” – un modo artigianale di fare merletti. 

Questa commercializzazione è normale tra le donne che producono merletti e ricami in varie regioni costiere in Brasile e anche aiuta nel reddito familiare. L’origine é incerta.

“Bilro” (tecnica antica di fare merletti), il labirinto (ricami), la “renascença”( ricami), però sono ativittà artigianali tradizionali che sono passati da madre a figlia e rimangono oggi nel Nord (Pará), nord-est (Alagoas, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Bahia e Sergipe), sud-est (Rio de Janeiro) e sud (Santa Catarina) del Brasile.

renda_de_bilro

Di mamma a figlia

Maria do Carmo Alvez Pereira ha imparato a tessere quando era bambina con sua madre e adesso con più di settanta anni già ha insegnato la figlia e anche la nipote. Lei fa merletti nel “bilro”, una specie di cuscino con il involucro di tessuto, riempito con la paglia della banana, dove 80 pezzi di legno sono fissati per muovere il filo di cotone (bilro), alloggiata in luoghi turistici sempre per vendere i suoi prodotti e dimostrare la sua capacità nell’uso del bilro.

Mentre Maria do Carmo muove con agilità i pezzi di legno a tessere bei merletti, anche chiacchiera con i turisti e racconta che tutte le donne nel suo paesino imparano questo lavoro artigianale dalla madre. ” É qualcosa che è insegnato da donna a donna tra le famiglie”.

Studio

Un sondaggio dell’Istituto per i Beni Culturali dello Stato di Rio de Janeiro  presenta uno studio sulle merlettaie  della regione costiera dello Stato. “Il merletto di “bilro” è senza dubbio una delle manifestazioni artistiche più antiche e ricche della nostra gente. ‘Sono fatti spesso da donne umili che applicano la loro abilità, destrezza e creatività in un’arte che sono guidate da vera devozione “.

Labirinto

img_02531

Una forma di ricamo che si chiama “labirinto” é di tradizione culturale sviluppata nel nord-est del Brasile, in particolare in Paraíba e Ceará.

Labirinto

Il labirinto è usato da adornare tovaglie e biancherie da letto e il modo di fare é sfilando i fili dall’ordito della tela e dopo si fa una specie di riempimento che diventa in una vasta gamma delle forme presentate nel tessuto, fiori, figure geometriche di rara bellezza.

Esistono pochi dati sull’origine del labirinto, ma è sicuro che sia stato trasmesso da donna portoghese.

Adeilde Ferreira de Menezes è artigiana della città di João Pessoa, capitale dello Stato della Paraíba, ha orgoglio in mostrare quanto è apparsa sui giornali e riviste a causa della bellezza del suo ricamo. Sta con settanta anni e confessa che ha imparato a ricamare con una donna vicina della sua casa, quando era una bambina.

“Tutti i giorni la visitavo, nascosta della mia madre e facevo questo per rimanere là guardando lei nel suo lavoro di ricamo”, racconta. Ciò quando era possibile, io fuggivo dallo sguardo di mia madre dalla porta della cucina lei non permetteva che entrassi in nessun’altra casa” , ricorda.

Nel Novecento

Probabilmente l’arte del merletto in Brasile è stata diffusa alla fine del XIX secolo perché nei primi tempi della colonizzazione del Brasile erano poche persone che usavano abbigliamenti con raffinatezza .Chi usava gli abbigliamenti raffinati erano i nobili che esistevano in numeri ridotti – la maggioranza era schiavi e indi.

Loro,i nobili,  avevano dei vestiti con tessuti pregiati, però importati dall’Europa e dall’Oriente. Schiavi e indios indossavano tessuti semplici e banali.

Indipendentemente dalla loro origine, se era trasmesso da donna portoghese (bilro e labirinto) o da  monache (ricami chiamati renascença -rinascenza). Non è pertinente in questo momento tanto quanto il fatto che le merlettaie brasiliane sono parte dell’immaginario popolare, soprattutto  nel nord-est.

In questa parte di Brasile le donne sono le trasmettitrice di questa conoscenza nel corso dei secoli, anche sono artiste in potenziale perché con pazienza e maestria seguono facendo merletti dello stesso modo come molte generazioni di donne delle loro famiglie hanno fatto, a volta aggiornando e modificando i punti vecchi da mantenere viva la tradizione.