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Carnaval no Sambódromo: Contos de Fada brasileiro

O espetáculo do carnaval na Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro, é certamente o único no mundo. As cores, música, o ritmo e a alegria são resultados de um esforço conjunto de ricos e pobres que desejam dar um tempo às agruras pessoais e sonhar  em alto estilo, como num conto de fadas, mas desta vez brasileiro.

Assisti-lo, seja no Sambódromo, obra de Oscar Niemayer, idealizado por Darcy Ribeiro – nosso antropólogo que entendeu a alma brasileira – seja na televisão,  é um deleite incansável pela variedade de temas, fantasias, beleza e arte que desfilam diante dos olhos do espectador.

A opinião da curitibana Lyslane da Costa postada no Facebook, reflete o que pensa um grande número de brasileiros e brasileiras: “Quando assisto desfile das escolas de samba do Rio, fico a imaginar se existe, neste planeta, espetáculo que se equipare.Óperas e musicais, ofuscados por plumas e paetês, desaparecem em palcos tao mais nobres, coitados, tão pobres. E o que dizer da alegria? Das mais de três mil vozes, cantando felizes a história que escolheram contar? É com certeza o maior show da terra.
Ai que orgulho me dá de ser deste Brasil. Seja desembargador, empresário, médico ou ator… tanto faz... a reverência é toda para a beleza das nossas mulheres que, tal como deusas vedetes, do alto de seus saltos, transitam ziguezagueando em rastros de purpurina.Que planejamento é este que reúne milhares em cadência tão perfeita. Ainda vou fazer parte disso tudo“.

Vila Izabel, São Clemente,Portela, Imperatriz,Mangueira, Beija-flor, as principais, são majestosas no desfile. Sem desmerecer as pequenas que estão lutando para abrir caminhos e um lugar de destaque na Sapucaí..

Fantasias-Vila-Isabel
http://www.joaoalberto.com/2016/01//fantasias-para-desfilar-na-escola-de-samba-vila-isabel/

Vila Izabel este ano trouxe como tema a homenagem ao político pernambucano Miguel Arraes, numa poética que exalta a cultura e a vegetação do estado.

3São Clemente falou dos palhaços. com o seu Mais de Mil Palhaços no Salão, mostrando a irreverência e alegria, cores de um dos mais destacados personagens do mundo artístico.

O enredo da Portela foi Viagens, do Salgueiro um ode à malandragem, Imperatriz é o amor, e Mangueira celebra os 50 anos de carreira de Maria Bethânia. Todas, enfim, representam fatos da nossa história e temas que fazem parte do imaginário popular.

Esse artigo não tem a função de cobrir as principais etapas e acontecimentos sobre a nossa festa máxima, que estão em todos os jornais e blogs na internet.

A frase mais comum no Brasil é que ele só funciona depois do carnaval. E daí?

Já com tanta miséria no mundo porque não dar direito à folia e algumas transgressões por alguns dias. Cada qual é responsável pelos seus atos e se caso não for vai pagar o preço pelas irresponsabilidades feitas.

Ninguém sabe direito a origem do carnaval. Sabe-se que foi até abençoada pela Igreja no passado, para expurgar os demônios ocultos na psique humana, em alguns dias durante o ano em que se permitia tudo.

Se para os simples mortais que sonham um dia a fazer parte do apoteótico desfile da Marquês de Sapucaí, escolhendo a escola e pagando a fantasia (tem de todos os preços),  que no momento não é possível ou não teve ainda coragem, pode optar por brincar, pular pelas ruas, sair atrás de blocos e trio elétrico em todos os cantos do Brasil.

É sério! É importante brincar. Pablo Neruda disse um dia: A criança que não brinca não é criança, mas o adulto que não brinca perdeu para sempre a criança que vive dentro dele.

 

 

 

foto Exibart

Artista e poeta na Arábia Saudita é salvo

Liberdade de expressão é outra conversa na Arábia Saudita. Não existe.

O artista e poeta palestino, Asharaf Fayadh, que foi condenado à morte no ano passado teve sua sentença anulada essa semana por um tribunal saudita, mas é difícil dizer o que é mais terrível: se a condenação à morte ou a pena que deverá cumprir.

Publicação original Exibart

“A acusação era de ter repudiado o Islã, além de se associar a esse fato a uma antiga condenação por ter fotografado uma série de mulheres com seu smartphone, na Arabia Saudita, foram mais do que suficiente para condenar à morte Ashraf Fayadh, artista e poeta palestino, que foi curador de várias exposições na Europa e da Bienal de Veneza de 2013 nos projetos relacionados a Edge of Arabia, instituição mundialmente famosa que ele co-fundou com Stephen Stapleton.

Redução da pena

Agora um tribunal saudita anulou a condenação a morte, mas a redução da pena é de qualquer maneira um ‘soco no estomago’. Fayadh deverá cumprir 8 anos de reclusão e receber 800 chibatadas em 16 vezes, duas vezes ao ano. Além disso, o tribunal obrigou o artista a arrepender-se publicamente nos meios de comunicação sauditas.

Aguarda-se agora como se mobilizará a comunidade internacional e também da arte nos confrontos do homem. Anistia Internacional falou até agora do artista como de um “Prisioneiro de Consciência” e os organizadores do Festival Internacional de Literatura de Berlim pediram que as Nações Unidas suspendessem a adesão da Arábia Saudita do Conselho dos Direitos Humanos ‘até quando as condições sobre defesa civil da liberdade melhore’.  Se não haverá nenhuma morte de fato, de alguma forma se estará matando o mesmo”.

Nesse caso, o absurdo da questão é o contraste: a tecnologia avançada já chegou num país em que as mulheres usam smartphone e não podem ser fotografadas, mas lá o pelourinho ainda está presente para as chicotadas em público. Século XXI…

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Artista cria livros brancos para devolver os verdadeiros a Bagdá

O artista Wafaa Bilal, iraquiano- americano, quer preencher de livros as prateleiras da biblioteca da Universidade de Belas Artes de Bagdá que foi destruída durante a guerra do Iraque em 2003. Para alcançar seu objetivo aposta no crowdfunding on-line ( que já está dando certo)  e arte performática, com a instalação 108.01, exposta na Gallery of Windsor, em Ontario, no Canadá.

Mais uma vez arte e cultura são chamadas para promover a transformação social. 

Ele quer, com o projeto, inaugurar uma nova era no Iraque, mesmo que seja de uma forma simbólica. A ideia é mostrar para o país que a comunidade de artistas, estudantes e professores ainda existe.

“As pessoas já estão conversando entre si sobre a perda e a reconstrução da cultura”, disse Bilal. “A comunicação de alunos e professores com pessoas de fora do país significa mais para eles do que se imagina.” Fonte The Guardian.

Wafaa Bilal. THE ASHES SERIES:
Wafaa Bilal. THE ASHES SERIES:

A biblioteca tinha mais de 70 mil títulos até os saqueadores atearem fogo em toda a coleção. O edifício foi reconstruído mas poucos livros foram devolvidos. O artista costumava visitá-la diariamente no período em que estudava em Bagdá.

Wafaal Bilal  criou a série Ashes que mostra a destruição do país onde nasceu, hoje vive em Nova York e além de artista e professor de artes. A série apresenta miniaturas construídas por ele, retiradas das fotos divulgadas na imprensa sobre cenas da destruição.

O título da instalação, 168: 01, refere-se à destruição da histórica Casa da Sabedoria do século 13 -, então a maior do mundo -pelos mongóis. “Diz a lenda que eles despejaram todo o seu conteúdo no rio Tigris para criar uma ponte para atravessar, e que as páginas sangraram durante sete dias – 168 horas”, disse Bilal. “O adicional de 1 segundo é que quando eu imagino os livros brancos esgotados de conhecimento.”

A 108.01 é uma instalação elaborada com 1000 livros brancos, empilhados em uma estante, que Wafaa Bilal, na medida que for recebendo doações pelo crowdfunding -U$25,00 – irá substituir  pelo livro verdadeiro, e o branco será enviado ao doador. No final, todos os livros reais serão enviados a Bagdá.