IMG_1637 (1)

Oxente, J.Borges chegou no Vaticano!

A Sagrada Família do poeta, gravurista pernambucano, J. Borges foi presenteada ao Papa Francisco pelo presidente Lula, quando de sua visita ao Vaticano. Bela homenagem a um dos mais importantes xilogravuristas do Brasil.

Quando presenteamos uma obra de arte popular, com um tema universal como a Sagrada Família, vale destacar todo o contexto que envolve o trabalho do artista, principalmente se a obra é criada a partir dos olhos de um poeta. José Francisco Borges produz arte intensamente ainda com seus 87aanos e encanta seus seguidores, em sua página no Instagram, MemorialJBorges. Não apenas seus seguidores, mas encantou o mundo pela sua criatividade e determinação.  quando na década de 70 com seus temas que tratam da saga do nordestino como retirante, da alegria de um Forró, da exuberante natureza brasileira, da devoção, com aquele jeito único de poeta e cordelista, que se apaixonou pelo mundo apesar da agruras da vida.

Quem visita a sua página  se apaixona mais ainda pelo trabalho dele e foi assim que numa animação total comprei quatro gravuras de J. Borges e as recebi pelo correio intactas, lindas e maravilhosas. Entre elas, um São Francisco tamanho grande, que  está enfeitando a entrada do condomínio, no qual permaneço uns tempos em Natal, RN. Isso porque faltou parede para colocar as preciosidades distribuídas como decoração interna no meu apartamento.

José Francisco Borges nasceu em Bezerros, 100 quilômetros de Recife, e lá vive até hoje.  Nem sempre tudo foi fácil para o artista considerado um dos mais importantes xilógrafos do Brasil.  Ele já foi comparado a Picasso, e já ilustrou obras de José Saramago, Eduardo Galeano, entre outros.  

Sua alfabetização foi aos solavancos porque não existiam escolas  ou eram muito distantes nas pequenas comunidades  do interior do Brasil e J.Borges revela que estudou formalmente durante 10 meses em sua vida. 

Mas foi uma criança que tinha pressa em aprender e por ter gosto em ouvir os cordéis que seu pai lia todas a noites antes de dormir para ele, isso povoava sua cabecinha de sonhos, e assim conseguiu em pouco tempo juntar as letras num cordel.  Fonte: uol

Aos 8 anos ajudava o pai na lavoura e aos 10 anos fabricava colher de pau e vendia na feira. Depois foi oleiro, confeccionou brinquedos artesanais e livros de cordel. Aos 21 resolveu escrever cordel e foi quando fez o “O Encontro de Dois Vaqueiros no Sertão de Petrolina”, que foi xilogravada por Mestre Dila (também xilogravurista famoso de Pernambuco) e vendeu mais de cinco mil exemplares em dois meses. 

A falta de dinheiro não foi problema para manter seus livros de cordel ilustrados. Ele virou o ilustrador dos próprios livros. 

Foi assim que começou a entalhar na madeira. De alguns cordéis feitos na década de 70, A Chegada da Prostituta no Céu é sua preferida.

José Francisco Borges ilustrou e fez mais mais de 200 cordéis em sua vida. São duas centenas de livretos povoados de contos e invenções de um povo que usava muito a imaginação. 

J.Borges começou a conhecer a fama na década de 70 quando artistas e intelectuais começaram a comprar suas obras.

“Também na década de 70 desenhou As Palavras Andantes “ , de Eduardo Galeano. Nessa época, começou a gravar matrizes dissociadas dos cordéis, de maior tamanho. Isso permitiu expor no exterior: em 1992, na Galeria Stähli, em Zurique, e no Museu de Arte Popular de Santa Fé, na cidade de Novo México.  

Foi convidado e deu aulas na Europa e nos EUA de Xilogravura e entalhamento em madeira.

J. Borges foi condecorado com a comenda da Ordem do Mérito, por Fernando Henrique Cardoso, recebeu prêmio da UNESCO e assim foi acumulando prêmios pelo seu talento criativo.”

O artista não guardou apenas para si o seu talento e repassou a toda a  família de xilógrafos, filhos do artista, um irmão, três sobrinhos e um primo, graças as aulas do grande mestre. 

Bacaro Borges, filho caçula J.Borges apresenta uma homenagem a mulher brasileira guerreira que carrega seus filhos e pertences pelo sertão.  Talento passando de pai para filho…

 

Aqui encerro esta prosa falando das coisas aqui do nordeste, de um povo que sabe tão bem explorar a magia que existe na vida. Agora só me falta dar esticada até Bezerros e visitar o mestre da xilogravura, conhecer sua alma lírica de perto, curtir suas obras e sentir parte desse mundo cheio de cor, lendas e histórias populares. 

A Sagrada Família enfeita agora alguma das paredes do Vaticano. “Os retirantes do sertão” é a obra que abre esse artigo mas J.Borges não deixou de viver no seu sertão, mesmo que tenha rodado o mundo. 

Mas ele  conta que se inspirou no tema porque antigamente o povo do nordeste se mandava embora  no lombo de um jegue. “Agora eles vão de avião, de ônibus, carro, mas quando eu era criança vi muita gente saindo assim”.  

Se J. Borges com sua obra conseguiu chegar até o Vaticano, também ele identificou São Francisco no Sertão. Oxente!

 

IMG_1664 (1)

Trajes coloridos e muita alegria em Festas Juninas estilizadas

Emilly, Kaylla e Ellen são as jovens da foto com seus trajes coloridos prontas para dançar quadrilha na Festa Junina de Monte Alegre, no Rio Grande do Norte. Simpáticas meninas que aceitaram posar para uma foto, assim como a noiva trans que passou glamurosa, com seu traje branco e brilhante.

Um espetáculo vibrante e colorido que encanta, sem dúvida, mas que pouco lembra as tradicionais Festas de São João tão celebradas pelos brasileiros de Norte a Sul. Talvez só pelas bandeirinhas.

 Festas nas quais se misturam religião, crendices populares, comida típica e decoração temática, especialmente no nordeste, com muito forró pé-de-serra.

 A quem diga que os músicos que tocam sanfona, triângulo e zabumba – os tradicionais forrozeiros do nordeste estão sem chances de apresentação porque nas programações só abrem espaço para bandas e músicos famosos. 

O que é isso minha gente!

Vamos valorizar também nossas raízes culturais e distribuir melhor o que se gasta nesses eventos. Monte Alegre, que encerra nesta quarta-feira (28), Campina Grande, na Paraíba, que tal variarem mais a programação com menos caixas de som e holofotes e mais forró pé-de-serra, ritmo genuíno que foi reconhecido, em 2021, pelo IPAHN, como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil.

Cultura genuína relembrando as crendices populares, sacudindo o molejo do corpo com um bom baião, xaxado, xote e também abrindo alas para as glamurosas quadrilhas estilizadas. Tem lugar para todo mundo é só distribuir melhor os recursos.

As celebrações dos santos Antonio, São João  e Pedro são muito fortes do Sul ao Norte. Porém, cada qual tem tradições regionais. O Sul comemora os santos católicos com fogueira, quadrilhas, muita bandeirinha colorida, na comida não pode faltar o quentão, quitutes de milho e um bom quentão para esquentar o corpo. Uma bebida feita à base de vinho tinto, açúcar, canela, cachaça e servida  quente. 

No nordeste as tradições são diferentes em alguns pontos. A decoração é com bandeirinha colorida, as quadrilhas estão presentes, comida típica quase igual (menos pinhão e quentão), mas o povo nordestino festeja muito mais. As cidades em junho e julho são tomadas por festas juninas em todos os cantos. E agora, com concurso de quadrilhas tradicionais e estilizadas, shows de famosos e pouca zabumba, triângulo e sanfona.  Que pena!

Aí que saudades de Luiz Gonzaga!

 

. “Aqui em Natal, no passado, homenageava-se os  três santos Antonio, João e Pedro com fogueiras acesas bem em frente da porta de entrada das casas, para trazer sorte”, conta o personal  trainer, Wellington Campos. “As crianças brincavam em torno da fogueira, soltavam bombas e assavam milho quando ela já estava baixa. Depois tinha a tradição de apadrinhar crianças”.  O apadrinhar na noite de São João ainda é muito difundido em algumas regiões do Brasil, também chamada Batismo do Fogo sob as bençãos de São João, com a condição do padrinho e do afilhado pularem a fogueira.

Segundo Wellington,  a tradição das fogueiras em frente às casas em Natal quase não existe mais pela falta de segurança e alguns assaltos que aconteceram, infelizmente.

“A pandemia foi outro fator limitador pela questão da fumaça e do isolamento social que limitou as confraternizações” , lembrou.No entanto,  em cidades menores a tradição das fogueiras em frente das casas ainda continua, pelo menos no Rio Grande do Norte.

O costume de fazer fogueiras homenageando São João baseia-se em fatos bíblicos, que segundo a tradição católica,  Isabel mãe de João Batista e sua prima Maria – morava distante, tinham feito um acordo para se comunicarem após o nascimento do menino.

Essas festas e costumes populares permanecem no imaginário das pessoas. Lembranças doces de infância, como Maria Flor, que trabalha como diarista em Natal, porém viveu os anos de meninice no interior do estado. “Meu avô fazia sempre fogueira na véspera de São João lá no sítio”, começou a contar ela. “Era sempre o dono da casa que acendia a fogueira às 18horas em ponto”. Era praxe amigos e familiares  reunidos no local, depois dos folguedos dirigirem-se para dentro da casa, para  rezar diante de um pequeno altar feito para homenagear o santo. “Na casa do meu avô não tinha forró porque ele era muito sério para essas coisas, mas nas proximidades encontravam-se locais em que as pessoas do sítio aproveitavam para dançar”.

As festas juninas, quadrilhas e costumes populares foram se achegando do passado para o presente. Ninguém conhece muito a origem das festas realizadas em junho homenageando santos católicos. É mais provável que foram os portugueses que trouxeram para cá e as tradições foram inseridas. Segundo dados incertos, as quadrilhas começaram em festas da aristocracia francesa e foram se transformando no decorrer do tempo até chegar ao campo. Em sítios, fazendas,  pequenas cidades, escolas, algumas, fazem as fogueiras e o povo com seus trajes caipiras dançam quadrilhas que sempre narram em coreografia o dia a dia no campo. São costumes envolvidos pela poética da vida que manifestam na música, na dança, na culinária, nos folguedos populares a esperança e alegria de um povo que gosta de confraternizar!

criança (1)

#Marco TemporalNão! Terra é memória viva para o indígena

Que presunção é essa do homem branco achar que pode decidir sobre a vida e a morada dos indígenas? #marcotemporal!Não, #PL490NÃO

Uma luta que nunca acaba, que começou nos primórdios do Brasil, alastrou-se da colônia aos tempos de hoje. Os indígenas são povos originários que foram perseguidos, dizimados e escravizados pelo colonizador que pisou em solo brasileiro para explorar as riquezas que a terra, pela floresta lhe oferecia com todo seu potencial produtor e exuberância de uma natureza primitiva preservada por quem sabe que dependemos dela. Esses povos da floresta já viviam nessas terras muito antes do europeu. 

As fotos e as ilustrações utilizadas nesse artigo são flagrantes de uma cultura viva que respeita a natureza e os saberes do universo.  À exceção da foto  de Ivan Bueno,  que capturou um flagrante, numa reserva indígena do Paraná e que  mostra um índio Guarani prostrado e  quem a observa consegue sentir na imagem um cansaço extremo e desconsolo. Colocada a propósito, de forma simbólica para ilustrar e dar conteúdo a essa luta insana provocada pela ganância do homem branco. A foto da criança no rio também é de Ivan Bueno, que ilustrou um calendário anual publicado da então Assessoria de Assuntos Indígenas do Paraná, em 2003.

foto by Ivan Bueno - 2001 (indígena Guarani)

Ailton Krenak, Daniel Munduruku, Daiara Tukano, Jadel Esbel (1979-2021), Sonia Guajajara, entre tantos outros indígenas, que hoje são vozes contemporâneas na luta pelos povos originários, na arte, na literatura, na política, nas questões sociais e ambientais. Escritores, artistas, intelectuais e professores indígenas que estão traduzindo, escrevendo, documentando, contando para o homem branco o quanto é bela a cultura e  o quanto existe de sabedoria desses povos sobre as leis da natureza, que antes eram transmitidas oralmente pelos avós para netos e por pais e mães para seus filhos.  

Projeto de Lei 490 (PL 490) determina que são terras indígenas aquelas que estavam ocupadas pelos povos tradicionais em 5 de outubro de 1988. Ou seja, é necessária a comprovação da posse da terra no dia da promulgação da Constituição Federal. Além disso, apresentado pelo deputado federal Homero Pereira, em 2007, o PL n° 490/07 tinha como proposta alterar a Lei n° 6.001, de 19 de dezembro de 1973, trazendo para o Poder Legislativo a competência das demarcações das terras indígenas no Brasil, o que sempre foi feito pela Fundação Nacional do Índio (FUNAI). Imaginem quanto jogo político de interesses escusos, garimpo ilegal, agronegócios estão intimamente envolvidos nesse projeto de lei.

                                     #PL490NÃO!

Se pesquisarmos um pouco na história do Brasil, vamos entender como muitas etnias foram totalmente extintas do Brasil.  Os Carijós, no Paraná, eram indígenas guaranis estão considerados extintos pelos dados do IBGE. Esses povos viviam entre Cananéia, São Paulo, até Lagoa dos Patos, no Rio Grande do Sul.

A preocupação dos povos Guaranis era  não perder sua cultura e manter a vida. O grito para preservar é Têko-arandu ecoou no vazio, infelizmente. Cada vez mais o homem branco não quer deixar o indígena em paz, infelizmente! A guerra foi, é e será cultural….

A supremacia branca começou quando se cortou a comunicação entre povos da floresta e o europeu.  No século XVIII, o primeiro-ministro português, Marquês de Pombal decretou a obrigatoriedade de falar a Língua do Príncipe, a portuguesa e na época a comunicação com os indígenas era feita também em Tupi-Guarani. Começa aí o cancelamento de uma cultura e a sobreposição de outra.

Imagem de Jurandir Carneiro retirada do vídeo sobre Mangueirinha. índia Guarani em ritual sagrado na Casa da Reza. Clique na Imagem e assista o vídeo pesquisa completa sobre a Reserva feita pela jornalsita Mari Weigert em 1998. Ritual encontra-se no trecho 1h16' de quase 2h.

Os Funi-ô povos que habitam próximo ao rio Ipanema, perto de Águas Belas, Pernambuco, são os únicos do nordeste, junto com os indígenas do Maranhão, que conseguiram preservar o idioma nativo.

Foto retirada de uma publicação Funi-ô

Esta foto maravilhosa de Ivan Bueno, feita em 2001 para um calendário sobre indígenas guaranis publicado pela então Assessoria de Assuntos Indígenas do Governo do Paraná, é uma expressão triste e simbólica nesse momento de tamanha tensão. 

Cacique Aristides (já falecido) da tribo Guarani, da Reserva Estadual de Mangueirinha em Guarapuava. Quando a imagem foi feita a sua tribo estava lá em Mangueirinha. Anos depois foram viver em Piraquara, Região Metropolitana de Curitiba. Os Guaranis caminham sempre rumo ao Leste, em busca da “Terra sem Males”.

#marcotemporalNão

obras-famosas-van-gogh

Neurocientista explica a relação entre o cérebro e a arte

 

A arte no sentido geral é para o espectador

O artista cria a pintura e o espectador reage a ela. Sem a resposta de quem a vê, a arte é incompleta. Esse é um ponto óbvio, mas não tinha sido destacado precisamente nestes termos. É uma questão-chave para a investigação experimental.

Eric_Kandel_by_aquaris3

Eric Kandel

A análise é do neurocientista Eric Kandel, ganhador do prêmio Nobel de 2000, em Fisiologia, com a pesquisa sobre a base fisiológica de armazenamento de memória nos neurônios, com mais um grupo de estudiosos.

Kandel lançou o livro “Reductionism in Art and Brain Sciences: Bridging the Two Cultures( sem edição em português) , sobre os processos do cérebro e o expressionismo abstrato.

Ao colocar o papel da arte e sua relação com o cérebro, o neurocientista cita o líder da Escola História da Arte, em Viena, Alois Riegl. O estudioso austríaco, da virada do século passado, em 1900, argumentou que a História da Arte vai morrer, a menos que se torne mais científica.  Para ele, é a Psicologia a ciência mais indicada para arte se relacionar  com ciência e abordar a parte do espectador.

Cérebro e arte

Mais tarde, uma geração depois de Riegl, os seus discípulos Ernst Kris e Ernst Gombrich (vienenses), treinados como historiadores de arte, assumiram o desafio. Eles apreciaram que entendendo a resposta do espectador em relação a arte – o que Gombrich chamou de espectador compartilhado – esse entendimento seria  a ponte natural entre as ciências e arte, entre Psicologia e retratos.

Kris e Gombrich colocaram uma questão lógica. Em que medida  um retrato é moldado pela forma como ela é percebida pelo espectador? Até que ponto existe o sentido de beleza nos olhos de quem a vê?..

Kris, por um lado, colocou o fato que se quaisquer de dois olhares para um mesma pintura, cada um irá responder a esse mesmo trabalho de um modo ligeiramente diferente porque o nosso cérebro não é um câmera, mas uma máquina de criatividade. Assim o espectador passa por uma experiência criativa que recapitula de forma mínima a experiência criativa do artista. 

Gombrich

Gombrich avançou ainda mais na ideia por familiarizar-se com a literatura psicológica sobre a percepção visual. Ele leu Bishop Berkeley e percebeu que, quando se olha para um rosto, toda a retina dos nossos olhos recebe a informação. São os fótons que saltam fora do rosto. No entanto, apesar dessa escassez de informações provenientes do rosto, não temos nenhuma dificuldade em reconhecer um rosto amigo ou reconhecer uma fisionomia bonita.

Cada um de nós tem diferentes experiências e aprendemos coisas diferentes, vimos diferentes imagens da arte e, portanto, cada um responde à arte de uma forma diferente.

Esses insights fizeram vários de nós percebermos que é possível fazer uma fusão da psicologia e a participação do espectador com sua biologia subjacente. Essa fusão foi possível estudar durante as últimas décadas pelos avanços na biologia da percepção, emoção, empatia e memória que começou na década de 1960 e continua até hoje.

Kandel deu o exemplo de um retratista. Um início no entendimento da participação do observador sobre o retrato veio em 1947 a partir do neurologista alemão Joachim Bodamer.

Cegueira

Ele tratou três pacientes que haviam adquirido uma cegueira para rostos devido a uma lesão no córtex temporal inferior. Ele nomeou este transtorno prosopagnosia , termos gregos para a cara ( prosop ) e falta de conhecimento ( agnosia ).Pegando no trabalho de Bodamer por um lado, e Hubel e Wiesel por outro, Charles Gross começou, em 1969, examinar células únicas do córtex temporal inferior dos macacos. Gross, surpreendentemente, percebeu que algumas células respondiam especificamente para as mãos das pessoas, enquanto outras células respondiam a seus rostos.

As células que responderam aos rostos não foram seletivas para qualquer rosto único, mas para a categoria geral de rostos. Isto sugeriu a Gross que um rosto particular, uma avó é representada por uma pequena coleção, um nervo conjunto de células avó, ou células proto-avó.

Em 1992, Justine Sergent e seus colegas do Instituto Neurológico de Montreal, descobriram que, quando indivíduos normais olham para rostos, ambos os hemisférios do giro fusiforme e do córtex temporal anterior, são ativados.

Em 1997, Nancy Kanwisher  também delineava uma região no lóbulo temporal inferior especializada para o reconhecimento facial. Esta região, que ela chamou área facial fusiforme, torna-se ativa quando uma pessoa média olha para um rosto. Quando a mesma pessoa olha para uma casa, a região não responde apesar de uma região diferente do cérebro a faz.

A área da face fusiforme torna-se ativa quando a pessoa simplesmente imagina uma face.

Na verdade, Kanwisher poderia dizer se uma pessoa estava pensando em um rosto ou em uma casa, ao observar a região do cérebro que se tornou ativa. Para explorar ainda mais reconhecimento de face, Doris Tsao e Winrich Freiwald combinaram as abordagens de Kanwisher e os de Gross.

Gravações elétricas

Em 2006, os dois cientistas usaram gravações elétricas das células nervosas individuais no cérebro de macacos. Eles utilizaram fMRI para determinar quais áreas do lobo temporal inferior tornava-se ativa quando um macaco olha para um rosto, e eles usaram gravações elétricas para determinar como as células nervosas nessas áreas respondem a uma face.

Com fMRI, eles localizaram seis regiões na lobo temporal inferior do macaco que respondeu apenas para rostos.

Eles chamaram estas áreas de “patches”. As “face patches” são pequenas, três milímetros de diâmetro e são dispostas ao longo de um eixo da parte de trás do lóbulo temporal inferior para a frente, o que sugere que podem ser organizadas numa hierarquia. Tsao e Freiwald posicionaram os eletrodos  próximos a cada das seis regiões para gravar sinais provenientes das células nervosas individuais.

Eles descobriram que as células padrões faciais são especializadas para o processamento de rostos. Além disso, em duas metades das face patches, respondem incrivelmente a 97% das células  apenas para rostos.

Tsao e Freiwald nos próximos estudos perceberam as conexões entre os seis padrões faciais por imagem e todos os seis simultaneamente e eletricamente, estimulando apenas um deles. Eles descobriram que a ativação de um dos meia face patches causada por células nervosas torna ativas as cinco áreas também.

Esta descoberta implica que todas as regiões de reconhecimento facial no lobo temporal do cérebro estão interligadas. Parecem formar uma rede unificada que processa informações sobre os diferentes aspectos dos rostos vistos.

Toda a rede de padrões faciais parece constituir um sistema dedicado à categoria objeto de processamento de um alto nível: a face.

Como se processa a informação

Freiwald e Tsao então perguntaram: Que tipo de informação visual faz cada um dos seis rostos processados? Para responder à pergunta eles se concentraram em dois padrões face patches médio e  descobriram que os neurônios detectam e diferenciam rostos usando uma estratégia que combina ambas partes-bases, holisticamente, como Gestalt princípios.

Eles mostraram desenhos e imagens de rostos com diferentes formas e orientações  a macacos e descobriram que os padrões faciais médios são ajustados para a geometria das características faciais, ou seja, eles detectaram o formato do rosto. Além disso, as células nessas duas regiões respondem à orientação da cabeça e do rosto. Constataram que o cérebro pode reconhecer mais facilmente rostos no sentido vertical. as células respondem mais fracas no lobo temporal quando um rosto é apresentado de cabeça para baixo do que quando é apresentada no lado certo.

Além disso, quando o olhar é aumentado, como em um desenho animado, as células respondem mais fortemente. O sistema de correção do rosto descoberto por Tsao e Freiwald é um dos avanços mais importantes e surpreendentes na análise do sistema visual, desde a clássica contribuição de Hubel e Wiesel na estágios iniciais do processamento visual. Ilustra como a ciência do cérebro está começando a dar algum discernimento sobre os mecanismos biológicos da participação do espectador.

Fonte: The art newspaper