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Qual é a voz para arte de Cuba?

 

“Ni pan sin liberdad ni libertad sin pan”(Não há pão sem liberdade e nem liberdade sem pão)

Essa semana a amiga e psicóloga, Mara Anar, que me socorre nas horas incertas, falou sobre o  anarquismo, a sociedade sem hierarquias, dominação política, econômica, social e cultural. A conexão feita entre anarquismo e Cuba, no momento da morte de seu grande líder Fidel Castro, tem um ponto em comum: a liberdade.

Artista cubano preso

Fidel disse no Rio de Janeiro (1959), “Ni pan sin liberdad ni libertad sin pan”(Não há pão sem liberdade e nem liberdade sem pão).

Ao ler o artigo publicado no  Exibart sobre os artistas cubanos  Danilo Maldonado Machado, mais conhecido como  El Sexto, Tania Bruguera, que são interpretados como agitadores e estão presos, me pergunto que liberdade o homem está preparado para defender na conquista de seus ideais?

“Quem sabe qual será a sorte agora dos artistas dissidentes e que nestes anos têm frequentemente ‘quebrado os ovos dentro dos cestos’ da fabulosa Cuba da liberdade negada. Depois da morte de Fidel, de fato, talvez algo vai mudar, embora pareça tudo estacionado: Danilo Maldonado Machado, mais conhecido como El Sexto, que se fez ‘reconhecer’ como agitador, assim como a sua colega Tania Bruguera, foi preso novamente.

Cúmplice? Ou será a vontade de se fazer notar, visto que no silêncio surreal de sábado passado andou por Havana gritando, de tempos em tempos, ‘Abaixo Fidel, Abaixo Raul’.

O rapaz que em 2014 foi colocado no xadrez por ‘falta de respeito ao líder da revolução’, resumindo,  é mais uma das suas. E talvez também isto é um sintoma do fato que, ainda, estamos longe da normalidade. Embora pareça que agora, Maldonado, foi colocado na Vila Marista, prisão conhecida por recolher os prisioneiros políticos. Será que também El Sexto foi tentar sair de Cuba para ir a ‘Art Basel Miami”, onde expõe na galeria dinamarquesa, Agerled? Também aqui o regime não aceitou e ele foi obrigado a permanecer na pátria. ‘A roupa suja se lava em família'”. 

 

 

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‘Vai pra Cuba’

 

Não é insulto não! São dicas a partir da experiência de dois casais que circularam pela Ilha do Caribe

A dimensão histórica da morte de Fidel Castro nesse fim de semana colocou Cuba na pauta dos noticiários no mundo inteiro e aguçou a curiosidade de muitos que adoram viajar a conhecer essa paradisíaca ilha do Caribe.

‘Vai pra Cuba’, sugere PanHoramarte, sem a conotação de insulto dada pela turma da histeria ideológica, e sim, com dicas a partir da experiência de dois casais de curitibanos que circularam por ela, durante 14 dias, em novembro de 2015.

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Claudia e Leandro, Mario e Juliana decidiram conhecer a Ilha de Cuba logo depois da notícia da suspensão do embargo econômico, comercial e financeiro feita pelos EUA em 2015. “Para encontrá-la ainda em estado genuíno. O que Cuba é de fato, sem interferências do que surgirá a partir dessa decisão”, contou Claudia.

Casas de família

O primeiro passo, depois de  comprar a passagem, foi o de buscar uma acomodação sem que fosse um hotel. Segundo ela, os hotéis lá são caros e existem muitos sites que oferecem quartos em casas de família, com uma diária em torno de 30 euros o casal. Funcionam como pousadas e oferecem café da manhã, que por sinal é delicioso. O site BelisimaCuba foi recomendado por uma blogueira e foi por ele que os quatro fizeram suas reservas.

Havana, Cienfuegos, Cayo Coco, Trinidade e Holguin, foram as cidades que fizeram parte do roteiro turístico percorrido com um carro alugado em Cuba e cuja intermediação foi feita por Irina, administradora do site, que também dava sugestões sobre os passeios. É importante lembrar que na Ilha não circula cartão de crédito e o pagamento das pousadas é feito no momento da chegada dos hóspedes, em dinheiro, não antecipado.

 

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A alegria e a preservação da tradição cultural na música e na dança é forte e evidente. Em Havana existem bandas cubanas em grande número nos bares espalhados pela cidade e algumas orquestras.  Em geral, o ritmo cubano está presente em todos os lugares e o povo adora dançar e cantar.

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Mas a pergunta está sempre na ponta da língua: Será que deu certo?

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A ambiguidade existe sim, de um lado a satisfação de uma camada da sociedade pela oferta de saúde, educação e segurança gratuita, de outro, uma parcela da população achando que a revolução foi um atraso na vida deles.

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Percebe-se as dificuldades provocadas pelo embargo nas construções antigas, sem a devida manutenção e a falta de produtos de consumo do quotidiano de países capitalistas.

As famílias recebem uma quota de alimentação mensal por parte do governo, que nem sempre é o suficiente. “Uma pobreza limitada”, como diz Leandro.

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Para Claudia, Cuba é um paradoxo.

“A pobreza existe, mas não é miserável, sem dignidade e cidadania”. As cidades são seguras. Nas ruas é possível circular à noite, de madrugada tranquilamente sem medo de ser assaltado.

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Ônus e Bônus

Cuba, pequena, bela, com suas praias paradisíacas mostrou ao mundo que é possível viver isolada. Pagou um preço por isso. Para alguns foi muito alto por deixar de acompanhar de forma acelerada a modernidade tecnológica, e para outros não foi alto, sobretudo por ter preservado o que é mais precioso para eles, a tradição cultural, a música, a dança, enfim a alma do povo cubano.

 

 

 

 

 

 

 

 

Boy Radio Silhouette, 2016. Photograph: Fred Attenborough

Arte dá visibilidade ao tema transgênero

 Artistas se unem para resistir a onda reacionária americana

 É inegável que a eleição de Donald Trump para a presidência dos EUA  e sua vitória causou a muitos americanos desconforto, sobretudo para aqueles que fazem parte das minorias. Salvo o grande sucesso entre os brancos da zona rural e algumas esporádicas exceções, o magnata de Nova York permanece decididamente impopular a todos os grupos sociais que de qualquer modo não compactuam com a ideia do ‘americano perfeito’ defendido pelos mais conservadores.

A crescente de intolerância e discriminação  acordou o mundo da arte, que buscou novos instrumentos de reflexão e abertura mental. Uma série da mostras sobre o tema ‘transgênero’ organizado durante e depois das eleições colocou no centro do debate os direitos das minorias sexuais na sociedade americana.

Para testemunhar esse novo momento o Museu da cidade de Nova York programou ‘Gay Gotham’, sobre o papel da criatividade ‘queer’ do século passado, enquanto o Museu Trans History & Art organizou a exposição ‘Trans History in 99 Objects’, que traça a história da cultura  sobre o corpo transgênero nos EUA. Iniciativas como essas demonstram que o mundo da cultura criou uma frente unida para resistir a onda reacionária que atingiu a sociedade americana, lembrando-nos que a grandeza de um país está na sua abertura para a diversidade e no seu pluralismo e não na homologação identitária.

Fonte: The Guardian

Publicação original: Exibart