IMG_1779

Museu do Amanhã na conexão entre passado e futuro. “Churinga”para o século XXI

Churinga? Que é isso!

Uma ferramenta dos aborígenes australianos que servia para costurar o tempo.

O Museu do Amanhã , no Rio de Janeiro, aspira ser o “churinga” para o século XXI.

IMG_1686
Entrar nesse espaço futurista é participar de uma aula sobre o universo. Física, Química e outros conhecimentos, sem o cansaço dos cálculos e explanações intermináveis.

IMG_1729

IMG_1798

Certamente visitar o Museu carioca é participar de uma imersão em conhecimentos de Física, História, Antropologia, Sociologia, Química e muito mais. Uma aula, sim, repleta de motivações e recursos digitais. Uma das mais completas e interativas apresentações sobre o Cosmos, seus mistérios e ação do homem nesse grande planeta azul.

IMG_1688Agrada adultos e crianças. É uma viagem!

Se visitar o Rio reserve um dia (que será pouco) para desfrutar da beleza de todo o complexo instalado na Praça Mauá, na zona portuária carioca, que foi revitalizado para receber as Olimpíadas de 2016. A arquitetura de vanguarda da sede, assinada pelo espanhol Santiago Calatrava, rompe a bucólica paisagem litorânea como se fosse uma canoa estilizada pronta para zarpar ou embrenhar-se no continente. Será uma nave?

Nave espacial ou navio? Não sei!

unnamed

Deixo-os livre para imaginar o que quer que seja. Um peixe, animal pré-histórico, dragão, nave ou navio que se projeta em terra e  mar. Uma coisa é certa, a arquitetura é genial e contrasta com a diversidade daquela região com prédios antigos e  vizinha ao  Museu de Arte do Rio de Janeiro (MAR), do outro lado da Praça, instalado num antigo casarão.

IMG_20170521_100636636Nossa exploração do amanhã se inicia pela compreensão que pertencemos a um cosmos imensamente vasto, antigo e em perpétua evolução, e que, no entanto, cabe em nosso pensamento. Somos cósmicos. (fonte Museu do Amanhã).

Quem somos?

IMG_1737

É a pergunta feita para que os visitantes possam refletir sobre o papel do homem na Terra. “Somos matéria, vida e pensamento. Somos feitos dos mesmos elementos que compõem a terra”. O macro e micro cosmos em constante movimento, construindo e se reconstruindo a todo o instante.

IMG_1780

Extraordinária é a instalação que propõe conexão entre o passado e o futuro A obra inspira-se na ferramenta usada pelos aborígenes australianos, a Churinga, que servia para costurar o tempo.  “O Museu do Amanhã pretende ser um Churinga para o século XXI”.

IMG_1783 IMG_1779

 A cada painel visitado ou informação repassada ao visitante, a reflexão sobre a responsabilidade de nossas ações está sempre sutilmente inserida nas questões. IMG_1771  

Rio de Janeiro continua lindo, controverso, borbulhante e vivo. Vale a pena dedicar um dia para visitar o Museu do Amanhã, Museu de Arte e sentar-se em um dos bancos da praça, dirigir o olhar para o infinito e determinar um melhor amanhã!

 

 

20170527_200303

Feira do livro de Madrid – boa oportunidade para buscar aquele livro…

Está rolando a Feira do Livro em Madrid. Esse ano com Portugal como país convidado. Eu circulei por ela esses dias e como amante das letras não pude deixar de comprar livros, assistir conferências e… escrever aqui um pouco mais sobre eles: meus eternos amantes, companheiros de toda uma vida.

Amo livros, tanto como vinhos.

Bom, uma coisa não exclui a outra. Na realidade são complementares.

Feira do Livro - Madrid - Foto: Jaqueline D'Hipolito
Feira do Livro – Madrid – Foto: Jaqueline D’Hipolito

É o meu momento do dia, da noite… é quando eu me evado. Por isso as feiras dos livros são tão importantes. Mostra a uma grande parte da população o que foi lançado no mercado, da oportunidade de conhecer escritores, de conhecer autores novos e se surpreender novamente.Ali, encontramos a todos que compartem essa paixão em comum. A todos que querem ir e ver tudo que há de novo, descobrir no desconhecido e encontrar o nunca achado.

Parque do Retiro - Foto: Jaqueline D'Hipolito
Parque do Retiro – Foto: Jaqueline D’Hipolito

Acho que Madrid acertou em cheio: colocou a feira do livro bem no parque mais emblemático da cidade: o parque do Retiro. E que melhor lugar para albergar uma biblioteca ambulante, aquele no meio do parque. Você sai de casa, vai dar uma volta, vê livros, compra um, senta num banquinho e parece que você já não está mais ali, naquela cidade que impera o concreto.

Ler é como viajar sem sair do lugar.

É se auto-transportar a qualquer parte do mundo, do universo. Por isso me dedico tanto a esse esporte. Sou viajante e exploradora do mundo; quando não posso viajar, eu leio. E leio muito mesmo. Não com velocidade… mas com toda a calma do mundo, desfrutando e deleitando cada minuto de essa viagem, de esse momento.

Essa semana por exemplo terminei de ler um clássico que estava ensaiando faz anos: Anna Kareninna. Domingo passado, de tardezinha, finalmente terminei suas 1007 páginas em letra diminuta. Por um lado, agradeci não ter que levar aquela “bíblia” dentro da minha bolsa durante a semana, porque pesava um monte… por outro lado fiquei triste, como se esse livro já fosse parte de mim e agora tinha que deixar-lhe de novo na estante.

Um pequeno probleminha dos romances é que eles são finitos. Porém, o lado bom, é que agora é você que continua a história.

Bons romances são como beijos; você nunca esquece. E por anos você é capaz de lembrar grandes detalhes como se o tempo não passasse. Muitos livros que li no passado sigo lembrando hoje em dia: o enredo, o ambiente, os personagens… E, muito tempo depois, sou capaz ainda de me perguntar que faria essa pessoa (como se fosse real) em esta situação.

É como se eu ganhasse um amigo, e que ele, por muito longe que vivera, estivesse caminhando comigo na estrada da vida, ajudando-me a encontrar soluções para os problemas que surgem. Até hoje penso nos personagens de muitos livros de Milan Kundera, James Salter, Clarin, Eça de Queirós e sempre acabo perguntando-lhes coisas absurdas. Eu rio sozinha e acabo respondendo eu mesma como se fosse eles respondendo. Pode parecer tudo uma loucura, mas é aí onde eu encontro a graça da vida.

Na solidão do momento me sinto rodeada de amigos.  Com um livro parece que o tempo se congela, e só esse momento importa. É viver o presente na sua forma mais pura, é um gozo constante e uma aventura eterna.

São esses momentos, que na absurdez do meu cotidiano acabo encontrando a felicidade a tanto buscada e que cobra sentido nesse átomo de momento que chamamos vida.

Leia!

Feira do Livro de Madrid

Onde: Parque do Retiro em Madrid

Quando: 26/05 a 11/06

Mais informação: http://ferialibromadrid.com/

 

 

jan2011_n1_2

Memórias de ex-escravos que o Brasil não fez questão de contar em seus livros

Livro conta a luta do negro, ex-escravo, em busca de um espaço na sociedade

Os tons turquesa e marrom que compõem a diagramação do livro “Brotas: um Quilombo em Itatiba” e as ilustrações que remetem o leitor à infância num sítio, mostram um pouco da história da escravidão depois de assinada a Lei Áurea.  A narração é leve,repleta de depoimentos e lembranças de um tempo que já passou, convidam à leitura não só por professores, sobretudo por leitores curiosos em conhecer fatos sobre a luta do negro, ex-escravo, em busca de um espaço na sociedade brasileira.

A publicação, lançada em dezembro de 2010, no Instituto Paulo Freire, em São Paulo, apresenta a memória afro que os livros escolares da História do Brasil não tiveram interesse em registrar.

A proposta nasceu da vontade de Rosemeire Barbosa, idealizadora do projeto, que sempre desejou que as crianças e adolescentes do Quilombo pudessem compartilhar suas histórias e as de seus antepassados nas escolas de Itatiba.

O trabalho de profissionais como a educadora Mariana Galvão, na organização do conteúdo, da designer Marcela Weigert, nas ilustrações, projeto gráfico e diagramação, do fotógrafo Alex Macedo, no tratamento de imagens, dos adolescentes e moradores do Quilombo, e do grupo que produziu os textos, fez a diferença neste projeto que foi realizado com os recursos do Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo (Proac).

jan2011_n1_3

Um Baú de Dinheiro

O ícone do livro é um grande baú de madeira, no qual o casal – Emília Gomes e Isaac Modesto de Lima – escravos de uma fazenda em Itatiba que foram libertados depois da morte do proprietário, guardaram o dinheiro para a compra do sítio.

Os dois compraram 12 hectares de terra há mais de 120 anos , num local em que é hoje a periferia de Itatiba, interior paulista, e que, segundo pesquisa histórica, foi sede de um Quilombo, razão pela qual, pode-se afirmar que o Brotas resiste há mais de dois séculos ao longo dos quais diversas famílias negras encontraram abrigo.

jan2011_n1_11
Ajudava ex-escravos

Atualmente vivem na comunidade 150 pessoas, ou seja 32 famílias. Segundo os moradores do Quilombo Brotas, seus antepassados tinham por tradição receber em seu sítio todas as pessoas com problemas financeiros e sem um lugar para morar. D. Maria –neta de Amélia que era filha de Emília – conta que sua avó costumava ter casinhas de barrote vazias, mas sempre bem cuidadas, que ela emprestava para quem precisasse se instalar por um período.

“As pessoas ficavam morando aqui, um tempo depois que ajeitavam suas vidas e iam embora”, lembra D. Maria.

A saga de Emília Gomes começa quando ela e sua mãe Maria Emília, escravas de uma fazenda no Rio de Janeiro, foram vendidas num mercado de escravos em Santos.

Mãe e filha separadas

No entanto, um fazendeiro levou a mãe e não quis levar a filha, que depois foi vendida para um fazendeiro em Itatiba.Emília conheceu seu marido Isaac de Lima na fazenda São Benedito, onde trabalhavam como escravos, lá pelos idos de 1850. Tiveram vários filhos, dentre eles Amélia de Lima, que não era mais escrava ao nascer, pois foi beneficiada pela Lei do Ventre Livre.

jan2011_n1_2

Ana Tereza, outra neta de Amélia, lembra como foi difícil para seus antepassados comprarem essas terras. Segundo ela, Amélia contava que trabalhava com o pai na roça de sol a sol. Tinham somente uma muda de roupa e, quando chovia na roça, ficavam molhados não tendo outra roupa seca para vestir.

Seu pai, Isaac, tentava consolá-la dizendo: “Tenha paciência , minha filha. Isso daí é pra nós pagar o lugar pra gente morar. Pra pertencer pra tudo mundo. Pra tudo que tiver meu sangue ter um lugar para morar”.

A luta do casal Amélia e Isaac é uma das tantas histórias de sofrimento dos negros escravizados no Brasil. Porém, apesar da violência que sofriam os africanos imprimiram marcas indestrutíveis na cultura brasileira: na música, na fé, na difusão do sentimento de esperança e solidariedade ao seu irmão.É o mesmo fenômeno ocorrido na antiguidade, quando o império romano conquistou a Grécia, os subjugados transformaram culturalmente Roma com suas ideias.

jan2011_n1_4

Brotas: um Quilombo em Itatiba” trata ainda de questões como a definição do que é Quilombo, sobre a contribuição cultural e religiosidade afro-brasileira, alimentação, os quilombolas, preconceito, legislação sobre o assunto, dicas pedagógicas e muito mais detalhes.

O livro é um documento precioso que prova a dívida eterna que o Brasil terá sempre com os descendentes de africanos que vivem neste país.

Bordeaux ou Borgonha?

São Paulo ou Rio? Madrid ou Barcelona? Carne ou peixe? Tem gente que sabe, tem gente que não, e tem gente que depende. Eu pertenço ao grupo dos depende.

E quando falam de vinhos, regiões vinícolas, nem se fala. Novo mundo ou tradição? Espanha ou França? Portugal ou Itália? Branco ou tinto? Monovarietal ou coupage? Malbec ou Merlot? Tempranillo ou Grenache?

E depende de que?

Depende de tudo ora. Do dia, da hora, do tempo, da ocasião, do preço, da região, do cardápio… e assim por diante. Sim; depende de tudo.

Para gostos, sabores; já dizia o ditado… e por que não muitos? Aqui não se trata de escolher um time de futebol, uma religião ou um partido político. Se trata de que a comida italiana é tão gostosa como a francesa ou a espanhola… é uma questão de experimentar.

Se tratando de vinhos então, a teoria é a mesma. Experimentar, experimentar e educar o paladar.  De todos os cantos, de todas as regiões, de todos os lugares. Quanto mais melhor. Só assim você vai começar a entender as diferenças de um vinho para outro sem se perder no meio de tanta informação e de tanta crítica.

Uns dizem que os Bordeaux são melhores, outros dizem que os Borgonhas.

Tem os que não abrem mão dos Riojas, dos alenteijanos, ou dos Alvarinhos. Mas a verdade é que para quem está começando, dá no mesmo. Enquanto você não começar a provar tudo o que você vê na frente, vai ser impossível criar um critério próprio.

Por exemplo: No verão de Madrid dificilmente tomo um tinto numa esplanada. Ou no inverno dificilmente tomo um branco. Um peixe geralmente pede um branco, carne geralmente pede tinto: mas a regra não é restrita. Você acomoda ela como você quiser. Isso é como arte: não gosta, não compra!

Mas quando você começa a gostar, cuidado pra não se arruinar!

Nos últimos dois anos estive viajando pela França nas regiões mais míticas de vinho do mundo: Bordeaux e Borgonha. A primeira dominada pela produção das uvas Cabernet Souvignon e Merlot, e a segunda pelas uvas Pinot Noir e Chardonay. Disputas à parte, eu fico com as duas. Mas para os franceses, não cabe dúvida. Ou você é de uma ou é de outra. Menos mal que sou de fora e não tenho que escolher.

Desde que eu fiz essas viagens, França abriu meus horizontes e se revelou como um país completamente desconhecido.

Bordeaux fica quase na fronteira com a Espanha, sendo destino turísticos de muitos espanhóis que vivem na capital. A parte da cidade, que leva o nome da região e do tipo de vinho procedente dali, esta zona está repleta de subzonas que se diferem basicamente pela sua variedade e forma de elaborar o vinho. O resultado: uma diversidade digna de ser provada, degustada e repetida quantas vezes forem necessárias.

Ali estão os famosos Margaux, Médoc, Saint-Emilion, Pauillac, etc., etc. y tal. Todos cortado pelos rios Garona e Dordonha. Entre o correr das águas dessa região na margem esquerda do rio Garona é onde se cultiva os vinhos que dão fama ao lugar. No entanto, Saint Emilion e Pomerol caminham na mesma direção; se já não alcançaram.

Saint Emilion. Foto Jaqueline D'Hipólito
Saint Emilion. Foto Jaqueline D’Hipólito

Sai de Madrid de manhã e depois de 9 horas dirigindo, passando pelas mais belas paisagens do País Basco, Pirineus espanhol e francês, cheguei a Saint Emilion, uma das muitas regiões vinícolas da área.

Saint Emilion. Foto Jaqueline D'Hipólito
Saint Emilion. Foto Jaqueline D’Hipólito

A cidade, super pitoresca, batizou o nome de uma das muitas denominações de origem da zona. Poder andar pela  cidade e ver que cada cantinho dela emana essa tradição foi uma experiência singular. Tanto é assim que o comércio local se dedica quase que exclusivamente ao vinho, e nas praças da cidade vendem mudas da variedade da uva Merlot. Levei duas mudas, uma está em Madrid e outra em Nanin, na Galícia. Uma pena que nenhuma das duas regiões têm a terra que tem  ali, nem o clima. Mesmo assim, foi como levar um pedacinho dessa região a minha casa.

Saint Emilion. Foto Jaqueline D'Hipólito
Saint Emilion. Foto Jaqueline D’Hipólito

Provei vinhos excelentes, entre eles o Chateau de Ferrand ano 2005, uma das colheitas mais extraordinárias da região, que comprei uma garrafa e a tomei ano passado, 11 anos mais velho. Esse vinho foi um dos mais especiais que provei na minha vida. A experiência é digna de ser repetida.

Saint Emilion. Foto Jaqueline D'Hipólito
Saint Emilion. Foto Jaqueline D’Hipólito
Chateau Ferrand. Foto Jaqueline D'Hipólito
Chateau Ferrand. Foto Jaqueline D’Hipólito

Outra viagem inesquecível foi quando estive ano passado na Borgonha, a região mais sibarita da França, em que a tradição e a reputação dos vinhos são inigualáveis. Os brancos da região são dominados pela uva Chardonay e os tintos pela uva Pinot Noir, o contraposto da Merlot.

Dijon. Foto Jaqueline D'Hipólito
Dijon. Foto Jaqueline D’Hipólito

Cruzei de carro pela Borgonha afim de conhecer não só a história, mas também de viver uma experiência. E assim foi. Entre Dijon y Baune pude provar os vinhos da zona, suas diferenças, aprender um pouco mais e ver quão linda era essa região no centro da França. E com certeza umas das degustações para ficar na memória foi a que eu fiz no Château de Pommard, com vinhos especiais e únicos.

Chateau Pommard. Foto: Jaqueline D'Hipólito
Chateau Pommard. Foto: Jaqueline D’Hipólito

A Borgonha é mágica. Não tem só beleza, mas também encanto. E com toda certeza sua reputação faz jus ao nome. Produtores do mundo inteiro direcionam sua atenção todos os anos a essa região para aprender o seu segredo, desvendar o mistério do seu vinho. Até na Espanha, muitos projetos bebem da sabedoria borgonhesa.

Borgonha. Foto Jaqueline D'Hipólito
Borgonha. Foto: Jaqueline D’Hipólito

É uma das grandes diferenças entre os vinhos do novo mundo e do velho mundo. A identidade dos vinhos borgonheses ou dos bordelenses não são só as castas, mas também a terra, o clima e a região, que no seu conjunto os franceses chamam de “Terroir”.  É aí, onde os maiores sommeliers do mundo distinguem a sua singularidade.

Borgonha. Foto: Jaqueline D'Hipólito
Borgonha. Foto: Jaqueline D’Hipólito

Ali, uma parcela de vinhas corresponde a uma especificidade cercada por muros invisíveis. Cada parcela é batizada com um nome específico, que remonta as origens topográficas e/ou históricas. Foi com o passar do tempo, que os produtores da região foram aprendendo que cada parcela se podia atribuir características únicas, já que esta parcela não tem nada a ver com o que eles plantaram 15 metros adiante. Por isso, se disse que eles entendem do seu terroir como ninguém. Nem em Bordeaux os produtores são tão caprichosos.

Todo o vinhedo está dividido, com categorias mais diversas, que podem indicar a sua denominação de origem, a cidade, a região, a província ou a vila. No topo de toda essa classificação estão os Grands Crus, ou seja, “la crème de la crème” do vinho!

Dijon. Foto: Jaqueline D'Hipólito
Dijon. Foto: Jaqueline D’Hipólito

Como eu disse, para gostos, sabores… e também para bolsos. Porque convém dizer que a diferença de preço de um Borgonha para um Bordeaux é substancial. Mas continuo enfatizando que ambos são deliciosos: cada um para uma ocasião diferente.

Basicamente o que faz um vinho custar mais que outro sem dúvida é a sua forma de manuseio. No caso da Borgonha joga também a lei de oferta e da procura. Como a uva Pinot Noir é uma uva de difícil cultivo os produtores não plantam muito, senão que cuidam bem de perto aquelas que foram plantadas.

A parte de isso, tanto Bordeaux como Borgonha tem altos padrões  de manejo, muitos deles, quase 100% artesanais, mas nem todos os produtores seguem essa regra. E dai vem um dos porquês que um vinho da mesma região apresenta preços tão diferentes.

Uma dica, na hora de comprar vinho, é perguntar ou pesquisar sobre o processos e o manuseio do vinho. Se ele for caro e o seu manejo é quase inteiramente mecânico, você já sabe que o que você está comprando é a marca ou a estratégia de Marketing. E isso não significa que ele seja ruim. Tem muitos vinhos que mantém processos industriais que são perfeitamente aceitáveis e muito gostosos.

Agora, o exclusivo e feito a mão tem um preço. Principalmente na Europa, que a mão de obra não é barata. A regra se aplica para quase todas Denominações de Origem: RiojasAlvariños, Dão, Chiantis, Brunelos e Barolos.

Dijon. Foto: Jaqueline D'Hipólito
Dijon. Foto: Jaqueline D’Hipólito

E se falamos de França então, você tem ainda oportunidade de conhecer  e se deliciar com vinhos da Alsacia, Côtes du Rhone, Provence…

Próxima parada: Languedoc. Mas esta história fica para uma próxima vez.
Chateau Ferrand. Foto Jaqueline D'Hipólito
Chateau Ferrand. Foto: E.C.