Nelson Rodrigues - Foto de elpais.com

Nelson Rodrigues e a Tragédia Carioca

Essas últimas duas semanas foram um pouco peculiares em relação as minhas leituras: li seguidas cinco obras do mesmo autor. Não sei se foi uma neura, uma obsessão, mas Nelson Rodrigues me pegou pelas pernas; ou melhor, pelos olhos.

Voltar a ler em português, ver de novo a minha língua e entender o panorama brasileiro  e o comportamento da nossa sociedade foram um dos motivos que um livro me levava ao outro.

Esse ano já tinha lido, pela primeira vez, O Beijo no Asfalto, umas das obras míticas quando falamos em teatro brasileiro e crítica a hipocrisia nacional. Durante o ano, li umas tantas outras obras em português, também bastante ácidas e com muita crítica. Quincas Borba, de Machado de Assis é um claro exemplo de uma crítica a hipocrisia humana.

Obras

valsa n6 viuva porem honesta vestido-de-noiva anti nelson rodrigues a mulher sem pecado

Foram cinco obras que me dediquei a ler estas últimas duas semanas: A Mulher sem pecado, Vestido de Noiva, Valsa nº6, Viúva, porém honesta e Anti-Nelson Rodrigues. Em todas elas pude detectar um elemento em comum, que ao contrário do que muita gente pensa não é são os temas clichês em torno da obra (homossexualismo e adultério) senão de como era, se comportava, a sociedade brasileira entre os anos 40 e 60.

Levei essas obras a casa de um amigo e fiz uma narração em voz alta. Quando lhe contei os anos que estas obras foram apresentadas no Brasil, ele não acreditou. Ora, nos anos 40, aqui na Espanha, com a ditadura Franquista, estas obras estariam proibidíssimas. Coisa que mais tarde passou no Brasil com o decreto AI5.

Análise

Todos os seus diálogos, todas as suas obras, mostram o comportamento de uma sociedade preconceituosa e machista ao extremo. Temas como a negação do homossexualismo, a submissão da mulher, a violência de gênero aparecem na sua obra da forma mais sórdida e latente que chega a ser um tapa na cara em cheio na cara daquela sociedade. Pensemos que elementos que hoje estariam mais que reprováveis pela nossa sociedade eram coisas comuns há uns 50/60 anos atrás.

Esses temas, que hoje já não são falados nem questionados por muitos, são essenciais para entender como se constrói uma sociedade e uma cultura. Analisá-los, lê-los podem nos proporcionar perspectivas diferentes de como nós cremos que é uma sociedade e como ela realmente é ou foi. No caso do Brasil, estou mais convencida que ela foi, mas hoje vendo alguns movimentos extremistas que olham mais para o passado que para o futuro, corremos o risco de que o nosso país volte a ser uma peça de Nelson Rodrigues.

Nelson Rodrigues na sala de aula

Hoje, acho que mais do que nunca, deveríamos estudar Nelson Rodrigues na sala de aula, ler seus textos em voz alta, e fazer um debate com os alunos sobre o muito que uma sociedade pode evoluir. Entender que as coisas mudam, que os valores também e esse motor de mudança, de evolução, é essencial para construir um futuro.

Nelson Rodrigues é necessário para indagarmos, hoje em dia, se queremos voltar a viver numa sociedade em que a mulher não tem voz – em que era agredida, violada e condenada a carregar com a culpa do seu agressor. Queremos viver numa sociedade sem respeito ao próximo, sem respeito ao homossexualismo, aos que sofrem de alguma deficiência, em suma, aos diferentes.

Queremos viver numa sociedade em que toda a carga econômica tenha que ser levada pelo homem, em que este não possa chorar na frente dos outros e tenha que demonstrar por meio da violência a sua virilidade?

Padrão Nelson Rodrigues

A sociedade de Nelson Rodrigues, das peças de Nelson Rodrigues, não é só injusta com as minorias, senão também com uma maioria que não tem direito a ser quem realmente quer porque se vêm presos numa série de padrões e comportamentos que estão obrigados a atuar.

Esta sociedade, este rol, pode ser que já esteja longe de muita gente, mas não esqueçamos que ela, um dia, há não muito tempo, já foi a nossa realidade. Não esqueçamos disso, para garantir que ela não volte.

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Il lato oscuro dell’anima: Fyodor Dostoevskij

Il russo Alexey Remyzov, durante l’esilio a Parigi nel 1927, ha scritto: “La Russia è Dostoevskij, non esiste senza Dostoevskij”.

Quando ero bambino, la nostra casa era piena dei classici della letteratura mondiale, in particolare di romanzi. Scrittori americani, russi, europei e tanti altri erano a nostra disposizione. Per questo motivo ho conosciuto molti scrittori e tra questi Dostoevskij. Fin dalla tenera età lo ho trovato diverso dagli altri perché nelle sue opere mostrava il lato oscuro delle nostre anime. Ho concluso che gli scrittori erano divisi tra due classificazioni: Dostoevskij e gli altri.

“Chi non vuole uccidere suo padre? “

Il scrittore è nato a San Pietroburgo, città nota per le sue attività culturali e gli edifici storici, nonché per la sua fama sull’arte.
Oggi è accetto da alcuni biografi, ma senza prove concrete, che il Dr. Mikhail Dostoevskij, il padre dello scrittore, sia stato assassinato dai propri domestici della sua proprietà rurale nella città di Daravói, indignati per i maltrattamenti per loro sofferti. Ecco perché lo scrittore ha scritto la famosa domanda nel suo capolavoro “I fratelli Karamazov”: “Chi non vuole uccidere suo padre?” Secondo alcuni critici e Freud, questo libro è la migliore opera della storia.

Nei suoi libri ci sono numerose frasi del poeta romantico tedesco Friedrich Schiller e Gogol, scrittori che lo hanno influenzato.

Dostoevskij è riuscito conquistare fama con il suo primo romanzo, Povera Gente.

Anche il suo altro libro “Delitto e Castigo” è un romanzo indimenticabile.
Le sue opere esercitano una grande influenza sui romanzi moderni.

Il Circolo di Petrasevskij

Dostoevskij fu arrestato il 23 aprile 1849 per aver partecipato a un gruppo intellettuale liberale chiamato Petrashevski Circolo, con l’accusa di cospirazione contro Nicola I di Russia. È stato in carcere in Siberia. Liberato nel 1854. Dopo anni di carcere le sue idee cambiarono completamente e queste esperienze furono raccontate nel suo libro Memorie dalla casa dei morti.
Tra tutti i suoi libri, i miei preferiti sono “Fratello Karamazov”, “Delitto e castigo”, “L’idiota” e “Memorie dalla casa dei morti”.

Alcune frasi dei suoi libri sono speciali. Quelle che mi piacciono sono:

“Non mi sono inginocchiato davanti a te, ma a tutti il dolore umano.” Delitto e castigo

“Se vuoi conquistare il mondo intero, conquisti prima a sé proprio ” , Gli indemoniati o Gli ossessi. – I demoni
“È meglio essere infelici, però consapevoli di questo, che essere felici e vivere come un’idiota.” L’idiota
“L’inferno è la mancanza di fiducia.” I fratelli Karamazov”.

Il russo Alexey Remyzov, durante l’esilio a Parigi nel 1927, scrisse: “La Russia è Dostoevskij, non esiste senza Dostoevskij”.
L’influenza di questo scrittore è immensa in Hemigway, Hermann Hesse, Marcel Proust, William Faulkner, Albert Camus, Franz Kafka, Yukio Mishima, Garcia Marquez ecc.
Per tutta la sua vita lo scrittore ha sofferto a causa della mancanza di denaro. Morì nel gennaio 1881 e è stato sepolto nel cimitero di Tikhvin presso il monastero Alexander Nevsky a San Pietroburgo. È ancora uno dei grandi scrittori della storia e credo che lo sarà per molti altri anni.
Se vuoi dare un’occhiata al lato oscuro della tua anima, suggerisco di leggere le sue opere. Garantisco che non sarai deluso.

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O lado escuro da alma: Fiódor Dostoiévski

O russo Alexey Rémizov, durante exílio em Paris, em 1927, escreveu: “A Rússia é Dostoiévski, ela não existe sem Dostoiévski”.

Quando era criança, nossa casa era cheia de clássicos da literatura mundial, especialmente os romances. Escritores americanos, Russos, Europeus e outros estavam a nossa disposição. Por esse motivo conheci muitos escritores e entre eles Dostoiévski. Desde cedo o achei diferente dos outros por mostrar o lado escuro de nossas almas. Conclui que escritores se dividiam entre duas classificações: Dostoiévski e os outros.

“Quem não quer matar seu pai”?

Ele nasceu em São Petersburgo, uma cidade conhecida por suas atividades culturais e prédios históricos, além de sua fama sobre a arte.
É aceito hoje por alguns biógrafos, porém sem provas concretas, que o doutor Mikhail Dostoiévski, pai do escritor, foi assassinado pelos próprios servos de sua propriedade rural na cidade de Daravói, indignados com os maus tratos sofridos. Por isso o escritor escreveu a famosa pergunta na sua obra prima “Os Irmãos Karamázov”: “Quem não quer matar seu pai?” Segundo alguns críticos e Freud, esse livro é a maior obra da história.

Em seus livros há inúmeras frases do poeta romântico alemão Friedrich Schiller e de Gogol, escritores que o influenciaram.
Dostoiévski logrou atingir sucesso com seu primeiro romance, Gente Pobre.
Outro livro dele “Crime e Castigo” é também um romance inesquecível.
Suas obras exercem grande influência nos romances modernos.

Círculo Petrashevski

Dostoiévski foi preso em 23 de Abril de 1849 por participar de um grupo intelectual liberal chamado Círculo Petrashevski, sob a acusação de conspirar contra o Nicolau I da Rússia, cumpriu pena na Sibéria. Foi libertado em 1854. Depois dos anos na prisão suas ideias mudaram totalmente e essas experiências são contadas em seu livro “Memórias da Casa dos Mortos”.
De todos os seus livros, os meus prediletos são “ Os Irmão Karamázov” , “ Crime e Castigo” , “O Idiota” e “Memórias da Casa dos Mortos”.

Algumas frases dos seus livros são especiais, minhas prediletas são essas:
“Eu não me ajoelhei diante de ti, mas diante de toda a dor humana.” Crime e Castigo
“Se queres vencer o mundo inteiro, vence a ti mesmo’.“ Os Demônios ou Os Possessos
“É melhor ser infeliz, porém estar inteirado disso, do que ser feliz e viver sendo feito de idiota.“ O Idiota
“O inferno é não confiar.“ Os Irmãos Karamázov
O russo Alexey Rémizov, durante exílio em Paris, em 1927, escreveu: “A Rússia é Dostoiévski, ela não existe sem Dostoiévski”.
A influência desse escritor é imensa em Hemigway, Hermann Hesse, Marcel Proust, William Faulkner, Albert Camus, Franz Kafka, Yukio Mishima, Garcia Marquez etc.
A sua vida toda o escritor sofreu com a falta de dinheiro. Ele morreu em janeiro de 1881 e foi enterrado no Cemitério de Tikhvin, no Monastério Alejandro Nevsky, em San Petersburgo. Ainda é um dos grandes escritores da história e acredito que será assim por muito anos mais.
Se você quiser dar uma olhada no lado escuro da sua alma, sugiro ler as obras dele. Garanto que não haverá decepção!

 

Erol Anar

O almoço dos barqueiros - Auguste Renoir

Em busca da felicidade

Faz mais ou menos uma semana que venho dando voltas em como escrever esse texto e que não pareça algo clichê, nem de autoajuda. Nunca gostei da sessão de livros de autoajuda numa livraria. Me dói ver que muita gente gasta seu tempo tentando ler autores que te dão receitas tão simplificadas da vida, burlando-se da complexidade dela e que cada um leva consigo.

E obviamente há bons e maus livros, mas uma série deles, que justamente encontramos nessa estante são versões muito simplistas da vida como se ela fosse uma receita de bolo.

Clóvis de Barros Filho

Há mais ou menos cinco anos vi um seminário do professor Clovis de Barros Filho, que definia felicidade como “um momento em que você não quer que se acabe”. Essa definição é um dos conceitos que levo para minha vida. Mas foi na semana passada, conversando com um amigo, que me dei conta de como essa definição se aplica na minha vida.

Conversávamos sobre crescimento pessoal, ambição e quando lhe soltei que a minha ambição era ser feliz ele me disse:

– Felicidade é um conceito efêmero. Defina felicidade.

E eis que me dei conta de tudo. Quando lhe disse a frase “felicidade é um momento em que não queremos que se acabe”, certas coisas cobraram sentido.

Ora essa, então o que que eu faço para ser feliz?

Dou valor a esses momentos, esses que eu me dou conta que não quero que se acabe. E de uma forma ou de outra, tento maximiza-los de tal forma, que durante o meu dia, o balance geral, será de um dia feliz. Aqui a receita de bolo não é igual para todos. Pense.

O que te faz feliz?

O meu conceito de felicidade é diferente do teu. O que me faz feliz, de repente não te faz feliz. Mas então. E se você pega essas pequenas coisinhas do seu dia a dia que te fazem feliz, e as grandes também e começa a colocar em prática. Dessa forma, você amplia as tuas possibilidades de terminar o dia relativamente feliz.

Se um café com amigos me faz feliz, me planejo todas as semanas para ter esse tempo de tomar um café com eles, seja na minha casa ou na rua. Se uma sessão de cinema me faz feliz tento ir todas as semanas no cinema. Se no trabalho falar com determinada pessoa me faz feliz, tento todos os dias passar pela sua mesa e falar um pouquinho com ela. Se uma determinada tarefa me faz feliz, tentarei realiza-la sempre que possível.

E o que me faz infeliz?

Essas coisas, fujo delas como o diabo foge da cruz.

Eu sei que muitas delas são inevitáveis, e tenho que deixar que cheguem e enfrentá-las de peito aberto. Mas as que são evitáveis, faço um esforço tremendo para não topar com elas no meu dia.

Um exemplo que tenho são as pessoas que estão constantemente se queixando, até quando as coisas vão bem para elas. São incapazes de ver o lado positivo de qualquer coisa. Prefiro evitar essas pessoas para que não terminem me passando a sua angústia.

Se tem alguma coisa que não curto fazer busco ver o lado positivo, e se não tem, faço o mais rápido possível.

As receitas são infinitas, mas o objetivo é o mesmo: maximizar esses instantes do dia que te fazem feliz. Parece simples, mas não é. Eu sei disso.

Acho que a maioria das pessoas, eu inclusive, temos dificuldade em saber primeiro o que nos alegra. Esse conhecimento pode parecer singelo mas emana uma parte de nós importante: o autoconhecimento. Conhecer-se não é fácil. Exige muito tempo de ócio. E quando digo ócio, digo de vazio, de não fazer nada e só pensar.

Platão e Sócrates

Dizia Sócrates que uma vida não examinada não vale a pena a ser vivida. Platão, discípulo de Sócrates também dizia: “conhece-te a ti mesmo”.

Nossa sociedade associa o ócio ao perigo: mal gerenciado até pode ser –muitas vezes terminamos perdidos pensando que não gostamos de nada e nem sabemos porque estamos aqui. Bem gerenciado, nos pode levar a um estado mais elevado, não superior ao dos demais, mas sim de um conhecimento maior sobre um mesmo.

Esse conhecimento te proporcionará respostas, sobre aquilo que você gosta e aquilo que te faz feliz. E nessa busca incansável, chegará um momento em que você parará e se apoiará nesse conhecimento para tomar decisões. Daí a felicidade.

Como disse Clovis de Barros, vivemos num mundo extraordinariamente competente para nos entristecer, mas aqui e ali, também capaz de nos proporcionar grandes alegrias, grandes surpresas, momentos em que nós não gostaríamos que acabasse. São esses momentos que nos damos conta e que farão da vida uma coisa digníssima de ser buscada e fantástica de ser vivida.

Saber que esses momentos vêm e vão e são essenciais para entender a complexidade do mundo. Não podemos estar constantemente num estado pleno de felicidade, assim como uma pessoa não passa a vida inteira apaixonada.

Felicidade são momentos que vêm e que vão. São momentos que se sabemos que estão passando, aprendemos a dar valor e a desfrutá-los com mais intensidade.  Daí o sentido da vida.

A busca da felicidade nada mais é que a busca desses momentos.