Foto via site NiemanLab

Alfabetização midiática é o ensino do futuro

As pessoas no futuro estarão mais aptas a identificar o que é falso e separar o que é verdadeiro nas informações veiculadas pela internet. Alfabetização midiática será um ensino tão importante quanto aprender a ler.

A preocupação está ganhando espaço entre os estudiosos em comunicação e o principal fator não é somente ensinar, sobretudo perceber quanto tempo é preciso para que as pessoas mudem de comportamento.

“A habilidade para analisar notícias objetivas precisa ser desenvolvida por conta própria … provavelmente precisa ser coordenada com a habilidade de analisar notícias baseadas em desinformação”.

NiemanLab

Uma matéria divulgada no Nieman Lab, assinada por do laboratório de jornalismo de Havard, trata de um programa desenvolvido na Ucrânia. O programa não só divulgou o sucesso em números de participantes, mas acima de tudo se preocupou em saber em quanto tempo os participantes conseguiram se ajustar à nova leitura das informações. Segundo as estatísticas, em 18 meses depois que concluíram o curso.

Learn do Discern

Learn to Discern foi o nome dado a ele, também conduzido por uma entidade sem fins lucrativos IREX, para educação global.  O programa foi desenvolvido com financiamento do governo canadense e apoio das organizações locais como Academy of Ukrainian Press e StopFake. A ideia era treinar treinadores, no qual 361 líderes comunitários receberam informações para promover a alfabetização midiática na comunidade.

Principais pontos

Em contraste com os cursos de alfabetização midiática mais tradicionais, o treinamento L2D focou especificamente em ensinar cidadãos a identificar fatores de manipulação e desinformação na mídia noticiosa. O currículo destina-se a fomentar habilidades de pensamento crítico, ensinando aos participantes não apenas a selecionar e processar notícias, mas também a discernir o que não consumir.

A formação foi para cidadãos formadores de opinião e adaptada às necessidades e interesses do seu local de trabalho ou redes comunitárias.

Aqueles que concluíram o treinamento de mídia quase não foram melhores em avaliar a história objetiva do que aqueles que não fizeram o treinamento. Este é um problema que já vimos antes: as pessoas não têm certeza de que podem confiar em qualquer coisa. (Apenas 25 por cento dos ucranianos dizem que confiam na mídia, de acordo com o IREX.)

“O maior desafio, na minha opinião, é ter muito cuidado entre aumentar o ceticismo saudável, mas não contribuir para a desconfiança geral”, disse Tara Susman-Pena, consultora técnica sênior do IREX, ao Slate. “Essa é exatamente a estratégia do Kremlin, para levar as pessoas a pensar, Oh, não existe tal coisa como verdade, não há fatos”.

“Há uma grande diferença entre o número de pessoas que se preocupam com notícias falsas e o que se disse que eles realmente viram.

Além disso, o Facebook procura contratar “especialistas em credibilidade de notícias”, e a Reuters tenta descobrir se sites altamente partidários estão ganhando força dentro e fora dos EUA (parece que eles não estão).

O fluxo crescente de relatórios e dados sobre notícias falsas, desinformação, conteúdo partidário e conhecimento de notícias é difícil de acompanhar. Este resumo semanal oferece os destaques do que você pode ter perdido.

A maior lacuna está entre a percepção e aquilo  o que as pessoas realmente vêem. ”O Relatório da Reuters Digital News de 2018 – que nós escrevemos aqui – inclui grandes seções sobre notícias falsas e desinformação.

Um exemplo:
– As pessoas se preocupam com notícias falsas, mas têm dificuldade em pensar em vezes em que realmente a viram”.

 

 

 

IMG_7111

Galeria de arte em Viena promove artistas brasileiros

Nem só de valsas e lembranças de um império glorioso vive Viena.

A capital austríaca ainda conserva na paisagem a pompa do que foi no passado imperial, jardins, bairros, tudo limpo e perfeito, um povo sem pressa, usando bicicleta, patinete e bonde.

Nesse ambiente de ruas tranquilas, no sóbrio tom gelo das construções, encontrei a galeria de arte da brasileira Valéria Mac Knight. Que agradável surpresa!

Tons vibrantes

Valéria é a segunda da direita para esquerda no meio de um grupo de brasileiros que estão com obras expondo na galeria.

O sorriso aberto de quem é ‘Made in Brasil’  é o cartão de visita de Valéria dando boas vindas a quem chega na galeria. Logo na entrada é possível perceber os tons vibrantes da cor tropical que prevalece nas telas. Nesse início de junho brasileiros abriram uma mostra que inclui design de jóias, do Ateliê Fusão de Renata Chagas

Atelier Escola Fusão. Renata Chagas

Visibilidade

‘The Vienna Workshop Gallery’ apresenta em seu projeto de trabalho, entre outras propostas, dar oportunidade aos artistas brasileiros de mostrarem suas obras na Áustria e consequentemente abrir caminhos para que ele seja aceito e visível ao mercado de artes europeu.

To remain. Marta Von Zeidler, brasileira que vive na Alemanha.

Vale destacar no Panhoramarte o trabalho realizado pela galeria, considerando que o percurso para o reconhecimento artístico sempre é árduo, sobretudo se o artista não é europeu. Vale, sim, buscar novos horizontes. É como garimpar oportunidades que certamente têm custos, mas ao final o resultado sempre é favorável ao artista que tem segurança do seu talento.

Nesse ambiente quase exclusivamente brasileiro ou de língua portuguesa, por ter alguns representantes de Portugal, um artista austríaco se destaca. Maximilian Seeböok, com seu Spiral das Leben. Óleo sobre tela. Um trabalho minucioso e extraordinário nos detalhes. Maximilian é marido de Valéria.

 

 

 

 

 

 

 

IMG_6840

Gustav Klimt e a alegoria do Friso de Beethoven

A alegoria criada por Gustav Klimt no Friso de Beethoven, obra inspirada na 9a. Sinfonia, transformou uma simples sala em território sagrado. A busca pela alegria e o amor puro, passa pela fragilidade do ser humano, o mal, a doença e a morte, na poética de Klimt, em ritmo de adagio e allegro.

O bacana de apreciar uma obra de arte como essa, é se transportar no tempo e entender a razão pela qual foi criada. É como capturar a sua alma e viver a emoção do artista!

Homenagem a Beethoven

Quando o austríaco Gustav Klimt criou o Friso diretamente nas paredes da sede da Secessão, em 1902, a finalidade era homenagear o compositor alemão, num evento em que a peça central era uma escultura dedicada a Beethoven feita por Max Klinger, no salão maior do espaço.

A busca do ser humano pela pura felicidade foi a conexão entre arte visual e música, aliada ao poder criativo de Gustav Klimt, artista austríaco que introduziu a fase moderna arte vienense ainda no império.

São três paredes. Imagina-se no dia da abertura a música soava pelas paredes dando vida às ninfas que flutuam num espaço vazio, provavelmente imaginando o adagio. Um espaço livre tão importante quanto a pintura, significando a passagem do tempo. Figuras femininas e etéreas, delicadas aparecem logo em seguida de joelhos, suplicantes.

As súplicas do débil ser humano

Mulheres suplicando a uma figura masculina, a um mito heróico, um cavaleiro com armadura em folhas de ouro, cuja fisionomia foi inspirada nas feições de Gustav Mahler (compositor) e a armadura reproduz a do Arquiduque Segismundo del Tirol, exposta no Museu de História da Arte de Viena.

Esse personagem é resplandecente pelo dourado e algumas pedras semi-preciosas no cabo da espada e no capacete aos pés, representa a mesma humanidade, dotada de espírito e decidida ir em busca da felicidade pela arte.

A parede do meio é inteira pintada e de uma simbologia mitológica extraordinária. São as forças do mal com tons que predominam o escuro. Primeiro as três irmãs GorgonasMedusa, Esteno e Euríale, com cabelos de serpente, terrivelmente sedutoras, mas letais. Acima delas, a doença, loucura e morte, também representadas por figuras de mulheres.

Mitologia

O gorila, personagem central, representa também uma criatura mítica, Tifeu ou Tifão, que na mitologia grega era responsável pela destruição, ventos violentos. Klimt personificou-o como um gorila com os olhos de nácar esbugalhados para o público. Ao lado dele coloca a luxúria, o despudor e gula, representadas também por mulheres, a ruiva, a loira e a obesa.

A dor profunda

A ideia era mostrar nessa alegoria que o cavaleiro dourado teria uma missão quase impossível, considerando que poderia ser seduzido pela beleza e sensualidade, fascínio, e que nem os deuses poderiam superar a força de Tifeu, que estava envolvido pelos espirais de uma serpente e na lateral, ao lado extremo das irmãs Gorgonas, Klimt pintou outra figura de mulher representando a dor aguda, envolta em seu cabelo. Uma cena de desolação ao fundo com as serpentes enrodilhadas.

No final o Éden

No entanto, uma outra vibração harmônica aparece na terceira parede, no canto direito, acima. As ninfas flutuantes aparecem etéreas encontram-se com a música emocional, com a qual emerge a luz. Uma figura feminina parece tocar um instrumento musical. O ouro resplandece.

Allegro ao final

A sinfonia de Beethovem recupera o pulso, a grandiosidade, o allegro vibrante. Consciências são regeneradas e o Ode à Alegria aparece no abraço final do homem e da mulher, o sol e a lua – o Éden – a água em forma de ouro flui em torno do casal, unindo-os fundindo-os em alegria e amor. Fonte: Galeriadeartebarcelona

Se você leitor se envolver nas tramas dessa alegoria de Klimt, certamente, no momento em que estará imaginando-se dentro da sala da Secessão, será conduzido pelas pinceladas do artista, hipnotizado pela música emocional que resplandece com o brilho do dourado.

Pasmem! E pensar que os austríacos da Viena Imperial abominaram o trabalho de Klimt e o consideravam imoral. Um artista de extraordinária capacidade simbólica e  refinado em seu conceito.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

IMG_6663

Ouro cintila de novo na sede da Secessão em Viena

Os austríacos decidiram restaurar o brilho da “Belle Époque” e devolver à cúpula da sede do movimento da Secessão em Viena o dourado que cintilou no passado.

IMG_6659 IMG_6661

Quem passa pela Friedrichstrasse 12, mal percebe aquele edifício quadrado, com uma bola feita de folhas douradas que cobre parte do telhado, sendo quase esmagado em meio ao tráfego intenso da grande avenida e ainda cheio de tapumes e rede de proteção demonstrando reformas.

Pequena ficou em tamanho diante do crescimento urbano da capital austríaca, o que já foi grandioso no passado( 1897-1920) pela memória que está impregnada nas suas paredes de linhas retas ( projeto assinado Joseph Maria Olbrich/ 1897) e a frase que estimulou  o sentimento de artistas intelectuais pelo novo. Representou o “zeitgeist”( o espírito do tempo).

Pallade Atena

IMG_6176

Certamente por isso que o povo austríaco decidiu devolver a beleza arquitetônica do passado ao espaço físico que confere à antiga sede da Secessão, fazendo doações em dinheiro, de pequenas a grandes somas, para financiar a restauração da construção que tinha como ideal  o Gesamstkunsvert – a obra de arte total. O símbolo do secessionismo vienense é Pallade Atena, nome muito difundido na mitologia grega para criar ambiguidade, difícil de discernir.

Confesso que não esperava visitar Viena este ano. Foi uma decisão de última hora rever o país dos meus ancestrais. Na verdade, o que me estimulou foi a mostra multimídia sobre Gustav Klimt que vi em Roma. Mas ao me deparar com a sede fiquei até um pouco decepcionada, talvez, por perceber a ânsia de um grupo de artistas sensíveis aos acontecimentos históricos, sobretudo guerras e problemas sociais.

À arte a sua liberdade

IMG_6170

A aspiração dos 18 artistas que criaram a Secessão vienense era colocar em cena a obra de arte total, que envolvia moda, arquitetura, jóias, design e objetos. O movimento propunha um novo estilo para o cotidiano,uma reconstrução estilística do universo. “A cada época sua arte, à arte sua liberdade.”

Talvez porque me dei conta que a modernidade urbana esmagou significado da Secessão no que se refere a interferência do espaço físico na paisagem. Mas nada elimina a grandiosidade das ideias que abriga o local.

Freud

Elas permanecem no tempo para lembrar que foi exatamente entre 1895 a 1900, que não somente Klimt e seus amigos artistas estavam engajados em uma nova visão de mundo, mas Sigmund Freud trabalhava na interpretação dos sonhos e da mente humana na sua solidão de pesquisador.

Se você turista chegar lá, vai se deparar com um edifício de linhas retas cheio de tapumes, salvo o dourado da cúpula dedicada ao deus grego Apolo que se destaca e que denuncia, apesar da proposta de mudança na mente dos artistas e intelectuais da época, um quesito do brilho, do divertimento, que representou a cultura da Belle Epoque.

IMG_6099

Tudo quase aconteceu junto entre o final do século XIX e início do século XX. A Secessão, o impressionismo, o surrealismo foram movimentos artísticos decorrentes de um tempo em que as ideias borbulhavam como água fervendo numa chaleira. Um momento de explosão criativa”