ilustração by Marcela Weigert

O Brasil precisa de mais cineclubes e clubes de leitura

As vivências em cineclubes e clubes de leitura são prazeirosas, entretém e melhoram a capacidade mental para análise crítica.

Quando decidi escrever sobre o tema fui em busca das iniciativas online. Não usei muito do meu tempo para essa pesquisa, mas depois do pouco que achei, presumi que as iniciativas não são suficiente para construir um Brasil de futuro, que coloca a educação, cultura e arte no centro do desenvolvimento social e econômico. 

A ilustração de Marcela Weigert mostra, de forma lúdica, que pela leitura o olhar transpassa os limites das páginas escritas e expande-se pela criatividade e imaginação. 

No entanto, tudo começou quando descobri que Manuela D’Avila, política, escritora e ativista social, tem o seu Clube do Livro. Fiquei inspirada em escrever, mas lembrei dos cineclubes que Silvio Tendler promove e não abre mão deles para formação crítica das pessoas. O Cineclube Muiraquitã, da rádio Navarro e dos EGC e o próprio cineclube do cineasta utopista, como ele mesmo se denomina, são exemplos heróicos da tentativa de motivar as pessoas a criarem grupos tanto físicos, como virtuais, para debaterem sobre os mais interessantes e instigantes filmes, protagonismo, fotografia  e o que existe por trás dos roteiros. É um exercício mental maravilhoso!

 

Nessa viagem poética lembrei de uma amiga de infância que se tornou professora de literatura e certo dia, empolgada, contou que depois de sugerir aos alunos que assistissem  ‘A sociedade dos poetas mortos’, simulou um julgamento semelhante ao do filme e que a motivação e o desempenho na disciplina foi algo que nunca a escola tinha visto antes. 

 

O Clube de Leitura da Manu foi uma descoberta via um bate-papo que tive com uma fisioterapeuta durante a consulta, em Curitiba. Enquanto a profissional fazia os exercícios em minha perna. ao mesmo tempo contava sobre o último livro que leuee do encontro online com mulheres que Manuela reuniu em seu clube para debater tal livro. Sigo o perfil de Manuela no Instagram e quando fui participar já  estava com as inscrições encerradas. Uma pena!

Um trabalho magnífico dirigido às mulheres porque segundo D’Avila, como gosta muito de ler e escrever resolveu que seria melhor lerem juntas. “Aprender a ler mulheres e conhecer o universo fantástico através dos olhos delas”.

O Cineclube Muiraquitã realizou alguns debates sobre filmes memoráveis durante 2021, entre eles a Bolsa ou a Vida, um documentário de Silvio Tendler, produzido durante a pandemia. 

Vale visitar o canal da rádio Navarro, ou EGC, no Youtube e assistir os debates. Garanto que não ficará entediado, mas não esqueça de antes assistir o filme em questão. 

 

Entendemos que o retorno do Ministério da Cultura é uma luz no fundo do túnel. É evidente que o MinC está ressurgindo das cinzas e vai precisar de tempo para se reerguer. 

Muita coisa precisa ser retomada e muito precisa ser feito e analisado para produzir muito e tirar proveito da experiência daquilo deu certo. A Lei Rouanet reestruturada, a continuidade da Cultura Viva, o destravamento do setor audiovisual e políticas para o livro, leitura e literatura são prioridade nesse Brasil de diversidade cultural. 

O país precisa retomar com urgência seus valores e sua poética e não ficar à mercê de uma rede de entretenimento com interesses de um capital que manipula opiniões e alimenta o extremismo.  Como disse Silvio Tendler em seu cineclube, “o cinema faz bem à saúde mental”, nós acrescentamos ainda, os livros também e são companhia insubstituíveis em nosso dia a dia. 

Além das políticas públicas, as iniciativas particulares são muito importantes, sobretudo de celebridades que carregam consigo um número expressivo de seguidores. Então, vamos lá minha gente a hora é agora!

 

Bloco de rua que fez a alegria de uma escola, em um bairro de Natal.

Muito riso… muita alegria porque é carnaval

Quem sobreviveu a loucura dos últimos quatro anos e o horror da pandemia não só pode, como deve pular e brincar até exaustão nesse carnaval.

E muito mais… com poética e arte use e abuse em criar fantasias com aquilo que possui em sua casa, um pouco de cor, plumas, máscaras, e extravase suas emoções sem medo. 

Dancem e cantem na rua, na praia, em casa, no bar, com amigos, onde uma banda estiver para animar a festa. Um pouco de cada coisa, o delírio do trio elétrico ou bloco, tudo vale “quando a alma não é pequena”. Vamos festejar porque conseguimos vencer e afastar um governo genocida e diminuir o poder de fundamentalistas religiosos e respeitar todas as crenças, pelo menos por enquanto.

Aqui no nordeste, em Natal, a brincadeira já começou e o que é melhor, algumas escolas já resgataram o carnaval de rua, simples, alegre, com uma banda para animar e fazer adultos e crianças dançarem e se saracotearem. 

A imagem é antiga e não perde a atualidade. A festa na praia é tradicional sempre no sábado de carnaval, em Ponta Negra. Este ano promete porque é preciso cantar e dançar depois de permanecer quase três anos sem chegar perto um do outro.  Agora podemos dar aquele  abraço carinhoso.

Quem não sabe cantar a música de Chico Buarque que vale para esses dias. 

          Não existe pecado ao  Sul do Equador

 

 

Não existe pecado do lado de baixo do equador
Vamos fazer um pecado rasgado, suado, a todo vapor
Me deixa ser teu escracho, capacho, teu cacho
Um riacho de amor
Quando é lição de esculacho, olha aí, sai de baixo
Que eu sou professor

Deixa a tristeza pra lá, vem comer, me jantar
Sarapatel, caruru, tucupi, tacacá
Vê se me usa, me abusa, lambuza
Que a tua cafuza
Não pode esperar
Deixa a tristeza pra lá, vem comer, me jantar
Sarapatel, caruru, tucupi, tacacá
Vê se me esgota, me bota na mesa
Que a tua holandesa
Não pode esperar

Não existe pecado do lado de baixo do equador
Vamos fazer um pecado, rasgado, suado a todo vapor
Me deixa ser teu escracho, capacho, teu cacho, diacho
Um riacho de amor
Quando é missão de esculacho, olha aí, sai de baixo
Eu sou embaixador

Ninguém sabe ao certo a origem do carnaval.

Quer saber mais leia este artigo aqui: O carnaval começou pelo cristianismo.

Ninguém coloca em dúvida o quanto é espetacular o desfile de escolas de samba na Marquês de Sapucaí, mas vale também ampliar nosso olhar crítico e entender o carnaval como expressão da arte popular.

Não deixe de ler este artigo aqui: Carnaval no Brasil é antes de tudo manifestação popular

Em 2021 estávamos assim:

“Na ausência do carnaval, a nossa festa máxima,  muitas vezes usada  para extravasar tudo que está contido lá no fundo do coração, muito mais as nossas tristezas e indignações perante ao mundo, do que alegrias, devemos conjugar o verbo esperançar e tentar abrir caminhos para transformar o que está errado, ao menos em nosso pequeno universo, no qual vivemos o nosso dia a dia.

Se alfabetizar de novo, cujo verbo esperançar seja o primeiro conjugado para desenvolver o espírito crítico. 

“já esperançar é ir atrás, é se juntar, é não desistir. É ser capaz de recusar aquilo que apodrece a nossa capacidade de integridade e a nossa fé”

Leia mais neste artigo aqui: Sem folia de carnaval a hora é de esperançar.

 Esperançamos e deu certo. Vamos lá minha gente dançar e cantar porque é carnaval!

 

 

Carybe

Você chorou?

Lula e Janja, ao quebrarem o protocolo oficial, transmutaram a atitude perversa de Bolsonaro, em um ato de amor e acolhimento. O povo brasileiro subiu a rampa com um homem que não é mito, mas simplesmente um ser humano que se emociona e chora diante da miséria e das injustiças sociais. Nós choramos! Sim…Todos nós que respeitamos a diversidade, o sincretismo, as diferentes culturas e acreditamos na arte como meio de transformação social.

Foto by Catarina (12 anos)

Sob o olhar dos miúdos: visita a Ilha Terceira dos Açores

O PanHoramArte está abrindo espaço para as crianças mostrarem sua criatividade em flagrantes de viagem, poesias, textos, desenhos. Iniciamos com a viagem de Catarina (12 anos) e Helena(7 anos) a Ilha Terceira dos Açores.

O diálogo foi entre avó, no Brasil, e a neta (12 anos) – vivendo em Portugal, sobre a viagem  que estava fazendo para comemorar o aniversário da mãe de um jeito diferente e num lugar especial.

Açores já estava na agenda dessa família há tempos. Aliás, cá entre nós, que é também minha família e somos viciados em viajar, seja a lugares perto, como parques, cidadezinhas pitorescas ou distantes. na qual todos, avós, tios, primos juntam dinheiro para visitar os mais incríveis pontos turísticos .

Todos nós da família concordamos que viajar é uma escola de infinitos saberes e sempre que é possível coloca-se na agenda um roteiro diferente. É quase um vício.

  “Vó vou mandar bastante fotos pra você e aí vai saber das novidades”, avisou Catarina.

Viajei junto com ela  pelas fotos e conheci alguns fatos da Ilha Terceira. O que mais impressionou Helena e Catarina foi a visita ao interior de um vulcão extinto.  Qual é o nome mesmo?, perguntei. Ela repetiu,   um vulcão!

E criança se preocupa em descobrir o nome das coisas? Elas preferem sentir muito mais as sensações. Lá fui eu pesquisar e descobri  o nome do local,  Algar do Carvão e foi um vulcão que entrou em erupção há mais de dois mil anos..  Ilha Terceira tem como capital  Angra do Heroismo e antes era chamada de Jesus Cristo. Mais informações aqui e neste outro site achei mais detalhes sobre vulcão e que  vale visitar Sapo.  Digo isso, porque adulto adora saber mais e nesse artigo estou colocando as impressões somente do universo infantil.

Por aqui as larvas tentaram sair e não conseguiram e deixaram as marcas de sua fúria. Para chegar no interior da montanha é preciso descer 330 degraus. 

Uma caminhada que vale pela experiência. Nessa época Açores é ainda frio e chuvoso.

O que vocês estão vendo aí?, perguntou Marcela, a mãe. É o pum do vulcão? Não é um arroto responde Catarina. Clique em cima da imagem que o vídeo começa a mostrar os buracos na terra soltando fumaça de enxofre. O respiradouro da montanha.

Constituem-se em um campo fumarólico, ou seja, numa área que compreende diversas saídas de gases vulcânicos agressivos, a diversas temperaturas, algumas bastante elevadas (cerca de 95º C à superfície e cerca de 130º C a meio metro de profundidade).  Fonte Wikepédia

Logo no segundo dia do passeio Catarina me contou que estava chovendo. Mas para criança não tem tempo ruim. “Ainda bem que trouxe capa de chuva, ainda com vento e uma chuva gelada, mas a gente está com roupa quente e eu estou gostando dessa viagem”, confidenciou ela.

Um flagrante que Catarina não deixou passar porque o bichinho na tranquilidade dele deixou-se fotografar. “É um porco-espinho branquinho que fotografei antes de chegar no hotel, vovó”.

Passeios de barcos ao por do sol é tudo de bom e foi bem aproveitado pelas meninas que curtiram junto com papai e mamãe, A Ilha Terceira tem uma natureza exuberante e quem deseja conhecê-la com os detalhes que interessam a adultos indicamos esses sites que pesquisamos: Tours Portugal e 

Visite Portugal

Para fechar com chave de ouro a viagem vale experimentar sempre a comida tradicional do lugar. ‘Alcatra da Ilha Terceira” é famoso demais, mas Catarina não gostou. Quem gostou mesmo foi o papai dela, Gustavo. E o contou um detalhe que descobriu com amigos que fez na Ilha. “Nesse prato vai pimenta do reino inteira, em grãos. E na época, em Portual, somente os ricos comiam pimenta do reino por tratar-se de uma especiaria. Mas para os habitantes da Terceira tinham acesso a essa especiaria, mesmo os mais pobres. A Ilha ficava na rota dos navios e os marinheiros trocavam pimenta por mantimentos”. 

Na sequência alguns detalhes da capital, como o campanário de arquitetura colonial e por fim, as meninas, Catarina (12 anos) e Helena (7 anos). 

 

Sob olhar dos miúdos serão artigos elaborados a partir da visão infantil e publicados aqui no PanHoramarte. Miúdos palavra mais usada em Portugal para denominar crianças e nós gostamos dela. É forte! 

As crianças são o futuro e precisam de espaço para mostrar o que sentem e o que percebem do mundo. Se nos  envolvemos nesse mundo lúdico, singelo e pleno de significados vamos potencializar o amor, sonhos e nossas utopias. Que venham a nós as crianças para deixar o mundo mais colorido!