E mais ainda, a guerra cultural em pleno século XXI se utiliza das características negativas do universo digital com maestria tal, que produz engajamento, cuja intensidade é tão grande “que ainda não sabemos como devemos reagir. Mas não existe problema sem solução. Num encontro entre os integrantes dos Estados Gerais da Cultura – Como furar a bolha e sair do sair do quadrado – este brilhante escritor e professor, doutor em Literatura, faz uma análise sobre o avanço da extrema-direita no mundo ocidental e recomenda que numa guerra cultural não se deve usar argumentos e sim, o afeto e o amor.
Mas espera aí! Não entenda como um movimento hippie dos anos 70.
Quando João Cézar fala de guerra cultural, ele trata da palavra cultura de forma abrangente – modo de vida de uma sociedade – quando lida com a palavra amor e afeto, é no sentido intenso de ideologia e da crença por um mundo melhor. Ele se refere a narrativas que são criadas com base em notícias falsas e teorias conspiratórias.
“Narrativas polarizadoras, cuja finalidade é gerar inimigos em série, cuja criação permite que a base, que as massas digitais permaneçam em excitação permanente, em mobilização 24 horas por dia, sete dias por semana. A capacidade de mobilização política da extrema-direita no cotidiano, é um dado que nós ainda não consideramos com a seriedade necessária.
O afeto que nos interessa é a junção do argumento, projeto de nação, com afeto. Amor profundo ao país que nunca tivemos, mas de uma nação que pode vir a ser. Nós precisamos, creio, para combater esta nefasta vitória transnacional da extrema-direita, precisamos sem nenhum constrangimento, voltar a pensar na política, numa junção dupla e necessária. Política que se reduz o afeto é fascismo, que se reduz o argumento é tecnicidade neoliberal… Nós precisamos resgatar uma política que seja, ao mesmo tempo argumento, projeto e afeto, amor ao outro, amor ao mundo, amor a um país que se pode vir a ter.