O cartunista Carlos Latuff é um artista mais combativo e questiona se a sua charge transita no patamar do humor. Ele prefere se apresentar como cronista visual da barbárie. Seu humor é corrosivo e denuncia as mazelas de uma sociedade injusta, seja em democracia ou regimes autoritários.
A censura sempre existiu para ele, seja em qual fosse o sistema político. Contou que por várias ocasiões censurado, inclusive, chamado para depor pelas charges que fez sobre a violência nas ações da polícia.
Entre 2013 a 2014 foi eleito o terceiro maior antissemita do mundo pelas ilustrações sobre o conflito entre Israel e Palestina. Lá fora, em muitos países como Bahrein, Turquia, Egito, não posso mais visitar. “No momento em que colocar os pés nestes países serei preso por conta das minhas charges”.
Latuff entende que quando os chargistas são alvo de censura estão cumprindo um papel histórico e dando exemplos a outros artistas que são estimulados a enfrentar o autoritarismo, a censura, a patrulha ideológica. “Fico satisfeito de ver que o esforço não foi em vão e assim como outros chargistas eu também tenho lado, não tem esse negócio niilista. Eu tenho lado: esquerda certamente”.
Sobre a charges, nas quais se associam nacionalismo e religião as considera perigosas. Se é para fazer uma crítica a manipulação religiosa, está de acordo. Mas fato de atacar a religião alheia é uma agressão pura e simples. “Nós podemos combater o fundamentalismo religioso; já fiz várias charges envolvendo os lideres muçulmanos, envolvendo a política. O cancelamento é patrulha ideológica. É moralismo. Não é atribuição única e exclusiva da direita, é da da esquerda também.”