O cineasta Silvio Tendler em entrevista virtual para Regina Zappa, na Tv 247.

Silvio Tendler convoca brasileiros a agirem contra o desmonte cultural no país

Um encontro virtual liderado pelo cineasta Silvio Tendler foi o despertar do torpor, do estado catatônico, para ação contra o desmonte cultural no país. Um socorro urgente!

Mais de 100 profissionais que atuam na área cultural de todas as regiões brasileiras participaram deste primeiro chamamento.

  A finalidade principal é evitar a destruição total de “nossa “superestrutura cultural e ideológica e fragilizar-nos como nação.  Por que não lutamos para recriação do Ministério da Cultura?”, questiona Silvio Tendler. 

A partir deste raciocínio o cineasta lançou um manifesto de convocação e pelo qual coloca às claras todos os desmandos do governo atual, a começar pelo descaso à pandemia e a falta de políticas públicas para evitar o crescimento do número de mortos por Clovid 19.

Silvio Tendler é um dos mais renomados documentaristas brasileiros e produziu filmes que são relatos e análises preciosas dos mais importantes momentos da história, da política de nosso país.  Filmes memoráveis como Jango, Os anos JK, Militares da democracia, Privatizações: a distopia do capital e O veneno está na mesa.

A frase de Andy Warhol ao lado, irônica, nos faz pensar no papel do artista e da arte na vida das pessoas. Que seríamos de nós sem a arte, em  diversas manifestações, cinema, literatura, música, artes plásticas, nesta pandemia, solitários em nossa casa?

 

Portanto, por que não recriarmos um Ministério da Cultura?  Esta foi a pergunta lançada para todos os participantes do encontro virtual depois da leitura do manifesto, feita pelo ator Eduardo Tornaghi. Uma ideia aprovada por unanimidade, embora desdobrada em opiniões de que o nome deveria ser mais abrangente. Optou-se por Estados Gerais da Cultura.   

“É um tanto surrealista criar um Ministério da Cultura paralelo”, disse Silvio Tendler dado momento do encontro virtual.  

Sem dúvida, a situação em todas as áreas da política brasileira é surrealista. Nunca em nossa história tivemos um retrocesso tão grande na área cultural de nosso país e destruição dos direitos adquiridos pelo povo, além de uma pandemia de dimensão global nunca antes vivida no mundo. 

A tomada de posição por parte de Tendler remete ao movimento surrealista criado por André Breton, num período difícil na França, 1924, entre guerras. Leia mais aqui sobre Surrealismo. Com isso, até hoje, o surrealismo está presente e não perdeu atualidade. Salvador Dalí foi um ícone do surrealismo. 

Quem não conhece a obra “Persistência da Memória”. Significativa no título e nas imagens. A memória que regimes autoritários desejam destruir sem deixar vestígios.

 

“É pela arte que conseguimos manter a saúde psíquica, o conhecimento.”, foi um dos pontos destacados pelos participantes no encontro virtual. 

É isso aí mesmo Silvio. A arte tem vida eterna e podemos comprovar pela História da Arte que é memória de toda a trajetória da humanidade.

“Uma elite gananciosa que quer tudo e um povo que vive com quase nada, frequenta um SUS fragilizado há anos e escolas ineficientes, fruto do congelamento de investimento público. Arte, cultura e ciência assediadas pela censura econômica e política e por uma doutrina terraplanista.

Volta Galileu e vem educar esta gente!

A extinção do Ministério da Cultura é a tentativa de destruir nossa superestrutura cultural e ideológica para fragilizar-nos como nação. E o que caracteriza o povo é a sua cultura. Um país não se limita às suas fronteiras físicas e geográficas “, inicia o manifesto

 

Na verdade, o encontro virtual de domingo foi um momento histórico para o que representa a cultura no Brasil. Certamente!

A alegria que é a marca registrada do brasileiro não pode perder-se nos rigores de pensamentos moralistas e inquisidores.

Não podemos retroceder e permitir que manipulem nossas mentes a exemplo do que aconteceu em momentos da história. 

Hitler usou a arte como ferramenta de lavagem cerebral e por intermédio de filmes e proibição de leituras  construiu a juventude hitletrista em todo o mundo. Até no Brasil tivemos agentes tentando criar adeptos a ele. Leia mais aqui em Piás de Hitler.

As duas fotos de Silvio Tendler com frases recados foram retiradas do Instagram, no perfil Caliban.

É uma empresa de multimídia, fundada em 1981, produtora e distribuidora de cinema e vídeo, especializada em filmes de cunho social, da qual Silvio Tendler faz parte.

 “A reconstituição do Ministério da Cultura como Organismo de Estado, independente da ingerência de governos, é URGENTE e NECESSÁRIA. Muitos nos perguntam como isso será possível diante de um governo como o que temos. Qual a possibilidade concreta de sairmos vitoriosos neste embate? “

Na íntegra o manifesto:

Uma elite gananciosa que quer tudo e um povo que vive com quase nada, frequenta um SUS fragilizado há anos e escolas ineficientes, fruto do congelamento de investimento público. Arte, cultura e ciência assediadas pela censura econômica e política e por uma doutrina terraplanista.

Volta Galileu e vem educar esta gente!

A extinção do Ministério da Cultura é a tentativa de destruir nossa superestrutura cultural e ideológica para fragilizar-nos como nação. E o que caracteriza o povo é a sua cultura. Um país não se limita às suas fronteiras físicas e geográficas.

Somos milhões de trabalhadores da cultura paralisados, dispersos ou desempregados. O governo flerta com o totalitarismo e nos intimida com o poder miliciano.

Estamos vivendo uma das maiores crises sanitárias de todos os tempos. Pandemia trágica para milhares de famílias brasileiras, em especial para as mais humildes, completamente abandonadas pelo poder central.

Recolhidos em nossas casas, velhos e novos filmes, músicas e atividades artísticas nos fazem companhia nessa solidão imposta pela pandemia. Nesse momento, as pessoas percebem a importância da arte em suas vidas.

 

Queremos um mundo em que o Estado seja voltado para o bem-estar de seus cidadãos e cidadãs, ou que seja voltado para facilitar a acumulação de bens de uns poucos milionários? Qual será nossa relação com a natureza, convívio harmônico ou exploração predatória como tem sido até agora?

O futuro é nosso, cabe a nós decidir.

 

‘Estados Gerais da Cultura’ é um movimento coletivo, autônomo e independente, para atuar na construção desse futuro; somos os verdadeiros protagonistas da nossa História.

Que futuro queremos no mundo que emergirá da pós-pandemia? Um mundo solidário em que a centralidade seja o ser humano e a natureza ou continuaremos reféns do cassino financeiro? A reconstrução do Ministério da Cultura é apenas um primeiro passo necessário para o restabelecimento da nossa unidade como agentes culturais.

Hoje, assistimos ao desmantelamento da Cinemateca Brasileira, matriz da memória imagética do país; desmantelamento da Casa de Rui Barbosa, importante centro de documentação, pesquisas, reflexão e documentação; intervenção no IPHAN permitindo a degradação do nosso patrimônio arquitetônico a serviço da especulação imobiliária; o silenciamento da FUNARTE e das suas atividades ligadas às artes plásticas, dança, fotografia; e a Ancine, com o sequestro do FSA-Fundo Setorial do Audiovisual, deixando a atividade quase que totalmente paralisada.

Hoje, somos milhões de trabalhadores desempregados num setor que gera arte, cultura e entretenimento, além de dividendos para o país. O MInistério da Economia é incapaz de enxergar a indústria criativa como um setor altamente rentável, que gera recursos e prestígio internacional para o Brasil.

A reconstituição do Ministério da Cultura como Organismo de Estado, independente da ingerência de governos, é URGENTE e NECESSÁRIA. Muitos nos perguntam como isso será possível diante de um governo como o que temos. Qual a possibilidade concreta de sairmos vitoriosos neste embate?

Respondo: homenageando Therezinha Zerbini e dizendo que lutaremos com a mesma humildade e tenacidade que a levaram à luta pela Anistia no auge da ditadura, ou a lucidez que levou o jovem deputado Dante de Oliveira a lutar pelas Diretas Já.

Somos artistas, sabemos fazer arte e nos comunicar com o público. Essa é nossa especialidade. Cada um da sua forma, com a técnica e a estética que tiver à mão, saberá falar da importância da nossa luta: fazendo teatro na rua ou na rede, filmes que viralizam nas mídias eletrônicas; grafitando, se apresentando nas comunidades ou onde for, combateremos a política de terra arrasada e começaremos a construir um mundo novo.

A reforma trabalhista, que nos prometia milhões de empregos e gerou milhões de desempregados, além do enfraquecimento dos sindicatos e da perda dos direitos dos trabalhadores resultou no enfraquecimento da previdência. Só cortaram direitos dos mais pobres, preservaram os privilégios dos mais ricos, o que nos leva a temer pelo nosso futuro.

Pensemos no ano de 2022, não pelo processo eleitoral que vai se estabelecer mas pela comemoração do bicentenário da Independência, pelo centenário da Exposição Universal e pelo centenário da Semana de Arte Moderna que projetaram o Brasil no século XX.

Nós, trabalhadores da Arte e da Cultura, juntos com historiadores, sociólogos, geógrafos, sindicalistas, militantes comunitários, de gênero, e de quem mais quiser tomar seus destinos nas próprias mãos será bem vindo.

Portanto, conclamamos a todos: com arte, ciência e paciência, mudemos o mundo.

A convocação do Estado Geral da Cultura tem como objetivo colocar na mesma sala, de forma espontânea, pessoas das mais diversas áreas de atuação do conhecimento interessadas no avanço rumo a um futuro de bem- estar social para todos, tendo como alavanca a ação artística e cultural. Convocamos todos a ser protagonistas da própria História, através de seus meios de expressão e ação. Tudo o que as ferramentas tecnológicas permitem utilizemos como instrumento de conscientização, luta e fortalecimento respeitando as nossas tradições e nosso patrimônio étnico-cultural.

Como disse o jornalista italiano Walter Veltrone, o passado é confortável, mas o único lugar que nos abrigará é o futuro. Assim, que o façamos justo e prazeroso para todos. Com arte, ciência e paciência construiremos um mundo melhor.”

 
foto por Jaqueline D'Hipolito Dartora

La parola è la magia dello scrittore

Niente è più emblematico come l'immagine della macchina da scrivere.

La foto si riferisce a qualcuno che la usa per scrivere ed essere ispirato con l’arte con lo uso delle parole. La domanda è: quando vedete una macchina da scrivere avete pensato di subito in uno scrittore?

È sicuro che non. Impossibile da fare questa conessione soggetiva tra il computer e lo scrittore.Il computer fa parte della vita quotidiana e viene utilizzato in tutte le funzioni a vita nelle società. A differenza della macchina da scrivere, che in certi periodi, anche se usata in altre professioni, era un’icona e un marchio dello scrittore, come un personaggio inseparabile da lui.

È un fatto! Tanto che la macchina da scrivere rossa nella foto appartiene a Jaqueline D’Hipolito Dartora, giornalista, scrittrice e anche collaboratrice di PanHoramarte. A volte non esita a premere freneticamente le tastiere, quando è ispirata a scrivere cronache e racconti . Un fascino, senza dubbio,in una piacevole atmosfera vintage.

 

Quindi, l’immagine della macchina da scrivere rappresenta soggetivamente lo scrittore. È un modo poetico d’onorare gli scrittori, tutti quelli  che sono stati sedotti dall’arte delle parole e dei loro significati, in particolare i nostri collaboratori, Erol Anar, Simone Bittencourt Chauy, Luiz Manfredini , Jaqueline Dartora.

Da parte mia posso garantire che  scrivere  rappresenta la mia vita. La mia cura. Ne ho tolto il sostentamento e lo continuo a leggere e scrivere come se fosse una droga in cui non riesco a liberarmi.

Quando scrivo ricordo sempre la mia bisnonna Marie, da parte della mamma che viveva in un’epoca in cui le donne non avevano molte possibilità di leggere e scrivere. Principalmente, in una città di immigrati come Curitiba nel XIX secolo, in Brasile.

Marie era una guerriera nella sua vita, probabilmente un po ‘frustrata. Ha avuto otto figli e all’inizio del suo matrimonio (17 anni) ha preso una sculacciata dalla madre, quando è stata sorpresa sdraiata a letto a leggere un romanzo e il pranzo in cucina dimenticato. Leggete la storia di Marie – Essere casalinga, io?

Anch’io mi lascio sedurre dall’arte delle parole. Nella lettura ho seguito tutti i livelli intellectluali. Con più o meno 10 anni di età mi sono dedicata a leggere i libri “l’acqua con lo zucchero” che erano della mia madre. In poco tempo ero stanca da questa litteratura quasi racconte di fate. Con miei 14 ho cominciato a leggere i libri del mio padre, che al comando di mia madre sono stati gettati nella soffita. Erano troppo piccanti, diceva lei. Era il pensiero di mamma limitato all’amore passionale. A papà piacevano anche la buona letteratura dei classici e l’avventura.

È certo che il vietato ha sempre suscitato più curiosità. Così, nascosta nel soffito ho letto tutto che mi ha datto voglia di leggere.  All’età di 14 anni ho letto La storia della prostituzione, A Carne, di Julio Ribeiro, Kama Sutra, Casa de Pensão, di Aluízio de Azevedo, e altri classici piccanti e molti come José de Alencar e Machado de Assis, famosi brasiliani.

 

Biblioteca Nacional de Viena

La scrittura è un’arte che può essere paragonata a ciò che un artista sente nella concezione della sua tela, nella sfumatura e nell’uso dei colori, nelle linee della sua creazione. Come un artista, senza il dipinto, però con la parola che lo sostuisce, lo scrittore a sua ispirazione migliora il significato della frase, mettendo una parola qui l’altro lí. Un percorso eccitante e la ricerca del senso fa brillare gli occhi con l’emozione.

Un estratto dal testo / poesia di Pablo Neruda dice tutto:

 

Tutto quel che vuole, sissignore, ma sono le parole che cantano, che salgono e scendono…Mi inchino dinanzi a loro…Le amo, mi ci aggrappo, le inseguo, le mordo, le frantumo…

Amo tanto le parole…Quelle inaspettate…

 

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‘Valentino’. Gênio inigualável entre costura e arte

Valentino colocou nos estúdios do Cinecittà uma instalação toda em branco. A iniciativa me fez lembrar de outra mostra inesquecível!

O ano foi de 2007, o local Ara Pacis, em Roma, marcou como um evento único no mundo da moda e da arte. A mostra foi realizada num local tão icônico quanto Cinecittà, que Valentino hoje apresenta sua coleção de inverno de alta costura 2020/2021.

Encontrei as fotos antigas e estou compartilhando com os interessados e aos amantes da moda como arte. Elas apresentam em pequena escala,  a genialidade e o  talento do mestre italiano em alta costura.

Modelos inimagináveis em  sofisticação, elegância e delicadeza no caimento do tecido, no corte exato e perfeito, nos drapeados, godês, nos bordados que são verdadeiras obras de arte.

Mulheres famosas no mundo, desde princesas das nobrezas européia, árabe, asiática, atrizes, milionárias, inspiraram este artista da agulha e do corte, a criar formas, que vestidas em corpos femininos as transportava num universo de sonhos e encantamento. 

Convido o leitor, aquele que se despe dos preconceitos  e reconhece a costura também como manifestação artística, a desfrutar do refinamento de Valentino. Entrar em seu mundo mágico esquecendo-se das frivolidades da moda e olhar com os olhos de quem a aprecia a arte.

Este vestido foi usado por Halle Berry, atriz, a primeira afro-americana a Oscar com o filme The Monster’s Ball, em 2001. O filme trata de temas como racismo e sistema americano de justiça.

Casaco com gola de pele confeccionado exclusivamente para última imperatriz do Irã, viúva do Xá da Pérsia Reza Pahlavi, Farah Diba. Ela foi a última xabanu da Pérsia.

Vestido bordado inteiramente em pérolas encantou multidões no corpo esguio da atriz britânica Audrey Hepburn. Filantropa e abnegada às causas sociais. 

Este maravilhoso longo negro vestiu a atriz ícone italiana Sophia Loren .  A suavidade do tecido mostra um caimento perfeito complementado pelos bordados e a delicada renda que finaliza o decote e saia. 

Por décadas, Valentino foi o costureiro preferido destas mulheres famosas que povoaram o imaginário de diversas adolescentes e mulheres comuns de um extremo a outro do planeta. Elas existem e pertencem a um outro mundo inacessível, o das celebridades.  

Os modelos criados por Valentino  que fez parte da mostra, tinham inseridos a história pessoal de quem estava vestindo, ou então, a história do evento em que o longo foi usado. Entrega de prêmio, uma festa da nobreza, evento ícone, casamento na realeza.

Longo em cetim usado por Elizabeth Hurley, atriz britânica que também, durante muito tempo foi relações públicas mundial da marca de moda e beleza Estée Lauder.  A atriz usou muitos modelos do famoso ‘V’, que inclusive aproveitou sua marca para criar acessórios e outros adereços femininos.

 A empresa foi fundada em 1957, em Milão. De lá para cá, o tempo entre costuras tem muito história para contar, certamente, da famosa clientela do mestre.

 A top model brasileira, Gisele Bündchen, bela e elegante num modelo Valentino fez parte de uma campanha para a marca.

A mostra apresentou cerca de 300 modelos desenhados por ele, quase todos de noite. Valentino fundou sua primeira casa em 1959, na elegante Via Condotti, em Roma. Em 1960 conhece  Giancarlo Giammetti, que em seguida transforma-se em sócio e administrador da Casa Valentino.

 

 

Mas a fama chegou em 1962, quando participou do desfile em Florença, no Palácio Pitti. Era ainda muito jovem e foi de última hora a confirmação para apresentar a coleção, no último dia, e mesmo assim, com condições desfavoráveis para desfilar, o triunfo foi tal que grandes compradores americanos brigavam entre si para comprar os vestidos do mais jovem estilista italiano.

Certa foi a escolha pelo Ara Pacis, para celebração dos  45 anos do lançamento de sua primeira coleção.  O local  incorpora mais de dois mil anos de história, é fascinante e agigantou a mostra. O templo da paz e da harmonia

Ara em latim significa altar. Um altar que o imperador Augusto dedicou a paz. Um espaço que emana poder, conquista e ao mesmo tempo nos remete a um sentimento de harmonia. 

foto por Jaqueline D'Hipolito Dartora

Com a palavra o escritor

Nada é mais emblemático que a imagem de uma máquina de escrever.

A foto remete a alguém que a usa para escrever e inspirar-se com arte em  palavras. Eu pergunto a você se a imagem de um computador remete imediatamente a um escritor? 

Simplesmente não dá para fazer essa associação porque hoje o computador é parte do dia-a-dia e utilizado em todas as funções em uma sociedade. Ao contrário da máquina de escrever que em certas épocas, mesmo sendo utilizada em outras profissões, foi ícone e marca do escritor, como companhia inseparável.  

É fato! Tanto é que a máquina vermelha da foto pertencem a Jaqueline D’Hipolito Dartora, jornalista, escritora e também colaboradora  do PanHoramarte, que não hesita, às vezes, em bater freneticamente nas suas teclas, quando está inspirada a escrever suas crônicas e contos. Um charme, sem dúvida, com a gostosa sensação vintage.

 

Portanto, a associação desta imagem ao escritor é dar um formato poético e homenagear todos os escritores em seu dia – 25 de julho –  que foram seduzidos pela arte das palavras e seus significados, sobretudo nossos colaboradores, Erol Anar, Simone Bittencourt Chauy, Luiz Manfredini, Jaqueline Dartora. 

 

Da minha parte, posso garantir que a leitura e a escrita representam a minha vida. Minha cura. Dela tirei o meu sustento e nela continuo com se fosse uma droga que não consigo largar. 

Quando escrevo sempre lembro de minha bisavó Marie, por parte de mãe que viveu num tempo, no qual as mulheres não tinham muita chance de ler e escrever. Principalmente, numa província de imigrantes como era Curitiba no século XIX.

Marie foi guerreira em sua vida, provavelmente um pouco frustrada. Teve oito filhos e no início de casada (17 anos) levou umas petelecos de sua mãe, quando foi surpreendida deitada na cama lendo um romance e o almoço na cozinha esquecido. Os maridos naquele tempo iam tratar com a mãe  quando algo não ia bem no casório. Leia aqui a história dela Ser dona de casa, eu?

Por fim, também  eu me deixei seduzir pela arte das palavras.  Na leitura passei por todas as etapas.  Na pré-adolescência me dediquei a ler os “água com áçucar” de mamãe. Em pouco tempo me cansaram pelo lero-lero do recato e do exagero. Depois passei para os livros do meu pai, que por ordem de mamãe foram jogados no sotão. Eram picantes demais. Picantes na cabecinha dela muito limitada aos amores passionais. Papai gostava de também de clássicos e aventura.

Claro que o proibido sempre despertava mais curiosidade. Assim, escondida subia no sotão e me deleitava com todos eles. Aos 14 anos li A História da Prostituição, A Carne, de Julio Ribeiro, Kama Sutra, Casa de Pensão, de Aluízio de Azevedo, e outros picantes e muitos clássicos como José de Alencar e Machado de As

Biblioteca Nacional de Viena

“Escrever  é uma arte  que pode ser comparada  ao que sente um artista na concepção de sua tela, na nuance e uso das cores, nos traços de sua criação. Pincelar uma palavra aqui e outra acolá para intensificar o sentido da frase é excitante e a busca dos significados faz os olhos brilharem de emoção.

Um trecho do  texto/ poema de Pablo Neruda diz tudo:

Sim Senhor, tudo o que queira, mas são as palavras as que cantam, as que sobem e baixam … Prosterno-me diante delas… Amo-as, uno-me a elas, persigo-as, mordo-as, derreto-as …

Amo tanto as palavras … As inesperadas …(…)