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Sob os saltos dos sapatos de Joana Vasconcelos

A instalação "Sapatos' ou 'Marilyn Monroe' de Joana Vasconcelos dialoga diretamente com toda mulher. Sob seus saltos estão as panelas... É uma obra que provoca e não responde perguntas!

Joana ousou construir um par de sapatos gigantesco, reluzente inteiramente confeccionado com vários tachos de aço inoxidável, sinônimo de panelas usadas para fazer arroz pelas mulheres portuguesas. Todos  sobrepostos, resultando num elegante sapato feminino. Essa instalação foi transformada em série e  vem sendo resignificada desde 2007, sempre questionando a condição doméstica da mulher paralelamente ao mundo da sétima arte-Marilyn, Priscilla, ou universo encantado das Cindeleras.  Em 2023, foram os sapatos de Marilyn que ficaram  até  14 de janeiro deste ano, no Palácio Pitti, em Florença. Há quem diga que a artista portuguesa transita no luxo, e as gigantescas obras favorecem sua conta bancária. A resposta dela está no final da matéria.

Neste momento lembro da frase do maestro americano, Leonard Bernstein, no filme Maestro, que retrata sua vida:

“Uma obra de arte não responde as perguntas, ela as provoca. E seu significado está na tensão entre as respostas contraditórias”

Exato! As instalações de Joana Vasconcelos provocam demais e as respostas são contraditórias. As instalações da artista são monumentais em todos os sentidos, gigantes tanto no simbólico como no físico. 

 O par de sapatos de salto alto, reluzente pelo aço inox, que é confeccionado inteiramente com a sobreposição de tachos portugueses, faz uma viagem no universo feminino com este simples objeto de cozinha que no passado muitas vezes escravizou a mulher. Hoje Joana dá o direito a mulher de colocar as panelas num patamar mais abaixo, ou melhor sob sapatos glamurosos, caminhando sob os utensílios domésticos, comprimindo-os, esmagando-os.. Raiva, talvez. E o sonho de ser artista ou princesa. Será que é por aí?

 

Sem respostas aqui, apenas para pensar como provocação. Saltos altos também podem desequilibrar a mulher. Tem uma teoria da conspiração que diz que foram os homens que criaram os saltos altos para que a mulher precisasse sempre do apoio deles para se equilibrar. Mais uma provocação…

 

O mais interessante de tudo é que visitei as duas exposições da artista portuguesa, uma montada em Portugal – Plug-in, no MAAT- Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia, em Lisboa; e outra – Extravagâncias,  no MON – Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, e os “Sapatos” não estavam em nenhuma das duas. Apenas as fotos que, no entanto, foram o ponto de partida para entender a poética artística que Joana  usa e abusa para envolver o observador. 
Em Curitiba, a Valkierie Miss Dior é apoteótica e se esparrama por todo o espaço do Olho, no Museu Oscar Niemeyer, e faz parte da série Valkirias. Mas primeiro o visitante ao chegar na rampa do Museu é acolhido por outra Valkiria, Matarazzo – 2014, apresentada na época no hospital homônimo em São Paulo. Todas as duas  são como móbiles suspensos no ar e confeccionados com  tecidos e roupas portuguesas, saias floridas, guardanapos, bordados, peças têxteis curiosas e artesanais.  A Valkirie Miss Dior é deslumbrante e homenageia a irmã de Monsier Dior, Catherine, figura de mulher forte e independente que atuou na Resistência Francesa. Os recursos têxteis são inspirados na coleção outono/inverno 2023-2024 e exaltam o luxo e a beleza.

Da série Valkiria Miss Dior em exposição no famoso Olho, anexo do Museu Oscar Niemeyer até  maio de 2024.

Valkiria Matarazzo. Joana em quase todas as Valquírias explora a costura, o tricô e o crochê e, na maioria, métodos ancestrais que por muitas vezes revive em seus trabalhos. Mostra Extravagâncias, em cartaz no MON, Curitiba.

As Valquírias são sempre acompanhadas de iluminação LED, que acentuam a magia de suas composições tentaculares e imersivas. No vídeo parte da instalação Miss Dior, em exposição no Olho.

Foto de Joana Vasconcelos retirada em Print de uma entrevista, no programa Desculpa mas vais ter de perguntar. Descontraída, porém séria e ativista, Joana sai com desenvoltura de perguntas que tratam do luxo, ego, conta bancária e o tamanho de suas obras.

 “O luxo é algo que nos diferencia na Europa e é um provedor essencial de empregos”, registra ela na mostra Extravagâncias. “Esse setor nos permite sustentar redes de artesãos e o ‘savoir-faire’ perdura graças a utilização contemporâneas dessas competências. Não é desprezível. Mas pessoalmente o luxo me inspira. Por exemplo,  eu em meu trabalho gosto de subverter o luxo português: uso bordados, rendas, passamanaria. Gosto de dar vida a essas técnicas.”

A ‘Árvore da Vida’ tive o prazer de apreciá-la na mostra Plug-in, em Lisboa, no MAAT. É magnífica como trabalho manual. Com estrutura em aço, tecidos, crochê de algodão, LED e fonte de  alimentação. Foi inspirada na figura mitológica de Dafine, que fugindo das investidas de Apolo, decide se transformar num loureiro. A Árvore da Vida foi criada durante o confinamento da pandemia. Neste tempo, a artista solicitou aos artesãos que trabalham para ela, que confeccionassem folhas, e desse apelo surgiram  140 mil no total, todas bordadas à mão, com motivos diferentes.  Da mesma forma os canutilhos de Viana do Castelo dispuseram 354 ramos, formando uma árvore de 13 metros. 

Destaca-se na mostra Plug-in, em Lisboa, a sala toda pintada de preto. Lá estão algumas instalações instigantes. Em ameaças de guerra, já testemunhando a destruição da Ucrânia, ela cria  War Games (2011), um carro Morris Oxford preto dos anos 1960 que retrata mundos contrastantes. Decorado com rifles de brinquedo e tiras de LEDs vermelhos no exterior, enquanto o interior está repleto de brinquedos coloridos. Referenciando tempos de guerra, perda de vidas, enquanto os brinquedos representam nascimento.

Drag Race 911,. Outra instalação que provoca. “Joana Vasconcelos deu vida nova a um Porsche 911 Targa Carrera. Partindo da opulência do Barroco e das curvas generosas da talha dourada, a pesquisa da artista plástica levou-a ao Mosteiro de Tibães, em Braga, expoente máximo dos motivos marinhos na talha dourada em Portugal e ao triunfal espécime dos Oceanos que integra a coleção do Museu dos Coches em Lisboa. Na concretização do projeto recorreu aos artesãos da Fundação Ricardo Espírito Santo Silva – do tratamento da madeira ao douramento, passando pela cinzelagem e gravação – para criar uma obra única no mundo que também é uma celebração da perícia manual. Mesmo sem sair do lugar, figuras angelicais e plumas sensuais conferem à peça a ilusão de voo proporcionada pela velocidade, convidando a uma viagem ao charme do can-can parisiense e estabelecendo a ligação às drag races dos Estados Unidos da América a que a artista foi buscar o título.” fonte blog da artista.

Valkiria Octopus é inspirada em Lisboa e nesta instalação Joana destaca os principais e tradicionais bairros da capital portuguesa.  A obra estreou em 2015 em Macau. É suspensa, mas tem elementos que ligam sua estrutura ao solo. Um conjunto de elementos autônomos forrados de azulejos representando Chiado, Alfama e Madragoa. Na verdade, Octopus é Lisboa iluminada, colorida, como uma cidade turística, um grande polvo com tentáculos que envolvem  a quem nela vive e a visita.

 

A mostra de Joana Vasconcelos é um luxo por que não?

 Pelo luxo ela destaca a beleza dos trabalhos manuais e práticas artesanais desempenhadas por artesãos que estão se perdendo no tempo. O crochê, o tricô, a costura que foram deixados de lado quando a mulher saiu de casa para trabalhar fora na busca do mesmo nível de importância que o homem. Extravagâncias, sim, mas necessárias para valorizar a arte manual. No Brasil, as obras de Joana estarão no Museu Oscar Niemeyer até maio. Em Portugal, Plug-in estará no MAAT até final de março. Aproveitem a dica!

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Não apagou-se a ‘chama’ da nossa cultura Suassuna! Os Reisados continuam…

A turma da foto destaque é do bairro Ipiranga, de Juiz de Fora. Explico que depois de publicar a matéria sobre Folia de Reis, alguns amigos e leitores mandaram fotos de Reisados.

Dione Batista, Adair Rocha, Rosa Valente, a turma do Plural, fizeram questão de mostrar alguns exemplos de Reisados que mantém a ‘chama da cultura popular’ acesa por esse Brasil continental. Dione enviou de Juiz de Fora, dos bairros Santa Luzia e do Ipiranga. Adair, que é professor de Comunicação Social da Puc/RJ e UERJ, informou que há 44 anos, os Penitentes de Santa Marta, no Rio de Janeiro, celebram a tradição da Folia de Reis no dia 6 de janeiro. Escreveu ele no Facebook

 
Hoje é o dia de Santos Reis!
Acordei pensando na minha comadre Patrícia Mont-Mór, no amigo Calos Rodrigues Brandão,
nos Mestres Joãozinho, Luiz, Dodô, Zé Diniz, Riquinho ( que, infelizmente, a Covid19 levou), todos da Folia de Reis Penitentes do Santa Marta, que me recebe numa jornada de 44 anos, nesse dia seis, por eu ser um Folião de Reis, contra-mestre da Companhia de Reis do Monjolinho lá no Sul das Geraes, onde o Mestre Antônio Adão era o grande sábio!
E hoje, à noite, o Mestre Ronaldo e o conjunto dos Penitentes nos recebem ( a mim, aos amigos, a população do Morro, a criançada que vai dar continuidade a esse fenômeno, estudiosos e pesquisadores do tema), e nos confraternizamos no final, depois de ouvirmos os Palhaços. Aliás, o coordenador deles é também da Folia, hoje, Juninho, iniciou essa jornada aos sete anos de idade, vestindo essa farda numa visita dos Penitentes à minha casa.
E dando o significado místico e espiritual dessa sagrada jornada que reproduz a história sagrada desse Menino judeu que materializa a relação do Antigo e do Novo Testamento, em grande parte da significação da humanidade, citando as duas grandes matriarca dessa história no Santa Marta: Quinha, que já se foi e Maura que está entre nós, avó e mãe da família SILVA que faz e atrai quem faz essa Jornada e o cerzimento do Santa Marta na Multicentralidade da Cidade!
Viva os Santos Reis e o Menino!
 
“A tradição na minha família é no dia de Reis, 6 de janeiro, fazemos um bolo com um grão de feijão na massa.
Quem achar o grão no pedaço que comer ganha um presente”, contou-me Rosa Valente.

“Estou em Juiz de Fora, um grupo de moradores de Santa Luzia estão preparando a folia pra saída hoje às 22:00 horas”, Dione Batista.

Viviane Duetto, da comunidade da qual participo, do site Plural, mostrou o trabalho legal dos meninos Buriti, da Paraíba, no Cariri.

Bairro Santa Luzia, Juiz de Fora.

Bairo Ipiranga, Juiz de Fora

Os meninos Buriti da Paraíba, foto retirada do Instagram.

Tim Maia banda vitória régia “KCN Chaguinha guitarra de Natal “

Com excessão do Youtube, e Instagram as outras imagens foram feitas por amadores.

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Folia de Reis: cultura popular que se perde no tempo a cada ano no Brasil

As telas da artista potiguar, Ivanise do Vale, retratam os folguedos populares da alma simples do povo brasileiro. A Festa do Boi de Reis é um dos seus temas favoritos. A Folia de Reis ou Boi de Reis é, hoje, ainda realizada em algumas regiões brasileiras e faz parte  do ciclo natalino, com o seu auge no dia 6 de Janeiro.  O cortejo de foliões desfila cantando no campo ou pelas ruas da cidades. Como cultura popular está se perdendo no tempo. É uma tradição cristã que celebra a visita dos reis magos a Jesus.   

A alegoria muda de acordo com regiões e as brincadeiras também. No entanto, o sentido é o mesmo, reproduzir a viagem dos Magos a Belém, ao encontro de Jesus, com cânticos e dramatização. Mudam os personagens, mas é indispensável a rabeca, o triângulo e o tambor.

No Rio Grande do Norte a folia tem como alvo o boi e a  brincadeira é realizada num ambiente de muita poesia, canto, teatro, um figurino colorido e  pode durar até quatro horas.

Na região Potiguar o boi foi inserido no folguedo pelos criadores de gado. Pouco se sabe sobre a origem e não, necessariamente, é realizado no período de janeiro. Mas os cânticos e as poesias têm como conteúdo o encontro com menino Jesus.

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Tela de Nivaldo do Vale, artista potiguar. Arte ingênua. Personagens do Boi de Reis.

Mestre: Boa noite minhas senhoras/ e meus senhores também/ sou o mestre da brincadeira/ que todo ano aqui vem/ para brincar o reisado/ todo bonito enfeitado/ Viva Jesus em Belém.

 Mateus: Boa noite para todos/ nessa noite tão singela/ Viva a honra dessa casa/ Os Santos Reis no seu dia/ Viva a nossa brincadeira/ e viva a família inteira/ Jesus, José e Maria. 

Principais personagens da Folia de Reis:

– Três reis magos: representam os reis magos que visitaram Jesus e o presentearam com incenso, ouro e mirra.

– Mestre palhaço: responsável pela animação da festa, através de danças, pulos e brincadeiras.

– Coro: canta as músicas, louvores e entoações de cânticos religiosos.

– Mestre (também conhecido como embaixador): responsável pela organização da festa.

– Bandeireiro: espécie de porta bandeiras da festa. A bandeira geralmente é feita com tecido brilhante e tem a imagem dos três reis magos estampas.

– Festeiro: é em sua casa que geralmente ocorre a cerimônia da  “tirada da bandeira”.

– Banda musical: músicos uniformizados tocando rabeca, violão, sanfona, zabumba, pandeiro, surdo, caixa, triângulo e flauta. fonte: sua pesquisa.    

Comunidade dos Arturos

Vale destacar a comunidade dos Arturos, localizada em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte pela preservação das culturas tradicionais.  É uma comunidade familiar, tradicional, de ascendência negra, formada pelos descendentes e agregados de Arthur Camilo Silvério e Carmelinda Maria da Silva. Nela, diversas expressões culturais são mantidas como Folia de Reis, Reinado de Nossa Senhora do Rosário, entre outras. Fonte:

Vídeos sobre a Folia de Reis

Em rápidas passagens pelo Youtube não achei muitas imagens sobre a celebração da Folia de Reis no Brasil. Alguns pequenos vídeos que mostram a comunidades mais simples envolvidas com o folguedo.

Itapecerica MG

 

Folia de Reis do Sabará

 

Folia de Reis Nova Estrela do Oriente 2022

 “Não me deixem cair a chama da cultura brasileira. Uma cultura que é expressão do nosso país e do nosso povo e que pode ser uma lição para todos nós. Isso não significa nem ufanismo, nem exclusivismo, nem chauvinismo, da minha parte. Não tenho nenhuma cultura,hostilidade. O que eu quero é fortalecer a nossa. Porque então, qualquer coisa que vem de fora, ao invés de ser uma influência que nos descaracteriza, nos esmaga, nos corrompe, passa a ser uma incorporação que nos enriquece”, Ariano Suassuna.
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Responda rápido: online você é amor ou ódio?

Internet escraviza ou liberta?
Eis a grande questão do século XXI e boa pergunta para refletir em 2024. A internet pode ser uma "faca de dois gumes", apesar do encanto das possibilidades dessa maravilha do mundo moderno.

Afoto destaque que ilustra a matéria é um mural feito pelo artista e ativista americano Shepard Fairey, em 2009. Emblemática e plena de significados sobre os conflitos no Oriente Médio. Ilustração mais indicada para o tema sobre ódio online, cuja disseminação tomou proporções gigantescas nos últimos anos. Influenciou campanhas políticas, alterou sistemas de governos, estimulou preconceitos e comportamentos sociais.  

Um circo dos horrores que dividiu famílias, decompôs a ética e o respeito entre as pessoas. Indivíduos por de trás de visor de celular ou da tela de um computador  ou  travestidos em perfis falsos violentaram pensamentos, proferiram e expuseram a pior parte de si, descaradamente, sem pudores de mostrar o lado obscuro e mais abjeto de um ser humano, sem no mínimo limite ou respeito pelo outro.

Foto by Mari Weigert - Mostra Pink Floyd em Roma. 2018

Por um lado, se a internet trouxe novos comportamentos sociais, por outro nos proporciona benefícios jamais imaginados na história da evolução humana como: informações sobre os principais acontecimentos no mundo em tempo real, oportunidade de visitar os mais belos recantos do mundo, museus, exposições virtuais, conversar numa tela de celular ou computador com nossos entes queridos, realizar reuniões, eventos onlines, também trabalhar em casa em “Home-Office”.  Difícil enumerar tantos e todos os benefícios. São infinidades….

“É uma gigantesca rede de informações em que a humanidade interage entre si dentro de um mesmo nível de prioridade. Cidadão idôneo ou não, rostos sem faces, personalidades imaginárias, cientistas, profissionais, visionários e sonhadores.

A www- World Wide Web (A Rede do Tamanho do Mundo) é uma grande coleção de documentos interligados por hipertexto, associados a diversos recursos de multimídia. Tim Berners-Lee, seu criador se inspirou num livro bolorento de conselhos vitorianos que lembrava de que lia quando criança na casa de seus pais. Tinha um título que traduzido significava tecendo a teia. A mesma coisa acontece com a simbologia @, que é teclada quase em uníssono em bilhões de computadores, no mesmo instante, em diversos cantos do planeta. A pequena letra mensura a força de inter-conexão do universo da web.” Trecho retirado da pesquisa sobre internet e artistas plásticos paranaenses, 2006.  Conheça o conteúdo completo nesse link www.parana.art.e-meio.br

Ao encerrar essa minha pesquisa sobre internet na especialização de História da Arte,na Escola de Música e Belas Artes do Paraná, não consegui responder a pergunta inicial que se referia a democratização da arte  paranaense proporcionada pela internet. A conclusão ficou em aberto, para ser atualizada sempre.  Mas confesso que jamais, naquele momento, poderia imaginar que passaríamos por verdadeiras guerras virtuais em palavras, como também a mentira seria colocada num patamar de destaque.  Quando ganhei um avaliação excelente (9) do orientador Artur  Freitas – pelo meu trabalho realizado e estava empolgada com o princípio de democratização desta incrível ferramenta de globalização. 

Com base em meu trabalho, desenvolvido em 2006, as transformações que a tecnologia provocou no mundo eram inimagináveis há 17 anos. Se considerarmos que nosso planeta levou bilhões de anos para formação do que é hoje, os 17 anos são apenas segundos na história evolutiva. No entanto, a humanidade nesses segundos alterou muita coisa que o Terra levou eras para criar. 

 

 

O espelho - Mario Lattes 1958

“Sem se dar conta, a sociedade moderna se deparou com este magnífico gigante desmaterializado ainda sem leis e critérios estabelecidos pelo homem. Um ambiente livre e neutro nas mãos do poder de consumo do capitalismo, que usufrui comercialmente de seus benefícios, mas, não controla seus caminhos. É o feitiço virando contra o feiticeiro. Não é a tecnologia que é ruim. É o homem que não sabe usá-la. Acostumado sempre a viver sob regras impostas e freios religiosos se perde em meio a tanta liberdade, sobretudo porque no virtual ele não é matéria, é mente, é ação, consciência ou inconseqüência/inconsistência. Neste caos da comunicação o artista se interpõe como decodificador do momento, na leitura do que é belo no mundo.

Um ambiente livre e neutro nas mãos do poder de consumo do capitalismo, que usufrui comercialmente de seus benefícios, mas, não controla seus caminhos.

Exatamente, esse é o perigo da grande teia. Liberdade de expressão não é libertinagem e acaba quando começa a liberdade do outro. Defendemos sim, a regulamentação das redes sociais porque as BigTechs- Facebook, Google, X- Twitter, Tik-Tok, Instagram – manipulam em prol de seus lucros as pessoas, numa espécie absurda de lavagem cerebral.  Os governos devem promover cursos de alfabetização midiática, assim como inserir essa formação nos currículos escolares.

As pessoas no futuro estarão mais aptas a identificar o que é falso e separar o que é verdadeiro nas informações veiculadas pela internet. Alfabetização midiática será um ensino tão importante quanto aprender a ler.

A mensagem para 2024 para os leitores do Pan-Horamarte é trazer para o debate a responsabilidade por aquilo que divulgamos e compartilhamos com nossos amigos. As pessoas devem aprender  por conta própria e desenvolver habilidades e analisar notícias falsas,  baseadas na desinformação. Isso é urgente! 

A instalação Starless de Massimo Bartolini, vídeo capturado na mostra Crazy, em Roma, representa as luzes de cidade em momento de festa. Que façamos da internet, que é pura energia, um meio de evolução e não de escravização e dependência. 

Nós optamos pelo amor!