Imagens do Oceanário de Lisboa. foto by Mari Weigert

Harmonia da vida marinha é puro relax. Oceanário de Lisboa

A dica é visitar um belo aquário quando estiver à beira de um ataque de nervos. Tenha certeza disso. O efeito relaxante será melhor se visitar o Oceanário de Lisboa, em Portugal.

É o segundo maior aquário da Europa e um incrível local que irá agradar adultos e crianças. A visita começa como se estivesse entrando numa caverna e na penumbra, somente com o reflexo azul da água no vidro, irá se deparar com um grande aquário central. Para você  ter ideia, é um aquário mantido com cinco milhões de litros de água salgada, onde algumas raias, peixes e tubarões nadam em harmonia num constante ir e vir . 

Na verdade, o Oceanário mantem quatro habitats marinhos que criam a ilusão que estamos perante de um só aquário e um só oceano.
A visita desenrola-se em dois níveis, o terrestre e o subaquático, atravessando as águas temperadas, tropicais e frias dos diferentes oceanos do planeta.

Inaugurado em 1998, o Oceanário de Lisboa é um espaço moderno e interativo que desperta a atenção do público para preservação da vida nos oceanos.  Além disso, coloca à disposição de escolas e professores diversos programas de educação ambiental. Pelo site da instituição é possível ter uma ideia de como se desenvolve as pesquisas e os programas. Clique aqui e conheça mais.

“Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.” –     

Fernando Pessoa. Mar Português.

Fantástico dragão-marinho-folheoso que é minúsculo frágil e delicado. De perigoso só no nome.

Enguias de Jardim. Elas vivem em grandes colônias enterradas na areia e durante o dia, saem parcialmente de seus buracos para se alimentarem, viradas para as correntes.

Medusa do Mar. Esse invertebrado tem o corpo constituído em 90 por cento de água e captura seu alimento pela parte superior do corpo e por seus tentáculos urticantes. 

Um exemplo perfeito de harmonia e sincronização é observar o vídeo do dragão-marinho- folhoso. Esse interessante animal, que tem um parentesco com o cavalo-marinho, pelo menos se assemelha a ele, possui vários apêndices em forma de folhas em seu corpo, que o tornam parecido com algas. Esses peixes existem só no sul da Austrália e são alvo de restritas medidas de proteção por parte das autoridades australianas. Observá-los é um verdadeiro exercício de meditação, considerando que eles nadam numa leveza e harmonia incomum. Confiram no vídeo disponibilizado pelo Oceanário.


Ilustração Marcela Weigert. Algorítmos foto by internet

Algoritmos fazem você viver dentro de uma bolha online

Não adianta ter a cabeça cheia de ideias no universo digital. Tuas interações são estruturadas de forma superficial e dificilmente sai do seu quadrado.

Para quem não sabe, cada vez mais os algoritmos estão nos colocando dentro uma bolha. Infelizmente, nosso perfil principalmente nas redes sociais é estruturado a partir das interações aleatórias que fazemos.

Isso devido a enorme complexidade do universo digital e nada fácil para um simples mortal mensurar qual é o caminho certo para alcançar o maior número de seguidores, ser visto e ver com diversidade as informações. Se você colocar na busca do Google vai encontrar centenas de site tentando explicar o funcionamento dos algoritmos e como eles atuam para melhorar o desempenho do e-comerce.

Complexo devido a quantidade virtualmente infinita de dados que circulam de forma ininterrupta, o tempo todo, 24 horas por dia e sete dias por semana, armazenando anos luz de dados. O professor e escritor João Cézar de Castro Rocha, analisa o universo digital como um dos grandes responsáveis pelo avanço da extrema-direita. Essa forma voraz de composição de dados impede, segundo ele, uma assimilação propriamente crítica. “A lógica algorítmica é zero um, sim, não e A menos A. Posso incluir potencialmente um infinito de dados porque já possuo, de princípio, um modelo de exclusão que o torna a quantidade irrisória porque já tenho uma forma própria de lidar com essa vertigem de dados. A linguagem algorítmica”, afirma. 

 

 

 

Exatamente professor, com toda a razão. Basta apenas observar na rede de amigos do Facebook. Você pode ter mais de mil amigos, mas só aparecem nas notificações os post de gente que interagiu mais ou um pouco com você e na linha do tempo também a mesmo situação.. Um ou outro post é colocado na linha do tempo fora dos normais que sempre recebe, ainda com o agravante de que são anúncios pagos. Portanto, pouca coisa é espontânea que circula. Sem contar também os sites robôs.

Por experiência própria e muita confusão online, devido a posições políticas, deixei de interagir como fazia anteriormente e entro poucas vezes no FB. E aí, o que ocorre é que, que cada vez mais a rede restringe o número de post de pessoas diferentes e que fazem parte do meu círculo de amizades dentro do Facebook.

“De de modo que nós somos reduzidos, não a potência do que somos, mas a um perfil. O que o perfil do universo digital realiza é uma redução da potência do que somos às primeiras 100 ou 200 interações aleatórias que fizemos é que define o nosso perfil e passam a definir o tipo de informação que recebemos. O que é uma espécie de profecia auto-cumprida negativa porque cada vez mais nós nos afastamos da potência do ser, da vocação do ser mais. Como dizia Paulo Freire, nós nos reduzimos a um perfil. O perfil é apenas um fragmento muito pequeno de tudo aquilo que podemos ser. Essa é a própria dinâmica da criação de bolhas.” fonte: afirmou João José de Castro Rocha./Encontro EGC.

Portanto, é preciso ter consciência disso para tentar furar a bolha e expandir o nosso quadrado dentro da lógica algorítmica do universo digital. Por falar em expansão, quando pensamos em buscar o maior número de leitores para o site e uma melhor  monetização, o Google é cruel. Uma verdadeira ‘caixa preta’. A  pergunta é: como controlamos os cliques que fazem nos anúncios veiculados em nosso site. Ninguém sabe!
 
Mas o mais sério de tudo isso é que dentro desse jogo destaca-se muito mais, não a qualidade, mas a quantidade. Quando a quantidade é financiada com fins de militância política ainda pior. Esperamos que governos, cada vez mais, busquem mecanismos de defesa e de direitos para não deixar o usuário na web tão na mão das BigTech.
 
 

Enfim, nem tudo é perdido. Algorítmicos do universo online expressam a linguagem da computação gráfica e muitas coisas foram potencializadas na área de saúde, educação e muito mais….

Agora o momento é impor regras e formas de relacionamentos entre as grandes potencias do universo digital e o mundo real. 

Saude

‘Saúde tem cura’. Filme feito para todo brasileiro lutar pelo SUS

'Saúde tem cura' é o mais recente filme do cineasta Silvio Tendler, que emociona ao mostrar a luta histórica para criar o Sistema Único de Saúde (SUS). Não para por aí, vai mais além...É um filme que estimula o brasileiro a defender seu bem mais precioso e gratuito. #euamoSUS.

Roteiro excelente, ilustração, depoimentos e argumentação ao documentar a história, destacar a importância ao comparar o povo brasileiro sem assistência médica gratuita no passado, com hoje, cujo avanço em programas de vacinação, transplantes, e controle de doenças crônicas mudou nos números e mortalidade.  Isso sem citar as campanhas de vacinação que salvaram milhares de crianças e a atuação do SUS na pandemia.

Um filme que convence o brasileiro a lutar por sua manutenção e exigir do poder público mais investimentos. Tenho certeza disso, mesmo reconhecendo as lacunas e falhas do sistema.

O SUS é maior projeto de saúde pública do mundo. O brasileiro que ama seu próximo e defende a igualdade social dirá NÃO com todas as letras a sua privatização. 

 

Silvio Tendler ao lado de sua companheira Fabiana Fersasi (à esquerda) e de sua assisttente Sabrina (à direita).
Silvio Tendler na estréia na Rio de Janeiro. Atrás a equipe que participou da elaboração do filme: Lilia Diniz, Ana Rosa Tendler, Taynara Mello, Tao Burity, Bruno Karvan. crédito das fotos. Lilia Diniz

“Saúde tem Cura” foi realizado em parceria com a Cebes e apoio da Fiocruz.  O documentário está disponível no canal de Youtube da produtora cinematográfica Caliban. Um filme que  aborda a potência e as fragilidades do Sistema Único de Saúde (SUS), o único sistema de saúde do mundo que atende a mais de 190 milhões de pessoas gratuitamente.  Conta com depoimentos de profissionais que participaram da sua criação; de médicos como Drauzio Varella, Paulo Niemeyer e Margareth Dalcolmo; de profissionais que atuam no dia a dia do sistema; de representantes da sociedade civil e de usuários”. 

Como Silvio Tendler, a saúde pública faz parte da minha memória afetiva. Como Silvio Tendler, cuja mãe  era médica, a saúde pública gratuita fez parte das suas memórias de infância. Em minha vida, a saúde pública fez parte das minhas memórias de juventude, como companheira de um jovem médico utopista e sonhador durante 15 anos. Na sua trajetória profissional oferecia aos idosos do pequeno Posto de Saúde do bairro Pilarzinho, em Curitiba, uma atendimento único e até domiciliar para os mais necessitados.Eraldo Kirchner Braga (1945-1992), esteve presente nos primeiros anos de implantação e apostava no SUS como solução para diminuir a desigualdade social e amparar um Brasil de gente humilde e sem recursos para pagar tratamentos de saúde. ” Os serviços serão descentralizados e todos terão direito a consulta e hospital de forma gratuita, sem exceção, ricos ou pobres”, dizia ele.

Saúde tem cura! 

Confira você mesmo assistindo o documentário

 

The Key in the Hand ( A chave na mão)-Shiharu Shiota. 56º Bienal de Veneza

Guerra cultural é poderosa arma que não se combate com argumentos e sim com afeto.

João Cézar de Castro Rocha apresenta essa conclusão diante dos fatos atuais. A guerra cultural para ele, é uma poderosa máquina de produção de narrativas que divide um povo e dissemina ódio, sobretudo em ano eleitoral e não se combate com argumentos.

E mais ainda, a guerra cultural em pleno século XXI se utiliza das características negativas do universo digital com maestria tal, que produz engajamento, cuja intensidade é tão grande “que ainda não sabemos como devemos reagir. Mas não existe problema sem solução. Num encontro entre os integrantes dos Estados Gerais da Cultura – Como furar a bolha e sair do sair do quadrado – este brilhante escritor e professor, doutor em Literatura, faz uma análise sobre o avanço da extrema-direita no mundo ocidental e recomenda que numa guerra cultural não se deve usar argumentos e sim, o afeto e o amor. 

Mas espera aí! Não entenda como um movimento hippie dos anos 70.

Quando João Cézar fala de guerra cultural, ele trata da palavra cultura de forma abrangente – modo de vida de uma sociedade – quando lida com a palavra amor e afeto, é no sentido intenso de ideologia e da crença por um mundo melhor. Ele se refere a narrativas que são criadas com base em notícias falsas e teorias conspiratórias.

“Narrativas polarizadoras, cuja finalidade é gerar inimigos em série, cuja criação permite que a base, que as massas digitais permaneçam em excitação permanente, em mobilização 24 horas por dia, sete dias por semana. A capacidade de mobilização política da extrema-direita no cotidiano, é um dado que nós ainda não consideramos com a seriedade necessária. 

O afeto que nos interessa é a junção do argumento, projeto de nação, com afeto. Amor profundo ao país que nunca tivemos, mas de uma nação que pode vir a ser. Nós precisamos, creio, para combater esta nefasta vitória transnacional da extrema-direita, precisamos sem nenhum constrangimento, voltar a pensar na política, numa junção dupla e necessária. Política que se reduz o afeto é fascismo, que se reduz o argumento é tecnicidade neoliberal… Nós precisamos resgatar uma política que seja, ao mesmo tempo argumento, projeto e afeto, amor ao outro, amor ao mundo, amor a um país que se pode vir a ter.

 

Fragmento da obra de Escher que neste contexto quer significar ressonâncias......

João Cézar de Castro Rocha é professor titular de Literatura Comparada da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). É Doutor em Letras pela UERJ (1997) e em Literatura Comparada pela Stanford University (2002), pesquisador 1D do CNPq e foi Presidente da Associação Brasileira de Literatura Comparada (ABRALIC, 2016-2017). Seu trabalho foi traduzido para o inglês, mandarim, espanhol francês, italiano e alemão. Autor de 13 livros, entre os quais Guerra Cultural e retórica do ódioCrônicas de um Brasil póspolítico (Editora Caminhos, 2020).

“Eu reli o terceiro capítulo da Pedagogia do Oprimido. Eu confesso que é uma dimensão da Pedagogia do Oprimido que não me dei conta nas minhas leituras iniciais. A dimensão é a seguinte, diz o Paulo Freire:

 “Sendo o fundamento do diálogo, o amor é também diálogo. Se não amo o mundo, se não amo a vida, se não amo os homens, não me é possível o diálogo.” 

A Pedagogia do Oprimido possui uma dimensão do afeto, uma dimensão afetiva que me tinha escapado nas primeiras leituras, reconheço constrangido. Creio que um ponto muito importante que temos para encerrar é que nós sejamos capazes de compreender que a narrativa da guerra cultural nada tem a ver com o argumento. Ela tem a ver com produção de afeto. Mas a produção do afeto que deseja a guerra cultural da extrema-direita é um ódio, é o ressentimento”. trechos da fala de João Cézar no encontro do EGC.

“O que que é o microempreendedor ideológico: todos eles possuem um canal sempre com uma linguagem cada vez mais radicalizada e colonizadora para atrair e fidelizar sua audiência, todos tem uma livraria no seu canal que tanto é uma forma de monetizar, mas também de lavar dinheiro. As livrarias dos canais dos YouTubers de extrema direita no Brasil são uma forma ativa de lavagem de dinheiro e de recebimento de recursos ilícitos. Todos oferecem cursos. É literalmente é uma forma de monetizar atividade política a fim de despolitizar a própria polis”

matérias semelhantes: 

Violência Verbal e ódio online tem raiz numa guerra cultural

 

Por uma internet sem mentiras