Juro que num primeiro momento um vazio imenso tomou conta de minha mente sem inspiração para falar sobre sonhos e utopias neste período em que fraternidade está em pauta.
Porém num segundo momento decidi escrever escutando música e por acaso apareceu a composição de ‘Tocando em Frente’, de Renato Teixeira. Uma poesia cantada de uma beleza incrível, música antiga, mas tão atual em frases, como “sinto que seguir a vida seja simplesmente conhecer a marcha e seguir em frente”….
Pronto! A música conectou-se à minha pauta sobre o período do Natal. Sim… só nos resta seguir em frente e acolher esse Brasil de luto e devastado por um governo truculento e destruidor de identidades culturais.
O título “O poder oculto da música” é de um livro de David Tame, que recomendo leitura.
Mais adiante ao procurar ilustrações para essa crônica me deparei com as obras do artista russo Vassili Kandinski (1866-1944) , que no início do século XX produziu telas, pelas quais associou as cores a partir dos acordes musicais. Criou obras com acordes visuais! Não é surpreendente essa capacidade da criatividade humana.
“Nossa capacidade de escutar as cores é tão precisa… As cores são um meio de exercer uma influência direta na alma. As cores são o teclado. O olho é o martelo. A alma é o piano com suas muitas cordas. O artista é a mão que deliberadamente faz a alma vibrar por meio dessa ou daquela tecla. Assim, é claro que a harmonia das cores somente pode ser baseada no princípio de tocar a alma humana.”
A reflexão é de Kandiski, palavras que nortearam toda a sua produção ao longo de 50 anos no início do século XX.
E assim escutando músicas fui preenchendo o vazio da minha mente. Fui saboreando maravilhas do nosso cancioneiro popular. Se você quiser percorrer as esferas mais altas do universo e limpar tua alma e mente escute música…..
“Na cabeça do tempo eu plantei um Ipê Amarelo, de Décio Marques….. Katya Teixeira e assim fui percorrendo as mais variadas músicas do nosso Dandô – com canto em todos os cantos do Brasil que encanta – aos clássicos universais como a Nona Sinfonia de Beethoven e contemporâneos internacionais. A partir daí as palavras fluíram….
Como num passe mágica me senti plena para falar sobre a importância de manter em dia a tarefa de atualizar nossos sonhos e utopias. Me dei conta que fiz isso durante todo período da pandemia. Fui em busca de um mundo melhor. O movimento Estados Gerais da Cultura está incluído nesse seguir em frente. Um coletivo que pontuou e diferença na caminhada contra o desmonte das nossas verdadeiras raízes culturais e o desrespeito ao ser humano. Conheci pessoas incríveis e dispostas a oferecer seu talento, de forma voluntária, em prol do bem estar social.
Tentei ser mais tolerante e me empenhei em não entrar na vibração de um Brasil dividido e em guerra por mesquinharias políticas.
Para um temperamento impulsivo, reconheço que que foi um grande exercício de paciência e humildade. Mas não se iludam porque as mudanças são lentas…
Confesso que rezei e meditei muito durante esses este ano. Todos os dias como nunca. Confesso também que inclui em minhas preces, com toda a força de minha fé, o planeta , a humanidade como um todo porque me dei conta do meu egoísmo diante do universo.
Por fim, nutri-me com o amor de minha família. Mantive a certeza que futuro está nas mãos das nossas crianças e elas precisam de amor e paz e somos nós que semeamos e nutrimos o futuro delas….
O vídeo é um flagrante que fiz de minha neta cantando dentro do carro à noite num percurso rápido. Está no não listado e não poderá ser compartilhado individualmente para preservação de imagem. O recado é lindo e olha que não somos religiosos praticantes, mas sim espiritualizados.
Links relacionados:
O bem que faz a música de Nando Cordel
Dandô sintoniza-se com cantadores e tece uma rede poética de afeto