Muita gente analisando e tentando entender o resultado das eleições de domingo (2). Jaider Esbell, homenageado na 59º Bienal de Veneza, e o seu Macunaíma define com a arte um pouco desse Brasil de muitas gentes... Agora dividido!
Um Brasil que precisa unir sua bandeira rasgada pela divisão imposta por interesses políticos e fazer a estrela brilhar para todos.
Chega de tentar encontrar o ”salvador da pátria’, o messias religioso! E sim escolher, com seriedade, e fazer uma profunda reflexão do que é melhor para construir uma sociedade mais igualitária e próspera. Não dividida, na qual a cor vermelha e o verde amarelo são sinais de ideologias. É muita ignorância!
Um Brasil que precisa de comida na mesa e de escolas integrais para todas as crianças, que não podem ficar na rua enquanto seus pais trabalham. Quando cito integral é no conceito holístico de aprimorar nossos pequenos em todos os sentidos, de forma gratuita e pública, no estudo e nas aptidões artísticas e esportivas. Observe quantas escolas públicas de primeiro grau tem em seu bairro. Quanto mais integral! Nem existe…Todas funcionam em três turnos para conseguirem abrigar a demanda de alunos.
Certamente, não é um governo de extrema-direita, neo-liberal, como esse que congelou os investimentos em educação e saúde por 20 anos, que terá interesse em desenvolver uma sociedade com o espírito crítico, capaz de colocar com firmeza as suas próprias escolhas.
Colocar a tela de Makunaimã, Ressurgências, exposta na Bienal internacional na Ítalia, do artista indígena Jaider Esbell, que nos deixou tão precocemente, é falar pela linguagem dos povos originários e despertar a consciência do povo brasileiro nesse redemoinho que hoje vivemos à beira do caos.
Talvez, como disse Jaider Esbell:
“Arte indígena desperta uma consciência que o Brasil não tem de si mesmo”.
Macuinaíma, o herói sem caráter, de Mário de Andrade, tem uma interpretação distorcida do mito indígena. Na narrativa dos povos originários, Macunaimã é uma divindade, do tempo imemorial, habita o Monte Roraima, no extremo norte do Brasil, e faz parte do sagrado desses povos.”Os povos indígenas têm seus próprios sistemas de arte, com fundamentos próprios, razões, intensidades e eles não pressupõem uma cópia ou um arremedo do modelo europeu de arte”. Esbell.
A beleza e a genuína sabedoria da cultura indígena contrasta com a ignorância dos novos profetas pentecostais que proliferam pelo Brasil afora. Usam da insegurança emocional de nossa gente, para falar em nome de Deus e encher os bolsos de dinheiro.
O temor a Deus, família, moral e os bons costumes são usados nesse discurso, insano, fanático e fundamentalista, que tenta esconder, muitas vezes, um passado criminoso e imoral desses pastores e pastoras.”Converteram-se e Jesus perdoa”, justificam os fiéis. Dura realidade!
A política é o tema atual nas pregações dos cultos semanais. Comunismo e se transformar em outra Venezuela são os pontos de temor utilizado por pastores que desejam que seu rebanho aposte num ser inominável, mas que certamente garante a eles todos benefícios, regalias fiscais que até hoje as igrejas têm usufruído. O espírito crítico de em torno de 30 por cento dos brasileiros está abaixo do nível do raciocínio lógico. Aliás acéfalo. Veja não estou falando de pessoas pobres, que não têm o que comer e dão o seu voto a quem oferecer dinheiro, dentadura, cirurgia de catarata, etc.. etc…
Não…..São ovelhinhas que seguem a palavra do messias e sequer conseguem analisar que 12 anos de governo Lula/PT seriam tempo suficiente para o comunismo ser implantado no Brasil, se a esquerda assim quisesse e se fosse esse o foco. Diga-se de passagem, os ismos – comunismo, capitalismo, fascismo, autoritarismo- deviam já estar ultrapassados em pleno século XXI.
Sequer também conseguem perceber que estamos numa guerra híbrida, cujo o poder é o partido militar que está em jogo e o inominável é apenas um marionete nesse plano estratégico. Já estamos com pobreza, armas e militarismo. Acho que a Venezuela já é aqui e agora!
Makunaimî deitado na rede universal – Jaider Esbell . Exposto no Arsenale – um dos artistas homenageados dos 158 participantes da 59º Bienal das Artes em Veneza, Itália.
A cura dos sapos, 2017. Bienal de Veneza.
“Talvez daqui mais alguns anos, a gente possa ter um panorama melhor de uma sociedade minimamente mais esclarecida sobre a grande diversidade dos povos indígenas.” fonte: Brasil de Fato.
Latinoamérica 2017.”Eu sempre digo que os indígenas são “artivistas”. Antes de qualquer coisa, o povo indígena vem trabalhando nessa resistência e defesa pelo território e, consequentemente, por acolher essa turma toda que chegou nessas terras”. Brasil de Fato.
“Ao invés de ter uma visão chapada desse planeta maravilhoso que a gente habita, você deve escapar de sua biosfera e olhar ele de cima, de algum outro lugar. Do sol, por exemplo. Essa disposição é uma disposição amorosa com a vida. As redes são de afetos e elas acontecem também nos sonhos”.
Fiz questão de compartilhar esse vídeo indisponível aqui, porém para seguirem o link. O vídeo ,é um dos depoimentos mais eloquentes de Jaider Esbell, sobre a compreensão de mundo pelos povos indígenas.
Indignada com essa restrição sem sentido, em não conseguir colocar disponível aos leitores do PanHoramArte e convido-os que assistam no Youtube. Imperdível!
A Jaider Esbell nossa homenagem!
Quando o mundo chega ao fim ninguém salva. Acontece que temos que construir um mundo novo.