Mulheres Protestando - Di Cavalcanti, 1941

Abre alas que a mulher brasileira quer passar

Depois de vivermos um período de trevas e retrocesso, o Brasil cultural ressurge das cinzas como Fênix para alçar grandes voos. Com destaque ao fato de que a rota está sendo iluminada pelas mulheres!

O Pan-HoramArte celebra esse momento, que começou com o reconhecimento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na importância do papel das mulheres em sua vitória; que seguiu com sua decisão de nomear  11 personalidades femininas para comandar ministérios importantes de seu governo, e por fim, a retomada do Ministério da Cultura e fortalecimento de suas instituições vinculadas.

Ana Moser: Esporte, Anielle Franco: Igualdade Racial, Cida Gonçalves: Mulheres, Daniela de Souza Carneiro (Daniela do Waguinho): Turismo, Esther Dweck: Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Luciana Santos: Ciência, Tecnologia e Inovação. Marina Silva: Meio Ambiente. Margareth Menezes: Cultura, Nísia Trindade: Saúde, Simone Tebet: Planejamento e Orçamento, Sônia Guajajara: Povos Originários. 

Abram alas que elas querem passar!

Para sentir a força e a garra dessas mulheres basta assistir as cerimônias de posse. Emociona! 

Confesso que senti uma emoção intensa ao assistir Margareth Menezes em seu discurso, o seu canto na posse da Ministra Cida Gonçalves, junto ao Ministério da Mulheres . Maria Marighella, na Fundação Nacional de Arte (Funarte). Muito mais ao escutar o Hino Nacional interpretado pela voz do cantor Caio Prado, durante a cerimônia da Funarte e me arrepiar pela vibração da platéia ao fazer coro no final.

“Terra adorada, entre outras mil és tu Brasil, Ó Pátria Amada. Dos filhos deste solo, és mãe gentil Pátria Amada, Brasilll.
Sem fome e com muita cultura!” , encerra Caio.

Lembrei de toda luta dos movimentos que participei, os Estados Gerais da Cultura e o SOS Cultura, este último com os ex-funcionários do MinC. Os inúmeros manifestos publicados contra os absurdos cometidos pelo desgoverno passado. O SOS chegou aos ouvidos do Lula, felizmente. A reconstrução será um trabalho de harmonia e equilíbrio e se for sincronizado não perderá a base. Alunos da Escola Nacional de Circo provaram que possível esse equilíbrio no show de abertura da posse de Maria Marighella, atriz e ativista. Arte presente na essência, poesia, canto e espetáculo. 

Por que tantos vídeos num artigo só? 

Pelo simples fato de fazer permanecer na mente das pessoas um momento histórico que deve ser exaltado e lembrado a todo instante. São promessas, sonhos e utopias neles contidos e que devem ser revistos de tempos em tempos.

Ao destacar a mulher em sua data deixo aqui o testemunho da luta em busca  do reconhecimento que é possível com “Arte, ciência e paciência mudar o mundo”. O  lema dos Estados Gerais da Cultura, um belo movimento criado por gente que acredita na arte como meio de transformação. 

É preciso acreditar, como acreditou Chiquinha Gonzaga (1847-1935) em toda a sua vida que era possível vencer o preconceito, a violência. Ô Abre alas, cantou ela, porque queria passar e inspirou o título desse artigo. Mulher, mestiça, educada como sinhazinha que se rebelou e se tornou uma talentosa musicista. 

Tão guerreiras no passado como são elas hoje. Mulheres Protestando, do pintor Di Calvalcanti, uma obra de arte de 1941, que testemunha a força de luta das mulheres que não  brincam quando defendem uma causa.

Um viva a todas nós mulheres brasileiras anônimas ou célebres, que no seu dia a dia lutam  por construir um país melhor para se viver! 

O Dia das Mulheres é todo dia!

 Senhores, abram alas que as mulheres querem passar …..

Viva a arte!

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Histórias de Flávio: Vida!

Nos conhecemos lá em 2001, nos primeiros dias daquele ano, mas sinceramente não me lembro o dia bem certinho, talvez dia 5 ou dia 13. Para falar a verdade verdadeira, não tenho nem certeza de que foi naquele ano, às vezes acho que foi no ano anterior, em 2000... faz tanto tempo! Mas uma coisa é certa: foi em janeiro, é... acho que sim.

E foi assim…
Ai ai ai, acho que tô meio com preguiça de contar desde o início, já vou pular um mês para não encompridar a história.
Então… Não demorou muito pra coisa ficar séria, um mês depois era um grude só!
Pera aí! Nossa, genteeee!
Me deu um estalo aqui, siiim! Nos conhecemos dia 5, e dia 13 já estávamos só fogo e paixão! Hummm… ótimos tempos aqueles. Juventude! Colágeno e mais colágeno. Ai que saudade! Deixa pra lá, pelo menos temos histórias pra contar.

Ontem estava conversando com uma cliente sobre presentes inesquecíveis. Vocês já ganharam algum?

Eu sim!
Nunca esquecido, esse presente ganhei do ser amado um mês e meio depois de nos conhecermos.

No meu niver de 21 aninhos, neste mesmo dia há exatamente 22 anos. Dia 24 de fevereiro de 2001. Vivaaaaa! Tô ficando mole prá cozinhá.

Demorei um bom tempo pra entender por que cargas d’água eu ganhara um presente desses em plenos 21 anos. No começo, fiquei sem entender direito, mas eu gostei! Calma que já conto que presente exótico foi esse.
Só para desenhar nossas diferenças de vida: eu passo o tempo inteiro pesquisando tudo sobre minimalismo e vivo cheio de tralha, um sufoco! E o Cassiano joga tudo que tem em uma gaveta sem olhar o que tem dentro, sem nem saber quem é Marie Kondo. Acho o cúmulo isso, uma afronta à sociedade alternativa.

Minha conexão com animais na infância era do lado de fora de casa, sempre tivemos todos os animais possíveis: porco (Chico), galo (Teio), galinhas (Jurema, Galizelda), porquinho da Índia, aranhas (Mafalda e Madalena, que tiveram um final triste, mainga!), peru, cachorro (Antéro), até macaco (Chimbica) e mais um monte!

Mas viviam todos fora de casa, nenhum deles jamais ousaria entrar na casa da Dona Mariene. Já na casa do Cassiano, os cachorros reinavam: a Salomé, o Raian, o Astolfo, o Stalin e a Biscate, todos sempre muito bem-vindos a compartilhar todos os comandos da casa da Vôva e da Dona Norma.
Pois então… as histórias se misturam e sempre com toda essa energia animalesca em nossa jornada. 

Meu primeiro presente tinha de ser um cachorro de pelúcia, e tão fofo! Vou ver se acho foto.

Vida, esse foi o nome de batismo do presente de pelúcia que ganhei. E nesse primeiro momento era minha, só minha… mas logo veio o primeiro de uma leva de sobrinhos.
Então…
Não quis ter a minha Vida só para mim, ela chegou pra ser livre, e assim a danadinha ganhou o mundo.
Ela mudou de nome e de gênero várias vezes e perambulou pelas histórias e pelos braços de Eduardo, Otto, Helena, Valentina e acho que até de Sofia.

Mas a Vida nunca foi esquecida por mim!

 

E, nesse tempo todo, nem nos melhores sonhos dessa vida, pude imaginar que um dia aquele presente cheio de significados pudesse ser um dos brinquedos da minha filha.
Em 2016, minha filha Bella ganhou a Vida. E ela é uma das crianças da minha família que tem o Vida (ela o vê como cão), nosso cachorrinho de pelúcia, nas melhores lembranças da infância.

Até que um dia veio a Dondoca… e arrancou o nariz da coitada da Vida!

Dá até para se emocionar!
É, esta Vida dá voltas e mais voltas!
Só por Deus!

Um brinde a Vida!

Élisabeth-Louise Vigée-Le Brun - Art Renewal Center old image: from [1] Wikipedia

Quando as mulheres não eram valorizadas como artistas

Mulheres não tinham vez no mundo das artes na Europa entre os séculos XVII e XVIII. Era território exclusivo dos homens.

Ao repaginar um artigo já publicado no Pan-HoramArte colocamos em destaque o papel das mulheres e a luta pelo empoderamento  nas sociedades da época.

Mulheres corajosas em suas posturas diante da sociedade hostil às suas produções artísticas, como a artista veneziana, Rosalba Carriera (1673-1757), que contrariando os costumes da época, retrata-se despojada da peruca tradicional, expondo seus cabelos grisalhos e estabelecendo uma áurea de luz próximo à cabeça significando a força do intelecto nas mulheres. 

Rosalba viveu  em pleno florescer do século das Luzes na Europa, Iluminismo – 1.700.

Essas informações fizeram parte de minha aula de crítica de arte da professora Orietta Rossi Pinelli, na Universidade Sapienza, em Roma.

Em sua tese, transformada em livro, “Le Arti nel Settecento Europeo”(sem tradução  para o português), a professora lamenta a falta de dados, para análise, sobre as produções artísticas das mulheres em anos precedentes a 1700

Rosalba Carriera, Autoritratto con il ritratto della sorella, 1715, Firenze, Galleria degli Uffizi

 

Tão somente a partir do século XVIII que as mulheres começaram a ter oportunidades maiores com suas obras e criações.

Orieta cita além de Rosalba Carriera, também  Giulia Lama, MmeVigée-Lebrun, Angelika Kauffamann, algumas das pintoras que alcançaram “um certo sucesso pessoal quando não a riqueza, obtendo a estima dos intelectuais da época”, escreve.

Segundo a pesquisadora italiana, não era fácil ser aceita na academia, salvo se eram mulheres, filhas ou irmãs de artistas homens.

Quando conseguiam entrar, tinham que aceitar restrições, como a de ser proibida a frequentar as aulas de nu artístico, indispensáveis para formação artística e para em seguida conseguir encomendas públicas.

Angelica Kauffmann(1741-1807), por exemplo, teve coragem de se opor a esta limitação. “Era uma talentosa artista, especialmente retratos, paisagens e pintura decorativa. Somente dois dos 36 membros fundadores da Academia Real Inglesa eram mulheres: Angelika Kauffmann e Mary Moser. Até o século XX, elas foram as únicas mulheres admitidas naquela instituição. Fonte: Wikipedia

Angelica Kauffmann – foto wikipédia.

Giulia Elisabetta Lama (Venezia1º ottobre 1681 – Venezia7 ottobre 1747) foi uma artista italiana e a primeira mulher a estudar o nu artístico masculino ao vivo.

Giulia Lama ritratta dal Piazzetta (1715-20); Madrid, museo Thyssen-Bornemisza.

Elisabeth Vigée Le Brun era uma artista francesa que conseguiu destacar-se no mundo das artes e tornou-se a retratista oficial de Maria Antonieta. Fugiu da corte francesa durante a Revolução, tornou-se conhecida pelas pinturas que fez em toda a Europa, para retratar a aristocracia e famílias reais. 

Elisabeth Vigée Le Brun – Self Portrait,- Kimbell Art Museum

No decorrer do século, algumas mulheres  foram capazes de interpretar ainda mais os seus papéis em primeiro plano, algumas à sombra da coroa, como Mme Pompadour (1721-1764) ou Mme du Barry (1743-1793), outras foram protagonistas absolutas da cena europeia, como a imperatriz Catarina da Rússia (1729-1796)ou Maria Teresa da Áustria  (1717-1780), todas vivendo no século das Luzes. Essas mulheres usaram de seu poder em favor da arte e da cultura”.Desse modo, ao visitar o passado é possível observar que não foi em vão a luta das primeiras feministas da história da arte no Ocidente, que quebraram tabus de uma sociedade exclusivamente masculina. Mulheres que se rebelaram ao destino imposto: casamento, maternidade ou convento, ou uma vida fútil de cortesã da corte.

 

No Brasil, a arte estava dando os primeiros passos com a corte portuguesa instalada no Rio de Janeiro.  Nenhum nome feminino se destacou num período em que o país importava artistas da Europa para suas produções artísticas.

 

Madame de Pompadour via Wikipedia

10 dez a 26 de março -Os Significadores do Insignificante

Uma mostra única e imperdível de dois artistas ícones do Paraná. Efigênia Rolim, a Rainha do Papel e da Bala, hoje com mais de 90 anos, e Hélio Leite, irreverente artista das miniaturas feitas com caixas de fósforos e outros materiais de aproveitamento. O observador entrará num universo lúdico e pleno de magia criativa elaborada por Efigênia e Hélio ao visitar a mostra que permanecerá no Museu de Arte Contemporânea, funcionando temporariamente no MON – Museu Oscar Niemeyer,- Curitiba.O projeto tem autoria de Estela Sandrini, com curadoria de Dinah Ribas e Maria José Justino.

Local: sala 08 do Museu de Arte Contemporânea do Paraná (MAC-PR) – que está funcionando temporariamente no Museu Oscar Niemeyer (MON), nas salas 8 e 9

Endereço: Rua Marechal Hermes, 999, Centro Cívico – Curitiba | PR. (41) 3350.4400

Visitação: de terça a domingo, das 10h às 17h30 (permanência até 18h)

Ingressos: R$ 30,00 e R$ 15,00 (meia-entrada)

Gratuito para menores de 12 anos e maiores de 60 anos

Entrada franca todas as quartas-feiras