jun_n1_1

Fantasias de Gaudi na arquitetura da Casa Batló

A criatividade do artista espanhol Antoni Gaudi era um delírio à parte. O arquiteto produziu extraordinárias genialidades.

A Casa Batló, em Barcelona, Espanha, é um exemplo dessa faceta na personalidade de Gaudi. Mistura genialidade em arquitetura e delírio criativo do artista catalão, Antoni Gaudi (1852- 1926), em cada metro quadrado da construção, considerada hoje um dos ícones arquitetônico do período moderno na história da arte no mundo.

No início do século XX, um magnata do setor têxtil, Josep Batló, apostou na ousadia de Gaudi e entregou a remodelação de um edifício de 1870 ao artista, para que ele recriasse algo novo. A reforma começou em 1904 e alcançou todos os andares, de cima a abaixo, acrescentou um quinto andar, construiu sótãos, aumentou vestíbulos e deixou as paredes com formas amplas e curvas de modo a não existir nenhum ângulo reto em toda a moradia.

Picasso que conhecia Gaudi comentou sobre a obra desta forma:

“Gaudi construiu uma casa segundo as formas do mar representando suas ondas e tempestades. Verdadeira escultura dos reflexos das luzes crepusculares na água e que dela emergem formas imitadas pelo vento”.

Antoni Gaudí trabalhou essencialmente em Barcelona, a sua terra natal, onde também estudou arquitetura. Originário de uma família não muito abastada, Gaudí tendeu para a procura do luxo durante a juventude, no entanto na idade adulta e no final da vida essa sua tendência diluiu-se por completo. Quando jovem aderiu ao Movimento Nacionalista da Catalunha e assumiu algumas posições críticas face à igreja; no final da sua vida essa faceta desapareceu também. Gaudi nunca se casou e morreu aos 72 anos, vítima de atropelamento.

Gaudi, obcecado por luminosidade, revestiu irregularmente de cerâmica azul um poço luz no interior do edifício, que vai do azul cobalto até o mais claro nesta tonalidade. Na medida em que a luz natural chega na claraboia a distribuição da claridade é equilibrada de cima para baixo. Para completar o efeito, as sacadas, as janelas são grandes nos pisos inferiores e vão ficando pequenas na medida que alcançam o pátio de luz.

A casa, na verdade, lembra a vida marinha com vidros imitando moluscos e paredes onduladas e uma cor azul que termina num intenso cobalto e começa no claro infinito.

As interpretações para estas formas onduladas e o tom acentuado do azul dado por Gaudi, tem várias histórias ao gosto popular: para alguns o objetivo do artista era o de edificar um hino simbólico à lenda de São Jorge, patrono da Catalunha, em sua mitológica vitória sobre o dragão.

 

Outra versão é que se trata de uma alegoria da festa de carnaval. Por fim, permanece que ele teria se inspirado na beleza do mar.

Seja qual for a interpretação dada por Gaudi, a construção é espetacular. O pátio de luzes da casa é autêntica maravilha da arquitetura moderna, do início do século XX.

Os vidros coloridos das janelas lembram moluscos, a escada que conduz ao piso principal se retorce como o esqueleto de um dinossauro fossilizado e o muro sinuoso é pintado de uma forma que parece um mosaico e mostra alguns reflexos e superfície similar às paredes que lembram cavas erodidas pela água.

 

Visite por aqui a casa e envolva-se no delírio deste arquiteto modernista que não mediu esforços e nem impôs limites a sua criatividade.

bruno walpoth sculpture

Inner setting…

Life is a highway of many lines, dangerous curves, warning signs, detours, bumpy roads, peaceful ways, and it can also be colorful in a moment and black and white in another. I have emotion in my thoughts and reason in my heart. I am many countries, even many planets. My orbits challenge the laws of physics. Inside me I can be characters of dramas and comedies.

My imperfections clash with my virtues. This is a constant battle. I am an artist in the art of being me. I draw my lines, I make my painting, sketches, try to find a shape, a line that takes me to discover new possibilities to reinvent myself.  There are moments when I want to erase certain things, but a flaw is left. It is not possible to turn invisible what has been already done. It is always there even if it is left in a corner, under a shadow; it reminds me that I should not stop being my essence. My essence is both prison and freedom.

I am full of questions and few answers.

I try to define myself but this is a very complex plot to be translated. I give myself the luxury of liking and disliking me. I need to be sewed when I try to unfold myself in many roles. My diversity is a byproduct of what I am able to create. I move through dream and reality, love, and fears.
(Sculpture by Bruno Walpoth)

bruno walpoth sculpture

Cenários de dentro…

No silêncio  me descubro.

Ouço as vozes dentro de mim conversarem, procurando entender o meu todo. Na minha cabeça passa um filme, tendo como cenário experiências vividas. Me vejo rindo, chorando, surpreso, temeroso, valente, indeciso, aluno da vida. A vida é uma estrada cheia de inúmeras faixas, curvas perigosas, sinais de alerta, desvios, atalhos, estradas acidentadas, caminhos tranquilos, as vezes colorida, as vezes preto e branca. Tenho emoção no pensamento e razão no coração. Sou muitos países, até mesmo muitos planetas. Minhas órbitas desafiam as leias da física. Dentro de mim posso ser personagens de dramas e comédias. Minhas imperfeições se estranham com minhas virtudes. Esta é uma batalha constante. Sou o artista da arte de ser eu. Desenho meus traços, me pinto, rabisco, busco uma forma, uma linha que me leve a descobrir novas possibilidades de me reinventar. Há momentos que quero apagar certas coisas, mas fica um borrão. Não dá para tornar o feito invisível. Ele está sempre lá mesmo que deixe num canto, numa sombra, ele me lembra que não posso deixar de ser minha essência. Minha essência é, ao mesmo tempo, cárcere e libertação. Sou cheio de perguntas e poucas respostas. Tento me definir mas é um enredo complexo demais para traduzir. Dou-me ao luxo de gostar-me e desgostar-me. Preciso de remendos quando tento me descobrar em muitos. Minha diversidade é fruto do que procuro criar. Transito entre sonho e realidade. Amor e medos.

(Escultura de Bruno Walpoth)

The Dancer of Amazon Rainforest

One night

I was there on the other side of Amazon River

And I sat there

Suddenly a woman appeared

And looks like the naked ghost

She was dancing in front of me

 

I looked at her without breathing

There had no music

only the moon, the river and

we more

trees and leaves

no human

nor animal

 

She was dancing in silence

Also I looked at her the same way

after she suddenly disappeared

without any explanation

like the wind

she went to forest background

 

It was very dark

I didn’t follow her

and stayed there on the other side of the river

Now I am there

with the moon,

the river and

more trees and leaves

no human

no animal

nor the naked woman

 

Erol Anar