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Café ou chá? … Beba-os com estilo e tradição na Turquia

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Ler a borra

O hábito de beber chá  é tão enraizado na cultura turca quanto é também beber café e ler a borra que se assenta nas bordas da xícara, para saber do futuro.  As fotos da  Janine Malanski irão conduzir o leitor do PanHoramarte às diversas maneiras que os turcos encontraram de degustar duas bebidas tão antigas, carregadas de história, ritual e tradição.

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Tomar chá ou café em copo plástico nem pensar na Turquia.

A diferença no modo como essas bebidas são consumidas já começa pelos utensílios usados na hora da sua elaboração. Tudo é de muito bom gosto, do mais extravagante ao sofisticado.A foto abaixo mostra um aparelho para servir chá.

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Sofisticado como este conjunto de chávenas em prata e cristal e muitos outros, que talvez até enfeitaram as mesas dos magníficos palácios do Império Otomano.

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O chá é mais consumido

“O chá é mais consumido na Turquia que o nosso cafezinho brasileiro”, compara Janine.

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Geralmente o chá é servido em copo de vidro pequeno, na forma de tulipa, com pires de porcelana ou metal, em todos os lugares, lojas, lanchonetes, restaurantes, após as refeições e até na rua. Além do chá preto, são encontrados o apple tea (elma çai) em diversos lugares, e o  Pomegranate Tea (chá de romã), mais preferido pelos turistas.

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“O mais interessante que o chá  é a bebida principal nos happy-ours”, observou, considerando que a religião é um fator que favorece o consumo do chá e do café. A maior parte da população é muçulmana e está proibida de consumir álcool, como as duas bebidas são estimulantes, elas não faltam no cardápio das reuniões sociais.

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Sendo a demanda no consumo grande, os turcos fazem verdadeiras alquimias com misturas  de flores, frutos e ervas e ao final as transformam em bebidas aromáticas e de sabor delicioso. Passear pelo Bazar de Especiarias buscando essas poções mágicas é um deleite para o turista.

Agora é a vez do café!

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Falar sobre a curiosa tradição de interpretar o futuro nos símbolos criados pelo pó finíssimo que se assenta no fundo da xícara depois de ser consumido…

O costume de ler o café para saber do futuro é provavelmente tão antigo quanto a própria utilização da bebida pela humanidade, cujo origem é da Etiópia. O conjunto de fotos mostra o Sicak Kumba Kahve (Café na areia aquecida),  Sirince, próximo a Kusadasi , Ismir

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Africanos

Os primeiros a usar o café foram as tribos africanas que utilizavam a planta e seu fruto apenas para alimentar rebanhos. Mas bastou os pastores observarem que seus animais ficavam mais espertos e dispostos depois de comer a folha e o fruto, para que o homem começasse a consumir como bebida( fonte Wikipedia). A foto mostra um vendedor de café na rua , na Turquia, numa elaboração mais rudimentar.

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Para obter um perfeito café turco é necessária uma moagem muito fina. A tradição prevê a utilização de um moinho de latão para conseguir um pó quase impalpável como o açúcar em pó. Bebe-se em pequenas chávenas baixas depois que o pó tiver depositado completamente no fundo.

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A origem da tradição de ler o café ninguém conhece, apenas sabe-se que a interpretação é intuitiva e sua técnica é passada de geração a geração.

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Dom que recebeu de sua avó

Assim aconteceu com o empresário turco do ramo de turismo,Sedat (Sergio) İkman, que recebeu o “dom” de sua avó. “Ler o café não é algo que se aprende”, diz solenemente. “Existe uma expressão para explicar essa habilidade:’foi passada para as minhas mãos’.

Sérgio conta que quando criança observava sua avó lendo para as amigas e ficava curioso. Achava que era brincadeira dela. “Resolvi fazer a mesma coisa”, recorda-se, lembrando que no início lia para os amigos e achava que ia ser sempre assim. Como uma brincadeira.

“Mas depois do décimo quinto café que eu li, entendi que tinha capacidade necessária para fazer isso a sério e, sobretudo conhecer pessoas com energias especiais”.  De três irmãos só ele quis tentar.

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Leu mais de dois mil cafés

Para Sérgio, que dirige a Güle,Güle,  é apenas um hobby, no entanto, já leu mais de dois mil cafés e cada um deles lhe proporcionou adrenalina e prazer. “Não ensino os meus filhos, mas se for passado para as mãos deles, eles vão procurar seus próprios caminhos”.

A leitura depende do momento, segundo Sergio, e os símbolos não têm significados definidos. “O café absorve os sentimentos da pessoa que bebeu e reflete esses sentimentos pelos símbolos. Não existem regras para ler o café e trata-se de uma prática proibida pelo Islã, mas está tão arraigada na cultura turca, que todo o turco gostaria de ser capaz de ler”.

Certo ou errado, a leitura do pó depositado na xícara tem muita aceitação entre os turistas, uma tradição que para Janine Malanski não era uma novidade quando encontrou Sérgio. Ela costumava ler com uma brasileira, Luci F. Cequinel, residente em Curitiba ( já falecida e sem passar para outras mãos, pelo que se tem conhecimento, a capacidade ler o café).

“Nunca imaginei que iria encontrar na Turquia alguém que fizesse a mesma leitura de dona Luci. Foi uma surpresa agradável, pois muito do que ela viu deu certo”.

As predições de Sérgio, também, entre tantas, têm histórias bem sucedidas. “Vi o nascimento de gêmeos no café de um casal canadense. Um ano depois eles nasceram, um casal, e deram o meu nome ao menino. Vi que uma senhora italiana tinha tido um aborto, vi também que um moça extrovertida tinha um enorme complexo de inferioridade”.

Ler borra não profissão

Mas Sérgio faz um alerta: ler a borra não é uma profissão! Não existe lugar famoso na Turquia para a leitura do café. “Você pode encontrar no país inteiro leitores bons e ruins”.

Com leitura ou não, visitar a Turquia e não tomar um café ou chá à moda da casa, é perder a oportunidade de envolver-se com as sensações que essas bebidas proporcionam pela sua história e antiguidade, evidentes nos usos e costumes do povo turco e preservadas por ele com tanta particularidade.

 

 

 

 

 

 

 

 

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Educação é para todos. Com SAM 2015 as ideias vão brotar!

A sociedade precisa dar força e participar cada vez mais de inciativas que provoquem mudanças, sobretudo na educação de um povo.

SAM 2015 ( Semana de Ação Mundial) , que acontecerá de 21 a 27 de junho, é a oportunidade para aqueles que desejam mudar o Brasil – para melhor. O foco é a educação gratuita, de qualidade, pública e laica para todos.

A Semana faz parte de um outro movimento muito maior  –  Campanha Global pela Educação (CGE) – que acontece em mais de 100 países desde 2003. É uma iniciativa da sociedade civil organizada com parceiros como a Unesco, Unicef, e muitas ongs e setores que atuam na área da educação. Um balanço do que foi feito até agora foi apresentado em maio deste ano, na Coréia do Sul.

PNE

É importante lembrar que em 25 de junho de 2014 foi sancionada a Lei 13.005/2014, no Brasil, que trata do Programa Nacional de Educação(PNE) para os próximos 10 anos. “Assim, o tema será contextualizado com a discussão em torno do primeiro ano de implementação do PNE. O objetivo é fazer uma grande pressão internacional sobre líderes e políticos para que cumpram os tratados e as leis nacionais e internacionais, no sentido de garantir educação pública, laica, gratuita, e de qualidade para todas e todos”.

Leia mais sobre o assunto no site do SAM- 2015 e descubra como você pode participar.

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O PanHoramarte traz o tema como pauta por intermédio da ilustradora do site, que também criou o material gráfico da SAM 2015: Marcela Weigert. A imagem é o resultado da proposta de trabalho da Semana. O Brasil conectado e recebendo ideias que foram colhidas em diversos locais do mundo. A inclusão de todos está bem especificada nas imagens que se situam em ação conjunta, todos juntos, seres humanos e suas diversidades.

Olhar Crítico

A ideia principal é pôr em prática “um novo Programa Nacional de Educação, virar a página e construir uma nova narrativa”, anunciam seus organizadores.

Certamente é necessário virar a página e construir um novo paradigma. O momento não poderia ser mais oportuno. Não somente a questão dos professores, que é importante, sim, mas muitas outras, assim como os itens defendidos pelo SAM.   Vamos todos participar e transformar o Brasil. É urgente!

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NOSSA CAPITAL MUNDIAL

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Por Luiz Ernesto Wanke – (Esta crônica faz parte do livro ‘Contos e Crônicas’ de 2005, edição comemorativa da Associação dos Professores do Paraná.)

Nós, ponta-grossenses, somos tidos pelos gringos alienígenas como um povo muito orgulhoso.  Ledo engano. Só porque dizíamos que as sombras dos nossos prédios estavam tirando o sol dos castrenses? Aliás, pândegos eles que afirmam ter sido Castro a capital do Estado, mas será que não sabem que Ponta Grossa é uma das quatro cidades que no passado foram capitais federais? (Salvador, Rio de Janeiro, Brasília e Ponta Grossa). Não sabem? Ora, Getúlio, na revolução de 30, praticamente tomou posse da presidência em Ponta Grossa!

Brincadeirinha, mas que é, é!

Esta tendência de forçar uma suposta importância surgiu no tempo que éramos a segunda cidade do Paraná e batalhávamos para superar a capital. Mas isto foi há tanto tempo!

Nossa principal festa não é o carnaval pífio nem a festa da cerveja, hoje aguada pelo comércio desenfreado. É quando se veste o uniforme engomado, passa-se alvaiade no tênis e as professorinhas capricham nos ensaios de marcha da garotada. É isto mesmo, na festa de aniversário da cidade, o 15 de setembro. Com muito orgulho desfilamos na Avenida, nem dando bola para o 7 de setembro. Lembro-me que uma vez o General comandante do então 13 RI reclamou! Não seja por isso, nos intitulamos a ‘capital cívica do Paraná’, mesmo que seja caolha!

Pensando bem, hoje em dia civismo exacerbado é doença. Num mundo globalizado, a melhoria da qualidade de vida das pessoas e o cuidado com o meio ambiente são prioridades.

E a tal ‘capital da soja’? Pelo título pomposo levamos um ‘pito’ dos moradores de Palotina que realmente são os grandes produtores da leguminosa. São merecedores da honra, mas, pelo amor de Deus, o ‘mundial’ já é nosso e ninguém tasca!

Já o ‘capital do chope escuro’ até cai bem. O problema é que a cervejaria que o produzia na Avenida foi ‘simbora’.

Onde ficava ‘o maior entroncamento do sul do Brasil’? Onde, onde? Em Ponta Grossa! Ficava porque os trens sumiram! Para compensar, o então ministro Andreazza, fazendo média mudou para “maior entroncamento rodoferroviário do sul do Brasil”! Pintamos isto numa placa e a colocamos vistosamente na Rodovia do Café…

Depois puseram outra: ‘a capital dos caminhões’! Ora, ter que aturar muitos caminhões não gera sentimento de orgulho para ninguém. Ao contrário, eles produzem muita poluição, sendo tão indesejáveis que ninguém os quer dentro da cidade!

Quem sabe não ficaria mais verdadeiro chamar nossa cidade de ‘capital mundial dos ponta-grossenses’?

Também não seria a hora de abandonarmos esta mania de ser a capital de tudo e, ao mesmo tempo, de nada?

E, finalmente, não seria má ideia colocar lá mesmo na Rodovia do Café – de preferência no Contorno com a cidade visível – uma placa escandalosamente iluminada, com letras enormes, piscando intermitente e tendo como moldura uma flecha apontando a cidade, com dizeres:

“AQUI SOMOS FELIZES!”

Melhor ainda?

Só se fosse verdade!

 

COMPLEXO DE NABUCO: Este hábito de enaltecer ou a si ou sua comunidade de algumas qualidades suspeitas e depois divulga-las, chama-se de ‘complexo de Nabuco’. Um exemplo é achar que um hino nacional cantado entusiasticamente ganhava jogos. O pior é que todo mundo acreditou, mas só foi verdadeiro até os 7 a 1. Outro exemplo é que ‘temos as mulheres mais bonitas do mundo’ ou ainda, que ‘nosso povo é o mais alegre do Universo!’ E por aí vai…

Mas por que deram esse nome, pondo o coitado do Nabuco nesta historia?

Dizem que ’pegou’ por que ele mesmo se achava ‘formoso’! Mas, como vimos nesta crônica, pode ter sido mais uma lenda.

Brincadeirinha, mas que é, é!

 

 

 

 

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‘O céu pelo avesso’ revela as muitas mulheres que habitam em uma

Memórias, objetos e identidades do passado e do presente tecem as tramas do universo feminino  e revelam as diversas mulheres que habitam em uma.

Assim é a mostra “O céu pelo avesso”, de duas artistas plásticas paranaenses, Marilia Diaz e Consuelo Schlichta. O espectador irá também se identificar com todas estas mulheres inseridas em uma só alma, seja ele homem ou mulher.

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Museu da Universidade Federal do Paraná. Foto por Mari Weigert

O homem encontrará  a figura das mãe, irmã, namorada,no entrelaçar destas memórias. A espectadora mulher, por outro lado,se identificará com uma das várias mulheres que se constroem a cada dia. PanHoramarte pontua algumas referências para que o leitor possa absorver este universo numa caminhada online pela mostra, apresentada fisicamente no Museu da Universidade Federal do Paraná, em Curitiba, até o dia 30 de junho.

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Transparência do voal que separa os territórios do universo feminino…Foto por Mari Weigert
Sagrado e frágil

Ao adentrar nela é preciso estar preparado para penetrar num território sagrado e frágil, em que a transparência de um tecido em voal separa delicadamente as fronteiras da matéria e psique. “São 2 mulheres, e a força de ser 2 traz à luz outra identidade.” As artistas, ambas professoras do Departamento de Artes da UFPR, não esquecem da didática como curadoras da própria mostra,quando fazem um percurso leve de suas obras ao espectador (a), que, talvez, na maioria dos casos, consegue se reconhecer em muitos conteúdos.

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Livro de 59 páginas, dois, representando a idade das artistas, com fragmentos de poesias, desenhos, fotografias, colagens. Foto por Mari Weigert
Rotinas

“As lembranças impregnadas da rotina do dia a dia, os gestos e os fazeres que se recomeça diuturnamente; os objetos reveladores do ontem, as fotografias, algumas ampliadas, outras minúsculas, os crochês, os bordados, a toalha da mesa da cozinha e os guardanapos bordados em 1941; enfim, tudo se guardou”- anuncia o texto de abertura.

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As Guardiãs da Existência. Foto por Mari Weigert

Uma teia tece as “Guardiãs da Existência” – etiquetas com nomes de mulheres da família e próximas das artistas, referências no campos das artes visuais, literatura e história – permite, talvez, iniciar o roteiro. As bacias de alumínio com sal, pedras e camélias colhidas no inverno  manifestam os 7 de corpos de escape. “São 7 corpos de escape, 7 corpos de fronteira que expõem as fragilidades, mas também o empoderamento das mulheres do presente, do passado e do futuro, que mal conseguimos esperar. São 7 vezes 7 mulheres impregnadas de nascimento e morte e que vêem tão longe”.

Os corpos de escape…

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Corpos das artistas em cerâmica, latões…. Foto por Mari Weigert
Os sete corpos de escape, compostos por panos de algodão, com crochês, bordados e tudo mais…
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Panos de algodão, com bordados e crochê, acessórios diversos… Foto por Mari Weigert
Toalhas e guardanapos de mesa, bordados pela mãe da artista em 1941…

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Sobre todas que habitam em mim.Livros com 59 páginas representando a idade das artistas, fragmentos, lembranças….

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“Uma delas vale-se “de temperos como o açafrão, alecrim e manjerona”, conhece “os segredos do cardamomo e usou-os em ocasiões um pouco mais solenes”.1 A outra se encanta com a caligrafia, beira o exagero, interessa-se por livros, flores secas, toda sorte de raridades. A terceira, não se ilude, nasce e morre todos os 7 dias da semana, tem adoração por Consuelo e Marília. E, muitas vezes, sem esgotar o que de humano carrega, no silêncio do quarto se pergunta: minha vida voltou a ser minha?”, assim se definem as mulheres que habitam em uma.

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As artistas Marilia Diaz e Consuelo Schlichta revelam a alma feminina em suas obras e objetos de recordações, relembram que uma mulher é a construção de várias identidades e que elas se constroem e se destroem todos os dias, para compor uma em seus diversos papéis, mães, filhas, amantes, esposas, profissionais…. .