Élisabeth-Louise Vigée-Le Brun - Art Renewal Center old image: from [1] Wikipedia

Quando as mulheres não eram valorizadas como artistas

Mulheres não tinham vez no mundo das artes na Europa entre os séculos XVII e XVIII. Era território exclusivo dos homens.

Ao repaginar um artigo já publicado no Pan-HoramArte colocamos em destaque o papel das mulheres e a luta pelo empoderamento  nas sociedades da época.

Mulheres corajosas em suas posturas diante da sociedade hostil às suas produções artísticas, como a artista veneziana, Rosalba Carriera (1673-1757), que contrariando os costumes da época, retrata-se despojada da peruca tradicional, expondo seus cabelos grisalhos e estabelecendo uma áurea de luz próximo à cabeça significando a força do intelecto nas mulheres. 

Rosalba viveu  em pleno florescer do século das Luzes na Europa, Iluminismo – 1.700.

Essas informações fizeram parte de minha aula de crítica de arte da professora Orietta Rossi Pinelli, na Universidade Sapienza, em Roma.

Em sua tese, transformada em livro, “Le Arti nel Settecento Europeo”(sem tradução  para o português), a professora lamenta a falta de dados, para análise, sobre as produções artísticas das mulheres em anos precedentes a 1700

Rosalba Carriera, Autoritratto con il ritratto della sorella, 1715, Firenze, Galleria degli Uffizi

 

Tão somente a partir do século XVIII que as mulheres começaram a ter oportunidades maiores com suas obras e criações.

Orieta cita além de Rosalba Carriera, também  Giulia Lama, MmeVigée-Lebrun, Angelika Kauffamann, algumas das pintoras que alcançaram “um certo sucesso pessoal quando não a riqueza, obtendo a estima dos intelectuais da época”, escreve.

Segundo a pesquisadora italiana, não era fácil ser aceita na academia, salvo se eram mulheres, filhas ou irmãs de artistas homens.

Quando conseguiam entrar, tinham que aceitar restrições, como a de ser proibida a frequentar as aulas de nu artístico, indispensáveis para formação artística e para em seguida conseguir encomendas públicas.

Angelica Kauffmann(1741-1807), por exemplo, teve coragem de se opor a esta limitação. “Era uma talentosa artista, especialmente retratos, paisagens e pintura decorativa. Somente dois dos 36 membros fundadores da Academia Real Inglesa eram mulheres: Angelika Kauffmann e Mary Moser. Até o século XX, elas foram as únicas mulheres admitidas naquela instituição. Fonte: Wikipedia

Angelica Kauffmann – foto wikipédia.

Giulia Elisabetta Lama (Venezia1º ottobre 1681 – Venezia7 ottobre 1747) foi uma artista italiana e a primeira mulher a estudar o nu artístico masculino ao vivo.

Giulia Lama ritratta dal Piazzetta (1715-20); Madrid, museo Thyssen-Bornemisza.

Elisabeth Vigée Le Brun era uma artista francesa que conseguiu destacar-se no mundo das artes e tornou-se a retratista oficial de Maria Antonieta. Fugiu da corte francesa durante a Revolução, tornou-se conhecida pelas pinturas que fez em toda a Europa, para retratar a aristocracia e famílias reais. 

Elisabeth Vigée Le Brun – Self Portrait,- Kimbell Art Museum

No decorrer do século, algumas mulheres  foram capazes de interpretar ainda mais os seus papéis em primeiro plano, algumas à sombra da coroa, como Mme Pompadour (1721-1764) ou Mme du Barry (1743-1793), outras foram protagonistas absolutas da cena europeia, como a imperatriz Catarina da Rússia (1729-1796)ou Maria Teresa da Áustria  (1717-1780), todas vivendo no século das Luzes. Essas mulheres usaram de seu poder em favor da arte e da cultura”.Desse modo, ao visitar o passado é possível observar que não foi em vão a luta das primeiras feministas da história da arte no Ocidente, que quebraram tabus de uma sociedade exclusivamente masculina. Mulheres que se rebelaram ao destino imposto: casamento, maternidade ou convento, ou uma vida fútil de cortesã da corte.

 

No Brasil, a arte estava dando os primeiros passos com a corte portuguesa instalada no Rio de Janeiro.  Nenhum nome feminino se destacou num período em que o país importava artistas da Europa para suas produções artísticas.

 

Madame de Pompadour via Wikipedia

10 dez a 26 de março -Os Significadores do Insignificante

Uma mostra única e imperdível de dois artistas ícones do Paraná. Efigênia Rolim, a Rainha do Papel e da Bala, hoje com mais de 90 anos, e Hélio Leite, irreverente artista das miniaturas feitas com caixas de fósforos e outros materiais de aproveitamento. O observador entrará num universo lúdico e pleno de magia criativa elaborada por Efigênia e Hélio ao visitar a mostra que permanecerá no Museu de Arte Contemporânea, funcionando temporariamente no MON – Museu Oscar Niemeyer,- Curitiba.O projeto tem autoria de Estela Sandrini, com curadoria de Dinah Ribas e Maria José Justino.

Local: sala 08 do Museu de Arte Contemporânea do Paraná (MAC-PR) – que está funcionando temporariamente no Museu Oscar Niemeyer (MON), nas salas 8 e 9

Endereço: Rua Marechal Hermes, 999, Centro Cívico – Curitiba | PR. (41) 3350.4400

Visitação: de terça a domingo, das 10h às 17h30 (permanência até 18h)

Ingressos: R$ 30,00 e R$ 15,00 (meia-entrada)

Gratuito para menores de 12 anos e maiores de 60 anos

Entrada franca todas as quartas-feiras

 

ilustração by Marcela Weigert

O Brasil precisa de mais cineclubes e clubes de leitura

As vivências em cineclubes e clubes de leitura são prazeirosas, entretém e melhoram a capacidade mental para análise crítica.

Quando decidi escrever sobre o tema fui em busca das iniciativas online. Não usei muito do meu tempo para essa pesquisa, mas depois do pouco que achei, presumi que as iniciativas não são suficiente para construir um Brasil de futuro, que coloca a educação, cultura e arte no centro do desenvolvimento social e econômico. 

A ilustração de Marcela Weigert mostra, de forma lúdica, que pela leitura o olhar transpassa os limites das páginas escritas e expande-se pela criatividade e imaginação. 

No entanto, tudo começou quando descobri que Manuela D’Avila, política, escritora e ativista social, tem o seu Clube do Livro. Fiquei inspirada em escrever, mas lembrei dos cineclubes que Silvio Tendler promove e não abre mão deles para formação crítica das pessoas. O Cineclube Muiraquitã, da rádio Navarro e dos EGC e o próprio cineclube do cineasta utopista, como ele mesmo se denomina, são exemplos heróicos da tentativa de motivar as pessoas a criarem grupos tanto físicos, como virtuais, para debaterem sobre os mais interessantes e instigantes filmes, protagonismo, fotografia  e o que existe por trás dos roteiros. É um exercício mental maravilhoso!

 

Nessa viagem poética lembrei de uma amiga de infância que se tornou professora de literatura e certo dia, empolgada, contou que depois de sugerir aos alunos que assistissem  ‘A sociedade dos poetas mortos’, simulou um julgamento semelhante ao do filme e que a motivação e o desempenho na disciplina foi algo que nunca a escola tinha visto antes. 

 

O Clube de Leitura da Manu foi uma descoberta via um bate-papo que tive com uma fisioterapeuta durante a consulta, em Curitiba. Enquanto a profissional fazia os exercícios em minha perna. ao mesmo tempo contava sobre o último livro que leuee do encontro online com mulheres que Manuela reuniu em seu clube para debater tal livro. Sigo o perfil de Manuela no Instagram e quando fui participar já  estava com as inscrições encerradas. Uma pena!

Um trabalho magnífico dirigido às mulheres porque segundo D’Avila, como gosta muito de ler e escrever resolveu que seria melhor lerem juntas. “Aprender a ler mulheres e conhecer o universo fantástico através dos olhos delas”.

O Cineclube Muiraquitã realizou alguns debates sobre filmes memoráveis durante 2021, entre eles a Bolsa ou a Vida, um documentário de Silvio Tendler, produzido durante a pandemia. 

Vale visitar o canal da rádio Navarro, ou EGC, no Youtube e assistir os debates. Garanto que não ficará entediado, mas não esqueça de antes assistir o filme em questão. 

 

Entendemos que o retorno do Ministério da Cultura é uma luz no fundo do túnel. É evidente que o MinC está ressurgindo das cinzas e vai precisar de tempo para se reerguer. 

Muita coisa precisa ser retomada e muito precisa ser feito e analisado para produzir muito e tirar proveito da experiência daquilo deu certo. A Lei Rouanet reestruturada, a continuidade da Cultura Viva, o destravamento do setor audiovisual e políticas para o livro, leitura e literatura são prioridade nesse Brasil de diversidade cultural. 

O país precisa retomar com urgência seus valores e sua poética e não ficar à mercê de uma rede de entretenimento com interesses de um capital que manipula opiniões e alimenta o extremismo.  Como disse Silvio Tendler em seu cineclube, “o cinema faz bem à saúde mental”, nós acrescentamos ainda, os livros também e são companhia insubstituíveis em nosso dia a dia. 

Além das políticas públicas, as iniciativas particulares são muito importantes, sobretudo de celebridades que carregam consigo um número expressivo de seguidores. Então, vamos lá minha gente a hora é agora!

 

Bloco de rua que fez a alegria de uma escola, em um bairro de Natal.

Muito riso… muita alegria porque é carnaval

Quem sobreviveu a loucura dos últimos quatro anos e o horror da pandemia não só pode, como deve pular e brincar até exaustão nesse carnaval.

E muito mais… com poética e arte use e abuse em criar fantasias com aquilo que possui em sua casa, um pouco de cor, plumas, máscaras, e extravase suas emoções sem medo. 

Dancem e cantem na rua, na praia, em casa, no bar, com amigos, onde uma banda estiver para animar a festa. Um pouco de cada coisa, o delírio do trio elétrico ou bloco, tudo vale “quando a alma não é pequena”. Vamos festejar porque conseguimos vencer e afastar um governo genocida e diminuir o poder de fundamentalistas religiosos e respeitar todas as crenças, pelo menos por enquanto.

Aqui no nordeste, em Natal, a brincadeira já começou e o que é melhor, algumas escolas já resgataram o carnaval de rua, simples, alegre, com uma banda para animar e fazer adultos e crianças dançarem e se saracotearem. 

A imagem é antiga e não perde a atualidade. A festa na praia é tradicional sempre no sábado de carnaval, em Ponta Negra. Este ano promete porque é preciso cantar e dançar depois de permanecer quase três anos sem chegar perto um do outro.  Agora podemos dar aquele  abraço carinhoso.

Quem não sabe cantar a música de Chico Buarque que vale para esses dias. 

          Não existe pecado ao  Sul do Equador

 

 

Não existe pecado do lado de baixo do equador
Vamos fazer um pecado rasgado, suado, a todo vapor
Me deixa ser teu escracho, capacho, teu cacho
Um riacho de amor
Quando é lição de esculacho, olha aí, sai de baixo
Que eu sou professor

Deixa a tristeza pra lá, vem comer, me jantar
Sarapatel, caruru, tucupi, tacacá
Vê se me usa, me abusa, lambuza
Que a tua cafuza
Não pode esperar
Deixa a tristeza pra lá, vem comer, me jantar
Sarapatel, caruru, tucupi, tacacá
Vê se me esgota, me bota na mesa
Que a tua holandesa
Não pode esperar

Não existe pecado do lado de baixo do equador
Vamos fazer um pecado, rasgado, suado a todo vapor
Me deixa ser teu escracho, capacho, teu cacho, diacho
Um riacho de amor
Quando é missão de esculacho, olha aí, sai de baixo
Eu sou embaixador

Ninguém sabe ao certo a origem do carnaval.

Quer saber mais leia este artigo aqui: O carnaval começou pelo cristianismo.

Ninguém coloca em dúvida o quanto é espetacular o desfile de escolas de samba na Marquês de Sapucaí, mas vale também ampliar nosso olhar crítico e entender o carnaval como expressão da arte popular.

Não deixe de ler este artigo aqui: Carnaval no Brasil é antes de tudo manifestação popular

Em 2021 estávamos assim:

“Na ausência do carnaval, a nossa festa máxima,  muitas vezes usada  para extravasar tudo que está contido lá no fundo do coração, muito mais as nossas tristezas e indignações perante ao mundo, do que alegrias, devemos conjugar o verbo esperançar e tentar abrir caminhos para transformar o que está errado, ao menos em nosso pequeno universo, no qual vivemos o nosso dia a dia.

Se alfabetizar de novo, cujo verbo esperançar seja o primeiro conjugado para desenvolver o espírito crítico. 

“já esperançar é ir atrás, é se juntar, é não desistir. É ser capaz de recusar aquilo que apodrece a nossa capacidade de integridade e a nossa fé”

Leia mais neste artigo aqui: Sem folia de carnaval a hora é de esperançar.

 Esperançamos e deu certo. Vamos lá minha gente dançar e cantar porque é carnaval!

 

 

Carybe