Foto publicada no site http://sardinhaeletrica.blogspot.com.br/2015/02/ilha-de-superagui.htm

Helena Michaud e o apagão na Ilha de Superagui. A morada de Deus

Superagui é um paraíso na terra!

A Ilha de Superagui, no litoral do Paraná, é um daqueles lugares paradisíaco, pitoresco, aonde o tempo moldou uma beleza verde tão exuberante para ninguém botar defeito.

Lá somente os plânctons iluminam a escuridão da noite nas águas mansas que descansam na areia. O amanhecer é a poesia do sol surgindo no horizonte e colorindo a paisagem e o entardecer é a luz dourada se espalhando pela baía que começa a silenciar para o repouso.

Uma boa prosa

Nesse espaço bucólico vive uma pequena comunidade que gosta de uma boa prosa e tem muitos causos para contar.

A história do “Apagão” de Superagüi é verdadeira, tanto quanto foi genuína a indignação de Helena Michaud. “O que eu gosto mesmo é de ‘luz de vela'”  – dizia a velha senhora, que era descendente direta do suíço William  Michaud.

Antes contar essa história, criada por uma anciã e finada senhora, que me permita a licença de estar contando esse causo e que descanse em paz sua alma, no meio da floresta linda que sempre amou e viveu! Mesmo que tenha praguejado o ‘apagão’ para comunidade da Barra do Superagui, tenho por esta senhora uma profunda admiração.

Especialmente porque ela foi fiel aos seus princípios.

Helena Michaud não queria energia elétrica

“Não me conformo com esta tal de energia elétrica”, lamentava. “Quando eu morrer quero que a luz elétrica acabe”, profetizava.

Acreditem se quiserem, no dia de sua morte acabou ou melhor apagou tudo. Não é que o apagão foi por 24 horas, até acabar o velório!

Então, dessa forma, esta senhorinha, aos 92 anos, quando faleceu em 1999, ficou famosa na comunidade onde vivia – Barra do Superagui – e o ‘causo’ do apagão é contado sempre em rodas de fogueira, em noite de lua cheia, quando todo mundo se entrega ao gosto de apreciar o mar e jogar um dedo de prosa fora, para o tempo passar neste lugar especial, provavelmente a morada de Deus. É importante citar que a energia elétrica tinha chegado no local um ano antes de sua morte:1998.

William Michaud

Helena Michaud era suíça pelo sobrenome, mas muito, muito brasileira no amor pela natureza. A senhorinha descendia diretamente do europeu William Michaud, que mudou-se da Suíça para este longínquo lugar, lá pelos idos de mil e oitocentos, quando tinha apenas 20 anos.

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Pensem bem, imaginem, o que era a loucura e ousadia de se aventurar a uma viagem de navio a um país como Brasil e aportar num lugar como Superagui naquele tempo – se até hoje é exuberante em sua floresta, quer dizer, até hoje ainda é selvagem, primitivo.

Preservada, Graças a Deus! … e também aos militantes e ambientalistas que tanto lutaram nas décadas de 70 e 80 para evitar a destruição. Abaixo a Capela!! Xô…Xôoo.. Empresas como esta deveriam ser banidas do mundo.

Capela era uma empresa grileira de terra que tentou criar búfalos em Superagui.

Para isso, precisava desmatar tudo. Deu trabalho para homens da lei, caso que pode ser comparado a um filme de bang-bang. Os antigos fiscais do IAP/PR e Ibama são testemunhos de verdadeiras guerras com pistoleiros).

Michaud teve nove filhos

Mas, então, retornando a história de William Michaud, saibam que ele jamais voltou a sua terra natal. Casou-se com uma nativa e teve nove filhos e assim foi ficando e ficando. Como todo europeu, tinha uma educação aprimorada e sabia pintar. Deixou como herança, belíssimas aquarelas que retratam a natureza da Floresta Atlântica do início da colonização do Paraná.

E por falar em herança, os olhos azuis e verdes dos caiçaras de pele bronzeada, traços mesclados entre índio, negro e europeu, é legado deixado por esses primeiros colonizadores, digo esses, porque não foi só Michaud o único aventureiro naquelas paragens.

Alguns franceses também se instalaram por lá e até diz uma lenda, que foi um navio pirata francês que afundou por ali.

Para chegar, neste paraíso na terra, onde os golfinhos nadam de lá para cá, os papagaios da cara roxa voam em bando junto com as suas companheiras – são monogâmicos – todo fim de tarde para voltar a nanar no seu cantinho especial, na Ilha dos Papagaios, na baía de Guaraqueçaba, Reserva da Biosfera, lugar em que o por do sol faz a água virar cor de ouro, é preciso pegar um barco de linha em Paranaguá e aguentar firme três horas de viagem.

A Ilha está localizada dentro do Parque Nacional do Superagui, um dos recantos mais belos do planeta.

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Foto publicada no site http://www.loucosporviagens.com.br/viaje-para-a-ilha-de-superagui-pr/
Plânctons que grudam na pele

Um lugar assim, tão especial, certamente vivem e viveram pessoas especiais como Helena Michaud. Um lugar em que é possível tomar um banho de mar numa noite bem escura e sair iluminada no corpo e na alma, mas, literalmente, no corpo, porque os plânctons em quantidades absurdas grudam na tua pele e te transformam num facho de luz em meio ao breu da noite.

Experiência única, surrealista! É lindo conseguir curtir o mar sem iluminação artificial e sem medo de ser atacada por um maníaco violento. Lá, ainda é possível viver esta paz.

Talvez, Helena Michaud tenha provocado o ‘apagão’ para alertar ao mundo que precisamos dar um tempo, ou melhor , colocar o pé no freio e deter a destruição de lugares tão verdadeiros…Santuários na terra!

  • A Ilha de Superagui está localizada no litoral norte do Paraná, na Baía de Paranaguá, no Município de Guaraqueçaba. Perto da divisa entre os Estados do Paraná e de São Paulo é considerada uma ilha artificial, por ter se formado após a abertura do Canal do Varadouro, separando a península do continente em 1953. A criação do Parque Nacional Superagui, em 1989, favoreceu a preservação da região. A área do Parque é dividida com o Vale do Rio dos Patos.
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Le foto che valgano oro

 

L’asta milionaria delle foto confiscate dal governo degli Stati Uniti che fanno parte della collezione di Philip Rivkin, presidente della compagnia Green Diesel, potrà raccogliere 15 milioni di dollari dalla vendita.

L’asta sarà condotta da Christie’s -una delle più famose casa del mondo, che ha ricevuto la custodia di circa 2000 fotografie firmate da grandi nomi americani della fotografia, come Paul Strand, Man Ray, Edward Steichen, acquista da Philip con le risorse per frode.

Riclare denaro sporco

La notizia mette in dibatito la questione: acquisizione d’opere d’arte per riciclare denaro sporco. Questo ricorda le opere anche confiscate nell’operazione Lava Jato (giudica la corruzione dentro della Petrobras, compagnia petrolifera di Stato nel Brasile) che sono ora sotto la cura del Museo Oscar Niemeyer, a Curitiba. Tra gli artisti sono Flavio Shiro, Claudio Tozzi, Guignard e Di Cavalcanti, grandi nomi di dipinti brasiliani. Quale sarà il destino di questi dipinti. Un’asta milionario?

Pubblicazzione originale nell’Exibart

Paul Strand, Edward Steichen, Man Ray, Henri Cartier-Bresson, questi i nomi di alcuni dei fotografi di punta della collezione di Philip Rivkin, presidente della compagnia Green Diesel, specializzata in carburanti bio.

Nel 2013, l’Ufficio del Procuratore degli Stati Uniti nel New Jersey, ha presentato un’istanza di confisca per la raccolta composta da circa 2000 fotografie, del valore totale di più di 15 milioni di dollari.

Colezione

Già protagonista di una causa per frode che lo ha visto reo confesso, Rivkin, secondo la procura, aveva acquistato le opere con i proventi ricavati dalla frode, per riciclare denaro sporco. La collezione è stata sequestrata e data a Christie’s, con buona pace di Rivkin e della concorrenza.

Le aste di Christie’s inizieranno con una speciale vendita serale il 17 febbraio, per continuare  il giorno dopo; le vendite on-line resteranno attive per il resto dell’anno. Ogni asta sarà a tema e legata a un soggetto, come ad esempio America the Beautiful, o si concentrerà su alcuni fotografi. 

Un momento clou della prima serata sarà Shell di Edward Weston (1927, stampata intorno al 1930), che viene offerta in un esemplare firmato, datato e numerato con una stima tra i 250mila e i 350mila dollari. 

Secondo una dichiarazione rilasciata dall’Ufficio del procuratore nel 2013, la collezione sequestrata dal governo comprende anche Death Valley e Dunes, Oceano di Edward Weston, comprate nel novembre 2010; Notre Dame di Eugène Atget, acquistata insieme ad un altro gruppo di lavori per un totale di un milione e 200mila dollari circa; e alcune fotografie diAlfred Stieglitz tra cui un ritratto della sua amata moglie Georgia O’Keeffe, pagato 675mila dollari nel 2011. La lista continua con molti nomi altisonanti, ma bispgnerà aspettare febbraio per sapere se verrà confermata la stima totale di 15 milioni di dollari”.

 
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Fotos que valem ouro

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Shell de Edward Weston http://www.wikiart.org/en/edward-weston/shell-1927-1

Um leilão milionário de fotos confiscadas pelo governo americano que fazem parte da coleção de Philip Rivkin, presidente da Diesel Verde, poderá movimentar 15 milhões de dólares com a venda. O leilão será realizado pela Casa Christie’s -uma das mais famosas do mundo, que recebeu a guarda de cerca de 2000 fotos assinadas por nomes americanos renomados como Paul Strand, Man Ray, Edward Steichen, adquiridas por Philip com recursos provenientes de fraude.

Lavagem de dinheiro

A notícia  coloca em pauta novamente o assunto: aquisição de obras de arte para fazer lavagem de dinheiro. Isso relembra as apreendidas pela Operação Lava Jato que hoje estão sob os cuidados do Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba. Entre os artistas estão Flávio Shiró, Cláudio Tozzi, Guignard e Di Cavalcanti. Qual será o destino dessas telas. Um leilão milionário?

Publicação original no  Exibart    

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“Paul Strand, Edward Steichen, Man Ray, Henri Cartier-Bresson, são alguns dos nomes de fotógrafos de renome da coleção de Philip Rivkin, presidente da companhia Green Diesel, especializada em biocombustíveis. Em 2013, o Gabinete do Procurador dos Estados Unidos em Nova Jersey, confiscou cerca de 2 mil fotografias, num valor total de 15 milhões de dólares.

Fraude

O protagonista foi acusado de fraude e se viu réu confesso, Rivkin, segundo a procuradoria, tinha adquirido as obras com recursos oriundos de fraude, como lavagem de dinheiro. A coleção foi confiscada e dada a Christie’s com a boa paz de Rivkin e da concorrência.

Os leilões da Christie’s iniciarão com uma venda especial em 17 de fevereiro, à noite, para continuar um dia depois e as vendas online ficaram ativas o ano todo. Cada leilão será temático e ligado a um assunto, como exemplo América the Beautiful ou se concentrará em algumas fotografias.

Um momento de destaque, na primeira noite será a Shell de Edward Weston (1927, publicada em torno de 1930), que vem oferecida em uma cópia assinada, datada e numerada com uma estimativa entre 250 mil e 350 mil dólares. De acordo com declaração emitida pelo Gabinete do Procurador em 2013, a coleção confiscada pelo governo inclui Death Valley e Dunes, Oceano di Edward Weston, compradas em novembro de 2010; Notre Dame de Eugène Atget, adquirida junto outro grupo por um total de 1 milhão e 200 mil dólares; algumas fotografia de Alfred Stieglitz entre as quais um retrato de amada mulher Georgia O’Keeffe, em que foi pago por ela 675 mil dólares em 2011. A lista tem muitos nomes de destaques, mas precisará esperar fevereiro para saber se será confirmada a estimativa total de 15 milhões de dólares”.

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A Pedra da Lua

Por Luiz Ernesto Wanke –  Foi naquele descampado no alto, onde juntamente com os colegas de classe fazíamos um passeio pelo Morro do Ferro. Enquanto eles chutavam bola ou corriam adoidados gastando energias reprimidas, eu, solitário, secretamente vasculhava o chão. Mania minha, tinha especial preferência pelos seixos, pelas pedras, enfim, pelas coisas da terra.

É que eu era fascinado pelo conhecimento. Ao contrário da maioria dos colegas de classe adorava ouvir o que os professores ensinavam. Até ia além, procurando estender o conteúdo para além dos limites da sala de aula. Como não tinha nenhum colega com este interesse estranho, passei a viver numa solidão dirigida. Claro que jogava meu futebol e comentava sobre as menininhas do colégio São José que nos domingos, assistiam à missa na catedral em conjunto com nossa escola de meninos. Minha solidão era afetiva quando o assunto só interessava a mim e sempre mantinha este interesse num segredo. Coisas de menino!

Foi assim que montei meu micro museu de pedras. Na realidade, um mostruário mineral que todo dia colocava em exposição em cima de minha carteira na sala de estudos. Tinha todo o tipo de rocha, desde as simples que a gurizada atirava em suas cetras até cristais, seixos rolados e pequenas amostras coloridas de argila e de granito. Mas também tinha preciosidades, como a pirita – o ouro dos tolos – com seus cristais amarelos imitando o metal nobre.

Havia também raros, como fósseis de trilobitas, que eu achara numa estrada no meio de seixos de argila, resultado da escavação de um poço em busca de água. Ficava olhando aquelas imagens gravada de 500 milhões de anos. Os meus eram pequenos, de um centímetro e meio mais ou menos e que diferenciava dos que via nas enciclopédias da biblioteca, estes gigantes – segundo explicação – por causa da menor quantidade de oxigênio na atmosfera naquela determinada época, o que facilitaria o desenvolvimento estrutural das baratinhas fósseis. Então, deduzi os que eu possuía, ou eram os mais antigos ou os mais recentes de antes da sua extinção há pelo menos 250 milhões de anos.

Por serem animais marinhos, nos meus devaneios de menino, olhava o horizonte lá de cima do Morro do Ferro e depois, fechava os olhos e via o vasto mar que cobria o internato e tudo mais a perder de vista. Vibrava querendo entender como acontecera aquele recuo das águas deixando sinais de vida marinha agora tão longe do oceano.

Apesar de tudo, durante dos três anos que estive interno, somente um colega, o Rafael, interessou-se por minhas pedras. Hoje, distante no tempo, quero interpretar esta minha solidão como uma defesa pessoal, já que tinha sido internado na escola por castigo, pelo meu pai rigoroso.

Mas a ‘joia da coroa’ do meu museu era a ‘Pedra da Lua’. Como disse, achara-a no alto do Morro do Ferro, lugar esporádico de passeios por toda turma do internato. Tinha o tamanho de uma caixa de fósforos, cor escura e muito dura, propriedade esta determinada pela grande quantidade de minério de ferro. Dava para ver na sua superfície sinais de impacto de minúsculos meteoritos e também se distinguia pela superfície enegrecida e queimada externa constratando com a clareza da interna. Era o sinal de que a pedra tinha sofrido um calor infernal ao passar pela atmosfera da Terra. Sem dúvidas, um meteorito. E por extensão, deduzi que todo o Morro do Ferro era uma massa proveniente da decomposição de um corpo celeste que impactou com o solo. O grande vale ao redor atestava isto.

O nome – Pedra da Lua – era um apelido. Eu o dera por preguiça de explicar sem muito lero-lero toda esta parafernália para aquele colega curioso.

Este segredo ficou comigo até perto da formatura. Nas aulas finais, o professor Basílio, de geografia, veio conversar:

– Ouvi falar de suas pedras, disse.

– O que têm elas?

Explicou-me que um colega tinha contado sobre minha maluquice. E me convidou:

– Quem sabe você não nos mostra sua coleção na última aula do ano?

De cara não gostei. Mas, pensei, não seria a oportunidade de me livrar das pedras, do colégio interno e, consequentemente, da minha tara?

No dia, lá na frente, falei abertamente o que sabia sobre minhas pedras, acompanhada por meus devaneios e teorias. Seu Basílio ficou tão impressionado que me liberou das provas finais, aprovando-me com louvor.

Naquele mesmo dia, depois das aulas e quando os colegas se retiraram, eu e o Rafael – o piá curioso – fizemos ‘tiro ao alvo’ lançando as pedras, uma por uma, contra o muro além da janela, mirando num elefante desenhado a giz nos tijolos expostos.

Foi melhor assim: tinha me apegado àquelas pedras com muito afinco, que este sentimento exagerado estava me fazendo mal.

Pensei que agora, sem elas, estava livre para enfrentar a vida adulta.