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Artista daltônico faz primeira mostra em cores com ajuda da tecnologia

O artista Daniel Arsham nasceu daltônico, vive em Nova York, e conquistou fama por usar em sua palheta várias nuances do preto e do branco. Mas com ajuda da tecnologia – óculos que possibilita corrigir o daltonismo – sua maneira de ver o mundo mudou e a partir dessa nova percepção criou a sua primeira exposição com tons brilhantes e com um resultado marcante e diferente.

Óculos especiais

“Usar estes óculos [feitas por EnChroma], eu sou capaz de ver uma ampla gama de cores. O que os óculos fazem é artificialmente ampliar o espectro de cores nos comprimentos de ondas que estão ausentes em mim. Consequentemente, tem impactado as minhas opções para paleta “, disse ele ao The Independent.

Para completar ele disse que não pode garantir se todos os trabalhos dele serão feitos em tons vibrantes, apenas que está expandindo o potencial”.

É difícil imaginar a luta emocional da perda potencial ou diminuição da acuidade visual sobre alguém que olha para as coisas para ganhar a vida. Arsham, no entanto, é inspirado por uma amiga artista que ficou cega após ser atingida por um caminhão quando andava de bicicleta em New York.

Uma boa amiga

“Uma boa amiga minha e alguém que trabalhou no meu estúdio por muitos anos, foi cegada completamente em um acidente há seis anos. Seu nome é Emilie Gossiaux e ela é uma artista.Trabalha no estúdio todos os dias “, diz Arsham.

“Estar perto dela e  ver como ela ordenou a falta de visão em seu trabalho e trouxe maneiras muito interessantes do jeito das coisas e mostrou para mim como a percepção individual realmente pode afetar o modo como vejo o meu trabalho, e arte em geral “.

Como Arsham, Gossiaux usa nova tecnologia para ajudá-la- um dispositivo chamado BrainPort Visão que retransmite a informação visual de uma câmera através de sua língua para os receptores visuais no cérebro. Ela é uma ceramista e escultora maravilhosa, mas recentemente começou a utilizar o dispositivo tecnológico futurista para fazer o que ela fez antes de seu acidente: colocar o lápis no papel.

New York

New York parece ser o lugar apropriado para um artista com deficiência visual. Outro é  Neil Harbisson, cuja dedicação ao uso de um computador que corrige o daltonismo é tal que ele tinha um microchip inserido no seu crânio. Ele tem uma antena curvando-se a partir da base do pescoço sobre a cabeça, terminando em um dispositivo no centro da testa, que atua como um terceiro olho. Ele apelidou o dispositivo de sua “Eyeborg” e refere-se a si mesmo como primeiro artista cyborg do mundo.

Mas, ao contrário dos óculos de Arsham, o “Eyeborg” não dá Harbisson a oportunidade de ver mais cores no mundo em torno dele: ele realmente traduz sons por cores. Então, enquanto ele ainda vê o mundo em tons de cinza, seu terceiro olho usa um programa de computador para transformar o ruído e música em cores, e pode até mesmo ir além dos espectros de cor de olhos humanos que lhe permitam ouvir infravermelho e ultravioleta. Sua tecnologia é o exercício máximo em sinestesia.

Daniel Arsham: Circa 2345 está em Galerie Perrotin, Nova Iorque até 22 de Outubro 

Fonte: The Independent

Dom Quixote construído com lixo reciclável

 

Conheça a o Dom Quixote construído com lixo reciclável

A escultura gigante de Dom Quixote de la Mancha e seus fieis companheiros Sancho Pança e Rocinonte construída com 150 quilos de plásticos e sucatas,  2000 latinhas de refrigerante, 4000 mil tampinhas de cervejas e 120 câmaras de bicicletas, na galeria de entrada da Livraria Cultura, em São Paulo, é testemunho silencioso do delírio de consumo da humanidade. Mas ao mesmo tempo dá um exemplo que vai além de transformar o lixo em arte: transforma também as pessoas por intermédio da arte.

img_20160930_165309054A monumental obra idealizada pelo cenógrafo Silvio Galvão e orientada pelo mestre artesão Sandro Rodrigues, foi produzida pela  Cooperativa Social de Trabalho e Produção de Arte Alternativa e Coleta Seletiva (Cooperacs) em 2005. A escultura destaca o trabalho realizado pelo Condomínio Nacional ( conjunto comercial e residencial no centro de São Paulo, que abriga a Livraria Cultura) que há 24 anos é exemplo de coleta seletiva de lixo em edifícios.

img_20160930_165242870Dois pedaços de ferro de passar roupa fazem a orelha de Rocinonte, o colete de Sancho Pança é inteiro composto por tampinhas de garrafas, e assim por diante, tudo construído com o que a humanidade consome e joga fora. A incrível escultura homenageia o IV Centenário de Morte do escritor espanhol Miguel de Cervantes (1616-2016).

Iniciativas como a do Condomínio Nacional deveriam crescer nas grandes cidades, em particular nos edifícios, nos quais a coleta seletiva ainda deixa muito a desejar…

 

 

 

 

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O riacho das crianças: Tersakan

Eu nasci muito, muito longe daqui, perto do Mar Negro, em Havza, uma pequena cidade da Turquia.

Atrás da nossa casa tinha um riacho, ele percebia nossas almas de crianças. Nós aprendemos os segredos da vida com o riacho, atrás da nossa casa. Nadávamos nele, pescávamos, jogávamos e líamos nossos livros em torno dele. Livros que nos abriram novas janelas para outros mundos e nos trouxe lugares mágicos. Descobrimos Jack London cedo!

Ele tocou carinhosamente as aventuras que existam na nossa alma, nos deu a alegria de viver. Seus escritores sobre a realidade, de forma dura e bárbara, mas com histórias de pessoas simples. Também escreveu sobre o relacionamento entre a humanidade e natureza, mostrando quanta atrocidade a humanidade faz se comprada a natureza como um todo. Ele disse que: “Se meus livros são duros, é porque a vida é assim, dura.”

Lemos Mario Puzo. Nós entendemos que Puzo compara a vida com um jogo de dados, você os lança e então saberá o que a sorte lhe reservou. Você lança os dados: ganha ou perde, até próximo jogo.

Ele escreveu sobre pessoas famosas e ricas, mas que não ofereciam nada engrandecedor para a humanidade, não tinham força perante à vida. Primeiramente, lemos “O Poderoso Chefão”, gostávamos do personagem Sonny, porque ele tinha coragem, força e morreu primeiro, neste livro. Nosso riacho sempre nos disse: “Crianças, é necessário aprender e perder! Porque vocês vão perder muitas vezes na vida.”

Depois, descobrimos escritores russos, eles são inacreditáveis! Chekhov,

Gorki, Tolstoi, Turgueniev, Sholokhov e outros. Um escritor foi capaz de compreendera humanidade até os ossos: Dostoiévski. Ao lado do riacho nós discutimos o personagem de “Crime e Castigo”, “Rascolnikov”, durante muitos dias.

O nosso riacho conhecia todas as histórias, todo dia ele renascia e carregava as novas histórias por todas as distâncias que percorria.

As vezes ele dizia para nós histórias que não tinham nos livros, até a noite nós escutávamos a sua narrativa, com sua voz calma. Mas, durante alguns dias, permanecia calado…

Suplicávamos para que ele conversasse novamente, mas ele mantinha-se calado. Depois nós o entendíamos , ele estava ensinando-nos a hora de calar e escutar aos outros. Ele também queria que fossemos procurar nossos caminhos sozinhos. Então, nós falávamos e ele estava escutando! Um dia ele voltava a falar e contava muitas novas histórias. Nós sonhávamos em pegar carona com nosso rio para longe. A humanidade não era suja como hoje, talvez porque existia a inocência…

Ainda hoje o nosso riacho aparece em meus sonhos. Quem sabe talvez ele seja a única coisa que resta da minha era da inocência.

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Museu em Londres mostra Ciência e Arte na Medicina

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Foto que mostra paciente sendo preparado para cirurgia no mundo moderno. Foto Mari Weigert

Uma das mais completas coleção sobre a evolução histórica da medicina está exposta no Museu da Ciência, em Londres.

A  mostra inicia no mundo antigo, com a medicina dos gregos, romanos, dos índios, da Idade Média e finaliza e com a fase contemporânea apresentando equipamentos e desenhos de épocas, com mais de 5 mil objetos.

Localizado ao lado do Museu de História Natural, o da Ciência fascina por mostrar  um paralelo entre a ciência e arte e a ousadia do homem e de suas descobertas.

Um destaque interessante para as aquarelas que mostram um médico realizando o Perkins Tractors, um método utilizado no passado para curar inflamação, artrose, gota, criado pelo médico Eliseu Perkins em 1796. Consiste em duas hastes de três polegadas de metal com um ponto no final utilizado para tirar o fluido nocivo elétrico que estava na raiz do sofrimento ( na verdade, o princípio da acupuntura).

Como um ocidental que não nega a origem patenteou o instrumento, embora anos mais tarde a sociedade médica de Connecticut tenha condenado o tratamento alegando  charlatanismo ilusório.

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material utilizado pelo médico Vincenzo Giustiniani (1570). Ilha de Chios, Mar Egeu
Relíquias

O material de uso pessoal  do médico Vincenzo Giustiniani (morto em 1570), o último governador genovês da Ilha Chios, no Mar Egeu, em madeira e cerâmica ainda com alguns vidros de medicamentos.

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Gravura mostra Ciência e Arte na Medicina. Foto Mari Weigert
Preciosidade

A gravura que representa uma médica tratando um bebe, é outra preciosidade da exposição Ciência e Arte na Medicina.  Esculturas do Deus Eshu, do povo Yoruba, na Nigéria, (1880-1920) e o cocar utilizado por curandeiros africanos – África Central 1880 a 1920 – representava a importância da cerimônia de cura e a causa de doença.

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Escultura Yoruba, Nigéria. Deus Eshu usado para cura. Foto Mari Weigert

Enfim, a gama de informações e material exposto deve ser visto com calma para que se possa entender a busca incessante de alguns homens sábios que quiseram diminuir as dores de seus semelhantes. Medicina, sem dúvida, é um sacerdócio e o médico moderno não deve perder este foco diante do mundo moderno, hoje excessivamente materialista.