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Responda rápido: online você é amor ou ódio?

Internet escraviza ou liberta?
Eis a grande questão do século XXI e boa pergunta para refletir em 2024. A internet pode ser uma "faca de dois gumes", apesar do encanto das possibilidades dessa maravilha do mundo moderno.

Afoto destaque que ilustra a matéria é um mural feito pelo artista e ativista americano Shepard Fairey, em 2009. Emblemática e plena de significados sobre os conflitos no Oriente Médio. Ilustração mais indicada para o tema sobre ódio online, cuja disseminação tomou proporções gigantescas nos últimos anos. Influenciou campanhas políticas, alterou sistemas de governos, estimulou preconceitos e comportamentos sociais.  

Um circo dos horrores que dividiu famílias, decompôs a ética e o respeito entre as pessoas. Indivíduos por de trás de visor de celular ou da tela de um computador  ou  travestidos em perfis falsos violentaram pensamentos, proferiram e expuseram a pior parte de si, descaradamente, sem pudores de mostrar o lado obscuro e mais abjeto de um ser humano, sem no mínimo limite ou respeito pelo outro.

Foto by Mari Weigert - Mostra Pink Floyd em Roma. 2018

Por um lado, se a internet trouxe novos comportamentos sociais, por outro nos proporciona benefícios jamais imaginados na história da evolução humana como: informações sobre os principais acontecimentos no mundo em tempo real, oportunidade de visitar os mais belos recantos do mundo, museus, exposições virtuais, conversar numa tela de celular ou computador com nossos entes queridos, realizar reuniões, eventos onlines, também trabalhar em casa em “Home-Office”.  Difícil enumerar tantos e todos os benefícios. São infinidades….

“É uma gigantesca rede de informações em que a humanidade interage entre si dentro de um mesmo nível de prioridade. Cidadão idôneo ou não, rostos sem faces, personalidades imaginárias, cientistas, profissionais, visionários e sonhadores.

A www- World Wide Web (A Rede do Tamanho do Mundo) é uma grande coleção de documentos interligados por hipertexto, associados a diversos recursos de multimídia. Tim Berners-Lee, seu criador se inspirou num livro bolorento de conselhos vitorianos que lembrava de que lia quando criança na casa de seus pais. Tinha um título que traduzido significava tecendo a teia. A mesma coisa acontece com a simbologia @, que é teclada quase em uníssono em bilhões de computadores, no mesmo instante, em diversos cantos do planeta. A pequena letra mensura a força de inter-conexão do universo da web.” Trecho retirado da pesquisa sobre internet e artistas plásticos paranaenses, 2006.  Conheça o conteúdo completo nesse link www.parana.art.e-meio.br

Ao encerrar essa minha pesquisa sobre internet na especialização de História da Arte,na Escola de Música e Belas Artes do Paraná, não consegui responder a pergunta inicial que se referia a democratização da arte  paranaense proporcionada pela internet. A conclusão ficou em aberto, para ser atualizada sempre.  Mas confesso que jamais, naquele momento, poderia imaginar que passaríamos por verdadeiras guerras virtuais em palavras, como também a mentira seria colocada num patamar de destaque.  Quando ganhei um avaliação excelente (9) do orientador Artur  Freitas – pelo meu trabalho realizado e estava empolgada com o princípio de democratização desta incrível ferramenta de globalização. 

Com base em meu trabalho, desenvolvido em 2006, as transformações que a tecnologia provocou no mundo eram inimagináveis há 17 anos. Se considerarmos que nosso planeta levou bilhões de anos para formação do que é hoje, os 17 anos são apenas segundos na história evolutiva. No entanto, a humanidade nesses segundos alterou muita coisa que o Terra levou eras para criar. 

 

 

O espelho - Mario Lattes 1958

“Sem se dar conta, a sociedade moderna se deparou com este magnífico gigante desmaterializado ainda sem leis e critérios estabelecidos pelo homem. Um ambiente livre e neutro nas mãos do poder de consumo do capitalismo, que usufrui comercialmente de seus benefícios, mas, não controla seus caminhos. É o feitiço virando contra o feiticeiro. Não é a tecnologia que é ruim. É o homem que não sabe usá-la. Acostumado sempre a viver sob regras impostas e freios religiosos se perde em meio a tanta liberdade, sobretudo porque no virtual ele não é matéria, é mente, é ação, consciência ou inconseqüência/inconsistência. Neste caos da comunicação o artista se interpõe como decodificador do momento, na leitura do que é belo no mundo.

Um ambiente livre e neutro nas mãos do poder de consumo do capitalismo, que usufrui comercialmente de seus benefícios, mas, não controla seus caminhos.

Exatamente, esse é o perigo da grande teia. Liberdade de expressão não é libertinagem e acaba quando começa a liberdade do outro. Defendemos sim, a regulamentação das redes sociais porque as BigTechs- Facebook, Google, X- Twitter, Tik-Tok, Instagram – manipulam em prol de seus lucros as pessoas, numa espécie absurda de lavagem cerebral.  Os governos devem promover cursos de alfabetização midiática, assim como inserir essa formação nos currículos escolares.

As pessoas no futuro estarão mais aptas a identificar o que é falso e separar o que é verdadeiro nas informações veiculadas pela internet. Alfabetização midiática será um ensino tão importante quanto aprender a ler.

A mensagem  para os leitores do Pan-Horamarte é trazer para o debate a responsabilidade por aquilo que divulgamos e compartilhamos com nossos amigos. As pessoas devem aprender  por conta própria e desenvolver habilidades e analisar notícias falsas,  baseadas na desinformação. Isso é urgente! 

 Que façamos da internet, que é pura energia, um meio de evolução e não de escravização e dependência. 

Nós optamos pelo amor!

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Gracinha de casa. Acha que é do mundo das fadas?

Nem do Papai Noel e nem pertence ao mundo encantado. A casa é real e nela vive Bentinha Alquini. O seu coração de artista é lúdico e cheio de magia.

A casa é outro “mimo” e representa um remanescente  de moradias de madeira muito encontradas no Sul do Brasil, em especial interior do Paraná e Santa Catarina.  

Sem escrever muito e  vamos mais apreciar a lindeza da dedicação de Bentinha que se envolve com amor em todas as festas máximas no cristianismo. Ela vive em Jaraguá do Sul (SC) e adora decorar sua casa, tem criatividade e usa a imaginação com diversos símbolos religiosos cultivados ao longo de muitos anos.

Muitos símbolos nos conectam com o divino e atravessam gerações e gerações. O pinheiro, por exemplo, é a única árvore que nunca perde as folhas verdes, mesmo no inverno com neve na Europa. Representa a esperança e começou-se a usar no final do século XIX. Todos os símbolos têm histórias por trás e foram cultivados para dar sentido às emoções e ensinamentos. Se olharmos com esses olhos vamos respeitar e entender que as diversas formas de cultura (latim- cultivare)acrescentam mensagens que alimentam nosso espírito!

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Por que nós adultos devemos ler contos de Natal?

Faz umas duas semanas fui na livraria comprar um livro. Fui à livraria com a intenção de comprar um livro concreto e acabei saindo com outro.

Primeiro porque o livro que eu queria estava esgotado, e segundo porque o livro que eu encontrei parecia um chamado autêntico para se ler nessas datas. O livro se titulava “Contos de Natal” e o autor é o aclamado Charles Dickens.

Qualquer que lesse esse título poderia passar com certa indiferença por ele e pensar que são contos para criança. Outros, ao ler a sua autoria poderiam pensar que são leituras muito complexas. O certo é que não é nem um, nem outro.

Nem são contos para criança, ou pelo menos para crianças muito pequenas, porque cada uma das histórias desse livro revela realidades tristes e entender o seu final exige já certa capacidade intelectual e a compreensão dos valores universais. Nem são contos muito difíceis para ler, porque alguns clássicos caracterizam-se justamente pela simplicidade e singeleza da mensagem transmitida; e Dickens é assim.

 

 

 

Com capacidade de transportar-lhe a um mundo mágico, surreal, onde tudo é possível, o autor une o impossível com um toque de realismo devastador, transparentando também a mesquinhez e o egoísmo do ser humano, que por um passe de mágica… ou dois ou três, se transformam completamente nessas datas natalinas e de começo de ano.

Ler a Dickens, no Natal ou em qualquer outra época do ano faz-nos lembrar do importante que pode ser fazer o bem e a obrigação que temos como pessoas em transformar nossa sociedade. Ler contos de Natal, dele ou de qualquer outro escritor pode nos mostrar, da forma mais bonita, que não somos e não atuamos como deveríamos durante o ano, mas que nunca é tarde para mudar.

Parece lição de moral simplista, mas não é. A complexidade reside em entender que os pequenos gestos de dia a dia fazem toda a diferença na vida das pessoas. Doar roupas, livros, regalar um bom dia, boa tarde boa noite, abrir os braços para oferecer um abraço são atitudes que ajudam na construção do eu, e do outro.

Ler “Contos de Natal”, acho que foi uma das minhas melhores escolhas desse Natal porque me faz sentir feliz, primeiro em saber que esse escritor, com os seus “continhos” mudou a forma de pensar da sociedade Inglesa do século XIX e, segundo porque com pequenas atitudes podemos sim mudar um pouco a vida das pessoas.

Sentir empatia pela dor do outro é, quem sabe o primeiro caminho para entender que nem todos tiveram as mesmas oportunidades que a gente. E a literatura, a boa literatura, logra a que uma pessoa pratique a empatia. Precisamente porque conta histórias de muitos, histórias que você não viveu, mas que com um livro acaba vivendo. Vivendo e entendendo.

Ler te faz viver muitas vidas

Um dos meus melhores amigos quando soube o muito que eu lia, me disse uma frase que sempre levo comigo. Ele disse: Ler te faz viver muitas vidas. E é certo. Vivi muitas vidas, trágicas a maioria delas, mas que me ajudaram a entender melhor o ser humano, como pensam, como vivem, os desejos e anseios. Por isso, “Contos de Natal”, “Marcovaldo” são novelas singelas, mas como uma sabedoria transcendental. Deveriam ser leitura obrigatória a todos os adolescentes do Brasil para entender não só a história da Inglaterra do século XIX ou a Itália do século XX, mas sim para entender que a Europa já passou também pelo que parte do Brasil está passando hoje.

Dickens ajudou a sentar as bases da necessidade de um Estado do Bem Estar, quando metade da Inglaterra vivia na mais cruel pobreza e violência. Seus livros levaram empatia a parte dos governantes para que estes entendessem que muitas coisas precisavam ser mudadas no país.

Hoje vemos Inglaterra como um exemplo a ser seguido em muitos aspectos (não em todos), com políticas sociais que combinam de forma equilibradas os poderes do Estado e da empresa privada, garantindo uma vida mais digna para todos. Graças a ele, e a muitos outros escritores de clássicos, entendemos a importância que tem a educação e a liberdade de pensamento para fazer algo em pró de um bem maior e levar saúde, segurança e dignidade a todos.

E isso não foi uma mudança automática. Levou anos, gerações, até que por fim, o Estado se deu conta disso. Por isso, nesse Natal, quero ler os contos de Dickens e muitos outros contos de Natal. Para que me lembrem cada dia o que devo fazer, por mim e pelos outros

 

Sem muito pesar, na verdade sem nenhum. Pense como um sorriso, um gesto de gentileza são suficientes para transformar um dia de uma pessoa. Dickens não fala de grandes gestos, nem de doar grandes fortunas, senão em realizar e contribuir com pequenos gestos que um dia se converterá no grão de areia necessário que ajudou a mudar o rumo da história.

* Foto da Manchete é capa do livro editado em Portugal. Um arranjo gráfico de estúdios P.E.A.

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Mostra imersiva é arte ou indústria cultural? Van Gogh, Frida Kahlo, Gustav Klimt…

Exposição imersiva está em alta no Brasil. Atrai público e o lucro é certo. É uma indústria cultural nova e promissora.

Van Gogh & Impressionistas recebeu mais de 120 mil visitantes em Curitiba, em menos de três meses , com um custo de quase 100 reais a entrada. Exorbitante para o brasileiro médio!

É uma pena que essa potente experiência tecnológica seja pouco aproveitada para falar sobre arte em todas as camadas sociais, sua importância no contexto histórico da humanidade. O ensinar sobre os movimentos artísticos que foram surgindo pelas transformações sociais. Exemplo: impressionismo competindo com a fotografia, surrealismo, um movimento entre as duas grandes guerras mundiais e assim vai…

 “Van Gogh & Impressionistas”  instalada num grande shopping da capital paranaense tem encantado o público pelo apelo, imagem, música, em tecnologia digital. As pessoas envolvem-se na magia dos girassóis pincelados por Van Gogh, amarelos, vibrantes, e em outras obras que revelam os traços do artista holandês. Também vibram as obras floridas, claras e iluminadas dos impressionistas de Monet, Renoir e algumas de Gauguin que é um pós-impressionista.

Aliás, as obras dos artistas são apresentadas como um espetáculo de cores e luz, sem a referência no seu tempo, sem seguir a cronologia da história da arte. Tudo junto misturado. Uma narrativa pouco audível que se mistura ao burburinho ao grande número de pessoas no local.

Van Gogh insere-se no Expressionismo, um movimento artístico do final do século XIX que, sob influência das teorias psicanalíticas, procurava expressar nas obras as emoções e a subjetividade do artista, ou seja, seu mundo interior.

O Impressionismo, outro movimento artístico do século XIX inaugura o Modernismo. Por que? 

Porque começou na França entre 1874 e 1880 e foi influenciado pelas teorias óticas e pelos efeitos da fotografia. Os artistas saíram do estúdio e foram pincelar as cores, os reflexos e as transparências.  O país de Jacques Mande Daguerre o criador da primeira câmera fotográfica. 

Não é algo maravilhoso entender isso? 

Os artistas testemunhavam o espírito do tempo e numa exposição imersiva é preciso destacar fatos que mudam o contexto da apresentação e colocam o observador como parte de uma história, além de contemplar e extasiar-se com a beleza das flores e pinceladas coloridas gigantescas reproduzidas nas paredes, teto e chão, que estimula a bailar  com a música de fundo no grande salão.

 

Van Gogh e Munch foram dois importantes nomes do Expressionismo. No Brasil, quem se consagrou nesse movimento foi Anita Malfatti. 

O impressionismo teve inúmeros artistas importantes, entre eles Manet, Monet, Degas e Renoir. Destacou-se no Brasil Giorgina de Albuquerque

A Klimt Experience(detalhes aqui)foi uma mostra multimídia que mais me fascinou sobre o artista austríaco Gustav Klimt e as mulheres que retratou ao longo de sua carreira. A mostra imersiva foi produzida pelo Crossmedia Group, de Florença, que aposta na arte do futuro, com um trabalho muito bom.

Ao contrário, em Portugal, a mostra imersiva de Frida Kahlo foi também chinfrim comparada as de Paris e Roma, com flores de plástico penduradas pelo teto, abrindo caminhos dentro da mostra.

A mostra que tem parte imersiva e parte sobre obras físicas de Claude Monet, no Complesso Vittoriano, em Roma, foi outra experiência interessante e prazeirosa. A entrada é feita em multimídia como se fosse o percurso nos jardins de sua casa em Giverny, na França.  

Tanto de Klimt como de Monet- Obras do Museu Marmotan, Paris, foram apresentadas em 2018, em Roma.

outra mostra que valeu o ingresso que foi pago na oportunidade, em 2018, foi Pink Floyd Exhibition, também utilizando os recursos multimídias. Uma incrível imersão na vida de uma das bandas mais famosas das décadas 60 e 70 e que atuou até 2014. 

A tecnologia foi um suporte que deu mais vida ao observador que participava da mostra.

 

A  participação ou não  de crianças numa mostra interativa como a de Van Gogh foi questionada numa discussão no grupo de WhatsApp do site de notícias Plural, do Paraná. Muitos defenderam a ideia de  estabelecer horários específicos para entrada de crianças. Assim, o observador adulto poderia desfrutar e contemplar o ambiente melhor.

Quem tem razão?

Não sei. Acho que a criança quando se habitua a visitar museus tem um comportamento mais natural e não tão esfuziante. Mas a resposta fica a critério de cada um, considerando, sobretudo  a espontaneidade do brasileiro que também é adepto a demonstrar suas emoções com entusiasmo. Comparando com outras mostras multimídias que visitei na Europa, o brasileiro é expansivo e o europeu comedido. Brasileiro deita, dança, extasia-se e expõe francamente suas emoções.

Muito diferente das silenciosas e comedidas salas europeias, que apesar estimularem o sensorial pelas músicas e imagens, os observadores não se expõem a excessos emocionais.

Confesso que adorei ver minha neta Olívia imitando adultos e filmando a mostra em seu celular de brinquedo. São eles e mais tecnologia, o futuro que precisamos aprender a lidar…..

Apesar do sucesso, entretanto,  é preciso exigir no mínimo mais arte-educação dessa indústria cultural que se instala de mansinho no Brasil. 

Uma mostra nos moldes de Van Gogh & Impressionistas peca nestes requisitos. Nenhuma experimentação e abordagem científco-criativa, ausência de  curadoria, designers e analistas. Tudo é muito superficial, cujo o preço não condiz com o que se oferece. Juro que procurei o nome da empresa multimídia que organizou a mostra e não achei. Me avisem se souberem. LighLand a única informação que diz pouco.

Durante 2021, nos EUA  foram realizados  50 shows de Van Gogh, distribuídos por 27 estados, a preços exorbitantes. Na Europa, a produção belga Exibithion Hub atraiu cerca de um milhão de visitantes com apenas três exposições e na Ásia, o Team Lab japonês atraiu 3,5 milhões de espectadores entre 2018 e 2019. Fonte BuoneNotizie.

 Mostra imersiva é também o futuro da arte. Mas cá pra nós, vamos exigir, aqui no Brasil, mais arte e menos espetáculo e dar condições a todas as camadas sociais vivenciarem esta experiência sensorial. Preços mais acessíveis e mais qualidade nas montagens multimídias para o público brasileiro!