IMG_2940

Mulheres que detestavam bordar, costurar e fazer crochê

O crochê,costura e o bordado nunca deixaram de estar em evidência e enfeitarem decorações de ambientes, roupas e outros artefatos. Hoje as instalações de arte contemporânea têm criado conceitos incríveis com esses trabalhos manuais.

Mas muitas mulheres no passado detestavam essas atividades domésticas artesanais e não tinham nenhuma habilidade para tais artes. Isso porque elas, ainda meninas, eram obrigadas a aprender já nos primeiros anos de escola a bordar, costurar e fazer crochê com perfeição. 

Minha mãe foi uma dessas mulheres que não se enquadrou no padrão de seu tempo e bordar foi um suplício para ela. Uma toalha de mesa, a da foto, de cachos de uva em rococó, foi o legado que nos deixou de sua rebeldia silenciosa, até discreta.  

 

Essa guirlanda bordada tem muita história enrolada em seus inúmeros rococós e por muitos anos permaneceu inacabada.

Aí que começa nosso “causo”, diga-se de passagem, lembranças  proporcionadas por uma toalha de mesa que dona Odette carregou no seu enxoval de casamento. Não como algo essencial, mas como um objeto esquecido em algum canto da casa que se olhava e não sabia o porquê de estar ali. Até hoje não entendi o apego dela pela toalha que trazia a lembrança de sua incompetência.

Interessante que capturei seu apego pela tal toalha e encarei como um desafio acabar o bordado. Depois de pronta a  afetividade pela tal peça foi transferida para minha filha Paula, que também a usou em sua casa. Mas quando decidiu mudar de cidade se desfez de quase tudo, surgiu a grande dúvida: o que fazer com a toalha…

Uso digno para toalha

Procuramos um uso digno dentro da família e não encontramos entre as netas, filhas ou cunhadas uma mesa da metragem igual da “dita cuja” .

A toalha é quadrada e pequena, de cor bege, com guirlandas de cachos de uvas, bordadas em rococó, nas quatro pontas, entremeadas com folhas do tipo comum, não a de parreira, bordadas em verde estridente no ponto meia e cheio, e finalizada com uma franja de crochê da mesma cor das uvas.O fio vermelho utilizado para bordar as uvas é em cor degradê para dar noção de sombra e luz.

Não podemos dizer que é uma toalha de extremo bom gosto e delicada, embora seja possível admitir que ela é original e faz “vista” quando colocada em uma mesa.

As cores estridentes das uvas e das folhas e o tecido ainda firme nem de longe demonstram que é uma toalha quase centenária ( os produtos de antigamente eram sempre fabricados para chegar perto da eternidade). 

Doar ou não doar, eis a questão! A resposta chegou quase que imediata…

–Nãooo!

Rebeldia

Seria um crime deixar o símbolo da inconsciente rebeldia de minha mãe contra a função que definia a mulher como “rainha do lar” e ser educada para isso, ser relegada à condição de entulho e fora de uso. Pudera, a pobrezinha foi obrigada a bordar a toalha quando tinha 10 anos, como tarefa de uma aula de trabalhos manuais no quarto ano primário – o referente hoje a quarta série do ensino fundamental.

É importante destacar que ela apenas começou o bordado escolar . A toalha encerrou o ano letivo inacabada. Mamãe depois disso nunca mais pegou naquela agulha, provavelmente lembrança torturante para ela.

Bordar com 10 anos de idade

A aborrecida tarefa de bordar perfeitos rococós aos 10 anos idade foi realizada numa guirlanda apenas e alguns cachos da segunda, e só. Foi dessa forma que fui apresentada à toalha, com o bastidor e os fios prontos para serem usados, pois minha mãe, num ataque de insensatez incluiu a toalha no seu enxoval de casamento. Provavelmente , tinha esperança de um dia, talvez, gostar de bordar. “É ponto rococó”, dizia ela com orgulho.

Desta forma, na minha adolescência, quando mamãe começou a tentar me educar para ser a rainha do lar, me deparei com a toalha inacabada, ainda com o bastidor e o fio colorido.Me dava até dó de ver a toalha esquecida dentro do cesto de bordar, sem utilidade.

Bordado perfeito

Vale destacar aqui, que eram poucos cachos de uvas bordados, mas o que estava feito, era perfeito, mais que perfeito, no direito e no avesso. Os bagos de uva pareciam saltar fora da toalha de tanto ponto em rococó.. as bolinhas eram cheias de nozinhos tão apertados um do lado do outro que pareciam uma coisa só. Uma simbiose de fios em alto relevo. Esse era o charme da toalha.

Mamãe não perdia a pose quando falava dela.

– Bah… eu me enjoei de bordar e tinha preguiça. A professora era uma chata ( com certeza deu alguns puxões de orelha nela). Não podia deixar um fio solto por trás que era preciso desmanchar e começar tudo de novo. Calculem que a toalha já estava com uns 40 e poucos anos… Inacabada e ainda na esperança de ser bela e completa.

Já casada, lembrei da velha toalha e senti vontade usar a exótica peça na minha mesa nova. Neste momento, acreditei piamente que poderia me transformar numa mulher cheia de predicados domésticos e bordar os rococós.

Não vai ser fácil”, disse mamãe. “Você não pode deixar espaço entre um rococó e outro. Porém, mais do que rápido empenhou-se na tarefa de me ensinar, entre risadinhas…. Acho que durante todos estes anos ela também alimentou a curiosidade de ver a toalha pronta.

“O ponto se faz com o enrolar do fio na agulha. Tem que ser 10 enroladinhas e depois enfia agulha no tecido,que resulta num nozinho. Assim, de nozinho em nozinho, um pertinho do outro, você preenche o espaço do bago da uva”,explicava ela. Veja bem, recomendava, “ o enroladinho tem que ser bem apertado e os pontos devem grudar um do lado do outro”.

Lá me entreguei ao deleite do bordado, evidentemente, deleite foi só no começo. Imaginem fazer mais de 100 enroladinhos num só bago de uva! A coisa não rende e o trabalho não aparece. Aí, impacientemente, comecei a espaçar os rococós. Minha guirlanda acabou rápido, mas o resultado

Desastre

Que desastre! Nem se compara com os rococós da mamãe. Mas não deu outra, entendi porque minha mãe nunca mais pegou nesse bordado.

É um verdadeiro jogo de paciência. Aí cheguei a conclusão que não era trabalho para qualquer rainha do lar.  É para uma artista verdadeira criar e produzir efeitos com linha colorida.

Prima

Lembrei que minha prima Cleusa Fraxino tem esta habilidade. É uma verdadeira artista no bordado. Assim, para encurtar a história fui pedir socorro a prima e confessar a incompetência artística como bordadeira. Uma falta de jeito que passou de geração a geração.

Aí a toalha ficou pronta. Claro que não ficou nenhuma maravilha em matéria de bordado. Os perfeitos eram os da mamãe. A guirlanda magrinha e indecentes era a bordada por mim. E outros rococós quase parecidos com o da mamãe eram da prima,incluindo o bico de crochê feito pela tia em torno da toalha, mãe habilidosa de minha prima. Prova que certos “dons” passam de mãe para filha.

Moral da história, é um pedaço de tecido trabalhado em bordado, de gosto duvidoso, porém para as mulheres da família diz muito mais: 

Tem vida nas emoções embaraçadas, entremeadas nos rococós.

A senhora que começou esta história fez sua passagem aos 87 anos  e sempre disse a suas filhas: mulher que fica só dentro de casa não é valorizada. Era o brado de revolta dela por uma situação que não conseguiu alcançar, ao menos as filhas não seriam iguais.

Hoje, depois de ter seguido o conselho de mamãe e saído pelo mundo afora realizando tarefas profissionais, conquistando minha independência e sendo valorizada dentro de casa, penso que nem oito e nem 80.

 

A mulher moderna está mais independente e isso faz com que o homem participe mais das atividades domésticas. A arte neste momento coloca em evidência práticas que no passado eram quase que exclusivamente femininas. O texto já foi publicado em 2016 e reformulado agora, considerando que artes manuais como bordado, crochê, costura são maravilhosas habilidades que a arte contemporânea se apropriou para dialogar com observador, expressar identidades e memórias que inserem homenagens às nossas avós e bisavós.

Matérias relacionadas:

O corpo na linha de borda 

Rendas que enfeitam o Brasil da mulher rendeira

  

 

 

sapatos

Sob os saltos dos sapatos de Joana Vasconcelos

A instalação "Sapatos' ou 'Marilyn Monroe' de Joana Vasconcelos dialoga diretamente com toda mulher. Sob seus saltos estão as panelas... É uma obra que provoca e não responde perguntas!

Joana ousou construir um par de sapatos gigantesco, reluzente inteiramente confeccionado com vários tachos de aço inoxidável, sinônimo de panelas usadas para fazer arroz pelas mulheres portuguesas. Todos  sobrepostos, resultando num elegante sapato feminino. Essa instalação foi transformada em série e  vem sendo resignificada desde 2007, sempre questionando a condição doméstica da mulher paralelamente ao mundo da sétima arte-Marilyn, Priscilla, ou universo encantado das Cindeleras.  Em 2023, foram os sapatos de Marilyn que ficaram  até  14 de janeiro deste ano, no Palácio Pitti, em Florença. Há quem diga que a artista portuguesa transita no luxo, e as gigantescas obras favorecem sua conta bancária. A resposta dela está no final da matéria.

Neste momento lembro da frase do maestro americano, Leonard Bernstein, no filme Maestro, que retrata sua vida:

“Uma obra de arte não responde as perguntas, ela as provoca. E seu significado está na tensão entre as respostas contraditórias”

Exato! As instalações de Joana Vasconcelos provocam demais e as respostas são contraditórias. As instalações da artista são monumentais em todos os sentidos, gigantes tanto no simbólico como no físico. 

 O par de sapatos de salto alto, reluzente pelo aço inox, que é confeccionado inteiramente com a sobreposição de tachos portugueses, faz uma viagem no universo feminino com este simples objeto de cozinha que no passado muitas vezes escravizou a mulher. Hoje Joana dá o direito a mulher de colocar as panelas num patamar mais abaixo, ou melhor sob sapatos glamurosos, caminhando sob os utensílios domésticos, comprimindo-os, esmagando-os.. Raiva, talvez. E o sonho de ser artista ou princesa. Será que é por aí?

 

Sem respostas aqui, apenas para pensar como provocação. Saltos altos também podem desequilibrar a mulher. Tem uma teoria da conspiração que diz que foram os homens que criaram os saltos altos para que a mulher precisasse sempre do apoio deles para se equilibrar. Mais uma provocação…

 

O mais interessante de tudo é que visitei as duas exposições da artista portuguesa, uma montada em Portugal – Plug-in, no MAAT- Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia, em Lisboa; e outra – Extravagâncias,  no MON – Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, e os “Sapatos” não estavam em nenhuma das duas. Apenas as fotos que, no entanto, foram o ponto de partida para entender a poética artística que Joana  usa e abusa para envolver o observador. 
Em Curitiba, a Valkierie Miss Dior é apoteótica e se esparrama por todo o espaço do Olho, no Museu Oscar Niemeyer, e faz parte da série Valkirias. Mas primeiro o visitante ao chegar na rampa do Museu é acolhido por outra Valkiria, Matarazzo – 2014, apresentada na época no hospital homônimo em São Paulo. Todas as duas  são como móbiles suspensos no ar e confeccionados com  tecidos e roupas portuguesas, saias floridas, guardanapos, bordados, peças têxteis curiosas e artesanais.  A Valkirie Miss Dior é deslumbrante e homenageia a irmã de Monsier Dior, Catherine, figura de mulher forte e independente que atuou na Resistência Francesa. Os recursos têxteis são inspirados na coleção outono/inverno 2023-2024 e exaltam o luxo e a beleza.

Da série Valkiria Miss Dior em exposição no famoso Olho, anexo do Museu Oscar Niemeyer até  maio de 2024.

Valkiria Matarazzo. Joana em quase todas as Valquírias explora a costura, o tricô e o crochê e, na maioria, métodos ancestrais que por muitas vezes revive em seus trabalhos. Mostra Extravagâncias, em cartaz no MON, Curitiba.

As Valquírias são sempre acompanhadas de iluminação LED, que acentuam a magia de suas composições tentaculares e imersivas. No vídeo parte da instalação Miss Dior, em exposição no Olho.

Foto de Joana Vasconcelos retirada em Print de uma entrevista, no programa Desculpa mas vais ter de perguntar. Descontraída, porém séria e ativista, Joana sai com desenvoltura de perguntas que tratam do luxo, ego, conta bancária e o tamanho de suas obras.

 “O luxo é algo que nos diferencia na Europa e é um provedor essencial de empregos”, registra ela na mostra Extravagâncias. “Esse setor nos permite sustentar redes de artesãos e o ‘savoir-faire’ perdura graças a utilização contemporâneas dessas competências. Não é desprezível. Mas pessoalmente o luxo me inspira. Por exemplo,  eu em meu trabalho gosto de subverter o luxo português: uso bordados, rendas, passamanaria. Gosto de dar vida a essas técnicas.”

A ‘Árvore da Vida’ tive o prazer de apreciá-la na mostra Plug-in, em Lisboa, no MAAT. É magnífica como trabalho manual. Com estrutura em aço, tecidos, crochê de algodão, LED e fonte de  alimentação. Foi inspirada na figura mitológica de Dafine, que fugindo das investidas de Apolo, decide se transformar num loureiro. A Árvore da Vida foi criada durante o confinamento da pandemia. Neste tempo, a artista solicitou aos artesãos que trabalham para ela, que confeccionassem folhas, e desse apelo surgiram  140 mil no total, todas bordadas à mão, com motivos diferentes.  Da mesma forma os canutilhos de Viana do Castelo dispuseram 354 ramos, formando uma árvore de 13 metros. 

Destaca-se na mostra Plug-in, em Lisboa, a sala toda pintada de preto. Lá estão algumas instalações instigantes. Em ameaças de guerra, já testemunhando a destruição da Ucrânia, ela cria  War Games (2011), um carro Morris Oxford preto dos anos 1960 que retrata mundos contrastantes. Decorado com rifles de brinquedo e tiras de LEDs vermelhos no exterior, enquanto o interior está repleto de brinquedos coloridos. Referenciando tempos de guerra, perda de vidas, enquanto os brinquedos representam nascimento.

Drag Race 911,. Outra instalação que provoca. “Joana Vasconcelos deu vida nova a um Porsche 911 Targa Carrera. Partindo da opulência do Barroco e das curvas generosas da talha dourada, a pesquisa da artista plástica levou-a ao Mosteiro de Tibães, em Braga, expoente máximo dos motivos marinhos na talha dourada em Portugal e ao triunfal espécime dos Oceanos que integra a coleção do Museu dos Coches em Lisboa. Na concretização do projeto recorreu aos artesãos da Fundação Ricardo Espírito Santo Silva – do tratamento da madeira ao douramento, passando pela cinzelagem e gravação – para criar uma obra única no mundo que também é uma celebração da perícia manual. Mesmo sem sair do lugar, figuras angelicais e plumas sensuais conferem à peça a ilusão de voo proporcionada pela velocidade, convidando a uma viagem ao charme do can-can parisiense e estabelecendo a ligação às drag races dos Estados Unidos da América a que a artista foi buscar o título.” fonte blog da artista.

Valkiria Octopus é inspirada em Lisboa e nesta instalação Joana destaca os principais e tradicionais bairros da capital portuguesa.  A obra estreou em 2015 em Macau. É suspensa, mas tem elementos que ligam sua estrutura ao solo. Um conjunto de elementos autônomos forrados de azulejos representando Chiado, Alfama e Madragoa. Na verdade, Octopus é Lisboa iluminada, colorida, como uma cidade turística, um grande polvo com tentáculos que envolvem  a quem nela vive e a visita.

 

A mostra de Joana Vasconcelos é um luxo por que não?

 Pelo luxo ela destaca a beleza dos trabalhos manuais e práticas artesanais desempenhadas por artesãos que estão se perdendo no tempo. O crochê, o tricô, a costura que foram deixados de lado quando a mulher saiu de casa para trabalhar fora na busca do mesmo nível de importância que o homem. Extravagâncias, sim, mas necessárias para valorizar a arte manual. No Brasil, as obras de Joana estarão no Museu Oscar Niemeyer até maio. Em Portugal, Plug-in estará no MAAT até final de março. Aproveitem a dica!

93ebd2a2-36f7-4817-8b58-65fca257f852

Não apagou-se a ‘chama’ da nossa cultura Suassuna! Os Reisados continuam…

A turma da foto destaque é do bairro Ipiranga, de Juiz de Fora. Explico que depois de publicar a matéria sobre Folia de Reis, alguns amigos e leitores mandaram fotos de Reisados.

Dione Batista, Adair Rocha, Rosa Valente, a turma do Plural, fizeram questão de mostrar alguns exemplos de Reisados que mantém a ‘chama da cultura popular’ acesa por esse Brasil continental. Dione enviou de Juiz de Fora, dos bairros Santa Luzia e do Ipiranga. Adair, que é professor de Comunicação Social da Puc/RJ e UERJ, informou que há 44 anos, os Penitentes de Santa Marta, no Rio de Janeiro, celebram a tradição da Folia de Reis no dia 6 de janeiro. Escreveu ele no Facebook

 
Hoje é o dia de Santos Reis!
Acordei pensando na minha comadre Patrícia Mont-Mór, no amigo Calos Rodrigues Brandão,
nos Mestres Joãozinho, Luiz, Dodô, Zé Diniz, Riquinho ( que, infelizmente, a Covid19 levou), todos da Folia de Reis Penitentes do Santa Marta, que me recebe numa jornada de 44 anos, nesse dia seis, por eu ser um Folião de Reis, contra-mestre da Companhia de Reis do Monjolinho lá no Sul das Geraes, onde o Mestre Antônio Adão era o grande sábio!
E hoje, à noite, o Mestre Ronaldo e o conjunto dos Penitentes nos recebem ( a mim, aos amigos, a população do Morro, a criançada que vai dar continuidade a esse fenômeno, estudiosos e pesquisadores do tema), e nos confraternizamos no final, depois de ouvirmos os Palhaços. Aliás, o coordenador deles é também da Folia, hoje, Juninho, iniciou essa jornada aos sete anos de idade, vestindo essa farda numa visita dos Penitentes à minha casa.
E dando o significado místico e espiritual dessa sagrada jornada que reproduz a história sagrada desse Menino judeu que materializa a relação do Antigo e do Novo Testamento, em grande parte da significação da humanidade, citando as duas grandes matriarca dessa história no Santa Marta: Quinha, que já se foi e Maura que está entre nós, avó e mãe da família SILVA que faz e atrai quem faz essa Jornada e o cerzimento do Santa Marta na Multicentralidade da Cidade!
Viva os Santos Reis e o Menino!
 
“A tradição na minha família é no dia de Reis, 6 de janeiro, fazemos um bolo com um grão de feijão na massa.
Quem achar o grão no pedaço que comer ganha um presente”, contou-me Rosa Valente.

“Estou em Juiz de Fora, um grupo de moradores de Santa Luzia estão preparando a folia pra saída hoje às 22:00 horas”, Dione Batista.

Viviane Duetto, da comunidade da qual participo, do site Plural, mostrou o trabalho legal dos meninos Buriti, da Paraíba, no Cariri.

Bairro Santa Luzia, Juiz de Fora.

Bairo Ipiranga, Juiz de Fora

Os meninos Buriti da Paraíba, foto retirada do Instagram.

Tim Maia banda vitória régia “KCN Chaguinha guitarra de Natal “

Com excessão do Youtube, e Instagram as outras imagens foram feitas por amadores.

IMG-20180106-WA0000

Folia de Reis: cultura popular que se perde no tempo a cada ano no Brasil

As telas da artista potiguar, Ivanise do Vale, retratam os folguedos populares da alma simples do povo brasileiro. A Festa do Boi de Reis é um dos seus temas favoritos. A Folia de Reis ou Boi de Reis é, hoje, ainda realizada em algumas regiões brasileiras e faz parte  do ciclo natalino, com o seu auge no dia 6 de Janeiro.  O cortejo de foliões desfila cantando no campo ou pelas ruas da cidades. Como cultura popular está se perdendo no tempo. É uma tradição cristã que celebra a visita dos reis magos a Jesus.   

A alegoria muda de acordo com regiões e as brincadeiras também. No entanto, o sentido é o mesmo, reproduzir a viagem dos Magos a Belém, ao encontro de Jesus, com cânticos e dramatização. Mudam os personagens, mas é indispensável a rabeca, o triângulo e o tambor.

No Rio Grande do Norte a folia tem como alvo o boi e a  brincadeira é realizada num ambiente de muita poesia, canto, teatro, um figurino colorido e  pode durar até quatro horas.

Na região Potiguar o boi foi inserido no folguedo pelos criadores de gado. Pouco se sabe sobre a origem e não, necessariamente, é realizado no período de janeiro. Mas os cânticos e as poesias têm como conteúdo o encontro com menino Jesus.

IMG_1415-1-768x1024
Tela de Nivaldo do Vale, artista potiguar. Arte ingênua. Personagens do Boi de Reis.

Mestre: Boa noite minhas senhoras/ e meus senhores também/ sou o mestre da brincadeira/ que todo ano aqui vem/ para brincar o reisado/ todo bonito enfeitado/ Viva Jesus em Belém.

 Mateus: Boa noite para todos/ nessa noite tão singela/ Viva a honra dessa casa/ Os Santos Reis no seu dia/ Viva a nossa brincadeira/ e viva a família inteira/ Jesus, José e Maria. 

Principais personagens da Folia de Reis:

– Três reis magos: representam os reis magos que visitaram Jesus e o presentearam com incenso, ouro e mirra.

– Mestre palhaço: responsável pela animação da festa, através de danças, pulos e brincadeiras.

– Coro: canta as músicas, louvores e entoações de cânticos religiosos.

– Mestre (também conhecido como embaixador): responsável pela organização da festa.

– Bandeireiro: espécie de porta bandeiras da festa. A bandeira geralmente é feita com tecido brilhante e tem a imagem dos três reis magos estampas.

– Festeiro: é em sua casa que geralmente ocorre a cerimônia da  “tirada da bandeira”.

– Banda musical: músicos uniformizados tocando rabeca, violão, sanfona, zabumba, pandeiro, surdo, caixa, triângulo e flauta. fonte: sua pesquisa.    

Comunidade dos Arturos

Vale destacar a comunidade dos Arturos, localizada em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte pela preservação das culturas tradicionais.  É uma comunidade familiar, tradicional, de ascendência negra, formada pelos descendentes e agregados de Arthur Camilo Silvério e Carmelinda Maria da Silva. Nela, diversas expressões culturais são mantidas como Folia de Reis, Reinado de Nossa Senhora do Rosário, entre outras. Fonte:

Vídeos sobre a Folia de Reis

Em rápidas passagens pelo Youtube não achei muitas imagens sobre a celebração da Folia de Reis no Brasil. Alguns pequenos vídeos que mostram a comunidades mais simples envolvidas com o folguedo.

Itapecerica MG

 

Folia de Reis do Sabará

 

Folia de Reis Nova Estrela do Oriente 2022

 “Não me deixem cair a chama da cultura brasileira. Uma cultura que é expressão do nosso país e do nosso povo e que pode ser uma lição para todos nós. Isso não significa nem ufanismo, nem exclusivismo, nem chauvinismo, da minha parte. Não tenho nenhuma cultura,hostilidade. O que eu quero é fortalecer a nossa. Porque então, qualquer coisa que vem de fora, ao invés de ser uma influência que nos descaracteriza, nos esmaga, nos corrompe, passa a ser uma incorporação que nos enriquece”, Ariano Suassuna.