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Mostra imersiva é arte ou indústria cultural? Van Gogh, Frida Kahlo, Gustav Klimt…

Exposição imersiva está em alta no Brasil. Atrai público e o lucro é certo. É uma indústria cultural nova e promissora.

Van Gogh & Impressionistas recebeu mais de 120 mil visitantes em Curitiba, em menos de três meses , com um custo de quase 100 reais a entrada. Exorbitante para o brasileiro médio!

É uma pena que essa potente experiência tecnológica seja pouco aproveitada para falar sobre arte em todas as camadas sociais, sua importância no contexto histórico da humanidade. O ensinar sobre os movimentos artísticos que foram surgindo pelas transformações sociais. Exemplo: impressionismo competindo com a fotografia, surrealismo, um movimento entre as duas grandes guerras mundiais e assim vai…

 “Van Gogh & Impressionistas”  instalada num grande shopping da capital paranaense tem encantado o público pelo apelo, imagem, música, em tecnologia digital. As pessoas envolvem-se na magia dos girassóis pincelados por Van Gogh, amarelos, vibrantes, e em outras obras que revelam os traços do artista holandês. Também vibram as obras floridas, claras e iluminadas dos impressionistas de Monet, Renoir e algumas de Gauguin que é um pós-impressionista.

Aliás, as obras dos artistas são apresentadas como um espetáculo de cores e luz, sem a referência no seu tempo, sem seguir a cronologia da história da arte. Tudo junto misturado. Uma narrativa pouco audível que se mistura ao burburinho ao grande número de pessoas no local.

Van Gogh insere-se no Expressionismo, um movimento artístico do final do século XIX que, sob influência das teorias psicanalíticas, procurava expressar nas obras as emoções e a subjetividade do artista, ou seja, seu mundo interior.

O Impressionismo, outro movimento artístico do século XIX inaugura o Modernismo. Por que? 

Porque começou na França entre 1874 e 1880 e foi influenciado pelas teorias óticas e pelos efeitos da fotografia. Os artistas saíram do estúdio e foram pincelar as cores, os reflexos e as transparências.  O país de Jacques Mande Daguerre o criador da primeira câmera fotográfica. 

Não é algo maravilhoso entender isso? 

Os artistas testemunhavam o espírito do tempo e numa exposição imersiva é preciso destacar fatos que mudam o contexto da apresentação e colocam o observador como parte de uma história, além de contemplar e extasiar-se com a beleza das flores e pinceladas coloridas gigantescas reproduzidas nas paredes, teto e chão, que estimula a bailar  com a música de fundo no grande salão.

 

Van Gogh e Munch foram dois importantes nomes do Expressionismo. No Brasil, quem se consagrou nesse movimento foi Anita Malfatti. 

O impressionismo teve inúmeros artistas importantes, entre eles Manet, Monet, Degas e Renoir. Destacou-se no Brasil Giorgina de Albuquerque

A Klimt Experience(detalhes aqui)foi uma mostra multimídia que mais me fascinou sobre o artista austríaco Gustav Klimt e as mulheres que retratou ao longo de sua carreira. A mostra imersiva foi produzida pelo Crossmedia Group, de Florença, que aposta na arte do futuro, com um trabalho muito bom.

Ao contrário, em Portugal, a mostra imersiva de Frida Kahlo foi também chinfrim comparada as de Paris e Roma, com flores de plástico penduradas pelo teto, abrindo caminhos dentro da mostra.

A mostra que tem parte imersiva e parte sobre obras físicas de Claude Monet, no Complesso Vittoriano, em Roma, foi outra experiência interessante e prazeirosa. A entrada é feita em multimídia como se fosse o percurso nos jardins de sua casa em Giverny, na França.  

Tanto de Klimt como de Monet- Obras do Museu Marmotan, Paris, foram apresentadas em 2018, em Roma.

outra mostra que valeu o ingresso que foi pago na oportunidade, em 2018, foi Pink Floyd Exhibition, também utilizando os recursos multimídias. Uma incrível imersão na vida de uma das bandas mais famosas das décadas 60 e 70 e que atuou até 2014. 

A tecnologia foi um suporte que deu mais vida ao observador que participava da mostra.

 

A  participação ou não  de crianças numa mostra interativa como a de Van Gogh foi questionada numa discussão no grupo de WhatsApp do site de notícias Plural, do Paraná. Muitos defenderam a ideia de  estabelecer horários específicos para entrada de crianças. Assim, o observador adulto poderia desfrutar e contemplar o ambiente melhor.

Quem tem razão?

Não sei. Acho que a criança quando se habitua a visitar museus tem um comportamento mais natural e não tão esfuziante. Mas a resposta fica a critério de cada um, considerando, sobretudo  a espontaneidade do brasileiro que também é adepto a demonstrar suas emoções com entusiasmo. Comparando com outras mostras multimídias que visitei na Europa, o brasileiro é expansivo e o europeu comedido. Brasileiro deita, dança, extasia-se e expõe francamente suas emoções.

Muito diferente das silenciosas e comedidas salas europeias, que apesar estimularem o sensorial pelas músicas e imagens, os observadores não se expõem a excessos emocionais.

Confesso que adorei ver minha neta Olívia imitando adultos e filmando a mostra em seu celular de brinquedo. São eles e mais tecnologia, o futuro que precisamos aprender a lidar…..

Apesar do sucesso, entretanto,  é preciso exigir no mínimo mais arte-educação dessa indústria cultural que se instala de mansinho no Brasil. 

Uma mostra nos moldes de Van Gogh & Impressionistas peca nestes requisitos. Nenhuma experimentação e abordagem científco-criativa, ausência de  curadoria, designers e analistas. Tudo é muito superficial, cujo o preço não condiz com o que se oferece. Juro que procurei o nome da empresa multimídia que organizou a mostra e não achei. Me avisem se souberem. LighLand a única informação que diz pouco.

Durante 2021, nos EUA  foram realizados  50 shows de Van Gogh, distribuídos por 27 estados, a preços exorbitantes. Na Europa, a produção belga Exibithion Hub atraiu cerca de um milhão de visitantes com apenas três exposições e na Ásia, o Team Lab japonês atraiu 3,5 milhões de espectadores entre 2018 e 2019. Fonte BuoneNotizie.

 Mostra imersiva é também o futuro da arte. Mas cá pra nós, vamos exigir, aqui no Brasil, mais arte e menos espetáculo e dar condições a todas as camadas sociais vivenciarem esta experiência sensorial. Preços mais acessíveis e mais qualidade nas montagens multimídias para o público brasileiro!

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